Psicologia Social – Travessias e(m) Tessituras

Desafiando Fronteiras: A Incursão da Psicologia na Mudança Social e a Perspectiva Contínua de Transformação em Diversos Âmbitos

Psicologia Social: Travessias e(m) tessituras é um livro construído por meio da contribuição de diversos profissionais das áreas das Ciências Humanas e Sociais. Faz uma análise de maneira ética, crítica, reflexiva e propositiva de uma variedade de temas que se entrelaçam com a Psicologia Social, além de abrir portas para outras áreas. Os elementos que formam os aspectos fundamentais da Psicologia Social, explorados neste estudo, evidenciam a complexidade, o aspecto histórico, as interconexões, a multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade permitida para uma prática ético-política.

Logo na apresentação do livro, a organizadora, Aline Daniele Hoepers, faz um breve resumo dos capítulos que estão por vir, que podem ser descritos da seguinte maneira: no capítulo de abertura, intitulado “Psicologia Social: percursos, percalços e outros rumores”, são delineadas como jornadas determinadas no âmbito da Psicologia Social. Este capítulo destaca a importância crucial de assumir uma postura política, evidenciando a necessidade premente de luta pela transformação de uma realidade social desigual que se (im)posiciona.

No capítulo 2, intitulado “Políticas sociais: breve análise dos direitos sociais pós Constituição Federal de 1988″, destaca-se o contexto histórico e social essencial para uma análise crítica da construção dos direitos sociais e das políticas sociais no Brasil. O capítulo 3 , agência ‘Justiça social e direitos humanos: reflexões sobre o compromisso social da Psicologia’, continua nessa direção, enfatizando a necessidade de esforços contínuos para concretizar os direitos em meio às complexidades sociais. Com outras áreas e setores sociais, buscando uma realidade baseada na promoção dos direitos humanos e na justiça social.

Os capítulos posteriores levantam questionamentos e convidam a repensar abordagens teóricas que têm impacto direto na prática. No capítulo 4, intitulado “Psicologia Imaginal, pensamento decolonial e pedagogia cultural: por um resgate da ancestralidade”, uma abordagem crítica da Psicologia Imaginal é apresentada, destacando diálogos com epistemologias latino-americanas de origem indígena. Este capítulo convida à reflexão sobre a necessidade de uma ciência diversificada, culturalmente sensível e descolonizada.

Seguindo adiante, o capítulo 5, intitulado “Amor e cultura: discutindo a respeito do amor enquanto um produto cultural”, explora a intersecção entre amor e cultura. Destaca elementos presentes na construção sociocultural do amor, focando especialmente nos padrões direcionados às mulheres.

No capítulo 6, intitulado “Psicologia Social e sofrimento ético-político na atualidade: uma revisão bibliográfica”, o foco recai sobre as fontes geradoras de aflições, destacando o conceito de sofrimento ético-político. Este capítulo instiga à ação, convocando-nos a nos posicionar diante das opressões e disparidades sociais que persistem no cenário contemporâneo. Por outro lado, o capítulo 7, intitulado “A massa bolsonarista, uma massa da igreja?” aborda o contexto social e político atual do Brasil sob uma perspectiva distinta, destacando especificamente os traços que compõem o movimento da massa bolsonarista.

No capítulo 8, intitulado “A circularidade entre os polos subjetivos e objetivo: notas sobre a atuação do psicólogo organizacional e do trabalho”, são oferecidas reflexões sobre os desafios e potenciais no exercício profissional da Psicologia Organizacional e do Trabalho, enfatizando especialmente a delicada tarefa de mediar o esforço entre capital e trabalho. Enquanto isso, o capítulo 9, nomeado “Violências sexuais vividas por crianças e adolescentes: a atuação da escola na rede de atendimento e enfrentamento”, explora e problematiza os papéis desempenhados pelas instituições escolares na rede de proteção contra violências sexuais envolvendo crianças e adolescentes.

No capítulo 10, intitulado “O psicólogo no CRAS: refletindo sobre as práticas desenvolvidas junto às famílias vulnerabilizadas”, enfatiza-se a urgência de importância e buscar oportunidades para uma prática ético-política que seja socialmente comprometida com as famílias em situação de vulnerabilidade. Já no capítulo 11, chamado “Incorporar ou não? Quando o CREAS se torna um espaço de violação”, são discutidas experiências profissionais que merecem atenção, especialmente para evitar que uma população já fragilizada, atendida por essas instituições, não seja ainda mais vitimizada.

Os capítulos finais da obra trazem à tona, de maneira crítica e sensível, às experiências vividas durante a formação acadêmica em Psicologia no contexto comunitário. No capítulo 12, intitulado ‘Escuta coração da Chico: um relato de intervenções psicossociais realizadas com adolescentes em contexto comunidade durante a pandemia’, através da partilha de experiências de extensão universitária, destaca-se a importância da escuta ética e política das particularidades, que são moldadas por estruturas opressivas. Por outro lado, o capítulo 13, nomeado “Psicologia das Brechas: uma psicologia a partir de nós” baseado em relatos de experiências de estágio, convida à criação e abertura de espaços para a inovação, encontro e transformação social.

No conjunto dessas discussões e tensões, emerge não apenas a essência do compromisso social da Psicologia, mas também um convite à reflexão e à ação transformadora. As múltiplas abordagens e a diversidade de ângulos presentes nesses campos de atuação e pesquisa não apenas enfatizam, mas também reafirmam a importância do papel transformador e socialmente comprometido desempenhado pela Psicologia.

Este panorama não linear transcende os limites convencionais, convidando-nos não só a explorar e expandir as fronteiras da Psicologia, mas também a desbravar novos territórios e possibilidades. Em meio a desafios e oportunidades, essa obra ressoa como um convite para repensar constantemente os paradigmas estabelecidos, abrindo caminho para a evolução contínua e a inovação no campo da Psicologia. Essa multiplicidade de visões e abordagens não se limita a encerrar discussões, mas sim a abrir um vasto horizonte de possibilidades, convidando-nos a trilhar caminhos que nos conduzam a novas descobertas e avanços significativos na compreensão e na aplicação da Psicologia em nossas sociedades e comunidades.

REFERÊNCIA

HOEPERS, Aline Daniele et. al. PSICOLOGIA SOCIAL: Travessias e(m) tessituras. Editora BAGAI.  2023. Disponível em: <https://editorabagai.com.br/product/psicologia-social-travessias-em-tessituras/> Acesso em 27 de out. 2023.