A própria piada da vida adulta

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César, pai de uma criança de quatro anos e casado com Marta, apresenta um perfil significativamente comum e padrão sociável. Pai, casado, assalariado, quita suas dívidas e estão todas em dia, apresenta uma vida de adulto bem típico. Era habitual nos dias rotineiros de César, no trajeto da sua casa até a escola do seu filho João, acontecer diálogos breves, mas complexos entre o filho e o pai, pois a criança gostava de dialogar com ele. A partir disso acabava levantando muitos questionamentos que para a criança eram simples, mas para o pai, geram ponderações intensas. 

Quando isso acontecia, o pai acabava desconversando e distraía a criança com outro assunto ou alguma brincadeira que inventava de última hora. Depois, deixava a criança na escola e tentava refletir sobre, mas terminava os questionamentos angustiados. Muitas vezes, preenchia seus pensamentos com outros conteúdos menos complexos, como o rendimento do seu jogador predileto de futebol preferido no último jogo do seu time. 

Em um desses episódios, a criança começou a falar que na escola, tinha conhecido dois novos amigos e que eles estavam se divertindo bastante nas aulas durante alguns intervalos e no recreio. Seu pai, curioso, perguntou do que brincavam. Ele disse inocentemente: 

-De boneca pai, e de carro, e de salão de beleza, e de futebol…

Seu pai, um pouco assustado com a resposta pois não esperava que seu filho tivesse essa iniciativa, de brincar de boneca ou afazeres sujeitos socialmente a mulheres, perguntou pacientemente:

-Filho, quem te ensinou a brincar dessas coisas? 

Fonte: encurtador.com.br/apzN7

 

A criança espontaneamente respondeu:

-Ué, você papai, me ensinou tudo! Os meus amigos começaram a brincar de vida adulta, imitando os pais, e eu resolvi te imitar. 

O pai, cada vez mais curioso e preocupado com o que as pessoas iriam pensar a seu respeito, já que o meio no qual estava inserido assim como a sua criação eram machistas, perguntou já um pouco alterado:

-Mas desde quando nós brincamos de boneca, de ir ao salão, de fazer comida, filho?!

A criança prontamente respondeu:

-Papai, você faz tudo com a mamãe. Ela pede pra vc ir deixar ela no salão e você me leva e fala que vai brincar de boneca, porque você fica lá com ela. Ela te chama para cozinhar e então você brinca de comidinha comigo e com ela. E no futebol também papai. Eu fiz algo de errado, papai?

A criança já tinha reparado a mudança brusca no humor do seu pai e se intimidou com sua reação, se expressando com uma feição de choro e de arrependimento. Seu pai, que ouviu e ficou perplexo, ao mesmo tempo ficou constrangido pois a resposta da criança a partir da sua concepção infantil fazia total sentido. Reconhecendo isso, abraçou seu filho, o acalentou e falou amorosamente a ele:

-Não meu filho, não fez nada de errado. Pelo contrário, você foi bastante criativo! E gostaram da brincadeira?

Fonte: Google Imagens

 

A criança respondeu que sim e riu com certo alívio, em seguida detalhou cada vez mais as brincadeiras, assim como a participação dos seus coleguinhas. Contudo, seu pai já não estava mais prestando atenção e se concentrou na resposta do filho, que ainda ressoava em seus pensamentos. 

Percebeu, como se fosse uma explosão em seu cérebro, que já não era tão machista assim como era no início do casamento. E que com a chegada do filho, ficou menos ainda. Concluiu que toda sua criação, que a separação de papéis sociais por gênero era uma eterna piada para as crianças e se sentiu um bobo perto do filho. Riu de si mesmo como uma piada ruim e deixou seu filho na escola.

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Comunicação Falha

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Fonte: Google Imagens

 

Em uma noite qualquer, um casal se dirige para um restaurante requintado de uma capital brasileira. A cidade estava em seu humor noturno resplandecendo várias luzes e vultos de carros, com seus faróis chamativos. O casal já se encontrava trajados apropriadamente para o evento superestimado, que era o jantar para comemorar os cinco anos de relacionamento.

Já estando no local, uma das parceiras estava ansiosa para escolher o prato. Olhavam atentamente a composição de cada opção do menu e se perguntavam já havia experimentado um mix de sabores semelhantes. Atentou-se também para as opções de sobremesa, e tentou combinar os sabores do prato principal à sobremesa, na qual buscava certo equilíbrio de sabores.  Perguntou à sua companheira se já havia feito a sua opção – ela negou.

Esta, por sua vez, estava concentrada e pensando sobre o assunto que iria abordar com a sua amada. 

Reparava em seus cabelos, em seu cheiro, em suas vestes, em sua pele, no detalhe das suas unhas e de como ela manuseava o menu, como fazia as expressões faciais ao se interrogar sobre as opções. E em seguida voltava a pensar como iria abordar o assunto que queria revelar, e mordia o lábio inferior com rigidez, além de apertar os dedos de forma inflexível, o que demonstrava seu nervosismo. 

 

Fonte: Google Imagens

 

Quando enfim a parceira que segurava o menu escolheu o prato, esticou-o para a outra, que não passou cinco minutos escolhendo, e pediu ao garçom anotar. Ele anotou e em seguida, a outra indagou:

-Ah meu bem! Estamos esquecendo-se de um detalhe importante, o vinho! Por favor, pode me trazer a Carta de Vinhos de vocês por gentileza? Direcionou-se ao garçom. Este confirmou e foi buscar. 

A que estava preocupada sobre o assunto que iriam conversar, demonstrou novamente aflição ao morder os lábios com mais força. A outra, que finalmente percebeu, perguntou:

– Amor, o que foi? Parece tão nervosa! Vai me pedir em casamento é? Riu disfarçadamente. 

A sua ouvinte esboçou uma cara de tremendo espanto, arregalando os olhos. E exclamou gaguejando nas palavras:

-Nossa! Bom.É…Então…Queria falar algo, mas vamos esperar o prato chegar, né? Riu nervosamente. 

Inesperadamente, o garçom chega servindo os pratos na mesa do casal. Em seguida, a moça que demorou escolher os pratos, complementa:

  • Enfim, você pode falar!

O que a parceira nervosa iria falar era que queria terminar a relação. Que queria um tempo para pensar no que ela realmente pretendia no relacionamento. Mas com o apontamento inesperado da sua companheira, ficou apreensiva a ponto de aceitar a proposta hipotética dela e disse:

  • Sim amor, é isso mesmo! Você aceita se casar comigo? Riu tão forçadamente e nervoso que começou a transpirar pela sua testa. 

A sua companheira esboçou um comprido sorriso, e deu várias tapinhas no ar de alegria, assim como baixos grunhidos. E em seguida exclamou

  • Já era hora! Claro que aceito! ENFIM NOIVAS!

Sua parceira retirou um lenço que estava na mesa e começou a enxugar as gotículas de suor em sua testa e rosto. A sua companheira disparou em falar sobre detalhes do evento do noivado, de como seria a vida delas morando juntas e de como iria anunciar a notícia aos familiares.  

A outra ficou extremamente pensativa e em uma postura introspectiva, apenas de corpo presente e em um profundo silêncio, e passando longos segundos sem até mesmo piscar seus olhos. Perguntou repetidamente em seus pensamentos o que estava fazendo, o que que ela acabou de fazer, o que que faria agora.

 Sem entender ou compreender, apenas absteve-se de falar ou de expressar qualquer expressão ou emoções. Ficou apenas imersa em seus pensamentos e com corpo de forma de estátua. A companheira, depois de passar algum tempo falando como forma de monólogo, percebeu a paralisação da sua companheira, e a perguntou:

  • O que foi? Nem para você a ficha caiu ainda? Aconteceu alguma coisa?

Rapidamente a companheira voltou em si e respondeu:

  • Ah, não, não. Só estou pensando como a comunicação falha.
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PROFISSÕES 

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Em um dia comum na copa de um hospital de referência da região norte do país, um estagiário do setor administrativo estava em seu intervalo de almoço, sentado em uma cadeira, degustando de algumas bolachas com café sem açúcar. Ninguém imaginava, mas este estava refletindo sobre o dia puxado que teve, sobre as rotinas desgastantes de um assalariado e sobre a pouca rentabilidade que aquele trabalho lhe oferecia. 

Fonte: encurtador.com.br/nDMO4

 

De repente, adentrou na copa um médico com um jaleco branco comprido e em seguida suspirou profundamente, falando consigo mesmo:

  • Ser médico tem que ter muita paixão. Ainda bem que eu amo! Meu Deus, que dia! 

Fonte: Google Imagens

 

Em seguida o estagiário o encarou e refletiu mais ainda. O médico apenas tomou um copo d’água e se retirou do ambiente. O estagiário começou a imaginar como seria sua vida se optasse por medicina. Mentalmente listou algumas vantagens: reconhecimento social e salário bem acima da média nacional foram alguns pontos observados. Em seguida, listou algumas desvantagens: anos de estudo; muito dinheiro e recursos para se dedicar apenas a isso; profissão ainda elitizada e pouco acessível a sua condição social.

Terminando seu devaneio, um pensamento sobreveio como um insight em sua mente, porque não tentar algo como Youtuber? Recursos totalmente acessíveis, demanda muita autenticidade, o que ele tem de sobra, e constância, que tem mais ainda, além de ter horários flexíveis. O que ele teria dúvida era sobre o retorno financeiro dessa empreitada. Já animado com a ideia, começou a esboçar em um papel um roteiro de temas que poderia abordar em suas redes sociais e principalmente no YouTube com vídeos. 

 

Fonte: Google Imagens

 

Chegando ao final do seu expediente, retirou o seu celular e em seguida acionou a câmera e começou a gravar, dizendo:

– Bom pessoal, cá estamos nós em mais um dia, findando a lida do proletariado, triste! Estou cansado, esgotado, querendo só comer e dormir e amanhecer rico amanhã. Será que em um universo paralelo eu sou herdeiro? Só queria viajar no tempo igual no filme A Ressaca e mudar a realidade para me tornar milionário, é pedir muito? Risos. Enquanto isso cá estamos nós sofrendo para sustentar a nobreza do patrão, porque até os médicos, estão pedindo arrego. 

O estagiário gravou apenas este trecho e lançou em seu Instagram e em poucas horas viralizou, pois suas expressões, sotaque, modo de se expressar e gesticular de fato eram autênticos, genuínas e cativantes. Para quem estava do outro lado da tela do celular, se identificou bastante e por isso se viralizou tão rápido. 

 

Fonte: Google Imagens

 

O estagiário se surpreendeu com a velocidade da repercussão, posto que alcançou níveis nacionais, até celebridades e empresas de renome estavam compartilhando seu pequeno vídeo. Surpreso com tudo, tirou a noite para pensar como digerir tudo, ainda sem cair a ficha. 

Passados alguns meses, a mesma pessoa já estava recebendo mais que o quinto do valor como estagiário. E então pensou em uma das exibições feitas nas redes sociais, afirmando:

Gente, e um tempo atrás eu pensando em fazer medicina para poder viver bem?! Meu Deus, tem que ter um pensamento muito pobre e f* para querer fazer medicina só por dinheiro e estabilidade viu! Se tiver alguma ideia, tente meus amores, a vida não se resume a se matar de trabalhar para pagar boleto, não!

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Orgulho, Preconceito e Zumbis: o Humano Massificado no cenário da Covid-19

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“É uma verdade universalmente aceita que um zumbi, uma vez de posse de um cérebro, necessita de mais cérebros.”

Jane Austen (1775-1817) é, até os tempos atuais, um dos maiores nomes da literatura romancista, seus livros inspiraram gerações, além de grandes obras cinematográficas que foram sucessos de bilheterias.

Aqueles que se interessam pelo tema, com certeza já ouviram falar de uma de suas obras literárias de maior sucesso, Orgulho e Preconceito que traz vida aos personagens icônicos: Sr. Darcy, Srtas. Bennet, Sr. Bingley e Sr. Wickham, que são envolvidos em um drama sobre o casamento da bela Jane Bennet e Sr. Bingley, além da relação intensa entre Sr. Darcy e Sra. Elizabeth Bennet.

Na releitura da obra, chamada de Orgulho, Preconceito e Zumbis, o autor Seth Grahame-Smith incluiu um elemento não peculiar no enredo principal. Nas pacatas terras de Meryton e em todas as extensões do globo, há uma crescente invasão de Zumbis que atormenta a vida de todos.

Com a inclusão dos zumbis, Seth acrescentou habilidades particulares nos personagens, diluindo, de certa forma, a essência criada por Jane Austen, mas que se harmonizaram com a proposta do autor.

Fonte: Divulgação Netflix

Assim como na leitura original, a trama principal está diretamente relacionada com a família Bennet, onde o Sr. Bennet e a Sra. Bennet estão preocupados com o futuro matrimonial de suas 05 (cinco) filhas – Jane, Elizabeth, Mary, Kitty e Lydia – sendo que as esperanças da Sra. Bennet com sua filha Elizabeth são diminutas ante suas atitudes imponentes e autoritárias.

Já no início da obra percebemos uma química entre os personagens de Elizabeth e Sr. Darcy, assim como Jane e Sr. Bingley, porém, a vigorosidade dos ideais orgulhosos e preconceituosos do Sr. Darcy impedem, inicialmente, aquilo que poderia ser uma bela história de amor.

Apesar de ser uma história romântica, a obra apresenta embates psicológicos interessantes para um estudo de caso. 

O Sr. Wickham, um soldado e antigo ‘amigo’ de Sr. Darcy, mostra-se um homem de ideais convictos e antagônicos aos de Darcy o que atrai, momentaneamente, a atenção de Elizabeth e Jane.

Fonte: Divulgação Netflix

Mas Sr. Wickham é um tipo ‘superior’ de zumbi, que possui consciência, autocontrole e boa feição, que não se alimenta de cérebros humanos, somente de porcos e outros animais, na tentativa de manter a sanidade. Wickham é líder de uma seita de zumbis ‘evangélicos’ que nutrem uma visão zumbificada do cristianismo.

Ponto interessante desta história que pode ser destacado, dentro da abordagem junguiana é o comparativo entre a epidemia zumbi com a do humano massificado apresentado por Jung (1991). Nas palavras de Contrera e Torres (2018), as semelhanças são identificáveis pelas seguintes características:

O andar constante do zumbi e sua eterna busca pela devoração dos cérebros [em busca de consciência] não deixa de ser uma metáfora perfeita para esse modo de vida pautado pelo consumo nas sociedades capitalistas: ansiedade e compulsão, criadas para mover os lucros advindos do consumo, para em seguida serem tratadas com medicamentos que as controlam, promovendo assim mais consumo. No momento em que esse ciclo perde qualquer referência de seus limites, o consumo transforma-se no autoconsumo. (CONTRERA e TORRES, 2018, p. 13).

Ainda sobre o humano massificado, Jung nos presenteia com a seguinte conclusão:

Quando a consciência subjetiva prefere as ideias e opiniões da consciência coletiva e se identifica com elas, os conteúdos do inconsciente coletivo são reprimidos. A repressão tem consequências típicas: a carga energética dos conteúdos se adiciona, até certo ponto, à carga do fator repressivo cuja importância efetiva aumenta em consequência disto. 

Quanto mais o nível da carga energética se eleva, tanto mais a atitude repressiva assume um caráter fanático e, por conseguinte, tanto mais se aproxima da conversão em seu oposto, isto é, da chamada enantiodromia. 

Quanto maior for a carga da consciência coletiva, tanto mais o Eu perde sua consciência prática. É, por assim dizer, sugado pelas opiniões e tendências da consciência coletiva, e o resultado disto é o humano massificado, a eterna vítima de qualquer “ismo”. 

O Eu só conserva sua independência se não se identificar com um dos opostos, mas conseguir manter o meio-termo entre eles. Isto só se torna possível, se ele permanece consciente dos dois lados ao mesmo tempo. [g.n]

Tanto na obra literária quanto cinematográfica, percebe-se uma ausência do Self por parte dos zumbis após determinado período da infecção. Outro ponto que se destaca é o próprio Wickham, posto que ele se utiliza deste pensamento coletivo massificado para manipular as hordas de zumbis.

Delimitando o tema para questões nacionais, principalmente diante do cenário pandêmico, podemos observar semelhanças com a atual conjuntura brasileira. Baixa escolaridade somada ao amplo acesso às redes sociais, acrescida de uma pitada sutil de Fake News, criam-se os zumbis brasileiros, com vários Wickham utilizando-os como massa de manobra de ideais e política.

Fonte: Divulgação Netflix

Sobre o tema, Vedovati e Torres (2020), já fizeram um paralelo com o tema zumbi e Jung, observando a grande disseminação de notícias falsas que possuem o condão de manipular a consciência coletiva, trazendo à baila uma reflexão também sobre o passado, posto que manipular os zumbis, não é uma prática contemporânea:

O nível de manipulação das massas parece se dar atualmente em um grau jamais visto. Não somente Jung (2012) previu tal fenômeno como Harari (2016) discorre que o futuro será marcado por uma massa inútil comandada pelos algoritmos. Este fenômeno não é novo, se lançarmos o olhar ao passado, de acordo com Mackay (2002), encontraremos tendências de manipulação das massas pelo clero e pelos aristocratas que conseguiam convencer e prescrever, em certa medida, algumas percepções para as cidades e até países. O autor exemplifica com a caçada às bruxas na Idade Média. Porém, não há na história nenhum outro momento em que houve tanta informação apreendida pelos algoritmos, abrindo oportunidades ímpares de manipulação da massa em escala global; e também, nunca houve uma tecnologia que disseminasse conteúdos com tanta amplitude e rapidez como a internet.

Isto posto, apesar das belas cartas escritas pelo nobre Sr. Darcy para a bela Elizabeth, além do grandioso final com batalhas sangrentas e beijos voluptuosos, Orgulho Preconceito e Zumbi nos traz uma lição pouco observada sobre o ponto crucial e modificativo da obra: os zumbis.

Vez que, em um mundo real podem ser consideradas pessoas que negam o senso crítico e aceita uma verdade confortável que lhe é oferecida, sem grandes debates cognitivos, criando assim, o zumbi, digo, humano massificado pela consciência coletiva!

REFERÊNCIAS

BYINGTON, Carlos Amadeu B.. O arquétipo da vida e da morte. Um estudo da Psicologia Simbólica. Junguiana [online]. 2019, vol.37, n.1, pp. 175-200. ISSN 0103-0825. Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-08252019000100008> acesso em out 2021.

CONTRERA, M. S.; TORRES, L. O zumbi no imaginário mediático: Zumbi e Pulsão de Morte na Sociedade Mediática. E-Compós, v. 22, n. 1, 21 dez. 2018.

JUNG, Carl Gustav. A natureza da psique, Edit. Vozes, 3º ed, 1991.

VEDOVATI, Alethéia Skowronski; TORRES, Leonardo. NECROPOLÍTICA, ZUMBIS, COVID-19 E JUNG. Instituto Junguiano de Ensino e Pesquisa. 2020. Disponível em <https://www.ijep.com.br/artigos/show/necropolitica-zumbis-covid-19-e-jung> acesso em out 2021.

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O BRILHO DA MORTE: uma crítica à dependência de medicamentos

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No dia 03 de novembro de 2021 ocorreu uma palestra virtual na semana do congresso de psicologia do CEULP ULBRA, o CAOS. 

Nesse encontro virtual, com o tema especial O Brilho da Morte, iniciou-se o debate apresentando um documentário sobre o acidente radioativo conhecido como césio 137. 

O nome do documentário é: O brilho da morte. Nesse início é apresentado a fala de várias vítimas acometidas por este crime ambiental, na qual perderam paladar, visão e sensibilidade em várias regiões do corpo.

Depois, a segunda parte do evento foi com a participação de uma convidada especialista em saúde coletiva, em Mato Grosso. Em seguida, explica-se como a atenção psicossocial poderia intervir para evitar uma tragédia maior. 

Fonte: Freepik

A convidada explica os ramos e instituições responsáveis por efetuar as ações da Rede de Atenção Psicossocial, que são as unidades básicas de saúde, os centros de atenção psicossocial, entre outros. 

Em seguida, a convidada relacionou o documentário com os possíveis ramos responsáveis por efetuar estratégias em relação ao RAPS.

Contudo, uma parte na fala na qual é de grande relevância para a atuação do psicólogo nessas redes é o do papel da medicalização e a dependência dele nos usuários destes serviços. Sabe-se que, o uso e ingestão de medicamentos é de extrema importância para os problemas dos usuários, mas se depender só deles, ignorando os aspectos biopsicossociais não surtirá nenhum efeito a longo prazo, apenas a dependência química. 

Fonte: Freepik

O que a convidada trouxe em pauta também foi o serviço dos psicólogos, que muitas vezes funciona como articuladores da rede, e de desenvolvimento de estratégias, do que qualquer outra demanda ou função. Ela sublinhou também a importância de se promover as saúdes públicas através dessas estratégias. Isso está intimamente ligado ao que ela frisou sobre a promoção de saúde, que não é apenas cuidar com o que já foi acometido, mas prevenir e trabalhar estratégias que evitem esse tipo de crime. 

E políticas públicas, assim como promoção da saúde, envolve diretamente a participação da população, assim como a sua escuta sobre as suas necessidades e demandas. Porém, o que se vê no Brasil hoje, é principalmente um cuidado que tem evidências de doença, não prevenção ou criação de qualidade de vida e estratégias de saúde.

Fonte: Freepik
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Admirável Mundo Novo: Pré-condicionamento biológico e psicológico

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A obra Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley, foi escrita em 1931 e o futuro vislumbrado pelo autor corresponde a meados da década de 60, pois a história se passa em VII d. F (depois de Ford). Esta obra é um grande clássico da literatura universal por abordar de forma sucinta como o Estado vem tentando dominar a população e como ele vem conseguindo tal proeza, a maneira como o Estado seduz e controla toda a massa.

O livro percorre situações rotineiras e comuns das massas onde sem perceber elas estão sendo influenciadas e controladas de maneira silenciosa e velada pelo estado, e como os conceitos vão perpassando de uma massa para outra e principalmente das mais fortes para as mais fracas de maneira que acontece uma espécie de alienação generalizada, onde o controle se torna algo aparentemente normal por acontecer de uma maneira sutil sem imposições e violência, mas não deixando de ocorrer de maneira autoritária.  

Fonte: Editora Biblioteca Azul

 

Na obra o autor nos traz o conceito de distopia que corresponde a contagem de anos é feita a partir do nascimento ou do falecimento do indivíduo de Ford, por isso é utilizado o termo d.F (depois de Ford) e a.F (antes de Ford). E a distopia trazida por Huxley, não corresponde aquele conceito de que a sociedade futura era controlada por um regime autoritário, porém era controlada e mantida por um regime que estava livre da repressão e da violência, entretanto mantinha o domínio de maneiras mais sutis e implícitas, sendo pelo incentivo ao comportamento que o Estado julgava como certo e também, eliminando e não reforçando ou não considerando relevantes os comportamentos tidos como incorretos e errados, desta forma o estado reforçava apenas os comportamentos que eram de acordo com o que eles queriam, e os indivíduos eram submetidos a este controle sutil sem ao menos perceber. 

Huxley além de abordar Henry Ford, aborda também Freud. O livro começa com um professor mostrando a seus alunos uma espécie de laboratório onde são produzidos bebês, onde o controle da população é feito, eliminando ali o conceito de identidade trazido por CIAMPA (1987), onde é abordado que a identidade é formada por múltiplos personagens que ora se evocam, ora se sucedem, ora coexistem, ora se alternam. Pois nas configurações que essa sociedade se encontra e existe, os indivíduos já saem programados a agir, ser e pensar de determinada maneira, eliminando assim sua subjetividade e seu interesse e olhar próprio da vida e do mundo, eliminando também suas vontades, anseios, desejos e tudo aquilo que o compõe e o forma.

Os bebês são todos de proveta e os vínculos familiares e de amizades não existem ou são extremamente superficiais, pois as pessoas são individualistas e sozinhas, além de serem também extremamente independentes, entretanto uma independência dentro dos moldes previstos e estabelecidos pelo estado e coordenados e controlados por ele. Outra questão interessante trazida no livro é que quanto maior o número de parceiros sexuais alguém tiver, mais bem-sucedido e reconhecido dentro do sistema aquela pessoa se torna. 

As pessoas são dividias em castas que vão do Y que corresponde a classe mais baixa, o proletariado e até o Alfa++ que corresponde ao grupo de pessoas mais inteligentes e que contribuem mais para o estado, seja no meio de produção como grande empresário e investidor, ou seja no âmbito intelectual doando seu saber para o estabelecimento e melhoria das ferramentas do estado para controle e domínio velado da população. 

E desde que o bebê nasce ele já é condicionado a aceitar e a aprender a lidar com o que lhe foi imposto desde antes do seu nascimento, ou seja, ele desde o princípio será preparado para entender, aceitar e viver de acordo com o que foi estabelecido e determinado pelo estado. Essas imposições e determinações do estado para com o futuro do bebê são feitas por meio de gravações que são escutadas diariamente no turno da noite onde essas pessoas ouvem dia após dia repetidamente e exaustivamente quem elas são, o que devem fazer, como devem agir, como devem se comportar e o que é esperado que elas façam.

 De acordo com Hunter (2002), a persuasão ocorre de cima para baixo, ela vem da elite para as classes mais baixas, e no admirável mundo novo, é visível como o poder de persuasão do estado atua diretamente na vida dessas pessoas que apesar de ouvirem diariamente uma gravação sobre o que elas devem fazer, pensar e agir, elas acham isso absolutamente normal, pois vem hierarquicamente de alguém superior e que elas acreditam que seja para o bem delas e para a preservação de suas vidas, então elas seguem piamente todos os conselhos e recomendações com total normalidade. 

Vale evidenciar que no admirável mundo novo há a distribuição e uso de uma substância chamada Soma, essa substancia atua nas emoções e sentimentos dos indivíduos onde eles passam a ser controlados e determinados, ou seja, essas pessoas não possuem controle nem mesmo de suas próprias emoções e vivem como máquinas que são controladas o tempo inteiro por outra pessoa, que nesse caso é o estado que mantem esse controle e toda essa dominação das massas. Entretanto há um personagem em particular chamado Bernard Marx que não se submete ao sistema, dizem que houve algum problema na sua programação biológica que fez com que ele agisse de maneira completamente oposto e inesperada do que estava programado e determinado que ele agisse, ele então se revolta.

O governo distribui a Soma para a população periodicamente com uma frequência estabelecida e essas pessoas então fazem uso regular e de forma religiosa dessa substancia obedecendo as dosagens e a ordem que devem ser tomada, sendo que alguns chegam a tomar até seis por dia. Essa substancia faz com que as pessoas sejam mais calmas e tolerantes, faz com que elas aceitem de maneira mais completa e fácil as coisas que são estabelecidas pelo estado, inclusive um fato curioso é que sempre que alguém mostra-se diferente, irritado ou até mesmo com traços de rebeldia, sempre aparece alguém por perto para perguntar ou sugerir se essa pessoa já tomou sua dose de Soma naquele dia e até as crianças tomavam Soma regularmente. 

As pessoas que compõe essa sociedade do admirável mundo novo prestam culto a Ford e a religião seguida é o Fordismo, onde existem diversos templos onde essas pessoas prestam culto a Ford, também existe uma região isolada onde há uma reserva designada aos rebeldes ou aqueles que não aceitaram e não se submeteram as regras determinadas pelo estado, e Bernard Marx acaba indo para esta reserva onde encontra uma família composta por uma mãe e um filho que faziam parte também do admirável mundo novo, entretanto a criança nasceu na reserva, então Bernard Marx dedica-se a leva-los de volta para o admirável mundo novo, porém ele causa um extremo alvoroço e mal estar pois a mãe quebrou os protocolos e desobedeceu as regras visto que ela teve um filho fora dos padrões estabelecidos.

O jovem que nasce fora do Admirável Mundo Novo se chama John e é um personagem cheio de atitudes e com um vasto conhecimento, tanto é que grande parte de suas falas são referenciadas em Shakespeare. A chegada e a entrada dele no admirável mundo novo causa grande alvoroço porque ele é alguém de fora que está entrando em contato pela primeira vez com toda aquela loucura de controle velado e suas ideias e a forma como ele se comporta levam a grande reflexão acerca do que está acontecendo naquele lugar e a forma como estado vem controlado e tornando aquelas pessoas como fantoches.

Como supramencionado, vimos que o autor Aldous Huxley expõe de uma maneira real como o estado mantém uma relação de poder e domínio com as massas e como somos afetados diretamente por essa persuasão, o livro inteiro acontece de forma que fica explícito mesmo que de maneira implícita como a perca da identidade ou o não direito a tê-la ou a ser alguém faz com que sejamos fantoches e secundários em nossas próprias vidas, e a crítica social trazida pelo autor ao sistema que estamos imersos desde a revolução industrial é de suma importância também para a compreensão dos fenômenos trazidos e abordados ao longo dos capítulos do livro.

O posicionamento de Bernard Marx e John fazem toda a diferença no rumo que as coisas tomam e nos trazem um olhar mais apurado acerca da alienação, e de como é importante levar em consideração a sustentabilidade das relações e o respeito e a liberdade para a subjetividade se expor e existir. 

REFERÊNCIAS 

JACQUES, M. G. C. Identidade. Em: JACQUES, M. G. C. Psicologia Social Contemporânea. 

HUXLEY, A. Admirável Mundo Novo. Porto Alegre: Editora Globo, 1979.

MYERS, D. G. Preconceito. Em: MYERS, D. G. Psicologia Social. Porto Alegre: Artmed, 2014. 

MYERS, D. G. Persuasão. Em: MYERS, D. G. Psicologia Social. Porto Alegre: Artmed, 2014. 

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Os impactos psicológicos e financeiros de uma vida sem planejamento

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A falta de planejamento sempre foi um carma na vida de muitas pessoas que buscam mudança, desenvolvimento pessoal e profissional, posto que, parafraseando o Gato Cheshire de Alice no País das Maravilhas (Lewis Carroll) aquele que não sabe para onde ir, qualquer caminho serve, até mesmo o fracasso.

Em um país de proporções continentais, é de se esperar problemas em proporções continentais, em todos os campos da vida social e coletiva, o que resulta em diversos conflitos de interesses que acabam virando processos judiciais, lotando assim o Poder Judiciário com demandas que poderiam facilmente ser evitadas com um diálogo saudável e com bastante planejamento.

Diante disso é que se tem observado um interesse crescente da sociedade em se prevenir, de entender os riscos dos próprios atos, de otimizar os serviços que ofertam, principalmente após a pandemia que virtualizou uma boa parte do comércio em geral, com um aumento disparado no setor de entregas e transportes.

Diante deste conjunto, o (En)Cena entrevista o advogado Alcides Ferreira, advogado, atuante na área de compliance, planejamento e prevenção familiar e tributário para pessoas e empresas, para falar sobre a importância de um bom planejamento estratégico e os impactos psicológicos que podem ocorrer na ausência destes, principalmente neste cenário pandêmico que o mundo vive.

Fonte: Arquivo Pessoal

 

(En)Cena – Fale sobre sua formação e como é o seu cotidiano de trabalho?

Alcides Ferreira: Minha formação acadêmica foi repleta de aprendizados importantíssimos. Contei com a ajuda de diversos docentes que possuíam uma extensa bagagem de experiência e busquei absorver ao máximo tudo que era desenvolvido em sala. Sempre demonstrei uma pré-disposição para matérias contratuais e tributárias, por essa razão fui monitor nas disciplinas de Direito Civil – Contratos e Direito Tributário, ambas com o professor e advogado Thiago Perez.

Além da experiência acadêmica, estagiei em diversos órgãos, escritórios de advocacia, tendo diversos profissionais que impulsionaram meus conhecimentos jurídicos e métodos de atuação. Destaco, mais uma vez a importância do professor Thiago Perez que foi professor e mentor e hoje é um grande amigo.

Na vida profissional, busquei pôr em prática todos os conhecimentos adquiridos, além da própria experiência agregada com o passar dos anos.

Hoje atuo, principalmente, fora do Poder Judiciário, visando trabalhos de prevenção, planejamento, estratégias de atuação, projeção de riscos etc., buscando auxiliar o cliente a ter uma redução de gastos e uma contenção de possíveis riscos.

(En)Cena – Por que escolheu atuar com prevenção e planejamento?

Alcides Ferreira: Atuar especificamente com prevenção e planejamento é o resultado de ter observado todo o cenário jurídico brasileiro e perceber que uma boa parte de todas as contendas judiciais poderiam ser evitadas caso houvesse um conhecimento prévio dos riscos de atuação, além de planejamentos a longo prazo.

Um exemplo que pode ser citado são os processos relacionados ao divórcio, inventários e partilhas de bens. Na maioria esmagadora dos casos há um litígio intenso entre as partes, há manipulação de herança, chegando a situações até de assassinato, como o caso do advogado Danilo Sandes, em Araguaína-TO.

A máxima “o combinado não sai caro” é um exemplo da importância da prevenção. Um bom planejamento é peça fundamental para se evitar dores de cabeça futuras. Um contrato pré-nupcial, evita discussões e contendas no divórcio. Um planejamento tributário evita o pagamento indevido e/ou desnecessários, sobrando mais recursos para serem investidos. Um planejamento sucessório, evita brigas entre herdeiros além dos gastos exorbitantes nessa etapa tão dolorosa da vida.

Fonte: https://url.gratis/l2uiTg

 

(En)Cena – Qual o resultado prático e psicológico de uma prevenção no âmbito familiar?

Alcides Ferreira: Já temos uma resposta sobre o resultado prático de uma atuação preventiva no âmbito familiar.

Traçar um planejamento de acordo com o perfil familiar é extremamente importante, sabendo que existirão contendas em um divórcio, por exemplo, a elaboração de um contrato que disponha todas as regras e divisão de bens; os deveres para com os filhos; o tipo de guarda, evita cerca de 70% (setenta por cento) dos problemas.

Já em um inventário, um bom planejamento evita discussões desnecessárias e brigas irracionais sobre o que é de direito de cada um dos herdeiros, já que isto será previamente estabelecido.

É sempre importante lembrar que a prevenção e o planejamento são mecanismo para minimizar os riscos e prejuízos, não há uma garantia de que estes não ocorrerão. Mas, se ocorrer, serão em pequena escala em vista ao que poderia ser.

(En)Cena – Um processo judicial será sempre uma tormenta na vida dos envolvidos?

Alcides Ferreira: Nem sempre! Hoje o próprio judiciário tem tomado iniciativas para ter um processo mais humanizado. Existem sistemas de apoio aos familiares em processos da Vara de Infância e Família, além das audiências de conciliação do CEJUSC – Centros Judiciários de Solução de Conflitos e Cidadania, que buscam sempre a resolução pacífica de um imbróglio judicial.

Mas, infelizmente, muitas das vezes os processos judiciais são intensos, de modo que além do próprio resultado do processo, há ainda o abalo de ter que enfrentar todas a brigas que surgem, além dos argumentos lançados nos autos e em audiências de instruções, oitivas de testemunhas que mais se parecem com inquisições.

Em suma, dada às proporções do nosso país, há de tudo um pouco nos processos judiciais, mas é fato que o impacto psicológico é gritante.

Existe um texto de uma colega advogada, aqui no (Em)Cena, salvo engano se chama Bravura e Sobrevivência, onde ela dá dicas importantíssimas para a saúde mental da mulher durante um processo judicial, recomendo a leitura.

(En)Cena – Um bom planejamento evita dores de cabeça?

Alcides Ferreira: Não, mas reduz significativamente. A nação brasileira, no geral, não possui hábitos saudáveis quando se trata de prevenir. Temos aquele ditado “é melhor prevenir que remediar”, mas, na prática, a maioria das pessoas levam as situações no famoso “deixa acontecer”.

Cito um exemplo dentro da própria psicologia. Se desde a primeira infância houvesse uma preocupação com a saúde mental efetiva por parte da maioria dos brasileiros, uma boa parte dos problemas da vida adulta relacionados à psiquê poderiam ser evitados.

Hábitos alimentares e os cuidados com a saúde física são outros pontos que indicam o quão importante é saber planejar, pois, este só será colocado em cheque no futuro.

É sempre bom lembrar que não basta planejar, tem que saber analisar os possíveis riscos, criar as mais variadas projeções de cenários, por mais desagradáveis que seja, até aquelas em que a possibilidade de ocorrer seja remota, só assim poderá ter uma redução efetiva nas dores de cabeça em situações emocionalmente instáveis.

(En)Cena – Quais seriam os principais métodos de planejamento?

Alcides Ferreira: Vou delimitar a resposta dessa pergunta no âmbito familiar. Os métodos de planejamento irão variar em cada caso, a fim de ter uma adequação a situação vivida pelos indivíduos.

Dentro do planejamento sucessório, por exemplo, existe o testamento, uma prática muito conhecida de determinar, ainda em vida como irá ocorrer a sucessão dos bens.

Outra forma de planejamento sucessório são doações com reserva de usufruto vitalício, situação em que a pessoa já passa os bens para os herdeiros, nas devidas proporções, mas continua detentor da posse, podendo usufruir dos bens e dos frutos que sobrevier destes.

Além das situações já citadas, um método novo, eficaz, e econômico que vêm ganhando força, são as chamadas Holdings, que dão a mesma proteção que os métodos anteriores, além de garantir uma proteção maior para o patrimônio de cada pessoa.

Fonte: https://url.gratis/eGp7KT

 

(En)Cena – Os impactos psicológicos da pandemia são fatores que influenciam a instabilidade de relacionamentos, além da própria mortalidade. Como a falta de preparo pode prejudicar a vida de um indivíduo?

Alcides Ferreira: A pandemia do Covid-19 criou um marco na história, forçou a mudança de hábitos em todo o globo. Medidas de contenção, lockdowns, uso de máscaras, todas as medidas restritivas impactaram a psiquê de cada indivíduo. Tanto é que houve um crescimento, no começo da pandemia, de pedidos de divórcio, pois algumas pessoas não conseguiram lidar com esse novo cenário.

O despreparo nestes casos resulta nas situações que já citei: prejuízos e problemas no momento do divórcio; o luto intensificado pelo doloroso, oneroso e moroso processo de inventário.

A falta de planejamento fechou diversas empresas que não possuíam um planejamento estratégico ou não conseguiu elaborar um plano tático de atuação nesses meses de intenso clamor social.

A falta de prevenção, por exemplo, com relação ao uso de máscaras e o distanciamento social, ceifou a vida de várias pessoas que foram contaminadas pelo vírus da Covid-19.

Estar preparado para as adversidades da vida é compreender que elas podem nunca ocorrer, mas, se porventura chegarem, haverá um preparo para lidar passar pelos momentos de turbulência.

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Entrevista: Desafios do estudante universitário na pandemia

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Com a pandemia da Covid-19 que se iniciou no ano de 2020 e ainda perdura no ano de 2021, sabe-se que os efeitos na sociedade foram vários, incluindo efeitos psicológicos adversos devido ao isolamento social. Os estudantes universitários não saíram ilesos disso e por consequência, sofreram reações colaterais, como o aumento do sentimento de solidão e da ansiedade, assim como o aumento da preocupação para o mercado de trabalho e sobre a competitividade. Com as atividades remotas, percebeu-se também maiores cobranças e excessos de atividades acadêmicas e poucos recursos para amadurecer o conhecimento como acontecia na sala de aula presencialmente RODRIGUES, et al. 2020).

A entrevista que se segue abaixo apresenta os desafios e a concepção de uma egressa da universidade CEULP ULBRA, psicóloga Ana Carla Sousa Serra, que passou por esse momento, formada em Psicologia. 

(En) Cena – Sabemos que teve muitos desafios no decorrer dos semestres com o advento da pandemia. Como foi para você, como estudante de psicologia estudar com todo esse caos mundial? 

Ana Carla – Então… no começo eu achava que seria mais de boa lidar com as demandas né? Porque a gente acha que economizando tempo de ida e volta na faculdade assim como ficar lá por muito tempo por conta das aulas, é meio que dispendioso e a gente não consegue aproveitar como queria se ficássemos em casa. Mas quando começou, percebi que não foi nada daquilo que imaginaria ser.

 

Fonte: Arquivo pessoal

 

(En) Cena – E quais as vantagens que você havia imaginado com o ensino remoto?

Ana Carla – Bom, achava que sobraria mais tempo para eu lidar com minhas outras demandas fora da faculdade e mais tempo para me divertir também. Mas o que a gente ganhou foi vários surtos e muita neura (risos). Porque eu meio que senti que a minha ansiedade aumentou, porque não teve mais a experiência da partilha né? De partilhar com o colega o dia a dia, as conversas diárias e essas coisas. A gente não percebe que isso faz grande diferença até não ter mais. 

(En) Cena –  E quais foram os maiores desafios para você estudando remotamente? 

Fonte: https://url.gratis/DOiyWQ

 

Ana Carla – Então, os maiores foram o distanciamento social, que meio que me matou por dentro, porque foi horrível não ver a galera de novo, e o excesso de demanda dos professores sobre os alunos. Senti que a exigência para entregar resultados acadêmicos aumentou bastante. E sei que não é culpa dos professores, porque sei que há uma hierarquia na universidade. Mas acho que isso vem do preconceito da própria sociedade com ensino à distância. Porque se as pessoas fossem de boa com ensino à distância, as exigências seriam as mesmas de como é presencial, mas como as pessoas acreditam que ensino remoto não aprende, as demandas se intensificaram muito. 

(En) Cena – Sim, isso faz muito sentido. E além dos desafios, você consegue enxergar alguma vantagem do ensino remoto? 

Ana Carla – Bom, eu meio que percebi que estudar em casa tem seus desafios né? Que é ter família por perto, ter condições para ter um lugar só para estudar e tal. Mas ao mesmo tempo, eu meio que vejo o ensino remoto como uma possibilidade de complementar a grade curricular, sabe? Porque eu percebi que tem matérias que pode ser colocada de modo remoto e outras que querendo ou não, precisa ser presencial, como os estágios, e outras matérias também. Então assim, é meio que conciliar sabe? O ensino remoto com o presencial seria excelente. 

(Em) Cena – E qual sua percepção de modo geral da saúde mental dos estudantes universitários no contexto da pandemia?

Fonte: https://url.gratis/fCceSB

 

Ana Carla – Bom, eu queria parabenizar a todos que conseguiram passar de semestre (risos). Primeiro porque eu senti vontade de trancar a faculdade para voltar quando a pandemia amenizasse e voltasse presencial. Porque estava muito difícil de estudar em casa sem interrupções e entregar um rendimento propício para faculdade. E para àqueles que conseguiram passar, mesmo com todo esse caos que tá lá fora, meus parabéns. Porque a gente estuda sem saber quando vai voltar ao normal e com várias pessoas morrendo todos os dias, sem vacina e com as desigualdades mais escancaradas ainda. Então de modo geral, a saúde mental dos estudantes está falida e não é para menos. É porque realmente não sei como teria uma saúde mental legal nesse contexto. 

(En) Cena – Exatamente. Tem se falado bastante de saúde mental no contexto da pandemia e percebe-se que os universitários muitas vezes já se encontram até mesmo adoecidos por não saber lidar com tantos desafios. O que você gostaria de sugerir para poder ao menos amenizar os efeitos disso?

Ana Carla – Bom, eu como estudante gostaria de sugerir que quem estuda, pode chutar o pau da barraca mesmo (risos). Tô brincando… mas sugiro dicas básicas, como meditar, ter uma rotina de exercícios legal, ter um lugar reservado para estudar e estabelecer um tempo para isso. E tentar não surtar né? Visitar os amigos vacinados também e com máscara pode amenizar bastante. E é isso… tentar não surtar na base do possível. Porque eu sei que está difícil para todos, incluindo os professores. Tanta demanda para eles que só de imaginar já fico cansada. Mas a gente segue lutando. 

(En) Cena – Sim, tem esse adendo mesmo. Porque tem a equipe docente que sinto que pouco se fala dela. Vejo que os professores também se encontram esgotados. Você tem alguma visão/noção de como anda a saúde mental deste outro lado (dos docentes)? 

Fonte: https://url.gratis/ZPYvxI

 

Ana Carla – Poxa, eu acredito que anda por fio né? É aquele negócio, não tem nem tempo para sofrer. Porque se para nós alunos já estamos desgastados, cansados, exaustos, moídos e eles? Devem estar mais que o dobro de nós, estudantes, porque são turmas inteiras, tendo que preparar aula, corrigir provas, preparar e reavaliar trabalho…minha nossa muita coisa. 

(En) Cena – Sim…é isso mesmo. Agradeço pela sua disposição em participar dessa entrevista, pela sinceridade e transparência da sua visão sobre a saúde mental dos estudantes na pandemia. Até a próxima! 

Referências 

RODRIGUES, B. B. et al. Aprendendo com o Imprevisível: Saúde Mental dos Universitários e Educação Médica na Pandemia de Covid-19. Revista Brasileira de Educação Médica, v.44, n.1, 2020. 

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Lidando com pessoas destrutivas

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Viver em sociedade é uma tarefa árdua, cada pessoa busca a satisfação de seus próprios interesses, poucos pensam em uma coletividade social. Tal situação é visivelmente percebida quando se faz uma análise no sistema de leis e normas que existem para o convívio social.

Normas que cuidam tanto de uma esfera penal, pautada em ações criminosas, quanto no âmbito civil, mais direcionada às relações comuns e o cumprimento das normas civis é o fator crucial para uma boa relação em comunidade.

Mas, como lidar com aquilo que não é, legalmente falando, uma conduta “dolosa” que viola o direito de outrem?

Como pessoas sociáveis, sempre buscamos estar em coletividade, mas no coletivo há diversas personalidades, traumas, condições extremas de pessoas que são comumente chamadas de pessoas tóxicas.

Fonte: encurtador.com.br/hyBDW

Dentro desse grupo de “más companhias”, há aquelas que são consideradas como um abismo emocional, ou, até mesmo, como buracos negros emocionais, ou seja, são indivíduos que possuem um vazio descomunal dentro de si e buscam – não intencionalmente – sugar todo e qualquer resquício de “sanidade” das pessoas próximas.

Essas pessoas são como parasitas, instalam-se em nossas vidas como simbiontes, se apresentando inicialmente como pessoas solicitas, amigáveis, amáveis etc., e vão mostrando suas “garras” com o passar do tempo.

Tal condição é tão presente na sociedade que já foi romantizado em grandes sucessos da música brasileira, como em Segredos – Frejat, onde é dito “e eu vou tratá-la bem pra que ela não tenha medo quando começar a conhecer os meus segredos”. Pessoas tóxicas estão presentes em todos os ambientes e, muitas vezes, elas sequer percebem que causam mal para os que compartilham o mesmo ambiente que eles.

As principais dúvidas que surgem sobre esta questão são: como identificar essas pessoas; como se distanciar destas pessoas; e, como descobrir se é este tipo de pessoa?

Fonte: encurtador.com.br/BH389

É importante frisar que o auxílio de um profissional da psicologia será sempre essencial para a identificação e tratamento destes casos.

Pessoas com este comportamento negativo possuem características um tanto quanto “eugênicas” em suas personalidades, o modus operandi destes indivíduos possuem padrões, em sua maioria são manipuladores que se fazem de vítimas psicológicas para conseguir aquilo que deseja, ou até mesmo um narcisista egocêntrico que usa as pessoas e suas emoções para satisfazer seus desejos pessoais.

Além dos manipuladores, existem aqueles que são psicologicamente instáveis, seja por traumas, viciados quimicamente em bebidas ou entorpecentes nocivos a saúde física e mental, estas pessoas também são consideradas como indivíduos com um buraco negro emocional que infecta àqueles ao seu redor com o negativismo de suas personalidades.

Se distanciar destes indivíduos não é uma tarefa fácil, tendo em vista que normalmente elas se instalam no ciclo mais íntimo das pessoas, instalam na psiquê do “hospedeiro” uma imagem de que são essenciais para suas vidas ou até mesmo de que, caso se desvinculem, não irão conseguir sobreviver muito tempo.

Fonte: encurtador.com.br/jlACR

Por isso, é necessário um desenvolvimento extraordinário da inteligência emocional, para conseguir enfrentar essas pessoas. A coisa se torna ainda mais complexa quando a pessoa tóxica é um familiar, o provedor do lar, os genitores, irmãos, cônjuges, aqueles que, dada as circunstâncias não se desvinculam facilmente, como lidar?

Sempre é importante frisar que nenhuma decisão precipitada deve ser tomada, principalmente aquelas irreversíveis, vez que não contribuirão em nada na melhoria ou resolução dos problemas, traria tão somente um agravo nas relações e mais poder para o indivíduo tóxico que possui alguma vantagem sobre a “vítima”.

A pessoa quando percebe que se encontra em um ambiente tóxico, se sente sufocada, em alguns casos similar a um cárcere privado, sem saída, sem escolhas, sem vontades. Mas com o tempo ela conseguirá perceber que possui o poder de escolha entre se manter naquele ambiente ou se retirar e buscar a resiliência de sua mente. Porém, caso seja impossível se excluir do convívio social/familiar/profissional que essas pessoas, a “vítima” deve buscar um aprimoramento de sua mente para não permitir que a negatividade do outro lhe afete, até porque o mal está no outro, não em si.

Por último, como identificar que o causador de todo o mal-estar ao seu redor é causado por você e não por terceiros? Uma situação indesejada que é muito comum quando se faz uma análise mais profunda sobre o tema pois, caso não seja o agente causador, mesmo que inconscientemente, você estará permitindo que alguém controle e manipule seu estado mental.

Neste cenário, o indivíduo deve realizar uma análise de cada aspecto de sua vida pessoal/profissional e verificar se são suas atitudes que lhe infligem agonia e dor psíquica.

Compreendida sua toxicidade como indivíduo, deve ser buscado imediatamente a ajuda profissional para tratar os maus traços de sua personalidade, não para agradar os outros, mas para buscar uma versão melhor de si mesmo.

Fonte: encurtador.com.br/fqACD
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