Kill Bill Vol. 1: A vingança na ótica de uma mãe interrompida

Kill Bill: Volume 1 é um filme norte-americano de 2003 criado e dirigido por Quentin Tarantino, sendo o mesmo considerado uma de suas obras-primas. O filme é estrelado por Uma Thurman que dá vida à Noiva, personagem principal que busca sua vingança por ter sido “morta” no dia do seu casamento. Um grupo de assassinos e seu líder Bill, são os alvos desta poderosa mulher – ferida e amargurada por ter perdido sua filha, a quem ainda não tinha dado à luz – e não tem medo de utilizar suas notáveis habilidades de assassina.

O ponto de destaque em Kill Bill é que nada é original e isso dá ao filme um toque especial de peculiaridade e personalidade de seu diretor e criador. Vemos traços do terror italiano e francês, filmes de artes marciais chinesas e japonesas, cinema trash e até características de filmes do velho oeste norte-americano. Essa conjuntura de ser um filme baseado em outros filmes com um senso estético único e trilha sonora impecável dão à Kill Bill seu momento de glória.

O plot da obra não é o que podemos chamar de surpreendente, é um filme de vingança com desfechos típicos de novela mexicana que conta a história de uma noiva grávida que foi “morta” pelo seu ex-chefe e sua trupe de assassinos no dia do seu casamento, mas acabou sobrevivendo ao atentado deixando para trás sua filha e tendo a vingança por essa perda como o único motivo para viver. A cadeia de acontecimentos em torno disso é rica, multicultural e particularmente peculiar.

Kill Bill Volume: 1 não é o início nem o final da trama, mas sim o meio. Sendo dividido em capítulos e tendo seu enfoque em planos-sequência, este filme se caracteriza pela importância das cenas e Tarantino cria atmosferas únicas para os violentos feitos da Noiva, desde as sombras em sua luta, no anime utilizado para narrar a história da assassina japonesa Cottonmouth e os litros de sangue jorrados por suas vítimas (inerente aos filmes de Tarantino) dão a essa criação uma estética completamente única e cativante.

A dor muito bem representada por Uma Thurman pela perca de sua vida perfeita e de sua filha mostram como a mulher pode assumir qualquer papel que ela quiser, a Noiva (ou Black Mambo, seu nome de assassina) desempenha tanto o papel social designado para a mulher quando quis se casar e cuidar de sua filha, como assume o papel de uma profissional feroz obstinada pela sua sede de vingança e também pelas possibilidades que lhe foram tiradas por aquela bala.

A força e destreza com as artes marciais e principalmente com a katana dão a ela um ar de perigo e ao mesmo tempo de vulnerabilidade. Em sua atuação, a atriz transparece a dor de sua personagem ao encontrar aqueles que a fizeram sofrer e suas cenas de combate são empolgantes e ricas em sensibilidade.

Kill Bill é um clássico, sua estética é definitivamente incopiável. Quentin Tarantino fez questão de usar toda a sua experiência com o cinema nesta obra e deu aos espectadores cenas memoráveis. A trilha sonora foi de extrema qualidade, tornou-se parte do filme e mais importante é vermos este outro lado da mulher que por muitas vezes é suprimido por papeis sociais inerentes de uma organização social culturalmente machista é, no mínimo, interessante. A perda e a dor da personagem dão a ela uma personalidade intrínseca aos olhos do espectador e certamente é um filme que vale a pena ser visto e revisto não apenas pelo seu plot instigante, mas também pela sua qualidade estética.

“ A vingança nunca é uma linha reta. É uma floresta, e como numa floresta é fácil sair do caminho…. Se perder…. De se esquecer por onde entrou. ”

Hattori Hanzo – Kill Bill Volume: 1

REFERÊNCIAS:

Kill Bill: Volume 1 – http://www.imdb.com/title/tt0266697/, acesso em 02/10/2017.

http://www.adorocinema.com/usuarios-B20141124134004210273688/movie/28541/, acesso em 02/10/2017

FICHA TÉCNICA DO FILME:

KILL BILL

Diretor: Quentin Tarantino
Elenco: Uma Thurman, Sonny Chiba, Lucy Liu, 
País: EUA
Ano: 2004
Classificação: 16