Nesta quinta-feira, 24 de agosto, ocorreu na sala 405 do Ceulp/Ulbra as sessões técnicas com apresentações de trabalhos acadêmicos, no Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS). Dentre as apresentações, houve o trabalho “Pós-modernidade e vertigem existencial entre jovens: panorama de autoviolência”, com autoria de Sonielson Luciano de Sousa (Ceulp/Ulbra).
Em referência a Freire Costa, Bauman e Birman, Sonielson diz que a pós-modernidade é marcada pelo enfraquecimento do estado enquanto instância mediadora hegemônica e lugar de diferentes cenários e modelos de educação e sociabilização nos núcleos parentais, gerando uma individualização que afeta a todos, principalmente os jovens, tornando-os descontentes e frustrados com as exigências para manter a originalidade e uma formação identitária adequada, que é inalcançável.
As antigas estruturas mediadoras aterrorizavam em sua onipotência, porém, criavam certo apaziguamento. Sai-se da geração de segurança para a valorização de hábitos que remetem à liberdade, provocando uma vertigem existencial e impactando sua saúde mental dos jovens, expressada nos índices de violência. Os jovens sofrem pelo excesso de possibilidades, em um cenário no qual os dispositivos de controle os colocam em protagonismo, enfraquecendo o núcleo parental imediato, isto, aliado ao contínuo movimento com que eles são submetidos e à ideia de trabalhar por progresso e autogerenciamento ininterrupto da vida.
Bauman (2007) e Birman (2013) assinalam sobre a sociedade de risco, onde nenhum indivíduo conta com a proteção do Estado e efetivamente todo problema das subjetividades associar-se-á a esta lógica. Atualmente, a aceleração não admite limites, responsabilizando os jovens por reciclar, revisar e reconstituir suas identidades. Trata-se de um movimento para, na esfera pública, demonstrar uma identidade compatível com as expectativas.
Quanto mais os jovens tentam ser diferentes, mais se assemelham no movimento com que mobilizam suas estratégias, uma vez que seguem a mesma estratégia de vida e usam símbolos comuns (BAUMAN, 2007, p. 26). A fragmentação pós-moderna em conjunto com as perdas de elementos que orbitavam em torno da política gera um panorama de ausência de mediadores, causando um mal-estar existencial, que requer atenção quanto à saúde psíquica destes jovens, sob pena de desaguarem à violência (BIRMAN, 2013).
A questão, portanto, não se resume às subjetividades e relações sócio-políticas, mas, em igual medida, entremeia um problema aparentemente de ordem individual, que ganha apelo de caráter ético, pois não se está apenas a falar das condições da saúde mental dos jovens contemporâneos, mas em como isso também pode afetar as gerações futuras, no campo da ética.