Como escolher a melhor técnica para quem está no espectro autista e conseguir os melhores resultados. Uma dúvida que gera ansiedade, medo, insegurança e muitos sentimentos que são verdadeiros desafios para os pais e cuidadores de crianças no espectro autista. Continuando entrevista com Egídia Neves, vamos entender por que ela escolheu a Técnica Teach para usar com seu filho com autismo severo, e como essa técnica funciona.
(En)Cena – COMO ESCOLHER O MELHOR MÉTODO PARA A CRIANÇA COM AUTISMO?
Veja bem, é quase uma práxis, os pais, ao receber o diagnóstico de autismo do filho (a), entrar num estado ansioso, doloroso e complexo. Na pressa de ajudar a criança, busca na Internet informações das melhores terapias e terapeutas. Isto, aconteceu comigo. Logo no começo, busquei implantar o SON-RISE (Metodologia de Intervenção para crianças com autismo). Em seguida, o ABA (Análise do Comportamento Aplicada) em casa, na escola, e em todos os momentos da vida do Enrico. Utilizei esta técnica por 2 anos e meio. Por 3 anos, frequentou terapeutas especialistas em Estimulação Sensorial. E há 6 anos, suas terapias e sua vida, são norteadas pelo MÉTODO TEACCH (Tratamento e Educação para Autistas e Crianças com Déficits relacionados com a Comunicação) de ensino e desenvolvimento. Este conjunto de técnicas me foi apresentado por profissional competente e com um atrativo que eu buscava e até então não havia encontrado: uma avaliação eficaz das habilidades que estavam em atraso e que deveriam ser trabalhadas. Outro ponto que me seduziu foi a origem do método que se deu por iniciativa de pais de crianças no espectro autista, em conjunto com o Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte (EUA), há mais de 40 anos. A filosofia da Intervenção terapêutica é bem motivadora, pois promove atendimento pela vida inteira, além de parceria com a família e uma forma de ensino muito bem estruturado. É composto por um arcabouço de estratégias de ensino com o objetivo de ensinar competências e promover a independência do indivíduo, que é algo fundamental para o autismo. Com uma vivência de sucesso do método dentro de casa,
a extensão para o consultório, seria inevitável.
(En)Cena – O QUE É A TERAPIA TEACCH ?
O método TEACCH fundamenta-se em pressupostos da psicologia linguística, da teoria comportamental e da psicopedagogia. O Programa TEACCH é um treinamento e programa clínico que teve sua origem como método por iniciativa de pais de crianças no espectro autista, em conjunto com o Departamento de Psiquiatria da Universidade da Carolina do Norte (EUA), há mais de 40 anos. A filosofia da Intervenção terapêutica é bem motivadora, pois promove atendimento pela vida inteira, além de parceria com a família e uma forma de ensino muito bem estruturado. É composto por um arcabouço de estratégias de ensino com o objetivo de ensinar competências e promover a independência do indivíduo, que é algo fundamental para o autismo.
Surge a partir destas pesquisas realizadas na Universidade da Carolina do Norte, desenvolvidas pelos doutores Eric Schopler e Robert Reichler na década 60. Esse programa com base teórica comportamental, desenvolveu a abordagem de intervenção chamada “structured TEACCHing” (em português “ensino estruturado”, mais uma intervenção em ABA -Applied Behavior Analysis). O que chamamos no Brasil de TEACCH é o “structural TEACCHing”, uma matriz de ensino com base nas características de aprendizagem dos indivíduos com autismo. Em resposta as dificuldades apresentada por esses indivíduos, o “structured TEACCHing”inclui:
- Suporte e organização externa para enfrentar os desafios com atenção e função executiva
- Uso de informação visual e escrita para complementar a comunicação verbal
- Suporte estruturado para a comunicação social
(En)Cena – QUAIS AS QUALIFICAÇÕES E FORMAÇÃO QUE O PROFISSIONAL-CUIDADOR PRECISA TER E PARA QUEM ESSA TERAPIA É INDICADA ?
O uso da técnica TEACCH não é exclusivo de nenhuma área, é um modelo generalista. Profissionais diversos que atuam com crianças com autismo podem se valer do programa. Esses programas estruturados para apoiar a execução dos objetivos educacionais e terapêuticos. Essa estrutura inclui:
Organização física; Horários individualizados; Sistema de trabalho (atividade); Estrutura e apoio visual em tarefas e atividades.
Existem pós-graduações para TEACCH, treinamentos nacionais e internacionais, modelos. No Brasil a técnica Teacch é uma intervenção utilizada em muitas APAES, e parece se adequar bem as necessidades especificas desse tipo de instituição, assim como família que se identifiquem com a técnica para apoiar esse desenvolvimento.
(En)Cena – COMO A TERAPIA ACONTECE, SUA PERIODICIDADE E SEUS RESULTADOS?
As bases teóricas para a técnica Teacch são a Teoria Behaviorista e a Psicolinguística. Sendo a teoria comportamental e a psicolinguística – bases epistemológicas do TEACCH – convergem para uma prática funcional e pragmática. Além disso, o entendimento da condição neurobiológica da Síndrome é fundamental neste modelo. O método TEACCH utiliza uma avaliação denominada PEP-R (Perfil Psicoeducacional Revisado) para avaliar a criança e determinar seus pontos fortes e de maior interesse, e suas dificuldades. A partir desses pontos, monta-se um programa individualizado composto por um arcabouço de estratégias de ensino, com o objetivo de construir competências e promover a independência do indivíduo, que é algo fundamental para o autismo, sendo variada esta conquista de acordo com cada um, com o grau de autismo e a constância no tratamento, quanto mais frequente maior o desenvolvimento.
(En)Cena – QUAL A PARTICIPAÇÂO DA FAMÍLIA NESSA TERAPIA?
A participação da família é fundamental nesta técnica, que olha mais para as necessidades individuais da criança no espectro e faz os arranjos necessários no ambiente para que esta criança ou pessoa adulta se desenvolva de forma mais livre e autônoma.
Tende a trazer todos para um movimento de aprendizado para lidar com os fatores e demandas da criança em desenvolvimento. Todos precisam se organizar para ajudar no processo psicoeducativo do atendido e na forma de se relacionar.
(En)Cena – QUAIS OS RESULTADOS QUE A FAMILIA PODE ESPERAR?
Como não existe cura para o autismo, o que existem são conquistas diárias de uma vida com significado na autonomia Os resultados variam de criança para criança, varia de acordo com o grau do espectro e como cada criança recebe e responde aos estímulos. Os resultados são maravilhosos para a criança e muitas vezes cansativo para os envolvidos, acompanhar o tempo da criança e vibrar com cada conquista.
(En)Cena – QUANDO BUSCAR ESTA TERAPIA ?
A identificação com a terapia é importante, a participação de todas família, das pessoas que se relacionam com a criança é fundamental e perceber como se adequa na rotina da criança e da família, como os ajustes são feitos e os resultados são percebidos é individual para cada criança, para cada família e cuidador. Assim quem se identifica por organizar um ambiente que possa se conectar com as necessidades da criança ou pessoa com autismo.
(En)Cena – QUAL O INVESTIMENTO DESSA TERAPIA ?
Ainda existe um pequeno número de artigos publicados no Brasil sobre esta técnica, que busca um arranjo de contingência para o paciente. Poucas pessoas treinadas e preparadas para atender com conhecimento em teacch, ouve-se mais sobre a técnica ABA. Assim a formação é internacional, sendo apenas duas pessoas preparadas no Brasil para fazer este treinamento : Maria Elisa Granchi Fonseca e Viviane Costa de Leon.
MINICURRICULO Egídia Neves de Carvalho Paula, casada, 2 filhos, sendo um deles portador de autismo severo, hoje com 14 anos. Psicóloga, formada PUC-Goiás, 1995. Atuou como sócia da Konsult – Assessoria em RH em Anápolis-Goiás,1995 a 1999, atendeu como psicóloga clínica em consultório particular em Gurupi-To, 2000 a 2004. Concursada Psicóloga Oficial Quadro Saúde PM – To, 2005 a 2015. Formação STRUCTURED TEACCHING, 2018. Atende na clínica PSICOEDUCAR como psicóloga clínica e sócia-proprietária desde 2019. |