A inibição é considerada um processo relativo às funções do ego, e isso não é necessariamente algo patológico,logo, podemos dar o nome de uma função a uma restrição normal da mesma. Ao contrário do sintoma que apresenta essa conotação relacionada a doença, o que define assim a diferença entre sintoma e inibição. O sintoma é um “fenômeno subjetivo que constitui, para a psicanálise, não o sinal de uma doença mas a expressão de um conflito inconsciente” (Meira, 2004, p.1 apud Chemama, p.203). É algo mais complexo, ele pode se manifestar em ações indesejadas e que acabam gerando angústia ou desprazer, podendo afetar o indivíduo durante toda a vida.
No caso do pequeno Hans, Freud explica que a criança possui conflitos psíquicos, as relações do processo de recalcamento e da castração, auxiliaram na aquisição de sua fobia. A incapacidade de sair de casa para outros ambientes externos, é uma demonstração de inibição. Já o medo de Hans, em ser mordido por cavalos, é uma demonstração do sintoma fóbico.
Dessarte, a autora traz um axioma sobre a forma como a Psicanálise discute o sintoma, o que é basicamente um conceito, sob as evidências da linha teórica de Freud, expressamente argumentado através do caso da fobia do pequeno Hans. Assim, segundo escreveu Meira (2004), Freud evidencia que o sintoma é tecido pelos processos de deslocamento e condensação, sendo a escolha do cavalo um traço decorrente das brincadeiras de Hans com o pai e ao mesmo tempo relacionado à pulsão reprimida de hostilidade contra este.
Logo, há uma enfatização sobre o fato de o deslocamento refere-se ao processo metonímico, enquanto a condensação se refere ao processo metafórico.
Dessa forma, o artigo também faz entender-se a conceituação de sintoma sob a ótica da teoria Lacaniana, como sendo linha metafórica e subjetivante, seja como formação clínica ou estrutural. Por isso, cabe ao indivíduo estabelecer um caminho para guiá-lo para uma existência que coexiste harmonicamente com seus sintomas. Com a dor, seu motor criativo, transbordando, descobrimos os sintomas psicopatológicos e, diante dela, a clínica se mostra como possibilidade de intervenção. Não fazendo com que o sintoma desapareça, mas dando lugar à palavra, uma vez que a própria Psicanálise atribui poder terapêutico às palavras, chamando essa prática de associação livre.
Referências
Inibição, sintoma e Angústia – S.Freud – Obras Completas, Ed. Biblioteca Nueva, Espanha, 1973.
Análise da Fobia de uma criança de quatro anos – S.Freud Obras Completas, Ed. Biblioteca Nueva, Espanha, 1973.
MAIA, Aline Borba; MEDEIROS, Cynthia Pereira de; FONTES, Flávio. O conceito de sintoma na psicanálise: uma introdução. Estilos clin., São Paulo , v. 17, n. 1, p. 44-61, jun. 2012 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71282012000100004&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 04 jun. 2021.
MEIRA, Ana Marta. Reflexões sobre o sintoma na psicanálise. Disponível em: https://www.ufrgs.br/psicopatologia/anamartameira.pdf. Acesso em: 04 jun. 2021.