Recentemente foi apresentado no CEULP ULBRA um debate que abordou um tema por um ângulo diferente dos já comentados. Pudemos observar pelo estudo de caso elaborado por Ulisses Franklin Carvalho da Cunha, a questão da revelação homossexual de um filho para com a sua mãe. Foi levantado o porquê de ainda se falar sobre o assunto da homossexualidade que “ainda é objeto de violência, ainda não foi vencido”.
Ulisses começa o debate mostrando ao público a notícia de um caso que aconteceu em Janeiro de 2017, com a seguinte manchete “Prefiro um filho morto que um filho v*ado”, onde uma mãe homofóbica mata o próprio filho de 17 anos, levando o público presente a refletir se realmente existe o amor incondicional de uma mãe, ou se é apenas algo cultural. E em seguida mostrou dados que apontam a violência contra o grupo LGBTs em maior porcentagem no Brasil.
Usou em seu referencial teórico a questão da violência, o sofrimento, dúvidas, autoaceitação, preconceito, dor, discriminação etc. No problema da pesquisa o psicólogo buscou estabelecer correlação da mãe entrevistada para o caso com o modelo de Sofrimento de Kubler-Ross (1998), que basicamente consiste nos estágios de luto na perspectiva da psiquiatra Elizabeth Kubler Ross. São eles respectivamente: negação, a raiva, barganha, depressão e aceitação.
O objetivo do estudo de caso foi conhecer e compreender em que se constitui a experiência materna diante da revelação. Como sujeito de pesquisa usou apenas uma mãe e o local da usado foi o SEPSI (CEULP). A entrevista foi elaborada através da análise de conteúdo de Bardin. Vimos também que a homossexualidade foi de patologia mental à cidadania e respeito e, em 1985 no Brasil, através do Conselho Federal de Medicina (CFM) deixou de ser considerado desvio de sexualidade.
Cunha abordou a relação de luto versus revelação e que, segundo a mãe entrevistada, teve que “viver uma espécie de luto”. Dentre os estágios de luto observados na mãe, o da raiva não foi observado.
Ela comentou sobre o receio da violência contra o filho pelo simples fato da orientação sexual dele, medo de não ter oportunidades de trabalho. Ficou visível também que não houve uma aceitação completa, visto que certos comportamentos do jovem no dia a dia ainda a incomoda, “eu não gosto de gayzisse”, brincou a mãe. Concluiu-se que os sentimentos, a aceitação e emoções da mãe são compatíveis com os estágios.
Ao final da exposição foram lançados comentários, relatos e perguntas dos espectadores, dentre elas se a mãe sabia ou quis se importar com o sofrimento do filho, que foi respondida que durante a entrevista não pôde observar, pois ela não deixou claro, e se ela algum dia poderá ter uma aceitação completa. Levantaram questões importantes, tais como até em que fato se aceita o outro plenamente, estigmas sociais, e uma finalização esperançosa de que não é impossível haver mudança, quando se virar essa página.
Como expectadora gostei bastante do debate e da pauta não tão comumente abordada, focada no lado materno. O condutor da pesquisa expôs todo o trabalho de forma tênue e agradável. Apresentou fatos, dados e comentários que fizeram todos ali presentes perceberem o quão importante é o assunto, e que deve sim, ser debatido, esmiuçado por várias vertentes, até se obter um resultado homogêneo e positivo por toda a sociedade.