A arte de fotografar me cativou. E iniciar nessa arte fotografando os Personagens da Casa de Apoio Vera Lúcia foi muito enriquecedor e significativo. Não somente pelo fato de poder capturar imagens (o que é extraordinário!), mas também pela vivência de cada momento. O nome desta galeria está ligado ao palco de muitas histórias que é a Casa de Apoio Vera Lúcia, por onde muitos personagens passam.
Isso ocorre porque esse espaço é destinado para pacientes e acompanhantes de pacientes que estão em tratamento nos hospitais públicos de Palmas/TO. Ela oferece acolhimento, hospedagem e alimentação para pessoas vindas das cidades do estado do Tocantins e dos estados ao seu redor.
Realizei esta intervenção fotográfica aliada à minha atuação na casa, proposta pelas disciplinas Intervenção em Grupos e Fotografia Aplicada à Psicologia do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra. Desse modo, não somente fotografei esses personagens, mas pude conhece-los e acompanha-los por alguns dias. As fotos retratam essas pessoas nesse momento de espera e como o apoio, tal como uma intervenção terapêutica, auxiliam significativamente nesse processo.
Para dar início à essa intervenção, fui à Casa de Apoio Vera Lúcia, juntamente com a minha parceira de trabalho, para propor essa ideia para a coordenadora da casa, tal como procurar conhecer a demanda e o público do local. Sendo muito bem recebidas e percebendo a satisfação da coordenadora e das outras funcionárias da casa em receber essa proposta, acordamos o dia e o horário para começarmos o trabalho.
Depois de sintetizarmos um cronograma com as atividades a serem realizadas na casa, demos início à intervenção. No primeiro dia, ocorreu um certo reconhecimento do campo, em que a dinâmica proposta tinha o objetivo principal de apresentação de todos. Nesse dia, não foram tiradas fotos. Isso iniciou a partir do segundo dia, seguindo-se até o penúltimo dia.
Nessas fotos, procurei mostrar a criança existente dentro de cada pessoa. Acredito que isso ocorreu, pois, percebe-se nas fotos os sorrisos e a alegria espontânea de cada um, quando, por um momento, se permitiram descarregarem-se um pouco das angústias, ansiedades e preocupações provocadas por esse processo de espera e entregarem-se às dinâmicas e tarefas propostas, percebendo-as como brincadeiras ou momentos de entretenimento e distração.
Entretanto, apesar de proporcionar esse momento de distração, tais dinâmicas e tarefas sempre tinham um propósito, qual seja fomentar discussões e reflexões feitas pelos participantes, principalmente no que tange ao convívio entre eles na casa, o acolhimento e importância desta e o momento pelo qual estão passando, que se dá na espera.
A cada encontro, novas pessoas apareciam, pois foi um grupo rotativo. Mesmo assim, foram todos muito produtivos, gerando as discussões e reflexões esperadas. De modo geral, o assunto pendia para a gratidão, uma vez que veem a casa de apoio como uma segunda família, um lugar acolhedor, onde, apesar do sofrimento que cada qual traz consigo, possibilita momentos de alegria, partilha e conhecer novas pessoas.
Ao encerrar os encontros, tive a sensação de missão cumprida, principalmente ao receber muitos feedbacks positivos dos envolvidos. E ter a galeria de fotos desses personagens me possibilita, a cada vez que olho para ela, ter o mesmo sentimento empático de quando estava lá, ajudando essas pessoas de alguma forma. Digo com toda a certeza que esse processo, de intervir e fotografar, contribuiu muito para o meu crescimento acadêmico e pessoal.