As narrativas fotográficas de Pedro Martinelli

   “A fotografia é uma bela ferramenta para contar histórias”
Pedro Martinelli

O testemunho visual do fotógrafo Pedro Martinelli confirma a sua própria fé, paciência, persistência em realizar através da fotografia, suas grandes realizações. Martinelli ao se tratar de fotografia, sempre buscava superar seus limites. Pois, experiência já havia de sobra. Então com calma, paciência e sem pressa caminhava em busca de seus objetivos. Assim, ele utilizava sua câmera mecânica, ou seja, artesanal, para realização do seu trabalho, tentando capturar fatos, na qual a maioria dos indivíduos muitas vezes não conseguiria enxergar. Dado que, essas câmeras são leves, discretas para não parecer que seja um fotógrafo, porque ele detesta.

Pedro Martinelli, 1986 – Fonte: https://goo.gl/3beoCG

Dessa forma, essa decisão de fotografar artesanalmente, veio após um balanço de sua carreira: cobriu guerras, cinco Copas do Mundo, duas Olimpíadas, morte de Papas e muitos outros eventos internacionais.

Deste modo, no ano de 1970 que teve início a construção das rodovias que cortariam a floresta Amazônia. Martinelli foi convidado pela Globo, onde ele trabalhava, para fotografar esse atentado. Assim, cobrir a célebre expedição de contato com os chamados “índios gigantes”. E ao ver que a mídia não fotografava a verdadeira história do povo da Amazônia decidiu por ele mesmo, se encarregar desse trabalho. Uma vez que, a essa altura já havia deixado o emprego fixo e estava andando por sua própria conta.

Primeiro contato Kranhacãrore, Panara Sokriti,1973 – Fpnte: https://goo.gl/GmSWaC

Assim, os movimentos das fotografias de Martinelli eram devagar e discretos, fazendo com que focalizasse dia-a-dia, gestos e a essência dos fatos, permitindo assim, uma noção de envolvimento, como se estivéssemos participando juntamente com ele desses momentos cruciais. Sempre resgatando as coisas boas e sensibilidade pura. Uma das fotografias que Martinelli fotografou, foi piabeiros de Barcelos e pau-rosistas do Nhamundá.

Piabeiros de Barcelos e pau-rosistas do Nhamundá – Fonte: https://goo.gl/T1V2k7

Em vista disso, Martinelli gostou da cultura e como o povo da Amazônia vivia, sendo assim, não gostava de esconder a verdadeira vida, dia-a-dia e essência desse povo. Como a mídia sempre queria esconder, apenas mostrando os índios, fauna e flora. Sem mostrar de como eles são trabalhadores e lutam pelo que querem, como o pessoal do norte, nordeste e etc. Martinelli acreditava que isso deveria ser retratado mundialmente. Não podia ser calado. Portanto, ficou morando na Amazônia por um bom tempo, realizando esse trabalho, que para ele é gratificante.

Mulher da Amazônia realizando seu trabalho – Fonto: https://goo.gl/5Hiktp

Deste jeito, Martinelli prefere suas fotografias no preto e branco, pois transmite sua alma e pode detectá-la da forma como ele quiser, pode expor mais ou menos, como: glamoroso, sofisticado, contundente. Se errar a luz, vai ter uma péssima imagem, será questionado. Quer mostrar aquilo que ninguém tem capacidade de enxergar, entender nos meios-tons. Pois segundo Martinelli, o leitor não aguenta mais o óbvio. Assim, passando a informação sem ser explícito.

Mulheres da Amazônia andando de barco – Fonte: https://goo.gl/6rDNJc

Em vista disso, Martinelli para realizar esse belíssimo trabalho, morou na Amazônia por 2 anos e depois decidiu morar mais 5 anos para confeccionar todo o trabalho, que estava realizando. Passou fome, frio, sede e ficou doente. Recebeu patrocínio de laboratório Imágicas e de Kodak.  Vale ressaltar que, Martinelli antes de realizar esse trabalho, leu vários livros sobre o assunto.

Pedro Martinelli – Fonte https://goo.gl/V2X9dK

Curiosidades:

  • Seu nome completo é Pedro José Martinelli, nasceu na cidade de Santo André- São Paulo, no ano de 1950. Aprendeu a pescar, cozinhar e andar no mato. Desde a infância esteve disposto a encarar pautas difíceis, gol e mato. Fez buraco na rua e treino do Madureira, antes de chegar no FLA, FLUS, copas do mundo, olimpíadas dentre outros.
  • Pedro começou sua carreira no final dos anos 1960, em São Paulo, como repórter fotográfico na Gazeta Esportiva e no Diário do Grande ABC.
  • Em 1970, foi morar no Rio de Janeiro, onde trabalhou nos jornais O Globo e Última Hora.
  • No ano seguinte foi enviado peloO Globo à região do rio Peixoto de Azevedo, na fronteira do Mato Grosso com o Pará, para acompanhar a expedição chefiada pelos irmãos Cláudio e Orlando Villas Bôas em busca dos chamados “índios gigantes”, que só foram contatados quase três anos depois. Na mesma expedição se encontrava o fotógrafo italiano Luigi Mamprin, que trabalhava para a revista Realidade.
  • Em 1975, tornou-se fotógrafo do Palácio do Governo de São Paulo. Dois anos depois, começou a trabalhar na revistaVeja, onde foi fotógrafo e editor. No período de 1983 a 1994, tornou-se diretor do Serviços Fotográficos do Estúdio Abril.
  • Nesse período, faz trabalhos avulsos para revistas de moda e de turismo. A partir de 1994, trabalha como fotógrafo independente, dedicando-se à sérieO Homem na Amazônia, publicada pela Folha de S. Paulo no ano seguinte.