Todo dia 8 de março é a mesma ladainha: flores, parabéns, frases sobre força e garra. Não estou dizendo que não deve haver flores, parabéns e frases sobre força e garra, pelo contrário, eu particularmente até gosto de flores. O ponto principal é: há criticidade nessas palavras? Há reflexão sobre o que de fato significa não somente o dia da mulher, mas SER mulher e EXISTIR como mulher? Sem pensamento crítico não há felicitações.
Quem é a mulher guerreira que todo mundo tanto fala no dia das mulheres? Quem é a mulher forte, inabalável e que é capaz de suportar tudo? É a mulher sobrecarregada, a mulher exausta, a mulher cuidadora, a mulher que assume todos os cuidados com o lar, com a família e com a criação dos filhos (às vezes nem são dela).
É a mulher que trabalha fora de casa e quando chega tem mais um turno de trabalho doméstico. É a mulher que tem que dar conta de tudo, afinal, ela é forte e guerreira. É a mulher que ganha menos, que trabalha mais, que se especializa mais. Mas que é cada vez menos valorizada profissionalmente, que tem sua voz silenciada e sua existência assediada moral e sexualmente.
E quando a mulher não aguenta tudo isso, cai no choro, cai aos prantos, cai no grito e no desespero, ela é louca! Histérica! A mulher tem que aguentar calada, quieta e silenciada. Esse silenciamento da voz das mulheres tem origem histórica dentro da psiquiatria que se construiu em cima de homens psiquiatras sobre as mulheres loucas (SHOWALTER, 1987).
A autora traz o manicômio como símbolo das instituições que foram construídas pelos homens desde o casamento até as leis. Instituições essas que foram construídas em cima do aprisionamento e do isolamento das mulheres, deixando-as loucas. O homem então é associado a racionalidade, a mulher é associada à loucura, a insanidade como parte da essência de ser mulher (SHOWALTER, 1987). O homem quando associado a loucura é de forma simbólica que remete ao feminino.
De acordo com Valeska Zanello, que um dos maiores nomes da psicologia no Brasil, o sofrimento psíquico é construído socialmente e acontece a partir dos valores de gênero (ZANELLO, 2011). As mulheres tendem a ser mais acometidas pelos transtornos depressivos, ansiosos, distúrbios de sono e comorbidades do que os homens.
Como não viver sob a ameaça do adoecimento psíquico quando estamos incessantemente lutando por espaço, por voz, por validação, por segurança? A mulher vive sob a ameaça do estupro o tempo inteiro. Saímos de casa e temos que estar sempre em alerta sobre onde vamos, com quem e quando. Temos que prestar atenção ao nosso redor, observar se estamos sendo seguidas, se há algo estranho. Temos que estar atentas ao pegar um taxi ou serviço por aplicativo para viagens.
Como não viver à mercê do adoecimento psíquico quando somos bombardeadas sobre nossos corpos, nossas medidas, nossas curvas, nossas características físicas e a nossa personalidade? Afinal, a mulher tem que ser magra, mas não muito. Tem que ter bunda grande, peito duro, mas deve ser proporcional. Não pode ter estria nem celulite, pelos então nem pensar por que não é nada higiênico. Cuidado! Desse jeito nenhum homem vai te querer!
No que tange a saúde mental, o sofrimento psíquico da mulher está atrelado ao ideal estético, matrimonio e maternidade (ZANELLO; FIUZA; COSTA; 2015). A mulher é socialmente pressionada a estar dentro dos padrões estéticos, sobretudo o padrão lipofóbico.
Esse padrão lipofóbico exige que as mulheres sejam magras, esbeltas e joviais, essa exigência faz com que aquelas que não consigam alcançar esse padrão sejam hostilizadas e taxadas de inferiores (NOVAES, 2006). Dessa forma, as mulheres que não se adequam, logo não servem. São invalidadas, criticadas e recebem ataques odiosos sobre seu desleixo e descuido com o corpo.
O corpo da mulher perpassa a transformação estética para princípios éticos, que faz com que ela seja obrigada a exercer cuidados com o corpo e o dever moral de se tornar bonita e atraente (ZANELLO, 2015). Além de tudo isso, a mulher ainda tem que cuidar das tarefas domésticas, do lar, da família, do marido e dos filhos. Tudo isso depois de passar o expediente inteiro sofrendo assédio moral e sexual do ambiente de trabalho.
Ser mulher é sofrer, é sentir dor, é sentir medo. Ser mulher é ser luta, é ser resistência. Ser forte não é uma opção, é o que nos resta. Mas estamos cansadas, estamos exaustas, estamos no limite. Só queríamos ser mulher. Ser tratadas como seres humanos, não como incubadoras ou cuidadoras. Nesse dia da mulher não queremos só flores e mensagens bonitas, queremos lutas por direitos, queremos respeito e igualdade. Afinal, Dias Mulheres Virão!
Referências
NOVAES, Joana de Vilhena. O intolerável peso da feiura: sobre as mulheres e seus corpos. Rio de Janeiro: PUC-Rio/Garamond, 2006.
SHOWALTER, E. Anarquia Sexual: sexo e cultura no fin de siècle. Rio de Janeiro: Rocco, 1987.
ZANELLO, Valeska.; BUKOWITZ, B. Loucura e cultura: uma escuta das relações de gênero nas falas de pacientes psiquiatrizados. Revista Labrys Estudos Feministas. v. 20-21, 2011.
ZANELLO, Valeska. A saúde mental sob o viés do gênero: uma releitura gendrada da epidemiologia, da semiologia e da interpretação diagnóstica. In: ZANELLO, V.; ANDRADE, A. P. M. (Org.). Saúde mental e gênero: diálogos, práticas e interdisciplinaridade. Curitiba: Appris, 2014.
ZANELLO, Valeska; FIUZA, Gabriela; COSTA, Humberto Soares. Saúde mental e gênero: facetas gendradas do sofrimento psíquico. Fractal: Revista de Psicologia, [s.l.], v. 27, n. 3, p.238-246, dez. 2015. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/1984-0292/1483
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Amor no espectro: reality da Netflix aborda autistas em busca do amor
A Netflix incluiu no seu catálogo o reality show, que aborda pessoas em busca de um amor. Entretanto, Amor no espectro é um reality que aborda essa temática pelo prisma do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os participantes do programa são autistas adultos, que decidiram sair em busca de um par romântico.
O reality é composto por 5 episódios de 40min em média, que conta com depoimentos e preparações para o primeiro encontro de autistas. O programa promove os encontros entre pessoas que fazem parte do espectro. Para quem ainda não possui familiaridade com o Transtorno do Espectro Autista irei explanar algumas informações a seguir sobre o transtorno para que facilite a compreensão do que se trata o reality australiano.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é definido pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais- DSM-5 (2014) como um distúrbio do neurodesenvolvimento, que gera prejuízos na interação social, na comunicação e apresenta padrões repetitivos de comportamentos. Além disso, sabe-se que os sintomas podem surgir aos 3 anos de idade, o que possibilita que o diagnóstico seja realizado ainda na infância (APA, 2013).
Vale ressaltar que alguns estudos empíricos apontam que a grande parte das crianças com autismo apresentam problemas no desenvolvimento entre 12 e 24 meses (CHAKRABARTI, 2009), e que alguns desvios de ordem qualitativa no desenvolvimento podem aparecer antes do primeiro ano de vida (MAESTRO et al, 2002).
Fonte: Netflix
Também, acredita-se que o TEA atinge mais indivíduos do sexo masculino, tendo como prevalência por volta de 1% da população, consistindo numa vasta diversidade de sintomas no âmbito cognitivo-comportamental e sem preferência relacionadas a antecedentes étnicos (CID 10, 2000).
O número crescente de indivíduos diagnosticados mundialmente com TEA não aponta necessariamente para o aumento na sua prevalência, pois esse fato pode ser explicado pela sua expansão nos critérios diagnósticos, pela ampliação dos serviços de saúde relacionados ao transtorno, pela alteração na idade do diagnóstico e outros motivos (FAMBONNE, 2009).
Assim, dentro do TEA existem variações em casos entre leve e severo, que variam com sintomas mais intensos que comprometem e acomete em deficiência intelectual, e casos clínicos que apresentam níveis de inteligência normais e capacidade de adaptação, que torna os sintomas de interação social mais leves (CID 10, 2000; APA, 2013). É possível verificar que existem várias comorbidades no TEA, tais como o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividades (TDAH), epilepsia, e variadas síndromes de ordem genética e ambiental (APA, 2013).
Dessa forma, de acordo com Rutter (2011), a aparição dos sintomas do TEA são precoces e apresentam comprometimento no desenvolvimento do indivíduo ao decorrer da sua vida, apresentando uma vasta variação na intensidade e na forma como os sintomas se manifestam nas áreas que definem o seu diagnóstico.
Fonte: Netflix
Entende-se que devido a ordem dimensional do conjunto de condições que compõem o TEA, existem controvérsias sobre o diagnóstico diferencial entre elas. Diante disso, o DSM-5 define a classificação do TEA em substituição a Transtornos Globais do Desenvolvimento, pois a última versão do manual aponta a inclusão de comprometimentos qualitativos no desenvolvimento sociocomunicativo. Além disso, tem a apresentação de estereotipias ou comportamentos estereotipados e repertório baixo e restritivo de interesses e atividades, onde os sintomas desse âmbito unidos podem limitar ou dificultar o funcionamento rotineiro e diário do indivíduo (APA, 2013).
Também, em concordância com Bárbaro (2009), ressalta-se que o Transtorno do Espectro Autista (TEA) inclui o transtorno autístico, o transtorno ou síndrome de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância e o transtorno global do desenvolvimento não especificado, que é conhecido como autismo atípico.
Outro aspecto interessante é que o TEA não possui etiologia ainda completamente estudada e conhecida, porém já se sabe que existem anormalidades cromossômicas (2%), ambientais (3%), síndromes monogênicas (5%), microduplicações e microdeleções (10%), e questões multifatoriais e epigenéticas representam cerca de 80% (ZANOLLA et al, 2015).
Para Reichow (2011), a intervenção precoce pode provocar melhoras no quadro clínico do autismo, apresentando ganhos significativos e com grande durabilidade no desenvolvimento infantil, haja vista que as intervenções, quando realizadas precocemente, podem potencializar benefícios e efeitos positivos. Além disso, é apontado também que quando as intervenções são realizadas mais cedo, é possível que os gastos sejam reduzidos de forma considerável no tratamento das crianças com TEA, o que pode gerar economia para a família e dentro do sistema de saúde pública a longo prazo (NOVAK; ZUBRISTKSY, 2005).
Assim, Leo Kanner, autor da obra “Autistic disturbances of affectiv contact”, de 1942, no intento de descrever casos de crianças com curiosas características em comum, marcadas por um comportamento de auto-estimulação, tendência a um isolamento extremo, repetição mecânica de frases ouvidas anteriormente e obsessividade. Assim, seguiram-se alguns anos na busca de estudar a etiologia daquilo que ele apresentou como uma “psicose” que, por fim, não foi esclarecida através dos exames feitos com os pacientes em clínica e laboratorialmente.
Fonte: Netflix
Diante do exposto, percebe-se que o Autismo é um transtorno que interfere na comunicação e interação social. Logo, presume-se que ele pode influenciar na forma como o indivíduo expressa suas emoções e sentimentos, de modo que se torna importante compreender como são experienciadas as emoções e qual o significado delas para as pessoas com TEA e especialmente no que se refere às crianças, haja vista que é uma fase onde há curiosidade e necessidade de aprender sobre essas questões.
O reality traz uma discussão potente sobre o atraso no diagnóstico de mulheres, pois enquanto os meninos são diagnosticados ainda na infância, as meninas só recebem diagnóstico na adolescência ou na vida adulta. Isso acontece porque os critérios diagnósticos abarcam com maior profundidade os comportamentos dos homens, não possuindo um recorte de gênero eficaz que auxilie no diagnóstico precoce de meninas.
Enquanto um dado comportamento é tido como esperado ou adequado para as mulheres, ele é considerado como um sinal ou sintoma para homens. Então o reality enfatiza essa crítica a forma como o diagnóstico é tardio para as mulheres e como isso pode trazer prejuízos no tratamento.
O programa conta com o apoio de uma psicóloga especialista em encontros para autistas, ela auxilia aqueles que apresentam dificuldades de relacionamento ou falta de habilidades sociais. Esses participantes passam por treinos de habilidades sociais voltados para relacionamentos românticos.
O reality apresenta de forma real como são as dificuldades de relacionamento enfrentadas pelos autistas, exibindo preconceitos e estigmas que causam muito sofrimento. É uma ótima opção para quem quer aprender mais sobre o assunto e se divertir com tanta fofura.
Fonte: Netflix
REFERÊNCIAS
American Psychiatric Association. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders(5a. ed.). Arlington, VA: American Psychiatric Publishing. 2013
MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS: DSM-5. [American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento … et al.]– 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014.
PARKS, P. J. Self-injury Disorder. San Diego, California: Reference Point Press, 2011.
Mandell, D., Novak, M., & Zubritsky, C. (2005). Factors associated with age of diagnosis among children with autism spectrum disorders. Pediatrics, 116, 1480-1486.
ROBINSON, A. Emotion-focused therapy for autism spectrum disorder: a case conceptualization model for trauma-related experiences. Journal of congtemporary psychotherapy, v. 48, n. 3, p. 133-143, 2018. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/ pmc/articles/PMC6061099/
ANTUNES, R. Trabalho e precarização numa ordem neoliberal. In: GENTILI, P.; FRIGOTTO, G. (Org.). A Cidadania Negada: políticas de exclusão na educação e no trabalho. 2 ed. São Paulo: Cortez, 2001, p. 37-50
ANTUNES, Ricardo (2015) Desenhando a Nova Morfologia do Trabalho, Revista Estudos Avançados, 28 (81), 2014, Instituto de Estudos Avançados, USP, São Paulo
ANTUNES, R e DRUCK, G. (2014). A epidemia da terceirização in Antunes, R. (org), Riqueza e Miséria do Trabalho, vol III, SP, Boitempo.
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Breve histórico do lúdico como prática psicopedagógica e a sua importância na construção subjetiva da criança
Antes de abordarmos a história do lúdico, é importante frisarmos a origem da palavra, lúdico vem da palavra latina “ludus” que tem significado “jogo” (LEAL, 2011). Ao entendermos o significado da palavra, podemos verificar que ele nos leva a pensar em jogos, brincadeiras e o ato de brincar de maneira espontânea, porém não podemos esquecer de abordar que o lúdico foi distinguido como “traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano” (LEAL, 2011).
E dessa forma a definição vai muito além de jogo, brincadeira ou algo semelhante, pois o lúdico traz em si valores e significados específicos para todas as fases do processo de desenvolvimento humano, ele traz valores que abrangem todo o ciclo vital (LEAL, 2011).
Antunes (2005) descreve que o processo lúdico e suas necessidades vão muito além do que o brincar espontâneo aborda e cobre, ainda vemos que Neves (2009) diz que a criança e o jovem podem apresentar resistência em ir à escola e em relação ao processo de ensino quando tais não demonstram a presença do lúdico, pois dessa forma não se mostra prazeroso, então não tende a prender a atenção e o interesse dos alunos sendo jovens ou crianças.
Carneiro (1995) denota sobre algo muito importante ao trazer que “todas as pessoas têm uma cultura lúdica, que é um conjunto de significações sobre o lúdico”. Podemos perceber que a cultura lúdica é construída de forma individual e subjetiva por cada um, não existindo uma receita ou fórmula única para todos, mas cada um a constrói a sua maneira e de um jeito único de cada indivíduo.
A cultura lúdica não é estática e imutável, mas ao decorrer da história ela se modificou e sofreu inúmeras alterações ao longo das transformações enfrentadas na sociedade, sendo assim, ela não se manteve de forma única sempre nem se manteve inalterável ao longo das épocas vividas, além de que o lúdico é manifesto de diversas maneiras e desde a época primitiva através da dança, luta, pesca e caça (ANTUNES, 2005).
Fonte: encurtador.com.br/eiE69
Desde a Grécia antiga existem relatos vindos de Platão que diziam que durante os primeiros anos de vida, a criança deveria ocupar seu tempo com jogos, porém é com o advento do cristianismo que os jogos caem em desuso por serem considerados profanos e pecaminosos, livres de significantes relevantes e pertinentes dentro do contexto cristão. Dessa forma podemos notar a gritante diferença entre a forma como o entendimento de jogos e brincadeiras no contexto da Grécia antiga onde era bastante valorizado e estimado, e ao transitar para algo sem valor a partir da concepção trazida pelo cristianismo.
Entretanto foi novamente a partir do humanismo que os jogos educativos voltaram a ocupar espaço e valor, pois novamente foram percebidos e considerados importantes dentro do processo lúdico pelo qual a criança está inserida durante a sua formação (ANTUNES, 2005).
Podemos encontrar outros teóricos no século XVI que também naquela época já falavam sobre a relevância do lúdico no processo educativo das crianças, e inclusive pesquisadores da área da educação também trabalhavam em cima dessa problemática, e nos Estados Unidos, Dewey considerava que o jogo poderia ser atrelado à vida, tornando-se seu habitat natural, onde ela aprender a viver, e Piaget também ressalta o quão valiosos os jogos e brincadeiras são para o processo de desenvolvimento intelectual da criança, pois eles vão muito além de uma forma de entretenimento infantil ou uma forma de distração para crianças (ANTUNES, 2005).
Por isso devemos nos atentar para a enorme importância do lúdico dentro do âmbito da saúde mental da criança e do ser humano em si, considerando a relevância dos pais se atentarem para tal e os educadores também, pois é onde a criança pode expressar-se livremente da maneira como ela entende o mundo, sente o mundo e as pessoas, e os objetos também (LEAL, 2011).
O lúdico possui grande valor para o processo de desenvolvimento da criança e não pode ser esquecido ou desmerecido, pois a partir dele, a criança terá mais uma ferramenta e mecanismo para se expressar e para manifestar suas questões pessoais sobre ela mesma, sobre o mundo e da forma subjetiva como ela percebe às coisas naquele momento da vida.
Fonte: encurtador.com.br/imRSW
De acordo com Silva (2015), o Brasil não possui estudos sobre a evolução dos brinquedos, porém podemos pensar no brinquedo dentro da sociedade francesa para entendermos um pouco de como era no Brasil, visto que fomos colonizados por povos europeus. Sendo assim, na França verificamos que a evolução dos brinquedos está intrinsicamente ligada aos grandes períodos da civilização ocidental, considerando o que era vivido na Grécia e em Roma a respeito da importância que o brinquedo possui para aqueles povos na época (SILVA, 2015).
Reforçando o que foi mencionado anteriormente, Platão (1948) foca e enfatiza bastante a importância de aprender brincando ao invés de aprender por um viés violento e opressor, pois desde aquela época, ele trabalhava o ensino de matemática de uma maneira lúdica, que nos dias atuais é bastante utilizada.
Onde Platão estudava e ensinava matemática com base naquilo que estava presente no contexto da criança, fazendo relação com questões e problemas concretos provenientes da vida, onde a criança estudava e aprendia matemática num grau elementar onde estava presente o jogo como uma forma de atrair a criança.
E o filósofo Aristóteles menciona que a educação infantil deve ser realizada através da utilização de jogos que imitem e reproduzam a vida adulta, as ocupações e as atribuições que o adulto carrega e exerce, de modo que a partir disso, a criança pudesse ser preparada para crescer e preparada para torna-se adulta e enfrentar a vida adulta, pois já iria possuir uma noção básica sobre tal (KISHIMOTO, 1994).
Podemos verificar que em Roma, os jogos já possuíam outra finalidade, eles eram praticados com a intenção e o objetivo de formar soldados e cidadãos obedientes e devotos, pois naquela época as crianças possuíam uma educação que abordava as questões físicas as questões englobadas com as de cunho estético e espiritual (KISHIMOTO, 1994).
Sobre isso, Kishimoto (1994) denota que:
“Posteriormente, parece que a prática de aliar o jogo aos primeiros estudos, justifica que as escolas responsáveis pelas instruções elementares tenham recebido nessa época, o nome de ludus, semelhante aos locais destinados a espetáculos e a prática de exercícios de fortalecimento do corpo e do espírito. A partir do século XVI, os humanistas começaram a perceber o valor educativo dos jogos, e os colégios Jesuítas foram os primeiros a recolocá-los em prática. A partir do momento em que o jogo deixa de ser objeto de reprovação oficial, incorpora-se no cotidiano dos jovens, não como diversão, mas como tendência natural do ser humano. Rabelais e Montaigne compartilham desse ideal, denunciando a crueldade e os castigos corporais dos tempos medievais. (KISHIMOTO, 1994).”
Fonte: encurtador.com.br/lyIV3
O autor pontua que os colégios de jesuítas foram uns dos primeiros a perceber a importância do lúdico na educação infantil, após a idade média e incorporaram à sua rotina, em contraponto com os séculos passados, na idade média, onde qualquer desvio de comportamento era imediatamente punido com castigos físicos.
O que chama bastante a atenção nos ocorridos do século XVI, foi a fundação do instituto dos Jesuítas Inácio de Loyola, que foi um militar e parte da nobreza da época, e lá são percebidos os primeiros sinais da importância dos jogos de exercícios dentro do processo de formação do ser humano, e trata de forma antecipada o seu uso dentro do sistema educacional e a organização do mesmo.
Porém, foi através da intervenção do exercício feito de maneira lúdica que as crianças substituíram o ensino escolástico, que consistia na conciliação ensinamentos cristão com o pensamento racional, e o ostracismo, que era o exilio após o cometimento de algum erro, e tais tipos de ensino foram substituídos pelo emprego de tábuas murais (SILVA, 2015).
No período do Renascimento, o exercício físico era bastante considerado e com grande valor, sendo eles: “exercícios de barra, corridas, jogos de bola parecidos com o futebol e o golfe são comuns” (SILVA, 2015). Foi nesse período que o jogo de cartas educativos foi criado por um frade franciscano chamado Thomas Murner, que possuía o objetivo de conduzir o ensino da filosofia.
E também ao decorrer do século seguinte os jogos com finalidade educativa ganharam ainda mais espaço, pois eram considerados importantes para o processo de compreensão e entendimento. E o aparecimento do movimento científico amplia os jogos que a partir disso tornam-se inovações científicas no século XVII (SILVA, 2015).
Foi no século XVII que ocorreram as publicações da enciclopédia, que fomentaram o surgimento de novos jogos, e os jogos se tornaram ainda mais populares, principalmente os jogos de cunho educativo (KISHIMOTO, 1994).
Fonte: encurtador.com.br/bqK48
Silva (2015) cita alguns acontecimentos também bastante importantes na história do lúdico:
“Segundo Emílio, em Rosseau demonstrou que a criança tem maneiras de ver, de pensar e de sentir que lhes são próprias, demonstrou que não se aprende nada senão por meio de uma conquista ativa. Áries (1986, p. 177), a infância, entendida como período especial, traz em decorrência a adoção de práticas educativas que prevalecem até hoje. A criança passa a ser vista de acordo com sua idade, brinca com cavalinho de pau, piões e passarinhos, tem permissão para se comportar de modo distinto do adulto. Com o termino da Revolução Francesa, no início do século XIX acontece o surgimento das inovações pedagógicas com Rousseau, Pestalozzi e Froebel, que aponta duas facetas nos brinquedos: o objetivo e a ação de brincar. A ação do sujeito, a relação estabelecida pela inteligência, que julga relevante para o desenvolvimento infantil. Segundo Pestalozzi (1827-1946), a escola é uma verdadeira sociedade, na qual o senso de responsabilidade e as normas de cooperação são suficientes para educar as crianças, e o jogo é um fator decisivo que enriquece o senso de responsabilidade e fortifica as normas de cooperação. Froebel (1782-1852), discípulo de Pestalozzi, estabelece que a pedagogia deve considerar a criança como atividade criadora, e despertar mediante estímulos, suas faculdades próprias para a criação produtiva.” (SILVA, 2015).
Silva, neste comentário, aponta que a criança aprende melhor a partir de uma “conquista”. Ou seja, ela se apodera do conhecimento, por vontade própria, e não passivamente. Também o autor traça um lineamento histórico, desde o término da Revolução Francesa, onde começaram a surgir as primeiras inovações pedagógicas, e também o conhecimento de que a partir do brincar a criança enriquece seu senso de responsabilidade e também aprende a cooperar de forma mais efetiva.
Porém foi no século XX que a psicologia infantil surgiu através da elaboração de pesquisas e teorias que tratam que tratam a respeito da relevância do ato de brincar dentro do processo de construção de representações infantis. Foi nesse período do século XX que surgiram pesquisas de cunho psicogenético provenientes de Piaget, Bruner e Vygotsky que iniciaram as primeiras atividades de caráter curricular dos novos tempos (KISHIMOTO, 1994)
Nessa fase aconteceram vários estudos que atrelavam a influência do contexto dentro do comportamento humano, mostrando como o ambiente do qual o indivíduo faz parte o influência dentro da sua formação e dentro do seu desenvolvimento (LEAL, 2015). E Kishimoto (1994) aborda sobre a maneira como a cultura apresenta uma forma de continuidade histórica e uma “especificidade que pode se refletir nas condutas lúdicas, faz emergir a valorização dos brinquedos e brincadeiras tradicionais como nova fonte de conhecimento e de desenvolvimento infantil”.
Kishimoto (1994) traz considerações importantes sobre os brinquedos e o ato de brincar no processo de desenvolvimento infantil:
“Partindo do pressuposto de que, manipulando e brincando com materiais como bola, cubo e cilindro, montando e desmontando cubos, a criança estabelece relação matemática e adquire noções primarias e física e metafísica. Aliando a utilização de materiais educativos que domina, aos dons, ao canto e às ocupações manuais (recorte, colagem, tecelagem, dobradura, etc.), o autor das atuais caixas de construção elabora uma proposta curricular para a pré-escola que contém em seu bojo a relevância do brinquedo.” (KISHIMOTO, 1994, p 12).
Fonte: encurtador.com.br/orGMY
O autor, neste comentário, pontua que a criança adquire melhor conhecimentos matemáticos brincando. A partir de brinquedos que tem formato de bola, cubo e cilindro, a criança apercebe melhor as formas circulares, geométricas, entre outras e aprende a ter mais noção de espaço, podendo se apropriar melhor de conteúdos de física e metafísica.
Conforme Silva (2015), na França, a primeira escola maternal trabalhava tricô, Geografia, História, Botânica, Educação Moral e Cívica, exercícios para o corpo, desenho, recorte e recursos como o passeio, para educar crianças de quatro e sete anos de idade”, e era através dos jogos que os alunos eram motivados e atraídos a estudar história, e por meio das brincadeiras aprendiam sobre respeito, submissão e admiração ao regime vigente da época, e “os jogos de ganso, de cartas e de loto, veiculam à semelhança do século anterior a propaganda política”.
Por meio de jogos magnéticos as crianças aprendiam história, geografia e matemática, pois a ciência já havia avançado na época e permitia tal feito, além de que através das fábulas de La Fontaine e os contos de Perrault, os jogos de cubo e os puzzles surgiram, além de jogos como bazar alfabético que forneciam suporte para o aprendizado do vocabulário e o jogo chamado poliglota permitia que as crianças aprendessem até cinco línguas ao mesmo tempo (KISHIMOTO, 1994).
Aqueles jogos que surgiram no século XIX foram utilizados até a primeira guerra mundial, porém durante o período da guerra foram perdendo espaço para os jogos militares que surgiram na época, e logo após a guerra, os jogos militares foram dando lugar aos jogos esportivos, e trens elétricos começaram a surgir juntamente com autoramas e bicicletas, o que apontava para um momento onde o esporte era mais bem estimado do que o militarismo (SILVA, 2015).
De acordo com Kishimoto (1994), os brinquedos eram ainda mais produzidos devido as propagandas de natal e outros tipos de propagandas que faziam menção a instruir crianças de forma divertida fazendo uso de brinquedos e jogos educativos, e os brinquedos ocupam maiores espaços e dessa forma, passam a ser adaptados e personalizados de acordo com as preferências e os gostos das crianças.
Foi nessa época também que Ovídio Decrolv ao continuar os estudos e produções de Froebel, criou um conjunto de materiais destinados a educação de crianças com algum tipo de deficiência mental, fazendo uso de materiais tidos como neutros e cartonados, para que essas crianças com essa demanda pudessem desenvolver aspectos relacionados a percepção, motricidade e ao raciocínio.
Em 1954 foi elaborado por Maria Montessori, uma metodologia de ensino voltada para crianças com deficiência mental, onde era utilizado os materiais criado por Itard e Seguin, com a finalidade de instalar a educação sensorial, porém no Brasil esse método chegou tempos depois através da Linha Lubienska – Montessori, que foi utilizado em escolas católicas onde estudavam apenas a elite da época. E a educação de crianças portadoras de algum tipo de deficiência foi algo que recebeu uma grande atenção e que teve grandes avanços após a utilização de brinquedos, e teve origem no século XVIII quando materiais específicos para surdos e mudos criados pelo Pe. De I’epeé em 1760.
Após isso foi Valentin Hauy no ano de 1784 que criou livros de auto relevo para crianças cegas. Itard e Seguin produziram inúmeros materiais analíticos voltados para a educação sensorial e intelectual de Victor, que foi o selvagem de Ayeron Decroly, e após isso se inspiraram na globalização para a organização de jogos intelectuais e motores que eram destinados às crianças com algum tipo de deficiência mental (MONTESSORI, 1954).
Referências:
ALMEIDA, P. N. Dinâmica lúdica: Técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Edições Loyola,1992.
ANTUNES, Celso. O jogo e o brinquedo na escola. In: SANTOS, Santa Marli Pires dos. (Org.). Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2008. Cap. 4, p. 37-42.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação, n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
SANTANNA, Alexandre; NASCIMENTO, Paulo Roberto. A história do lúdico na educação.
SANTOS, Cristiane Cimelle da Silva; COSTA, Lucinalva Ferreira da; MARTINS, Edson. A prática educativa lúdica: uma ferramenta facilitadora na aprendizagem na educação infantil. Revista Eletrônica do Curso de Pedagogia das Faculdades Opet, [s.i], v. 3, n. 1, p.74-88, dez. 2015. Disponível em: <http://www.opet.com.br/faculdade/revista-pedagogia/pdf/n10/ARTIGO6.pdf>. Acesso em: 04 mar. 2019.
SANTOS, S. M. P. Brinquedo e infância: um guia para pais e educadores. Rio de Janeiro: vozes, 2010.
SILVA, M. P. A importância do Lúdico na educação infantil. Trabalho de conclusão de curso licenciatura em pedagogia da Universidade Estadual da Paraíba UEPB. Julho 2015.
O filme “Onde está segunda?” é original da Netflix e a história se passa no ano de 2073 onde a população mundial cresceu mais do que o planeta terra pode suportar, então para controlar o crescimento populacional e para que todos tenham qualidade de vida, o governo estabelece um limite para os casais onde cada casal só por ter um filho, entretanto uma mulher chamada Karen Settman teve sete filhas e faleceu no parto, e seu esposo Dr. Settman, começa a trabalhar em mecanismos para burlar a lei e esconder suas sete filhas.
A vida desmedida e fora da lei está completamente fora dos planos de toda a população, e quem burla o sistema de filhos tem os filhos congelados numa máquina para que sejam descongelados no futuro quando houver estabilidade. Essa briga de forças nos remete ao dionisíaco e apolíneo trazidos por Nietzsche.
Fonte: encurtador.com.br/frNO4
A obra a origem da tragédia ou nascimento da tragédia, helenismo e pessimismo, foi a primeira obra de Nietzsche, (CASTRO, 2008). De acordo com Vieira (2012), esta obra de Nietzsche foi publicada em 1872 quando ele ainda era professor universitário no curso de filologia, e é considerada por algum autores uma das principais obras da filosofia moderna. Neste livro, Nietzsche aborda sobre a tragédia que era segundo Vasconsellos (2001) um coro composto por doze homens e era cantada por um ator denominado Hipocritas que representava deuses ou seres legendários vivos ou mortos, sobretudo a tragédia era aberta ao público e o público participava livremente e se comovia com os coros e entravam em uma catarse.
A tragédia de Nietzsche aborda a dialética entre o deus Apolo e o deus Dionísio, onde Apolo representava as artes plásticas, o sonho, perfeição, luz, beleza, razão, sonho e Dionísio representava o vinho, a embriaguez, os prazeres carnais, a falta de limites e regras, pois para Nietzsche (2006) a vida se dava entre essa dialética apolínea e dionisíaca, entre o equilíbrio das duas forças, contrariando as ideias socráticas e discorrendo sobre o helenismo que foi o período onde o apolíneo e o dionisíaco viviam em perfeita harmonia, e o autor também traz a tragédia ática que resgata o dionisíaco e é a manifestação artística, é o equilíbrio do espírito dionisíaco e por meio desse processo o grego consegue manter-se diante da vida rodeado por essas duas forças, na tragédia ática o espirito dionisíaco prevalece. A tragédia nasceria na Grécia a partir do espírito da música e renasceria na modernidade a partir do espírito wagneriano. O nascimento da tragédia proveniente do espírito da música (NIETSZCHE, 2008).
Fonte: encurtador.com.br/egTV7
As sete filhas recebem o nome de dias da semana, sendo Segunda, Terça, Quarta, Quinta, Sexta, Sábado e Domingo, e ridiculamente todas as filhas possuem personalidades que remetem a esses dias da semana. Elas são treinadas desde criança a terem uma personalidade igual, e a cada dia da semana que corresponde ao seu nome, uma delas pode sair e viver a identidade de Karen Settman. Tudo o que acontece naquele dia é registrado visto que possuem grande tecnologia de registro de dados e imagens, porém mesmo assim é necessário que ela se reúna com todas as irmãs e conte detalhadamente tudo o que houve durante o seu dia.
Karen Settman trabalha num banco e em uma segunda-feira quando Segunda foi trabalhar no seu lugar, misteriosamente Kate some e as irmãs tentam localiza-la por seu sistema moderno, porém não conseguem, então na terça-feira, a Terça sai para tentar desvendar o que houve e reencontrar a irmã, entretanto ela também é pega e descobre que o governo já está sabendo sobre a falta identidade delas. Homens que trabalham para o governo invadem a casa e há confronto e luta. Toda a tecnologia do filme e todos os apetrechos mostrados, são extremamente belos e bem feitos, tudo muito perfeito e bem estruturado.
Fonte: encurtador.com.br/INP58
O espírito apolíneo criava ao redor da forma uma cortina estética perfeita e bela, criando também uma ilusão utilizando da arte para os gregos mostrando apenas o lado belo da existência, e o espirito apolíneo foi reforçado pelo cristianismo, pois mantem a ideia de submissão do homem. O espírito apolíneo representa as artes plásticas e o espírito dionisíaco representa a música e Nietzsche (2008), em sua obra busca o equilíbrio das duas forças, visto que os gregos moldavam o mundo com formas e arte: apolínea e dionisíaca, duplo caráter, teatro e música. E Nietzsche (2008) também retrata sua enorme influência proveniente de Schopenhauer, onde aborda a vida como sendo essencialmente sofrimento e acontecimentos negativos de forma nua e crua, de maneira transparente e fiel a estes relatos de sofrimento e desprazer, rasgando o véu ilusório criado por Sócrates e por Apolo. E Nietzsche (2008) retrata Hegel como o processo de conhecimento do mundo é dialético, tese e antítese, na obra Nietzsche traz uma tese apolínea e uma antítese dionisíaca, resultado disso é a tragédia ática.
De acordo com o que é trazido e apresentado na obra de Nietzsche, o principium individuationis é o processo onde o indivíduo se constrói quanto individuo, uma armadilha da natureza para nos fazer acreditar que somos únicos e podemos vencer a morte e escapar do destino trágico.
CASTRO, M.C. , A inversão da verdade. Notas sobre o nascimento da tragédia 2008: Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732005000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 10 de novembro de 2020.
NIETZSCHE, Friedrich. A ORIGEM DA TRAGÉDIA. Rio de Janeiro: Cupolo Ed, 2008.
“Estou me guardando para quando o carnaval chegar” é um longa-metragem estreado em 2019, que tem como roteirista, diretor e personagem principal o cineasta Marcelo Gomes. O longa se passa na cidade de Toritama – PE, que fica a 171,5 km da capital pernambucana, Recife. O filme é narrado por Marcelo Gomes que exibe em imagens o seu retorno a cidade que atualmente é considerada a capital do jeans no nordeste.
Toritama é responsável pela produção de jeans e essa produção é realizada pelos moradores da cidade, cerca de 40 mil pessoas habitam e mais de 90% da população trabalha na confecção de jeans. As fábricas de jeans são chamadas de facções, que estão localizadas em galpões, garagens, salas e nas casas das pessoas, as facções estão por todos os lados.
Fonte: encurtador.com.br/adnw9
De acordo com Antunes (2001), a partir da década de 90 houve um grande aumento na informalidade e precarização do trabalho, o aumento da informalidade provoca péssimas condições de trabalho, ritmos intensos e carga de trabalho excessiva que não é fiscalizada, pois os trabalhadores são subcontratados por empresas que burlam a legislação.
No caso de Toritama, os trabalhadores são profissionais autônomos e o tempo todo na obra é retratado como eles acreditam na falsa e ilusória ideia de liberdade e autonomia. Os trabalhadores reproduzem o discurso de serem seus próprios patrões e de ganharem mais, pois ganham de acordo com o que produzem. Antunes (2014, p. 40) alerta que:
A flexibilização produtiva, as desregulamentações, as novas formas de gestão do capital, a ampliação das terceirizações e da informalidade acabaram por desenhar uma nova fase do capitalismo no Brasil. As novas modalidades de exploração intensificada do trabalho, combinadas com um relativo avanço tecnológico em um país dotado de um enorme mercado consumidor tornaram-se elementos centrais da produção capitalista no Brasil.
Fonte: encurtador.com.br/cgDJK
Em Toritama, casas passaram a virar fábricas de jeans, famílias inteiras se ocuparam em alguma parte do processo de produção, onde dependendo de qual parte do processo se encontrarem podem ganhar de R$ 0,10 a R$1,00 por peça produzida. É comum ver pessoas de idades variadas trabalhando em facções e todos com um denominador comum que é a informalidade.
Na obra é possível perceber as péssimas condições de trabalho, jornadas excessivas e o enorme cansaço dos trabalhadores que fazem apenas pequenas pausas para refeições rápidas e retornam ao trabalho. Alguns trabalham das 7h da manhã e encerram às 22h, apenas com pequenas interrupções durante a jornada.
Faltam EPI’s e sobram riscos, pois os trabalhadores se expõem ao contato direto com reagentes químicos, objetos cortantes e têm que ficar na mesma posição por horas repetindo um dado movimento, o que pode ocasionar lesões por esforço repetitivo e outros problemas de saúde ocasionados pela falta de condições básicas e seguras de trabalho.
Fonte: encurtador.com.br/coBCJ
A indústria têxtil é um dos ramos que mais cresceu no capitalismo brasileiro, e junto com ela veio a flexibilização da mão de obra, que criou a falsa ideia de liberdade quando na verdade corresponde a uma neoescravidão. Conforme Antunes (2014, p. 684):
E a terceirização, prática presente em quase todos os ramos e setores produtivos, vem se tornando a modalidade de gestão que assume centralidade na estratégia patronal, uma vez que as relações sociais estabelecidas entre capital e trabalho são disfarçadas em relações interempresas, baseadas em contratos por tempo determinado, flexíveis, de acordo com os ritmos produtivos das empresas contratantes que desestruturam ainda mais a classe trabalhadora, seu tempo e trabalho e de vida, seus direitos, etc.
A cidade de Toritama parou quase que por completo para dedicar-se somente a produção de jeans, existem poucas outras formas de renda no município, além de que existem pouquíssimas opções de lazer dentro da cidade, visto que não há público para consumir ou desfrutar do lazer num lugar onde as pessoas vivem para trabalhar e descansam enquanto trabalham.
Fonte: encurtador.com.br/fjyGZ
Quando o carnaval se aproxima a pacata cidade de Toritama entra em colapso e diversos bazares surgem pelas ruas. Pessoas desesperadas para venderem tudo o que têm visando conseguir dinheiro para que possam viajar no carnaval para o litoral. O desespero é tamanho que aceitam valores inferiores ao que o produto corresponde e juntam tudo o que têm para obter ainda mais dinheiro que seja suficiente.
Algo interessante a respeito disso é que a quantia almejada não costuma ser alta, o que faz com que essas pessoas vendam seus bens por preços extremamente sucateados e quando retornam do carnaval empenham-se novamente para comprar de volta o mesmo produto que venderam e por um valor maior. O carnaval é o único período onde os trabalhadores param suas produções e fecham as portas de suas facções para descansarem e também para aproveitarem a festividade da data.
FICHA TÉCNICA
Fonte: encurtador.com.br/nyA56
Nome: Estou me guardando para quando o Carnaval chegar
Nome Original: Estou me guardando para quando o Carnaval chegar
Origem: Brasil
Ano de produção: 2019
Gênero:Documentário
Duração: 85 min
Classificação: Livre
Direção:Marcelo Gomes
REFERÊNCIAS
ANTUNES, R. Trabalho e precarização numa ordem neoliberal. In: GENTILI, P.; FRIGOTTO, G. (Org.). A Cidadania Negada: políticas de exclusão na educação e no trabalho. 2 ed. São P
aulo: Cortez, 2001, p. 37-50
ANTUNES, Ricardo (2015) Desenhando a Nova Morfologia do Trabalho, Revista Estudos Avançados, 28 (81), 2014, Instituto de Estudos Avançados, USP, São Paulo
ANTUNES, R e DRUCK, G. (2014). A epidemia da terceirização in Antunes, R. (org), Riqueza e Miséria do Trabalho, vol III, SP, Boitempo.
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A gestão democrática na escola como garantia de preservação subjetiva
A gestão democrática escolar deve ser realizada para que os alunos vistos como agentes sociais sofram mudanças e transformações através de atuações que englobem a comunidade local e também a comunidade escolar, e que tenham o objetivo de construir uma sociedade baseada no respeito e no aperfeiçoamento da qualidade de vida (LÜCK, 2007). Morais e Felgar (2013, p. 10) apontam que: “um dos maiores desafios do gestor é conhecer os valores, as crenças, a cultura que norteiam as ações daqueles que fazem parte da instituição escolar, reconhecendo as medidas necessárias para que estes não se distanciem dos princípios, diretrizes e objetivos da educação”.
O gestor deve estar sempre atento e em estado de alerta para que ao mesmo tempo que ele tenha que ser flexível e passivo, ele também seja ativo e técnico, o que exige desse profissional uma enorme capacidade de mediar às questões de uma forma onde as demandas possam ser resolvidas da melhor maneira possível, entretanto para que isso ocorra, o gestor deverá considerar todo o contexto da situação e das pessoas envolvidas, levando em consideração aspectos individuais e subjetivos, porém agrupando as questões levantadas à teoria e às normas que sua profissão exige.
Para que a gestão democrática continue sendo implantada ou seja ainda mais implantada e utilizada, é necessário que o gestor esteja comprometido em construir e implantar esse modelo de gestão, o que exige um grande esforço. E segundo Castiglioni (2007), existem três grandes desafios para a gestão democrática, sendo: a profissionalização e modernização da gestão escolar, o que carrega também outros aspectos como “a formação dos gestores, inovação tecnológica e a cultura do planejamento, monitoramento e a avaliação presentes na gestão da escola“ (CASTIGLIONI, 2007 p. 15 ).
Quando o gestor não está atento ao que está acontecendo, ele pode recair em algo denominado como educação bancária, que corresponde a uma espécie de crítica que Paulo Freire realizou direcionada à burocratização da escola e também da gestão escolar, que conta com a racionalidade sendo feita de forma instrumentalizada, o que automaticamente retira a participação dos atores educativos dentro da tomada de decisões da gestão escolar, que é algo que acaba criando e mantendo um comportamento de alienação e repressão (ALCANTARA et al, 2018).
No que corresponde a gestão da escola, Castiglioni (2007 apud MORAES; FELGAR, 2013):
“a) formação dos gestores – observa-se uma formação inicial precária, onde não se tem um foco na função diretiva; quanto à formação continuada pode ser considerada pouco significativa ora por ser muito teórica ora por ser muito técnica;
b) inovação tecnológica – vai muito além de equipamentos tecnológicos, pois engloba, também, serviços, ideias e formas de realização e manutenção da instituição, como maneira de garantir a qualidade do processo educacional;
c) planejamento, monitoramento e a avaliação – muitas escolas ainda realizam seus planejamentos somente com objetivos de cumprir normas legais; não realizam o acompanhamento dos indicadores e resultados e a avaliação ainda está sendo utilizada como forma de pontuação. (ibidem)” (CASTIGLIONI, 2007 apud MORAES; FELGAR, 2013).
No que corresponde à democratização da escola, a gestão escolar na atualidade enfrenta alguns desafios sobre inclusão e respeito às diversidades (MORAES; FELGAR, 2013). Pois não podemos esquecer que a educação sofreu inúmeras mudanças ao longo da história, assim como a sociedade também, e com a gestão escolar não poderia ser diferente, cada época possui suas demandas especificas e assuntos que devem ser trabalhos.
Sabemos que muitas situações provocam discussões intensas dentro da comunidade escolar e também dentro da sociedade de uma forma geral, pois apesar de que as escolas estão realizando debates e projetos sobre o assunto de inclusão e de diversidade, a forma como essas pessoas são vistas e suas necessidades reais ainda é distante da realidade, o que de alguma maneira atrapalha a democratização da gestão escolar.
No que tange a participação da comunidade, que corresponde a um elemento fundamental da democratização da escola, Castiglioni (2007) denota que essa participação não é integral e/ou completa em todos os segmentos escolares disponibilizados para essa ação. Muitos indivíduos da comunidade alegam que a participação nos Conselhos é desnecessária que tomam tempo ou que, até mesmo querendo participar, a decisão final sempre é do diretor. Apesar de considerarmos as possíveis variáveis envolvidas nesse processo, a adesão da comunidade e dos pais ainda é baixa ou mínima, o que gera impactos diretos na gestão escolar democrática.
Para Castiglioni (2007), no processo de humanização da escola podemos perceber que existe influência das mudanças culturais e morais que a sociedade perpassa ao longo da história, visto que, a escola se tornou um lugar fundamental para discutir e elucidar assuntos que podem contribuir para a resolução dos desafios existentes na escola e na gestão escolar, e um desafio que aparece bastante na fala da comunidade escolar na atualidade é a respeito da indisciplina e sobre violência física e moral que ocorre nas escolas, onde existem casos onde professores , alunos e funcionários da instituição são agredidos e violentados, e também casos onde os próprios alunos se agridem entre si.
A indisciplina tem sido um assunto bastante levantado na escola pelos professores, alunos, funcionários e pelas famílias e pela sociedade, pois é frequente que alguém esteja sofrendo algum tipo de violência ou esteja imerso num conflito devido à falta de disciplina em alguma questão. E existem muitos casos onde os pais transferem para a escola a obrigação moral e cívica de introduzir e implantar valores nos filhos, o que causa consequentemente bastante atrito entre os educadores e os pais, pois a escola não deve substituir o papel da família nem deve ensinar o que não faz parte dela.
Muitas vezes nos deparamos com professores e gestores despreparados para lidar com as situações que ocorrem, o que gera um enorme prejuízo no sistema, o que gera grande desconforto em todos.
A verdade é que os passos dados na direção da construção da gestão compartilhada ainda são lentos e inexperientes. Como disse Paulo Freire “A superação da inexperiência democrática por uma nova experiência: a da participação, está à espera” (…). (FREIRE, 2007, p. 91). Ainda há muito caminho a percorrer, tendo em vista a recente democratização do país, e por este motivo ainda existem muitos entraves no que diz respeito a gestão democrática, seja ela escolar ou não.
O Brasil, ainda espera para poder gozar livremente dos benefícios de ser uma organização democrática, onde sejam promovidos a participação, a reflexão e o estabelecimento do diálogo com os atores educativos. Somente assim é que se poderão impulsionar os caminhos para a gestão democrática, até o momento em que os atores envolvidos no sistema educacional possam refletir sobre sua existência (ALCÂNTARA; BORGES; FILIPAK, 2018).
Para Freire (2007), o ideal de uma “educação como prática da liberdade”, será o momento em que a gestão ou a escola sejam capazes de proporcionar “uma organização educativa e pedagógica democrática, autodeterminante e autônoma” (ALCANTARA; BORGES; FILIPAK, 2018, p. 7). Outro ponto que não pode ser esquecido é o fato de que a democratização da escola engloba muito mais do que a gestão de direção da escola, pois, segundo Freire (2003), a democratização da escola implica na hermenêutica do ato de ensinar:
“[…] avançamos pouco em matéria de democratização de nossa educação. Democratização a que nos entregamos inteiros. Na divisão de Educação, a da escola, a das diferentes relações que nelas se estabelecem -educadores, educandos, pais, mães, zeladores, educadores, escola, comunidade. Democratização da escola quanto à sua maneira de compreender o ato de ensinar.” (FREIRE, 2003, p. 125).
Portanto, se tomarmos como meta a gestão democrática postulada por Paulo Freire, pode-se dizer que já caminhamos um pouco, demos alguns passos em sua direção, mas ainda estamos distantes do ideal por ele almejado.
ALCÂNTARA, Luiz Alberto de; BORGES, Valdir; FILIPAK, Sirley Terezinha. Fundamentos da gestão escolar democrática em Paulo Freire. Revista Espacios, Curitiba, v. 39, n. 43, p.1-9, jan. 2018. Disponível em: <http://www.revistaespacios.com/a18v39n43/18394320.html>. Acesso em: 27 de novembro de 2020.
ARRETCHE, M. Federalismo e políticas sociais no Brasil: problemas de coordenação e autonomia. São Paulo Perspectiva, São Paulo, v. 18, n. 2, p. 17-26, abr./jun. 2004. http:// dx.doi.org/10.1590/S0102-88392004000200003.
BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Termo de Referência nº 03/2014. PROJETO CNE/UNESCO – 914BRZ1144.3. Documento técnico contendo estudo analítico sobre o panorama nacional de efetivação da gestão democrática na Educação Básica no Brasil. Brasília: 2014.
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Brasília, 1988.
Foram os indígenas, os portugueses e os negros que desenvolveram os modelos lúdicos que fazemos uso nos dias atuais no Brasil, pois ao olharmos para a história do Brasil, podemos verificar que nos últimos séculos o nosso país passou por uma enorme mistura de povos e raças, onde diversas crenças, culturas e educações se misturaram e se fundiram.
Cada uma com suas diferenças e com as suas peculiaridades, pois cada uma possuía sua própria maneira de desenvolver o lúdico entre os seus pares, porém podemos perceber que é justamente essa mistura que enriquece o nosso país no que tange o aspecto cultural e educacional (SANTA’ANA; NASCIMENTO, 2011).
Os autores também discorrem a respeito de que a herança cultural e educacional deve ser utilizada de forma integral no processo de aprendizado dos alunos, pois dentro do contexto escolar existe uma enorme diversidade de alunos que trazem consigo várias etnias, raças e povos, e sendo assim, devem “resgatar e desenvolver o que de mais importante houver de cada uma para o ensino dos alunos nos dias atuais”.
Os jogos e brincadeiras que vimos e usamos hoje em dia são provenientes dessa miscigenação que aconteceu nesse momento da história, porém não podemos dizer com certeza de qual povo é a origem fixa de tais, entretanto podemos evidenciar que o que nós temos hoje é sem dúvida um material de grande valia que nos foi trazido e construído ao longo dos anos pelos nossos antepassados, que devem ser preservados, cuidados e valorizados. Além de que, devem continuar sendo repassados para os alunos e trabalhados dentro do sistema de ensino, sem esquecer do valor e do peso histórico que cada um carrega (SANT’ANA; NASCIMENTO, 2011).
Fonte: encurtador.com.br/bejMN
Ao nos atentarmos para a cultura indígena, percebemos que os povos originários costumam valorizar seus costumes e práticas, repassando-as para os seus filhos, pois eles desde cedo são ensinados a pescar, a caça, as brincadeiras típicas e as danças do seu povo, que corresponde a uma forma lúdica de aprender, valorizando e demonstrando sua cultura, a educação e a tradição do seu povo.
Assim, seus filhos desde cedo são instruídos a construir seus próprios brinquedos com materiais que são retirados da natureza, além de que ao pescarem ou caçarem, possuem uma visão diferente daquela que o adulto possui diante do mesmo contexto, pois eles caçam ou pescam como uma forma lúdica de diversão, e não com o olhar adulto de conseguir o alimento para se manter e suprir as necessidades de sobrevivência (SANT’ANA; NASCIMENTO, 2011).
No que corresponde aos negros, os costumes que podemos perceber são parecidos com os costumes indígenas, pois desde criança, eles são instruídos a construir os próprios brinquedos, e a aprender a pescar e nadar, além de caçar. Podemos verificar como a cultura foi sempre implantada nessas crenças através do lúdico e da criatividade, e em contrapartida estavam satisfazendo as necessidades reais e existentes para a sobrevivência desses povos.
Podemos notar a diferença entre as crianças indígenas e as negras em relação as crianças portuguesas que vinham ao Brasil, pois no caso das crianças indígenas e das negras, elas possuíam contato com o universo lúdico, mas era por uma questão de sobrevivência e com a intenção de conseguirem algo para se alimentarem e etc.
Porém os filhos dos portugueses possuíam contato com o universo lúdico, mas com a finalidade de lazer e diversão, e para que pudessem enriquecer o desenvolvimento intelectual. Essas crianças traziam costumes que se afastavam muito dos costumes encontrados pelas crianças no Brasil, apesar de que muitos negros foram trazidos como escravos em navios negreiros vindos do continente Africano (SANT’ANA; NASCIMENTO, 2011).
Fonte: encurtador.com.br/yQS02
Nos últimos momentos da idade média e entrando na idade moderna, por volta do século XV, a igreja católica exercia grande poder na época, então fez uso desse poder e influência para desvalorizar e fazer com que os jogos caíssem em desuso por serem tidos como profanos.
No Brasil, os jesuítas foram expulsos e o Brasil encontrou-se sem nenhum tipo de sistema organizado de ensino, pois em alguns momentos alguns professores vindos de Portugal chegavam em terras brasileiras para ministrar cursos de álgebra, e tal informação consta numa carta régia com data de 1799 que relata sobre como foi o ensino de matemática no Brasil naquele período (SANT’ANA; NASCIMENTO, 2011).
Conforme Sant’ana e Nascimento (2011), no século XX houveram propostas como a Pedagogia Nova, que veio para construir e consolidar uma nova perspectiva sobre o ensino, também houveram o Positivismo e o Tecnicismo do ensino de ciências, e também foi no século XX que “o aprender fazendo, a pesquisa investigatória, o método da redescoberta, os métodos de solução de problemas como também as feiras e clubes de ciências foram as grandes mudanças ocorridas para um ensino que até então não tinha essa preocupação”.
No ano de 1930 com a revolução que gerou o fim da Primeira República e se tornou um dos mais notáveis e consideráveis movimentos do Brasil e da educação brasileira, as pessoas costumavam olhar para a educação e atribuir um grande valor e significado, alinhado com o viés ideológico existente, e foi a partir daí que foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, que tinha Francisco Campos no cargo de ministro da educação.
As necessidades do sistema econômico motivaram esse novo olhar e essa atenção dada à educação, pois essa revolução de 30 ficou vista como a porta de entrada e a abertura para o capitalismo de produção, “e o Brasil, por ter acumulado muito capital até então, passou a investir no mercado interno e na produção industrial. A partir daí temos uma nova realidade que era a necessidade de mão de obra especializada e para tal era preciso investir na educação” (SANT’ANA; NASCIMENTO, 2011).
Fonte: encurtador.com.br/kmwAB
Os autores Sant’ana e Nascimento (2011), apontam que:
“Em 1932 foi lançado por um grupo de educadores, o Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, dirigido ao povo e ao governo, o documento apresentava a diversidade teórica e ideológica do grupo que o concebeu, mas com ideias consensuais. Destacamos a proposta de um programa de reconstrução educacional em âmbito nacional e o princípio da escola pública, leiga, obrigatória, gratuita e do ensino comum para ambos os sexos, que deu resultados num curto espaço de tempo, pois já na promulgação da nova Constituição em 1934, a educação passa a ser direito de todos, devendo ser ministrada pela família e pelos Poderes Públicos. Após a reforma o currículo do ensino secundário passou a ser seriado, com a disciplina de matemática reunindo a aritmética e a geometria. Da década de 30 até a década de 50, quase não houve alterações no ensino da matemática. Somente em 1955, com a realização do I Congresso Brasileiro de Ensino da Matemática em Salvador, é que foi reconhecido que o currículo secundário precisava ser atualizado, com o propósito de ser mais entrosado com o conteúdo do ensino universitário. Pelo mundo afora ocorria o mesmo movimento, mas com outros interesses.”
A proposta sugerida pelos educadores do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova era de revolucionar a educação, construindo uma escola de acesso para todos de forma gratuita. Esta proposta deu bons frutos, pois foi lançada em 1932, e já em 1934 foi promulgada a Constituição de 1943, na qual a educação passou a ser aclamada como um direito de todos e dever da família e dos Poderes Públicos.
Já na França era possível verificar “o sucesso da reorganização de todo conhecimento matemático numa apresentação axiomática e dedutiva da teoria dos conjuntos que Bourbaki realizou. A partir daí diversos educadores também propuseram a mesma organização no domínio da matemática elementar, colocando-a como elo entre a matemática secundária e superior” (SANT’ANA; NASCIMENTO, 2011).
Foi nesse momento da história que ocorreu o nascimento da matemática moderna que ganhou grande reconhecimento e notoriedade num intervalo curto de tempo, porém se espalhou por todo o mundo de maneira muito rápida, pois consistia numa abordagem de eliminar o ensino da matemática que tinha como base a memorização de regas e o processo de treinamento de algoritmos, incorporando a teoria dos conjuntos como uma possibilidade de juntar a linguagem das diversas vertentes da matemática, mas atentando-se aos procedimentos e separando a geometria (SANT’ANA; NASCIMENTO, 2011).
Todavia, no Brasil, inúmeros grupos de estudos surgiram e foram se formando com a finalidade de estudar a matemática moderna, “citamos alguns que foram criados à época: o Grupo de Estudos Ensino da Matemática (GEEM, São Paulo), o Grupo de Estudos Matemática de Porto Alegre (GEMPA, Porto Alegre) e Grupo de Estudos e Pesquisas de Matemática (GEPEM, Rio de Janeiro)” (SANT’ANA; NASCIMENTO, 2011).
E o Ministério da Educação e Cultura (MEC) se estruturou com essa nomenclatura no ano de 1953 quando o Ministério da Saúde passou a ocupar um espaço separado e desmembrado, e o ministério da educação e cultura apoiou de forma sutil as mudanças que estavam acontecendo na época devido a introdução e popularização da matemática moderna, entretanto foi apenas por volta da década de 70 que surgiu um movimento destinado e nomeado como Movimento de Educação Matemática que era voltado para o estudo, ensino e pesquisa em matemática.
Fonte: encurtador.com.br/aqOQR
Os especialistas que compunham o grupo acreditavam de forma única que a maneira como a matemática estava sendo ensinada nas escolas era ultrapassado e não possuía mais tanta validade, e com base nisso dedicaram-se a estudar a psicologia do desenvolvimento do conhecimento da criança, para também entender como avaliá-las de uma forma distinta da que estava sendo utilizada pelos professores.
Eles procuraram levar em consideração questões de cunho social e o contexto sob o qual às crianças estavam inseridas e de que forma isso poderia interferir no processo de aprendizagem das mesmas. E nesse período da história, surgiram muitas publicações contendo técnicas e métodos para o ensino da matemática, conforme os pesquisadores e especialistas do movimento estudavam e publicavam, “os quais defendiam que a resolução de problemas, ao contrário do mecanicismo, ajudava os alunos a compreenderem os conteúdos matemáticos, devendo então ser aplicados antes dos conteúdos” (SANT’ANA; NASCIMENTO, 2011).
E Sant’ana e Nascimento (2011) denotam o que os pesquisadores e especialistas da época e do movimento acreditavam:
“Defendiam a utilização da modelagem para o ensino da matemática, ou seja, que ao invés do professor partir das teorias matemáticas para o ensino, que a realidade dos alunos fosse levada para dentro da escola, dentro da sala de aula e que as situações vividas pelos alunos fossem utilizadas como exemplos para o desenvolvimento da aprendizagem matemática. Defendiam que a história da matemática fizesse parte dos conteúdos a serem desenvolvidos com os alunos, com o intuito de compreenderem toda a evolução matemática e por que aprendê-la naquele momento de sua vida. Foi feito um movimento importante e fundamental para que os professores ao ensinar matemática levassem em consideração as experiências vividas pelos alunos no contato com a matemática, no seu cotidiano, pois de alguma forma esses alunos já tiveram contato como a matemática, digamos popular, não teórica – cientifica, mas fundamental para torná-la significativa para esses alunos, chamado de abordagem etnomatemática.”
Desta forma se estruturou o lúdico no Brasil, a partir de movimentos de professores e atores da educação que se esforçavam em construir uma narrativa onde o ato de educar e o ato de aprender fossem tirados do âmbito estritamente formal e asséptico, e passasse a integrar a zona da diversão também.
Nota-se que os professores de matemática se engajaram especialmente nesta empreitada. Por ser uma matéria que carrega o estereótipo de “difícil” ou “complicada”, é uma matéria que requer bastantes recursos a fim de fixar a atenção do aluno e facilitar sua aprendizagem.
Atualmente no Brasil, o lúdico pode ser observado em qualquer sala de aula da educação infantil. Ele se manifesta através de músicas, de figuras ilustradas nas paredes, no “espaço dos brinquedos” na sala de aula e em eventos realizados pelos professores, como o “dia do brinquedo” e coisas desse tipo, que estimulam as brincadeiras aliadas ao conhecimento.
Referências:
ALMEIDA, P. N. Dinâmica lúdica: Técnicas e jogos pedagógicos. São Paulo: Edições Loyola,1992.
ANTUNES, Celso. O jogo e o brinquedo na escola. In: SANTOS, Santa Marli Pires dos. (Org.). Brinquedoteca: a criança, o adulto e o lúdico. 6. ed. Petrópolis: Vozes, 2008. Cap. 4, p. 37-42.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação, n° 9.394, de 20 de dezembro de 1996.
BORBA, A. M. O brincar como um modo de ser e estar no mundo. In: BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Ensino Fundamental de nove anos: Orientações para a inclusão de crianças de seis anos de idade. 2. ed. Brasília, 2006.
KISHIMOTO, T. M. O jogo e a Educação Infantil. São Paulo: Pioneira, 1994.
KLEIN, Melanie. A Psicanálise de crianças. Rio de Janeiro: Imago. 1997.
LACAN, J. O estádio do espelho como formador da função do eu tal como nos é revelada pela psicanálise (1949/1998). In Lacan, J. Escritos(pp.96-103). Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
LEAL, F. de L. A importância do lúdico na educação infantil. Monografia apresentada ao curso de Licenciatura Plena em Pedagogia – UFPI, novembro 2011.
LEONTIEV, A.N. Uma contribuição à teoria do desenvolvimento da psique infantil. In: VYGOTSKY, L.S. et al. Linguagem, desenvolvimento e aprendizagem. São Paulo: Ícone, 1998.
REGO, T. C. Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. 10. ed. Petrópolis: Vozes, 2014.
SANTANNA, Alexandre; NASCIMENTO, Paulo Roberto. A história do lúdico na educação
Psicologia Política e política como práxis da psicologia brasileira
21 de novembro de 2020 Monique Débora Carvalho
Insight
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Gustav Le Bon estudou sobre o comportamento político em 1895 quando fez uso da temática massas eleitorais, e fomentou discussões sobre a interferência dos livros e dos jornais no processo de formação da opinião pública (LHULLIER, 2008). A psicologia aproximou-se da política nas obras de Freud, onde ele demonstrava interesse no que tange ao poder, civilização e pactos sociais, e a psicanálise propôs-se a substituir as questões filosóficas acerca da política racional pela análise das origens da dominação, leis de submissão que fazem parte do pacto social, ou laço social (FREUD, 1937).
O pacto social ou laço social possui três modalidades: analisar, educar e governar, que de acordo com Freud são impossíveis de serem concluídas por completo, pois de acordo com a compreensão de sujeito e sociedade dele, existe a limitação no processo de dominação, escravização e normatização total a modelos sociais impostos ou almejados (FREUD, 1937)
Conforme Freud (1937), a psicanálise não se limita apenas a investigar o inconsciente apresentado nas práticas sociais, porém deve tornar visível a dimensão política que é apresentada na clínica. A etimologia do termo política vem do grego, pólis –, os regimes de governo, os reinos, os sistemas republicanos, enfim, o funcionamento dos poderes públicos.
Fonte: encurtador.com.br/bxDN0
A psicologia política propõe-se a estudar as estruturas sociais com a finalidade de contribuir para modificações progressivas e o bem-estar coletivo (Penna, 1995). A psicologia comprometida com a transformação das conjunturas sociais aproxima-se com a teoria social crítica da Escola de Frankfurt, que possui o objetivo de romper com a neutralidade das ciências sociais e engaja-se de forma ativa dentro da sociedade, contribuindo para a construção de uma sociedade igualitária. Política não é excluir a referência à postura política institucional, como governo, partidos e representantes, porém é a expansão do seu significado para agrupar outros fenômenos relevantes da vida política (LHULLIER, 2008).
De acordo com Greenstein (1973), existem conexões complexas e na maioria das vezes indiretas que ligam fenômenos psicológicos e políticos, e que só são possíveis de serem estudados através da psicologia política. A Psicologia Política é a interação entre processos psicológicos e fenômenos políticos, e Deutsch (1983) afirma:
“A psicologia política visa estudar a interação de processos políticos e psicológicos, isto é, envolve uma interação de mão dupla. Assim como as habilidades, limites cognitivos afetam a natureza do processo de tomada de decisão política, também a estrutura e o processo de tomada de decisão política afetam as habilidades cognitivas. Dessa forma, crianças e adultos de cinco anos, apesar das diferenças cognitivas, ideias muito diferentes serão formadas sobre as estruturas e processos políticos; Da mesma forma, certos tipos de estruturas e processos políticos favorecerão o desenvolvimento de certas características em adultos (inteligência, autonomia, reflexão, ação), em tanto que outros incentivam o desenvolvimento de habilidades cognitivas semelhantes às criança (imaturidade, passividade, dependência, ausência de espírito crítico) “(DEUTSCH, p. 240, tradução nossa).
Fonte: encurtador.com.br/sJV02
Martín-Baró (1991) aponta que o comportamento político consiste em tudo o que é feito dentro do Estado, e os protagonistas dessas ações são as instâncias, os cidadãos, os representantes, portanto, trata-se de uma ideia institucionalista da política. O autor utiliza o poder como uma forma de compreensão da política, pois considera o poder como um dos principais aspectos da vida social, o eixo fundamental.
Martín-Baró denota que o poder é intrínseco à vida política e social de modo geral, diante disso pode ser utilizado como componente capaz de diferenciar o comportamento político do comportamento não político, e define que: “ todo comportamento interpessoal ou intergrupal supõe algum grau de poder, por menor que seja, e consequentemente, seria político. “(Martín-Baró, 1991, p. 41). Por conseguinte, para que seja possível compreendermos o comportamento como político, é preciso analisar o impacto que ele provoca numa ordem social (Martín-Baró, 1991).
A ATUAÇÃO POLÍTICA DA PSICOLOGIA NO BRASIL
Em 1980, o Conselho Federal de Psicologia (CFP) ao lado do Sistema Conselhos de Psicologia notaram que suas atuações não deveriam estar restritas somente ao âmbito da regulamentação e da prática profissional, mas que deveria abarcar também às questões político-sociais do Brasil, visando a luta para tornar os processos sociais e políticos democráticos (HUR e LACERDA JÚNIOR, 2017).
Hur (2012) aponta que o CFP participou do movimento civil Diretas Já e da Constituição Cidadã, lutando pela democracia, igualdade, direitos humanos e equidade, e na década de 90, o CFP evidenciou o compromisso social da psicologia, iniciando os anos 2000 com fortes posicionamentos da psicologia dentro das políticas públicas, dando voz e força a uma psicologia plural, que possui práticas abrangentes para diversas áreas e que dedica-se as políticas sociais, lutando pela transformação psicossocial.
Fonte: encurtador.com.br/kY289
O Conselho Federal de Psicologia desde o passado tem adotado posicionamentos e práticas que contribuem para que a sociedade, pois a luta consiste numa construção democrática e justa, que seja concebida em moldes igualitários e buscando aniquilar fatores que provoquem sofrimento psicossocial (HUR, 2012).
Sobre a relação entre a Psicologia e Política, Hur e Lacerda Júnior (2017) afirmam que:
“não só o CFP assume posicionamentos políticos, como também a própria Instituição Psicologia, seus saberes, dispositivos técnicos de intervenção e seus atores sociais (psicólogas[os]). Pois suas práticas sempre estão posicionadas social-historicamente e exercem relações de forças que culminam na gestão da vida, tanto individual, como social. É inegável que a atuação do psicólogo no Sistema Único de Assistência Social (SUAS) exerce relações de forças que podem transformar a vida da comunidade. É inegável que a atividade do psicólogo no seu consultório privado, ou mesmo um psicodiagnóstico, altera as relações de forças de um indivíduo consigo próprio e com seu entorno, no qual ele pode reconfigurar e assumir não só um novo posicionamento existencial, mas também político, porque se atualizam ali novas relações de forças e desejantes” (HUR e LACERDA JÚNIOR, 2017, p. 3-4)
Dessa maneira, apesar que existam profissionais da psicologia que não consigam comtemplar o lado político de suas atuações profissionais, “sempre há produção de regimes de poder em suas intervenções profissionais” (HUR e LACERDA JÚNIOR, 2017, p. 4). Os autores defendem que não existem práticas psicológicas e científicas que podem ser exercidas de maneira neutra, visto que existe uma microfísica das relações de poder presentes nas práticas sociais. Conforme Prof. Pedrinho Guareschi apud Hur e Lacerda Júnior (2017): “Se ignoramos a política, nos tornamos vítima dela”.
Fonte: encurtador.com.br/dZ256
Durante e após a ditadura militar, a psicologia levantou e produziu conhecimento científico sobre os impactos da violência de Estado e dos regimes opressores constituídos na ditadura, tendo como objetivo questões de cunho psicoterápico e político, onde a elaboração de traumas provocados pela ditadura era trabalhada em paralelo com a produção de narrativas acerca dos fatos da época, buscando informações que iam além do que era fornecido e divulgado por meio dos meios oficiais que era utilizados no regime (HUR e LACERDA JÚNIOR, 2017).
Entretanto, observamos que os ataques as investidas contra a democracia e aos direitos sociais não são exclusivos do passado, pois no presente vimos a execução de outro golpe político, de cunho parlamentar no ano de 2016, que atacou diretamente a Resolução 01/99 do CFP, além de praticar censura à arte, regressão no âmbito do trabalho e o crescimento da onda de conservadorismo que direcionava inúmeros ataques às minorias (MACHADO, 2017).
O papel da Psicologia é fundamental na luta pelos direitos humanos, pela democracia e contra todos os tipos de opressão, e diante da fragilidade da democracia do Brasil, devemos nos manter em alerta constante, visto que os sinais de resquícios da ditadura civil-militar continuam evidentes na sociedade ainda nos dias de hoje.
REFERÊNCIAS
FREUD, Sigmund. Análise terminável e interminável. In: EDIÇÃO Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Ed. Imago, vol. XXIII 1980. 1937
GREENSTEIN, E: “Political Psycholgy: a pluralistic universe”, en KNUTSON, J. N., Handbook of political psychology. Jossey-Bass Publishers. San Francisco, 1973.
HUR, Domenico Uhng. Esquizoanálise e política: proposições para a Psicologia Crítica no Brasil. Teoría y Crítica de la Psicología, (3), 264-280. 2013
HUR, Domenico Uhng; LACERDA JUNIOR, Fernando. Psicologia e Democracia: da Ditadura Civil-Militar às Lutas pela Democratização do Presente. Psicol. cienc. prof. , Brasília, v. 37, n. spe, p. 3-10, 2017. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932017000500003&lng=en&nrm=iso>. acesso em 14 de agosto de 2020. https://doi.org/10.1590/1982-3703190002017
HUR, Domenico Uhng.U. (2012). Políticas da psicologia: histórias e práticas das associações profissionais (CRP e SPESP) de São Paulo, entre a ditadura e a redemocratização do país. Psicologia USP, 23(1), 69-90. https://doi.org/10.1590/S0103-65642012000100004
HUR, Domenico Uhng, & Lacerda Jr., F. (2017). Ditadura e insurgência na América Latina: Psicologia da Libertação e resistência armada. Psicologia: Ciência e Profissão, 37(num esp), 28-43.
LHULLIER, Louise A. A psicologia política e o uso da categoria “representações sociais” na pesquisa do comportamento político. In ZANELLA, AV., et al., org. Psicologia e práticas sociais [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008.
MARTÍN BARÓ, Ignacio.: “Métodos en psicología política”, en MONTERO, M. (Coor.): Acción y discurso. Problemas de la psicolgía política en América Latina. Eduven. Caracas, 1991.
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CAOS 2020: Avaliação Psicológica no desenvolvimento de pessoas e organizações
Em suas falas, Fernanda frisou sobre o compromisso ético do psicólogo em utilizar testes originais, folhas de teste e todo o material original.
Na última quarta-feira, 4 de novembro, ocorreu o minicurso “Avaliação Psicológica no contexto organizacional: aspectos práticos para processos seletivos com foco no desenvolvimento de pessoas e organizações” ministrado pela psicóloga especialista Fernanda Gomes de Oliveira (CRP 23/1476).
Fernanda Oliveira é psicóloga organizacional na multinacional Bunge, Pedro Afonso Açúcar e Bioenergia, que está localizada no munícipio de Pedro Afonso – TO a 252km de Palmas. A ministrante apresentou aspectos práticos de como é realizada a avaliação psicológica no âmbito organizacional, onde ela exibiu e explanou sobre testes que são utilizados.
Fonte: encurtador.com.br/depGZ
Em suas falas, Fernanda frisou sobre o compromisso ético do psicólogo em utilizar testes originais, folhas de teste e todo o material original. De forma a evitar quaisquer tipos de cópias ou materiais impróprios ou não originais para que a avaliação seja congruente, ética e científica. Ela apontou também sobre o teste palográfico, abordando em sua fala sobre como ele pode ser utilizado nesse processo de avaliação psicológica e a sua imensa contribuição.
Fernanda apontou sobre a importância do desenvolvimento de pessoas e como a avaliação psicológica pode auxiliar nesse processo, visto que, a partir da avaliação é possível traçar de forma mais ampla o perfil do trabalhador e encaixá-lo no cargo onde suas habilidades possam ser aproveitadas da melhor forma possível. Ela apresentou argumentos que sustentam a ideia de que a partir da avaliação psicológica tanto o trabalhador quanto a empresa podem se beneficiar, pois o trabalhador irá ocupar uma função confortável para o seu perfil e a empresa terá melhores rendimentos.
Fonte: encurtador.com.br/opuFU
Além disso, Fernanda argumentou sobre a importância de o psicólogo manter-se firme e ético diante de possíveis situações onde a empresa não queira arcar com os custos da avaliação psicológica, ou queira utilizar materiais copiados ou de origem não adequada e recomenda pelos órgãos regulamentadores. Ela apresentou argumentos que podem ser utilizados em diálogos com os gestores da empresa, de modo que eles possam compreender o porquê da utilização de materiais corretos e legais, e como a avaliação psicológica pode contribuir para a empresa.