Medo, fobia e frieza: diferenças e possíveis tratamentos

O di-a-dia corrido, os desafios do mercado de trabalho e a hora de educar filhos fazem jovens e adultos levarem uma postura mais sólida, aparentar serem mais fortes do que realmente são. A competitividade nos ambientes, principalmente de trabalho, remetem à falsa impressão de que o ser humano não pode sentir medo em nenhuma situação.

Mas se o mundo exige mais do ser humano, basta se preparar e, então, será mais fácil enfrentar os medos, certo? Mero engano, o medo está presente em nossas vida mais do que se imagina.

“Medo é algo momentâneo. Você não sabe qual será sua reação quando ocorrer”, diz o psicopedagogo Augusto Cesar Baratta.

“Tenho medo de perder minha mãe. Ela é tudo para mim, na minha vida”, diz a estudante Deise Nayara*.

O medo, por exemplo, da perda de um familiar próximo é comum e está relacionado ao estado emocional do indivíduo. “É a insegurança. A pessoa tem medo de ficar sozinha, não ter com quem contar”, afirma Baratta.

Esta talvez seja a maior barreira mental para o homem. Porém, como toda dificuldade, o medo pode ser tratado. Mas depende muito do tratamento. “Se tenho medo de altura, não sei por que, mas me sentir seguro, o medo passa. Ele pode ser tratado dependendo de como é feito (o tratamento).  Os medos mais comuns são os sociais, que fogem do nosso estado natural. De altura, por exemplo”, explica o psicopedagogo.

Se o medo é passageiro e, até, comum, caso ele persista, poderá se transformar em algo mais grave: a fobia, que pode trazer sérias complicações à saúde de quem sente. A fobia é diferente, mais crônico. O indivíduo entra em pânico. Pode ter uma reação muito forte, inclusive uma parada cardíaca”, conta o especialista.

“Tenho fobia de trânsito. Não aguento ver aquele  tanto de carro, aquele barulho absurdo. Nossa, só de pensar, parece que vou ter um ‘treco’”, diz  Amanda Coelho*, empresária.

Embora o risco à saúde seja mais iminente, há tratamento para a fobia também, mas com ressalvas. “Pode ser tratada com terapia e medicamentos. A diferença para o medo é que fobia não se enfrenta, apenas se trata”, argumenta Augusto Cesar.

Os medos estão presentes em nossas vidas, mesmo sem termos noção, isso é fato. Contudo, há também pessoas que não demonstram nenhum tipo de reação temerosa diante do perigo ou situações arriscadas. Costumamos, então, dizer que ela é “fria”, que tem “sangue frio”. Estamos certos? Nem tanto.

“Frieza não é necessariamente a falta de medo.Às vezes pode ser a falta de estímulo, uma auto-defesa. Ela é considerada fria quando calcula suas próprias atitudes para se defender da reação do outro. Por isso, usamos tanto a expressão “fria” e “calculista”. Nos assassinos em série, a frieza é ditada pela falta de estímulo de vida própria. O indivíduo não tem significado ou valor nem sobre a própria vida, que dirá sobre a dos outros”, concluiu Baratta.

 

Augusto César Baratta, psicopedagogo  – Foto: Walter Riedlinger

 

*Avatar meramente ilustrativo.