-Por favor, me ajude Doutor! Não me sinto bem.
– O que você sente meu jovem?
– Dores de cabeça, dores no peito. Acho que estou tendo um ataque de estresse. Meu histórico familiar não é nada bom.
– Dores de cabeça, dores no peito?! Bom, vai para casa e escuta esse disco dos Beatles, se não resolver, coloque esse do Queen. Caso ache que não está melhorando, volte ao meu consultório e a gente tenta a década de 1990, ok?
Se você ainda não se consultou com esse médico, perdeu muito tempo indo ao consultório errado.
A relação da música com saúde e bem-estar não é novidade, muito menos algo que não traz resultados. A ciência prova: a música pode ajudar no processo de cura. Seja qual for o problema! A ideia de que a música afeta a saúde e o bem-estar das pessoas já era conhecida por Aristóteles e Platão. Mas, foi na segunda metade do século 20, porém, que os médicos conseguiram estabelecer uma relação entre a música e a recuperação de seus pacientes.
No final da Segunda Guerra Mundial, músicos foram chamados para tocar em hospitais como forma de auxiliar o tratamento dos feridos. A experiência surtiu resultados positivos, as autoridades médicas dos Estados Unidos decidiram habilitar profissionais para utilizar criteriosamente a música como terapia. O primeiro curso de musicoterapia foi criado em 1944, na Universidade Estadual de Michigan.
A música pode, facilmente, ser traduzida como instrumento de saúde atuando na prevenção ou no tratamento de questões como o estresse. Pesquisas revelaram que a música afeta o nível de vários hormônios, inclusive o cortisol (responsável pela excitação e pelo estresse), testosterona (responsável pela agressividade e pela excitação) e a oxitocina (responsável pelo carinho). Assim como as endorfinas, a serotonina (neurotransmissor que faz a comunicação entre os neurônios).
O treinamento musical favorece o desenvolvimento cognitivo, atenção, a memória, a agilidade motora, assim como cria uma experiência única entre linguagem, música e movimento. Pitágoras dava à terapia pela música o nome de purificação. Sua música curativa se propunha a equilibrar as quatro funções básicas do ser humano: “Pensar, sentir, perceber e intuir”.
Um grupo de cientistas finlandeses da área da neurologia descobriu recentemente que a música estimula o sistema nervoso, ativando várias regiões do cérebro em simultâneo, o que nas pessoas em que essas zonas se encontram danificadas por um derrame, acelera o processo de recuperação. Por outro lado, ajuda a prevenir a depressão, tão frequente nestes pacientes.
Mas, o mais curioso da música, é que ela diz muito sobre quem somos. Se você fechar os olhos vai perceber que é possível definir as pessoas mais próximas de você por estilos musicais. E isso não é algo complicado de se fazer.
Mais do que uma roupa, um estilo, um corte de cabelo, a música que você gosta traduz a personalidade em diferentes momentos da vida. Traduz as fases que estamos vivendo. É como se cada pedaço da nossa vida tivesse uma trilha sonora. Assim como nos filmes ou em novelas, a música serve para retratar um momento, definir um estado, estabelecer uma situação. E, é por meio desta mesma música, que conseguimos muitas vezes a força para botar aquele sentimento pra fora. Aquela tristeza que atormenta, aquele choro que não sai.
A música que embala a criança no ventre, a festa de casamento do amigo querido, o jantar no restaurante com os colegas, a corrida na praça, o dia de churrasco em casa. Faz parte da nossa rotina, faz parte de nós. A música é o retrato da nossa saúde, seja qual for a circunstância.
O equilíbrio entre a tranquilidade e a fúria, tudo está baseado em uma melodia, um estilo que você pode criar. O melhor desse tipo de remédio é que ele serve pra quem tem 10,20, 30, 40, 50, 60 anos!
A música pode não resolver os seus problemas, mas pode te fazer encontrar soluções para todos eles.
Por isso, uma dose de música, por favor!