Impactos do cenário pandêmico para nossas mentes

A crise sanitária ocasionada pela pandemia da Covid 19 trouxe um forte impacto emocional em toda a humanidade. De Norte ao Sul do planeta, a sociedade sentiu os efeitos da doença, que mudou o comportamento das pessoas em escala global. Foi preciso o uso de máscara, distanciamento social, para evitar o contágio, e em muitos casos, houve a perda de entes queridos, vítimas da corona vírus. Nesse contexto, que inúmeros questionamentos apareceram, como: “Por que a humanidade está vivendo isso? E, como ficar em casa sem ver pessoas?”.

A pandemia pegou todo mundo de surpresa, como consequência uma crise existencial afetou muita gente, em busca de respostas para os acontecimentos decorrentes do fenômeno viral. Isto é, uma onda de dilemas afetou a cabeça das pessoas, por não saberem como ficaria o mundo, após a pandemia.  Nesse contexto, Knobloch (1998), observa que a crise pode ser designada como uma experiência em que existe algo insuportável, no sentido de não haver suporte, experiência que nos habita. “Como um abismo de perda de sentido, em que se perdem as principais ligações”.

Em uma analogia, o ser humano não tinha preparo nenhum para enfrentar uma crise pandêmica, foi uma corrida contra o tempo até a elaboração da vacina, fora o cenário de filme, em que cidades ficaram vazias. Situação que mexeu com todo o mundo.  Nessa linha, Morin (2005), esclarece que uma mega crise tem a capacidade de atingir o existencial. “Somos levados questionar nosso modo de vida, nossas reais necessidades, nossas verdadeiras aspirações mascaradas nas alienações da vida cotidiana”.

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Sobre crise existencial, Frank (2016) observa que a influência da falta de sentido da vida pode levar a um desequilíbrio psíquico, por um vazio existencial. Fatores que geram depressão, ansiedade, cansaço mental, falta de apetite, e depressão explica Guimarães (2019) e afirma que “a crise existencial interfere na saúde mental do sujeito, através da falta de sentido da vida”. Como consequência, o autor supramencionado acrescenta que a crise existencial gera um “adoecimento relacionado ao sofrimento psíquico” como, ideações suicidas, ansiedade e diversos transtornos mentais de origem existencial.

Hertel (2006) revela que a angústia existencial é um aspecto inerente da humanidade, da qual todos fazem parte. Para ele, é importante que as pessoas tenham autoconhecimento sobre o assunto, no sentindo de ter conhecimento sobre o fim da vida. Tendo a necessidade de que, o indivíduo entenda suas emoções, e, quais são os efeitos que elas provocam em seu comportamento. Nesse ínterim, cada um poderá saber lidar com os questionamentos oriundo de uma crise existencial.

Andrade (2011) define que a ansiedade existencial está na essência do ser humano e pode evidenciar várias nuances, como ansiedade de morte, falta de sentido ou vazio, ansiedade de culpa. “A ansiedade é resultante de algo irreconhecível, o que pode gerar mais angústia, pois se torna difícil lidar com a situação sem ter um ponto de partida para tal.” Segundo Andrade (2011), é impossível acabar totalmente com o aspecto da ansiedade, e aconselha a procurar meios positivos para lidar com ela, pois a ansiedade na medida em que vai crescendo é um sintoma inerente a crise existencial, a qual precisa de tratamento com especialista.

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Com outra perspectiva, Angerami (2018), aponta que o sentido da vida é uma condição que determina uma existência pautada no equilíbrio emocional, ou melhor, uma vida sem a presença de vazio existencial, como consequência sem enfermidades somáticas. Conforme o autor supracitado, o equilíbrio emocional, é uma força vital que possibilita o enfrentamento das dificuldades e surpresas durante a trajetória do indivíduo emocionalmente estável.

Isto significa que em meio as diversidades da vida, a pessoa é capaz de enfrentar diferentes situações justamente por ter uma saúde emocional fortalecida, a qual é capaz de propor soluções em meio ao caos.  Quando isso, não acontece é aconselhável a procura de ajuda por meio de um profissional da saúde mental, o qual irá ajudar a trilhar um caminho saudável para as emoções, e por fim a crise existencial, ou seja, ao sofrimento.

REFERÊNCIAS

ANDRADE, Fabiana. Ansiedade existencial. Oficina de Psicologia. [S.l.], 8 jun. 2011.

ANGERAMI, V. A. Psicoterapia existencial: noções básicas. 15 ed. São Paulo: Artesã. 2018.

FRANKL, V. E. Teoria e terapia das neuroses: introdução à logoterapia e à análise existencial. Tradução Claudia Abeling. 1. ed. São Paulo : É Realizações, 2016.

GUIMARÃES, Vinícius. O comportamento humano em busca de um sentido (2019). Disponível em <https://sistema.atenaeditora.com.br/index.php/admin/api/artigoPDF/27506>. Acesso: 13, de nov, de 2021.

HERTEL, Hildegart. Espiritualidade e crise existencial na vivência do câncer(2006). Disponível em < http://dspace.est.edu.br:8080/jspui/bitstream/BR > Acesso: 13, de nov, de 2021.

Knobloch, F. (1998). O tempo do traumático. São Paulo: Educ.

MORIN, E. Introdução ao pensamento complexo. Porto Alegre: Sulina, 2005.