Schopenhauer e a vontade como essência de todas as coisas

O filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788-1860), influenciado fortemente por Kant, desenvolveu uma filosofia pessoal, considerada pessimista e ascética. Seu pensamento sobre o amor é caracterizado por não se encaixar em nenhum dos grandes sistemas de sua época.

Combateu o hegelianismo, então dominante, e sua oposição ao meio acadêmico na Alemanha fez com que seu pensamento tivesse relativamente pouca repercussão, alcançando notoriedade apenas no final de sua vida.

Partindo essencialmente de Kant, mas também sob a influência de Platão e até mesmo do budismo, Schopenhauer considera o mundo de nossa experiência como simples representação. Ao procurar superar o nível da aparência, em direção à realidade verdadeira, o absoluto, o sujeito descobre sua vontade, chegando depois à vontade única como ser verdadeiro. Introduziu o pensamento indiano e alguns dos conceitos budistas na metafísica alemã.

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Schopenhauer nasceu em 22 de fevereiro de 1788 em Danzig no Reino da Prússia, faleceu em 21 de setembro de 1860 em Frankfurt. Teve ocupação como filósofo e professor universitário. Suas influências foram Buda, Platão, Kant, Hobber, Goethe, Hegel e filosofia oriental. Foram influenciados por ele Nietzsche, Kierkegaard, Beckett, Jorge Luis Borges, Mihai Eminescu, Freud, Hesse, Horkheimer, Jung, Mann, Gilbert Ryle, Tolstoy, Machado de Assis, Vivekananda, Maupassant, Wagner, Wittgenstein, Proust, Albert Einstein, Henri Bergson, Luitzen Egbertus, Jan Brouwer.

Até 1809, Schopenhauer era estudante de filosofia na Universidade de Göttingen. Em 1811, mudou-se para Berlim, para prosseguir seus estudos, e finalmente concluiu sua dissertação em 1813, em Iena. Intitulado Sobre a raiz quádrupla do princípio da razão suficiente, o trabalho desafiava a ideia de que o que é real é o que é racional – ou, em outras palavras, que o mundo é perceptível. Tornou-se professor da Universidade de Berlim em 1820. Introduziu o pensamento indiano e alguns dos conceitos budistas na metafísica alemã. Ele acreditava no amor como meta na vida, mas não acreditava que ele tivesse a ver com a felicidade.

Os pensamentos de Arthur Schopenhauer são uma coletânea de pensamentos ditos pessimistas que consistem em dizer que o ser humano não nasce condenado à morte, o homem nasce condenado à vida, pois viver é sofrer, daí a sua fama de extremo pessimista.

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A coisa-em-si

Segundo Schopenhauer, a essência de todas as coisas, a coisa-em-si, é a Vontade. Essa que é um impulso cego, um ímpeto, uma força vital, um esforço de vida, um querer viver incessante que seria o fundo íntimo e essencial de todo o universo. Schopenhauer, valendo-se de uma razão analógica, sente-se autorizado a estender a Vontade, a todos os demais seres, concebendo-a como essência não só do homem, mas do mundo, de tudo e do todo.

Metafísica do amor

De acordo com Schopenhauer, o amor é o impulso sexual baseado na vontade de vida da espécie, ou seja, é uma representação da vontade, no qual a metafísica do amor seja a essência compreendida nos seres humanos.

Segundo Alain de Botton os namoros de Schopenhauer eram um tanto frustrados, mas para ele nada na vida é mais importante que o amor, e que este não deve ser considerado um assunto banal. Conforme nos apaixonamos, Schopenhauer afirma que desejamos primeiramente as qualidades existentes no sexo oposto, pois o alvo de tal vontade é a necessidade de se reproduzir.

Ele acreditava no amor como meta na vida, mas não acreditava que ele tivesse a ver com a felicidade. Por esse motivo Schopenhauer aconselha que não devemos criar expectativas de durabilidade nos relacionamentos amorosos.

Portanto, o amor servia somente para criar o fruto, neste momento não haveria mais o amor somente uma consideração, ou seja, “o amor não é algo romântico mas sim uma ilusão” (BASEGGIO, 2009).

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Se baseando em escritos budistas e na filosofia oriental, Schopenhauer procura uma forma de libertação dessa vontade pois que diz que a única forma de se libertar dela é a total renúncia, alcançada no Nirvana. Ele também identifica esse mecanismo da libertação da vontade no cristianismo genuíno. De todo modo, a sabedoria religiosa tem por referência o budismo.

O pessimismo de Schopenhauer veio da sua metafísica, a metafísica da Vontade. A Vontade, ao contrário da razão, não tem limites, pois ela vai para qualquer lado: bom ou ruim. Tanto um quanto o outro gera um querer, o qual nos conduz ao caos. Schopenhauer chegou a propor maneiras de transcender as frustrações da condição humana, especialmente por meio da arte. Por esse motivo, suas idéias agradaram inúmeros escritores e músicos, como Thomas Mann, Proust, Tolstoi e Wagner, assim como outros filósofos, incluindo Nietzsche.

Em 1814, Schopenhauer foi para Dresden, onde começou a trabalhar em seu livro mais famoso, O mundo como vontade e representação, no qual foi lançado em 1819. No livro ele descreve que o mundo só é dado à percepção como representação: o mundo é puro fenômeno e a vontade é objetivada tornando-a perceptível. O centro e a essência do mundo não estão nele, mas naquilo que condiciona o seu aspecto exterior na coisa em si do mundo. Logo que o objeto imediato passa a ser visto por si mesmo e, mais ainda, por outro modo de conhecimento se distinguindo do que é comum à representação.

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O Homem toma os limites do próprio campo de visão como se fossem os limites do mundo

Ele explica que a visão do mundo é limitada por observações de um vasto universo, universo esse composto por experiências limitadas de uma ampla vontade universal, da qual a própria vontade é apenas parte da sua visão de mundo, não incluindo coisas já percebidas por ele e nem a vontade universal que ele não experimentou.

Principais Obras

As Dores do Mundo
Sobre a Raiz Quádrupla do Princípio da Razão Suficiente (1813)
Sobre a Visão e as Cores (1815)
O Mundo como Vontade e Representação (1819)
Sobre a Vontade da Natureza (1836)
Os Dois Problemas Fundamentais da Ética (1841)
Parerga e Paralipomena (1851)

 

Principais Frases
“Quem deseja sofre. Quem vive deseja. A vida é dor”.
“Os sábios de todos os tempos disseram certamente a mesma coisa, e os tolos, ou seja, as maiorias eternas sempre fizeram o contrário. E assim será sempre.”
“Os quarenta primeiros anos de vida ministram o texto: os outros trinta ministram o comentário.”

Da mesma forma como nos homens, a vontade seria o princípio fundamental da natureza. Para Schopenhauer, na queda de uma pedra, no crescimento de uma planta ou no puro comportamento instintivo de um animal afirmam-se tendências, em cuja objetivação se constitui os corpos.

Essas diversas tendências não passariam de disfarces sob os quais se oculta uma vontade única de caráter metafísico e presente igualmente na planta que nasce e cresce, e nas complexas ações humanas.

As formas racionais da consciência não passariam de ilusórias aparências e a essência de todas as coisas seria alheia à razão: “A consciência é a mera superfície de nossa mente, da qual, como da terra, não conhecemos o interior, mas apenas a crosta”. O inconsciente representa papel fundamental na filosofia de Schopenhauer.

 

Referências 

BURNHAM, Douglas; BUCKINHAM, Will. O livro da Filosofia. Editora Globo, São Paulo, SP, 2011.

JAPIASSÚ, Hilton e MARCONDES, Danilo. Dicionário Básico de Filosofia. 5. Ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2008.

LEVENE, Lesley. Penso, Logo Existo: Tudo o que Você Precisa Saber sobre Filosofia. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2013.

Zimmern, H.  Schopenhauer: his life and philosophy. G. Allen & Unwin ltd, 1932.

Schopenhauer, Arthur. Sobre a Filosofia e seu Método. São Paulo: Hedra, 2010.

BASEGGIO, Daniel. A Metafísica do Amor- Schopenhauer. 2009.

DEBONA, Vilmar. A vontade é o elemento fundamental a fim de trazer o sentido das coisas e do mundo. É essa união entre o corpo e o sentimento, segundo o filósofo, que proporciona a essência metafísica elementar: a vontade da vida. Revista Filosofia, São Paulo, Editora escala. 2014.

DEBONA, Vilmar.  Ideologia e sabedoria. Disponível em: < http://filosofia.uol.com.br/filosofia/ideologia-sabedoria/17/artigo133464-1.asp>.  Acesso em 22 de abril de 2016.