“Sonhar não tem idade”: a jornada de Mafran Guimarães na psicologia aos 73 anos

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Quantas vezes ouvimos que “já passou da hora”? Que existe um momento certo para estudar, para recomeçar, para sonhar? Maria Francisca Guimarães, a Mafran, prova que o tempo não dita nossos passos, quem faz isso é a coragem. Aos 73 anos, ela não apenas retornou à sala de aula, mas escolheu um caminho desafiador: a Psicologia.

Em um mundo que insiste em colocar prazos de validade nos sonhos, Mafran mostra que a mente não envelhece – ela se expande. Sua história não é apenas sobre livros e diplomas, mas sobre resiliência, reinvenção e a ousadia de buscar significado mesmo quando a vida poderia simplesmente “pausar”.

Nesta entrevista emocionante para o portal (En)Cena, Mafran compartilha suas motivações, os desafios de voltar a estudar em turmas de jovens e como a Psicologia transformou sua maneira de enxergar a vida. Uma conversa que inspira, emociona e nos lembra: nunca é tarde para recomeçar. “O segredo é sonhar, não existe idade para isso”.

(En)Cena – Mafran, aos 73 anos, a senhora não está apenas cursando Psicologia – está reescrevendo o que significa existir em um mundo que muitas vezes acredita que sonhos têm prazo de validade. Qual é o segredo de quem olha para o futuro sem medo, mesmo sabendo que o caminho tem mais voltas do que o esperado?

Mafran Guimarães –  Sonhar. Não existe limite para sonhar. Sonho significa despertar para continuar a caminhar. O que me moveu a estar aqui, fazendo minha quarta graduação, já com 30 anos de aposentadoria como professora, é continuar sonhando. O corpo envelhece, mas a mente se renova. E eu quero usar essa renovação para fazer um trabalho voluntário, ajudando o próximo.

(En)Cena –  O que a motivou a escolher a Psicologia, especificamente?

Mafran Guimarães –   Durante a pandemia, vi o mundo adoecer. Jovens, idosos, crianças – todos fragilizados. Busquei na Psicologia uma forma de amenizar essa dor, de oferecer escuta e acolhimento. Quero ajudar as pessoas a encontrarem um norte. “Caí, mas não fiquei no chão.
Sempre me levantei”

(En)Cena – A senhora mencionou que, durante a pandemia, enfrentou um momento muito difícil, chegando a suspeitar de Alzheimer. Como foi esse processo e o que a fez buscar ajuda?

Mafran Guimarães –  Fiquei isolada, comecei a esquecer meu próprio nome, chorava sem motivo. Percebi que estava à beira de uma depressão. Então, tomei uma decisão: “Vou socializar, vou exercitar a mente”. Mudei para Palmas, entrei na faculdade e, hoje, estou 100%. Ressignifiquei minha história.

(En)Cena – como foi a reação da família e dos amigos?

Mafran Guimarães –  Alguns disseram: “Mais uma faculdade?”. Mas meus netos me veem como referência. Sabem que sou determinada. E eu digo: “Se alguém se incomoda, problema é deles. Eu sigo meu compasso”. “O preconceito existe, mas minha vontade é maior”

(En)Cena – A senhora já enfrentou situações de etarismo (discriminação por idade) na faculdade?

Mafran Guimarães –  Sim. Um colega me deu um terço de presente e disse: “Você devia estar na igreja, não aqui”. Respondi: “Quem poderia me barrar era a instituição, meu dinheiro ou eu mesma. Nenhum dos três me impediu”. Segui em frente. “A Psicologia me fez renascer”

(En)Cena – Como o curso tem transformado sua visão de vida?

Mafran Guimarães –  A Psicologia me deu um olhar científico, mas também mais humano. Aprendi a desconstruir velhos conceitos e reconstruir com empatia. E descobri que sempre fui resiliente – como uma grama que se levanta depois de pisada. “Não existe tempo insuficiente,
só tempo mal planejado”

(En)Cena – O que a senhora diria para quem acha que “já passou da hora” de realizar um sonho?

Mafran Guimarães –  Acorde! Nunca é tarde. O que importa não é a idade, mas a vontade. Planeje, tenha foco e vá. Se eu consegui, você também pode. “Meu propósito é devolver o que recebi”

(En)Cena – Como a senhora imagina o futuro com a Psicologia?

Mafran Guimarães –  Quero trabalhar como voluntária. Já tenho o suficiente materialmente – agora quero doar cuidado, escuta, esperança. A vida me deu muito, e quero retribuir.

Se a vida de Mafran fosse um livro, esse capítulo se chamaria “Pedaços de Mim Realizados para o Outro”. Sua história não é só sobre estudar, mas sobre resistir, recomeçar e, acima de tudo, provar que sonhar não tem idade.
E você? Qual sonho ainda espera para ser vivido?

Lilian e Mafran

📌 Acompanhe mais histórias inspiradoras no portal (EN)CENA!  

Entrevista conduzida por Lilian Rosa em 10/04/2025, Palmas – TO. 

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