O Sistema Único de Saúde. Sobre ele ainda existe muito a ser desconstruído pela população. E foi o que aconteceu comigo. Era muito distante do real o que minha cabeça pensava, o olhar era critico (e ainda é), mas estar de perto semanalmente conhecendo o funcionamento, as diretrizes e a luta dos servidores mudou a visão da estagiaria que vos fala.
Em fevereiro desse ano, na turma de estágio básico III, diante de três campos de atuação nossa turma elegeu o SUS e o trabalho lá dentro não seria no conforto de um ar condicionado, sentados e observadores. O desafio ia além de encarar o sol palmense, era saber como funciona um Centro de Saúde da Comunidade (CSC). A partir dali conheceríamos o trabalho de uma peça importantíssima e muitas vezes invisível nas equipes multidisciplinares: o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS).
Eu nunca tinha parado pra analisar o quão árduo e fundamental é o papel do ACS na atenção primária. Apesar das portas fechadas, da desconfiança dos moradores, do sol e das metas, os ACS constroem o elo entre a comunidade e a equipe do CSC, atualizando dados, levando informações aos moradores, acompanhando de perto e prioritariamente os doentes crônicos, as gestantes, as puérperas assim como as crianças até os 2 anos de idade entre outros.
Enquanto estagiária de psicologia, meu papel naquele meio era a observação, o envolvimento com a realidade e principalmente a elaboração de uma proposta de intervenção a fim de melhorar, seja o diálogo entre os colaboradores, ou formas de amenizar o estresse da categoria. O importante era olhar pela saúde mental dos ACS, visto que sofrem em sua grande maioria, com baixa autoestima por não possuírem lugar de fala e serem bodes expiatórios das equipes.
Existe um fator que como alunos não enxergamos com facilidade, que o SUS é a porta de entrada para estágios e vagas de trabalho para os recém-formados. Nunca paramos pra pensar no seguinte ponto: EM QUE A UNIVERSIDADE PODERIA AJUDAR O SUS COMO FORMA DE RETRIBUIÇÃO AS VAGAS DE ESTÁGIO? O estagiário gera gastos, muda a rotina da equipe, demanda atenção entre outras coisas, e a universidade pouco faz como forma de retorno usual as instituições que nos acolhe.
Pensando nisso, observei o quão funcional poderia ser o retorno que as propostas e as intervenções para aquele grupo de ASC enquanto estagiária de psicologia. Percebi o quão simples e ao mesmo tempo nobre seria que todos tivessem esse feeling em relação a gratidão pelo espaço e experiências que o SUS nos oferece.
E com esse sentimento, estou me preparando para a intervenção final naquele grupo, feliz e grata pela oportunidade e principalmente motivada a retribuir esses 6 meses de aprendizado.