Acontece com frequência, no Centro Universitário Luterano de Palmas, o Psicologia em Debate. Essa atividade aborda uma diversidade de temas, que possibilitam que não só acadêmicos, como também a comunidade e geral, possa se debruçar sobre assuntos que irão contribuir para a consolidação de saberes, como também para uma formação profissional sensível aos problemas nascentes e, por fim, para o amplo sentido de responsabilidade social.
O texto vai tratar da minha experiência ao participar da edição onde foi abordado o seguinte tema: A influência da mídia sobre o nosso corpo. Com esse relato, trago observações e reflexões do que foi discutido. O tema abordado nos proporcionou levantar várias questões que estão por trás dessa busca pelo que é belo, de como somos influenciados a nos encaixar sempre em um padrão e as consequências que isso nos traz.
As expositoras Joice e Nayara relataram que a cultura atual está marcada por valores dominantes como competição, consumismo e individualismo, e que o ser humano tem se tornado cada vez mais narcisista sendo que seu corpo está posto como objeto, mercadoria e instrumento para gerar lucro ao capital. Podemos dizer que toda essa influência que faz com que o indivíduo viva em processo de metamorfose corporal, prejudique a sua constituição subjetiva como sujeito.
O ser humano procura adquirir tudo o que as propagandas colocaram como objetos de satisfação pessoal, os corpos se transformam em busca de satisfação, mas enquanto o padrão idealizado pela mídia continua mudando, a insatisfação continua permanente. Além da própria satisfação, elas procuram admiração que, quando acaba, provoca uma nova procura pela reparação de suas características físicas. O processo torna-se um ciclo, uma luta incessante por padrões pré-estabelecidos.
Essa busca obsessiva pelo corpo perfeito e o culto a estética trouxeram sérias consequências a nossa sociedade. Frustração, medo, angústia, depressão, transtornos alimentares e o horror a gordura seriam alguns sintomas do momento atual, uma vez que se vive em uma sociedade do espetáculo, em uma cultura de valorização da imagem, os julgamentos em torno disso são cada vez mais severos, tolera-se cada vez menos e isso vem acompanhado de uma avaliação de ordem moral. O filósofo Guy Debord propõe que no mundo moderno somos induzidos a preferir a imagem e a representação da realidade à própria realidade concreta. Toda a vida em sociedade virou um acúmulo de espetáculos individuais e coletivos, tudo é vivido apenas enquanto representação perante os outros.
Também foram discutidas maneiras de como trabalhar a auto-aceitação. Que apesar de trabalhoso, o auto-reconhecimento nos permite ver as coisas com mais clareza, encontrando nossas qualidades, muitas vezes abafadas e anuladas por nós e pelos outros. Devemos encontrar um equilíbrio, buscando um bem estar para o corpo como um todo, não se esquecendo da saúde mental. Ser sadio é uma combinação do sentir-se bem consigo mesmo e com aquilo que se faz.
E por fim, foi destacada a importância do papel do psicólogo nesse contexto. Sua atuação com a promoção de saúde; a política de prevenção e conscientização é de extrema relevância. Como também se atentar a compreender a influência da mídia na formação e transformação da subjetividade, podendo assim contribuir para a construção do sujeito e sua relação com o mundo. Considerei positiva a minha experiência em ter participado do Psicologia em Debate. Proporcionou-me reflexões próprias em relação ao assunto abordado, concluindo que devemos ter uma postura crítica e de não aceitação passiva para obtermos a consciência do que realmente somos e buscamos.