Ocorreu no dia 25/05 o 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica, que contou com uma mesa redonda para a abertura do evento
No dia 25 de Maio (25/05) ocorreu o 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica no CEULP/ULBRA. O evento, que durou o dia todo, contou com uma mesa redonda, oficinas, apresentação cultural e uma palestra de encerramento. O simpósio teve como pauta os diversos aspectos da avaliação psicológica nos âmbitos da prática profissional da Psicologia.
Como abertura do evento, foi realizada uma mesa redonda às 09h30. Essa mesa redonda contou com as psicólogas convidadas: Keila Barros Moreira, Ana Beatriz Dupré Silva, e com Ester Borges de Lima Dias como representante da Psicotestes, apoiadora do evento. A mediadora foi Ruth do Prado Cabral, docente de Psicologia da CEULP/ULBRA. O foco da mesa redonda foram as diversas técnicas e métodos utilizados na avaliação psicológica, e também como ela se dá na prática de cada uma das convidadas.
No início da mesa redonda, logo depois da apresentação de cada uma das convidadas, a psicóloga Ana Beatriz Dupré abriu levantando a Resolução 09/2018, que foi estabelecida pelo Conselho Federal de Psicologia como as diretrizes para a Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos.
Foram levantadas por Ana Beatriz Dupré também questões sociais como o fato de o psicólogo está como alguém que sempre está sendo avaliado socialmente, por ser uma pessoa que “sempre avalia”. A avaliação é o ponto de partida para as intervenções, e não a ‘chegada’, e não há a obrigatoriedade de entregar um laudo que possua um diagnóstico com DSM-V e CID-10. Ana Beatriz também frisa que é necessário focar no que é demandado, e não no que você vê além disso, por conta de isso gerar muitas ramificações dentro do processo de avaliação psicológica.
Fonte: Acervo da Autora
A psicóloga Keila Barros Moreira complementou a fala da psicóloga Ana Beatriz, levantando também questões da complexidade do percurso histórico. Existe algo de fundamental em entender a história que trouxe a sociedade ao momento presente, e os impactos que esses percursos geram nos avaliandos. Ela também levantou os questionamentos sobre como o psicólogo atua em relação aos fracassos escolares e as diferenças individuais, pois existem vieses diferentes. O psicólogo atua em uma forma de rotular e excluir, descontextualizar, ou de inclusão e compreensão? Tal contextualização é algo importante na formatização da avaliação.
Keila levantou também a necessidade de se trabalhar pela Avaliação Terapêutica, proposta por Stephen Finn, Constance Fischer, e colaboradores. Nessa proposta dos autores, é feita uma avaliação psicológica colaborativa entre o avaliando e o avaliador, no qual o teste psicológico é usado como centro de uma intervenção terapêutica de um tempo limitado, de uma forma que os testes servem para dar luz e incentivar o processo de melhora e/ou cura. Outra questão questionada por Keila Barros é a necessidade de se entender as diferenças nas vivências pessoais dos avaliandos, lembrando a todos os que assistiam a mesa redonda de eventos como a Apartheid, a supremacia branca, questões históricas e de gênero que trazem diferenças nas lentes das quais a pessoa que é avaliada vive, e os percursos feitos. Existe a necessidade na avaliação de enfatizar as potencialidades do avaliando, e não as dificuldades.
A psicóloga representante da Psicotestes, parceira do evento, trouxe como ponto importante a evolução do processo de avaliação psicológica por conta da possibilidade de avaliação e testagem de forma online, situação que foi necessária durante a pandemia e o isolamento social. A pandemia de COVID-19 tirou o psicólogo de sua zona de conforto, colocando-o para criar e inovar. Também tem a necessidade de atenção às orientações da APA (American Psychological Association) para a aplicação de testes.
A mesa redonda teve encerramento com perguntas por parte da plateia, que perguntaram sobre a adaptação para a modalidade online, assim como questões políticas.
Fonte: Acervo da Autora
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Avalição Neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade
27 de maio de 2022 Josélia Martins Araújo da Silva Santos
Mural
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O 3º Simpósio de Avalição Psicológica Tocantinense ocorreu no dia 25/05/2022 e expôs temas extremamente atuais e relevantes para a sociedade moderna no quesito psicossocial.
Dentre os temas abordados, destaca-se a Avalição Neuropsicológica do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, que foi ministrado pela Psicóloga Karlla Garcia Ferreira, egressa do Curso de Psicologia do CEULP/ULBRA.
Por ser um transtorno que tem ganhado grande visibilidade, graças às redes sociais e a internet, discutir sobre o TDAH neste simpósio se mostrou muito assertivo, pois acrescentou grande conhecimento para os futuros profissionais da saúde mental.
Karlla mostrou dominância sobre o tema, expondo com maestria os fatos que rodeiam o TDAH, aqueles que são falsamente disseminados e os que realmente possuem embasamento científico.
Expor o que é o TDAH é um desafio para aqueles que desconhecem o tema, fazer entender para o paciente que sua falta de concentração não está ligada com preguiça ou desanimo é um papel fundamental do psicólogo.
O TDAH afeta uma gama imensurável de pessoas, vez que grande parte da população sequer sabe que porta tal condição, levando a vida, muitas vezes, como pessoas fracassadas ou sem propósitos.
Fonte: encurtador.com.br/jtQSY
Durante sua apresentação, expôs inclusive sobre os subtipos do TDAH, que são: a) predominantemente desatento; b) predominantemente hiperativo/impulsivo, ou combinado; e, c) uma combinação de ambos, tendo sintomas de desatenção e hiperatividade.
Explicou ainda que tanto os fatores genéticos quanto ambientais estão implicados e conferem vulnerabilidade ao transtorno. Um indivíduo não necessariamente carregará consigo as duas condições do TDAH, desatenção e hiperatividade.
Interessante ainda mencionar que Karlla trouxe um vídeo de uma rede social que publica recorte de entrevistas, ou, como são conhecidos, podcasts. Neste vídeo é explicado que, apesar de muitas vezes ser associado como alguém desatento, uma pessoa que possua o transtorno, na verdade, possui um grande nível de atenção, porém, não consegue sustentar sua atenção em uma única coisa. No vídeo ainda é indicado uma região do cérebro, o tálamo, que possui o papel de filtrar as informações sensoriais.
A palestrante ainda explicou a importância do diagnóstico, posto que mediante este será possível adequar o tratamento para minimizar os sintomas do TDAH no cotidiano do indivíduo portador deste transtorno, vez que é uma condição biológica que o acompanhará por toda vida.
Em suma, a convidada apresentou um tema extremamente importante, relevante e que pode atingir os profissionais da psicologia em geral para alcançar diversos pacientes que se sentem deprimidos por não possuírem a atenção que lhes são cobradas no ambiente de trabalho, familiar ou socialmente. Aquilo que muitas vezes é chamado de preguiça pela sociedade pode ser, na verdade, um transtorno que a pessoa que sofre sequer tem conhecimento e necessita de tratamento psicológico.
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Simpósio aborda Avaliação Psicológica no Contexto Forense
Estão abertas as inscrições para o 3° Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica, que acontece no próximo dia 25 de maio, nas dependências do Centro Universitário Luterano de Palmas – CEULP/ULBRA. O evento é aberto a acadêmicos, egressos e profissionais da área, e têm o intuito de abordar as nuances da aplicação da avaliação psicológica nos mais diversos contextos de atuação do profissional de psicologia.
As vagas são limitadas, e as inscrições para o evento devem ser realizadas por meio do site: https://ulbra-to.br:8051/sig/extensao/acoes/629/detalhes/. A inscrição dá acesso a mesa redonda, 1 (uma) oficina, ao momento cultural e a palestra de encerramento. A programação do evento terá início às 08h da manhã, com o credenciamento, a ser realizado no Hall do auditório central. Às 9h da manhã no auditório central ocorrerá a mesa redonda que abordará os “Métodos e Técnicas da Avaliação Psicológica”.
Às 14h serão realizadas oficinas, com temáticas que permeiam a Avaliação Psicológica, dentre elas a oficina de “Avaliação Psicológica no Contexto Forense: Um Olhar para Crianças e Adolescentes Vítimas de Violência”. A oficina contará com mediação da psicóloga Janinne Costa Rodrigues (CRP 23/1861)
A oficina apresentará as nuances da avaliação psicológica aplicada na área forense, voltada para crianças e adolescentes vítimas de violência. Importante na atuação do psicólogo, a avaliação psicológica é definida como “processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas” (CFP, 2018). No contexto forense o profissional de psicologia pode colaborar com seus métodos e técnicas para melhor compreensão de casos que tramitam no judiciário.
De acordo com Chianca e Amorim-Gaudêncio (2019) é fundamental ressaltar que o processo de avaliação psicológica no contexto forense se desenvolve de uma forma específica desde a chegada da demanda, a condução do caso, o tempo disponível para avaliação, os objetivos, entre outras particularidades inerentes a esse tipo de avaliação. O objetivo da avaliação psicológica forense não está voltado para um diagnóstico ou embasamento para tratamento clínico, mas prioriza dar respaldo às demandas legais, respondendo processos solicitados pelo poder judiciário (GUILLAND; LABIAK; CRUZ, 2021).
A oficina será realizada na sala 221, no dia 25 de maio de 2022, o evento contará ainda com momento cultural às 17h e palestra de encerramento às 19h.
Referências
CHIANCA, Lizandra Leiva de Lima; AMORIM-GAUDêNCIO, Carmen. A participação do setor psicossocial em processos de guarda e interdição judicial. In: JURÍDICA, Associação Brasileira de Psicologia. Cadernos de Psicologia Jurídica : Psicologia na prática jurídica. São Luís: Associação Brasileira de Psicologia Jurídica Uniceuma, 2019. p. 220. Disponível em: http://www.abpj.org.br/downloads/8d630e36afd6c80f898b84a222598dd6.pdf. Acesso em: 16 maio 2022.
GUILLAND, Romilda; LABIAK, Fernanda Pereira; CRUZ, Roberto Moraes. Avaliação psicológica de crianças vítimas de violência nas Varas Criminal e Infância e Juventude. Revista Plural: Avaliação psicológica, Florianópolis, v. 3, n. 2, p. 6-18, dez. 2021. Disponível em: https://crpsc.org.br/ckfinder/userfiles/files/Revista%20Plural_v1_n3_dezembro_2021_ok.pdf. Acesso em: 15 maio 2022.
Resolução N° 009, de 25 de abril de 2018 Estabelece diretrizes para a realização de Avaliação Psicológica no exercício profissional da psicóloga e do psicólogo, regulamenta o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos – SATEPSI e revoga as Resoluções n° 002/2003, n° 006/2004 e n° 005/2012 e Notas Técnicas n° 01/2017 e 02/2017. Brasília, DF: Conselho Federal de Psicologia. Disponível em: https://satepsi.cfp.org.br/docs/ResolucaoCFP009-18.pdf. Acesso em: 15 maio 2022
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3º Simpósio de Avaliação Psicológica conta com oficina de Avaliação psicológica e o SUS
12 de maio de 2022 Beatriz Maranhão dos Santos
Mural
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No dia 25 de maio acontece o 3 simpósio de avaliação psicológica, que terá como seu local de encontro a Universidade Luterana de Palmas.
Como parte do simpósio acontecerá oficinas voltadas para diferentes contextos da avaliação psicológica, sendo um deles a oficina: Avaliação psicológica e o SUS . O evento contará com a presença da psicóloga e egressa do SUS Lisandra Maciel de Sá, especialista em neuropsicologia, pelo instituto de pós-graduação-IPOG ,também residente em saúde da família e comunidade no município de Palmas-TO. A oficina em questão será ministrada na sala 207 do bloco 4 (prédio do CEULP/ULBRA) com previsão de início às 14hs da tarde.
O tema Avaliação psicológica e o SUS, tem entrado em evidência, pela busca de uma psicologia que vá além de uma profissão liberal, trazendo novas discussões da psicologia com outros campos de atuação e de conhecimento . Nesse sentido, de acordo com CFP(2019) a relação entre a Psicologia e a saúde no âmbito da Atenção Básica (AB) é profundamente nova; é uma área em formação, seja por cronologia— a portaria que define a atuação do Núcleo de Saúde da Família (NASF) foi publicada em 20082 — seja por assentar um modo efetivamente diferente de entender o lugar da(o) psicóloga(o) e sua relação com o trabalho.
Fonte: Arquivo Pessoal
A lógica curativo-individualista ainda deixa psicólogas(os) impotentes frente às expectativas de gestores, equipes multiprofissionais e usuários de receberem uma postura clínica de escuta protegida e individual, como atesta Perrella (2015), Leite, Andrade e Bosi (2013), Alexandre e Romagnoli (2017). Os currículos das graduações de Psicologia por muitas vezes não têm contribuído para a superação dessas dificuldades. Na pesquisa feita pelo CREPOP, os respondentes identificaram os vazios curriculares quanto à inserção do profissional da Psicologia nas políticas públicas e em especial na saúde coletiva, o que traz desafios a serem enfrentados no contexto da atenção básica do SUS, (CREPOP, 2019)
Diante a tal contexto para acadêmicos de psicologia e profissionais da área, este evento se faz importante, proporcionando uma imersão de novos conhecimentos práticos, ao saber da avaliação psicológica e o SUS, identificando as possíveis formas de atuação. Ao abranger o olhar para novas oportunidades, a oficina trará a relação que o campo da psicologia estabelece com a saúde coletiva, mostrando as construções do saber ao se pensar em um cuidado integral em saúde. Refletindo as relações teóricas e éticas na atuação da avaliação psicológica, sua ligação com o SUS e sobre as possibilidades de fazer psicologia nesse contexto.
O simpósio também contará com Palestra de abertura e fechamento, mesas redondas, oficinas de avaliação psicológica e apresentações culturais. No dia 25 de maio de 2022 das 8h às 19h. As inscrições podem ser realizadas através do link.
REFERÊNCIA
Conselho Federal de Psicologia (Brasil). Referências técnicas para atuação de psicólogas(os) na atenção básica à saúde / Conselho Federal de Psicologia, Conselhos Regionais de Psicologia e Centro de Referência Técnica em Psicologia e Políticas Públicas. 2. ed. Brasília : CFP, 2019. Disponivel em <https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2019/11/CFP_atencaoBasica-2.pdf> acesso em 06 de maio de 2022.
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Dra. Ana Beatriz Dupré é convidada do 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica
No dia 25/05 o 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica irá contar com a psicóloga Ana Beatriz Dupré
O 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica contará com uma mesa redonda como abertura do evento, tendo como convidadas as psicólogas Ana Beatriz Dupré Silva e Keila Barros Moreira, e a psicóloga Ruth Prado Cabral como mediadora. O tema a ser abordado é “Métodos e Técnicas da Avaliação Psicológica”.
Através da estagiária Giovanna Gomes, foi feita uma entrevista para o (En)Cena com a psicóloga Ana Beatriz Dupré, psicóloga que será uma das duas convidadas a participarem da mesa redonda do 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica. Como uma forma de aproximar os inscritos dos convidados, a psicóloga respondeu algumas perguntas do (En)Cena.
Ao ser perguntada sobre a sua área e tempo de atuação, a psicóloga respondeu:
“Sou psicóloga Analista do Comportamento, Acreditada pela ABPMC (012/2018), com Doutorado em Ciências do Comportamento, Mestre em Psicologia, com Formação em Terapia Comportamental e Especialista em Avaliação Psicológica”.
A Psicologia é minha segunda formação; a primeira é Administração de Empresas. Em Psicologia estou formada há 24 anos e tenho atuado em clínica e na docência.”
Ao falar sobre como é a caracterização da avaliação psicológica no país, ela referencia a resolução Nº 9, de 25 de Abril de 2018 publicada pelo Conselho Federal de Psicologia, que diz:
“Art. 1º – Avaliação Psicológica é definida como um processo estruturado de investigação de fenômenos psicológicos, composto de métodos, técnicas e instrumentos, com o objetivo de prover informações à tomada de decisão, no âmbito individual, grupal ou institucional, com base em demandas, condições e finalidades específicas.”
Acervo da entrevistada
Ela pontua também:
“A partir destas Diretrizes e de outros documentos publicados pelo CFP, nota-se que a atuação do profissional segue certos critérios que devem ser resguardados, tanto com relação aos procedimentos, quanto com relação aos cuidados com seu preparo para atuação.”
Ao ser perguntada sobre como é realizada a avaliação psicológica na prática de trabalho atual, novamente a psicóloga Ana Beatriz pontua os quesitos que são inerentes a uma avaliação, pois a mesma já tem a definição apresentada em forma de diretrizes:
A Avaliação é uma investigação que parte de uma demanda (e ao final, deve dizer algo sobre essa demanda, dando encaminhamentos, num dos vários tipos de documentos que o profissional de psicologia pode emitir);
Essa investigação vai partir dos estudos que compõem os materiais da Psicologia, os quais o profissional pode pesquisar a qualquer momento mas, espera-se, que já façam parte dos materiais estudados ao longo do tempo pelo profissional, afinal, a formação é contínua e não pode ser negligenciada;
A partir destes pontos o profissional vai levantar algumas hipóteses sobre o que está acontecendo na situação a partir que será avaliada (que não necessariamente será de uma única pessoa), escolhendo a(s) forma(s) como vai levantar as informações necessárias para poder se manifestar;
Essas escolhas vão levar a escolhas como a de se vai ou não usar testes psicológicos ou outros materiais e essas escolhas serão influenciadas por muitas variáveis;
Daí parte-se para o levantamento dos dados, a análise desses dados e, posteriormente a integração desses resultados, a ponto de se poder falar algo daquela demanda, fazendo encaminhamentos.
“Então, em minha prática, de forma geral, sigo esses passos.
Também foi dessa forma que procurei ensinar os discentes que fizeram disciplina comigo desse tema, sempre enfatizando questões éticas, a necessidade de não perder de vista a pessoa em si e se preocupar muito com a produção do documento e sua entrega, que podem gerar um impacto muito grande na vida da pessoa.”
Sobre existir algum aspecto da avaliação psicológica da qual ela considera mais importante de ser praticado com habilidade e/ou cautela, a psicóloga responde:
“Acho que tudo que tentei passar até agora é de suma importância. Mas pensando do lado do profissional que faz a avaliação, acredito que o mais importante é que entenda que o documento que ele produzir vai ter muito impacto e que, por isso, ele precisa fazer tudo com cuidado, responsabilidade e muito estudo.”
Dentro da avaliação psicológica, existe sempre uma divergência entre a utilização ou não de testes. Por conta disso, foi levantada a pergunta entre a relação de vantagem e desvantagem da não utilização de testes, e ela respondeu:
“Não gosto de colocar as coisas nestes termos. Se eu considerar apenas a minha abordagem, a observação da pessoa em várias situações daria conta de responder muito. Mas tudo é importante e são muitas variáveis que interferem nas decisões. Às vezes o profissional gostaria de um teste para avaliar certo aspecto mas não há um disponível para a faixa etária do avaliando, e ele terá que arrumar uma forma para investigar o que está sendo solicitado. Então, o mais importante é o profissional se preocupar em avaliar. Gosto muito da combinação das duas formas, principalmente porque o teste acaba corroborando com o que você observa, dando força para o documento final.”
Existe sempre a expectativa de que a avaliação psicológica deve fornecer respostas ou hipóteses de uma forma diretiva. Em relação a isso, Ana Beatriz responde:
“A ideia é que, ao final do processo, o profissional consiga elementos que descrevam e expliquem o que foi demandado, dando encaminhamentos para ajudar na situação. A avaliação pode ser um momento para uma linha de base, ou um momento inicial antes de intervenção, ou pode ser um momento de acompanhamento de intervenções que estão ocorrendo. Em cada um desses casos, ao final, o profissional produzirá documentos diferentes.”
No final da entrevista, foi feito o seguinte questionamento: Que competências um psicólogo necessita para realizar avaliação psicológica?. Do qual a nossa psicóloga entrevistada respondeu:
“Ser ético, ser bom ouvinte, ser bom observador, ser estudioso, ser criativo, escrever bem, pois produzirá muitos documentos.”
No dia 25 de Maio (25/05) ocorrerá o 3º Simpósio Tocantinense de Avaliação Psicológica. O evento, que irá durar o dia todo, contará com uma mesa redonda, oficinas, apresentação cultural e uma palestra de encerramento. O simpósio terá como pauta os diversos aspectos da avaliação psicológica, como oficinas sobre a avaliação psicológica para manuseio de armas de fogo, pré e pós-operatório da cirurgia bariátrica, e incluindo também oficinas que englobam os aspectos das avaliações neuropsicológicas em diferentes contextos.
O evento irá ocorrer presencialmente, no prédio do CEULP/ULBRA. Como realizadores do projeto, serão contadas as instituições: Serviço Escola de Psicologia (SEPSI), Laboratório de Medidas e Avaliação Psicológica (LAMAP), Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA), Educação Continuada, e o curso de Psicologia do CEULP/ULBRA. Além dessas instituições, será contado também o apoio do Conselho Regional de Psicologia do Tocantins, e da Psicotestes, loja que trabalha com a venda de materiais e testes psicológicos e neuropsicológicos.
Guarde essa data na sua agenda e venha aproveitar esse dia conosco! Logo serão lançadas mais informações, fique ligado no instagram do (En)cena (@encenasaudemental) e no instagram da Psicologia do CEULP/ULBRA (@psicologiaceulp) para saber mais sobre o cronograma do evento e as oficinas.
Para informações adicionais, entre em contato com o SEPSI pelo número: (63)3223-2016.
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A Neurologia por trás de “My Beautiful Broken Brain”
No documentário “My Beautiful Broken Brain” (2014) conhecemos a história da paciente Lotje Sodderland, 34 anos de idade, que sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico – o qual consiste no rompimento de um vaso sanguíneo, provocando sangramento no tecido cerebral e morte de células – que teve como causa uma malformação congênita nos vasos cerebrais – Consequentemente, a paciente adquiriu afasia de Broca, afasia expressiva caracterizada pela dificuldade em expressar o que se quer dizer, e apraxia da fala, ou seja, dificuldade em programar e planejar as sequências dos movimentos motores da fala, o que causa erros ao reproduzir os sons. Além disso, ela também adquiriu problemas na visão, especificamente na percepção de cores estranhas e rostos disformes.
Aprofundando-se neste tópico, um acidente vascular cerebral hemorrágico ocorre quando há um rompimento de um vaso cerebral, o que provoca sangramento, ou hemorragia, em certo ponto do sistema nervoso, tal fenômeno é indicado por sintomas como desmaios e convulsão. O AVC pode causar problemas em relação à comunicação se há dano decorrente desta condição nas partes do cérebro responsáveis pela linguagem, afetando a forma como se lê, fala, escreve e entende. Neste caso, são danosamente afetadas redes neuronais distribuídas em regiões corticais e subcorticais do hemisfério esquerdo, comumente o hemisfério dominante no que diz respeito à linguagem.
Destaca-se entre essas implicações a afasia de Broca, uma afasia motora cujos portadores têm dificuldade em encontrar palavras adequadas e, logo, de expressarem o que querem. A afasia de Broca é não fluente, o que significa que o paciente expressa poucas palavras, com um grande esforço em sua articulação. Embora o conteúdo verbal seja significativo, desenvolve-se dificultosamente. A paciente Lotje apresenta frases entrecortadas e incompletas, com uma nomeação pobre e compreensão deficiente de frases complexas. Vale frisar que a paciente é ciente de que tem a dificuldade na fala – um detalhe importante que diferencia a afasia de Broca de outros tipos de afasia – e por isso sofre frustração.
A área de Broca situa-se no hemisfério esquerdo (ou dominante) do cérebro. Situa-se acima e detrás do olho esquerdo, justo acima do sulco lateral e próxima à zona anterior do córtex responsável pelos movimentos do rosto e da boca. A principal função da área de Broca é a expressão da linguagem. É vinculada à produção da fala, o processamento da linguagem e o controle dos movimentos do rosto e da boca para articular as palavras.
Ao redor do sulco lateral do hemisfério esquerdo há uma espécie de circuito neural envolvido na compreensão e produção da linguagem falada, no final deste circuito está a área de Broca, associada com a produção da linguagem, e no outro extreme, no lóbulo temporal superior, se encontra a área de Wernick, associada com o processamento das palavras ouvidas. Enquanto esta última área seria uma entrada de linguagem, a primeira se consistira nas saídas, produção, expressão. As duas áreas são conectadas por um feixe de fibras nervosas, o fascículo arqueado, e a comunicação é bidirecional, ou seja, ambos enviam e recebem impulsos.
Considera-se que, quando se produzem as palavras, a área de Broca atua como intermediária entre a corteza temporal (que organiza a informação sensorial que chega) e a corteza motora (que leva a cabo os movimentos da boca). Assim sendo, a área de Broca coordena a transformação de informação através das redes corticais envolvidas na produção de palavras faladas. A figura abaixo mostra a proximidade das áreas supracitadas que, num cérebro saudável, possibilitam a boa expressão e compreensão da linguagem.
A paciente Lotje teve uma lesão nesta área de produção de linguagem, que, com suas conexões interrompidas ou profundamente deteriorada em virtude da hemorragia que afetou o fornecimento de sangue à área implicada, decresceu a uma fala pouco fluída, árdua e gramaticalmente incorreta, tendo problemas também com a leitura, embora a escritura, ao que nos parece, tenha sido conservada de alguma forma.
O comprometimento do córtex motor decorrente de lesões está relacionado não apenas com afasias, mas também com a apraxia. Em dada cena do documentário vemos Lotje ter dificuldade para inserir a chave na fechadura e destrancar a porta de sua antiga casa. Ela perdeu uma prévia habilidade motora, e isso é um exemplo de apraxia, condição neurológica cujo portador tem dificuldade, ou mesmo vê-se impossibilitado, em fazer certos movimentos embora seus músculos estejam normais.
Artigo originalmente publicado no site <https://comunidadepsi.com/>.
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CAOS 2020: Avaliação psicológica com crianças foi tema de minicurso
5 de novembro de 2020 Gilstéfany Oliveira
Notícias
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Na noite quarta-feira, dia quatro de novembro, teve início o minicurso ministrado remotamente pela Psicóloga Esp. Isabela Monticelli Fonseca Ribeiro com o título “A Avaliação Psicológica com Crianças”, parte da programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS 2020.
A Psicóloga Isabela Monticelli conduziu o minicurso com diversas provocações no intuito de gerar reflexão e discussão entre os participantes, iniciando com a fala de que a criança não é um mini adulto e por esta razão, deve-se compreender quem atendemos para realizar uma melhor Avaliação Psicológica. Seguem abaixo algumas questões provocadas no minicurso e suas respectivas respostas de acordo com a ministrante.
encurtador.com.br/desz5
Qual o conhecimento mais importante para avaliar uma criança? O conhecimento mais importante ao avaliar uma criança é sobre o desenvolvimento infantil, que engloba tanta a questão física, quanto neurológica, cognitiva, de linguagem, social, sociocognitivo/moral, emocional, de identidade e outros.
Qual a diferença entre a Avaliação Psicológica e a Neuropsicológica? Ressalta-se, primeiramente, que os dois tipos de procedimentos são técnico-científicos. Por um lado, a Avaliação Psicológica avaliará os aspectos de memória, atenção, função executiva, por exemplo, pautado em como isso é vivenciado pela criança. Já na Avaliação Neuropsicológica, verifica-se como estão operando todas as funções neurológicas e cognitivas.
encurtador.com.br/FIKMY
O que deve-se pensar primeiramente ao fazer a Avaliação Psicológica e a Avaliação Neuropsicológica e por onde começar? Deve-se pensar primeiramente no objetivo da avaliação e em quem está solicitando. A avaliação muda de acordo com o que se propõe a avaliar e é necessário observar se quem solicita é a escola, os pais ou se a demanda vem de outro profissional. Para começar a Avaliação Psicológica, inicia-se com a anamnese.
Quais informações coletar na Anamnese? Várias informações são coletas na anamnese e podemos citar algumas: se o filho foi desejado, se nasceu prematuro, se foi submetido a algum tipo de cirurgia, se mamou e por quanto tempo, se engatilhou e quanto tempo, se os pais vivem juntos ou separados, como é a relação da criança na escola, na família e com os amigos, além de várias outras informações.
É importante esclarecer para a criança sobre o motivo dela estar sendo avaliada? Sim. Realizando a comunicação de uma forma que a criança possa compreender, comunica-se o motivo pelo qual está realizando os procedimentos, as brincadeiras, as tarefas.
encurtador.com.br/absB9
A Avaliação Psicológica é realizada apenas com teste? Não. Existem outros meios além da testagem que envolvem a Avaliação Psicológica.
O que investigar além do problema/queixa? Procura-se investigar também as potencialidades da criança. Vindo para uma Avaliação Psicológica pode ocorrer o que a Psicóloga Isabela Monticelli chama de “diagnóstico caseiro”, isto é, o que falam sobre a criança de forma pejorativa. Nesse sentido, a avaliação tem de investigar também as potencialidades daquele indivíduo, pois a queixa e os problemas tragos ao consultório não significam um resumo da criança.
encurtador.com.br/aCJT9
Com essas e outras questões, promoveu-se um espaço de interação e aprendizado entre os participantes. Essa edição do CAOS, inteiramente de forma remota, tem como tema “Psicologia e Profissão: a avaliação psicológica em destaque”. A programação conta com palestras, mesas redondas, minicursos e sessões técnicas. Mais informações podem ser obtidas no site do evento.
Diagnóstico, do grego diagnõstikós, quer dizer “discernimento, faculdade de conhecer, de ver através de” (ARAÚJO, 2007, p. 127). O modo como este conceito vem sendo empregado atualmente, caracteriza-se por uma investigação aprofundada, executada com o intuito de compreender dados fenômenos, mediante um conjunto de processos teóricos, técnicos e metodológicos. Na Psicologia, as práticas de diagnóstico e avaliação psicológica até hoje são parte essencial na construção e estabelecimento da identidade profissional do psicólogo (ARAÚJO, 2007).
A avaliação psicológica é uma prática restrita à psicólogos que exige um planejamento prévio e meticuloso. Esta é definida como um procedimento estruturado de averiguação de fenômenos psicológicos, constituído por métodos, técnicas e instrumentos, com a finalidade de fornecer informações à seleção de uma alternativa, no contexto individual, grupal ou institucional, baseado em demandas, circunstâncias e desígnios específicos (CFP, 2018).
Atualmente, a avaliação psicológica é largamente utilizada em diversos contextos e em cada área de conhecimento, metodologias específicas são exigidas. Dentre os copiosos campos em que sua realização é possível, destaca-se o campo da neuropsicologia.
A neuropsicologia explora, nos âmbitos científico, clínico e aplicado, o arranjo cerebral dos processos cognitivos-comportamentais e suas mutações na existência de lesões ou disfunções cerebrais (ARDILA; ROSSELLI, 2007). As áreas clínica e aplicada abarcam a intervenção neuropsicológica, incluindo os processos de avaliação e reabilitação neuropsicológicas (PAWLOWSKI, 2011).
Fonte: encurtador.com.br/gpJ89
A avaliação neuropsicológica pode ser considerada uma importante ferramenta para o exame das funções cognitivas e executivas e é indicada em qualquer caso onde haja suspeita de uma disfunção cognitiva ou comportamental de fonte neurológica. Seu principal propósito é o diagnóstico, planejamento e encaminhamento de formas mais apropriadas de tratamento e intervenção (PAWLOWSKI, 2011).
Além do aporte teórico sobre a neuropsicologia, Malloy-Diniz et al. (2010) apontam que o conhecimento acerca da psicometria também é necessário em um processo avaliativo, visto que instrumentos e testes padronizados são capazes de – e utilizados para – mensurar as variáveis psicológicas. Todavia, vale ressaltar que o processo de avaliação neuropsicológica não faz uso somente de testes. Este é composto, também, por métodos e técnicas que vão além das testagens e seus resultados, tais como “a aplicação de técnicas de entrevistas, exames quantitativos e qualitativos das funções que compõem a cognição abrangendo processos de atenção, percepção, memória, linguagem e raciocínio” (MALLOY-DINIZ et al., 2010, p. 47)
A compreensão de todo o funcionamento cerebral, o conhecimento a respeito dos transtornos, assim como em relação as etiologias neurológicas e fatores genéticos, emocionais e teratogênicos, são imprescindíveis aos profissionais que atuam neste campo (ARGIMON; LOPES, 2017). Sendo assim, se faz importante que o psicólogo entenda sobre o funcionamento do Sistema Nervoso Central e suas funções, as implicações das alterações nas funções cognitivas e executivas, assim como acerca do funcionamento das áreas corticais e as interações estabelecidas entre tais. Além disso, o profissional deve estar atento às alterações comportamentais, uma vez que podem estar intimamente relacionadas à distúrbios neurológicos.
Outrossim, identificar os aspectos neurobiológicos disfuncionais/alterados nos clientes contribui para um diagnóstico mais preciso e para o traçar de um tratamento mais adequado e eficaz de acordo com a especificidade de cada caso. Através da avaliação neuropsicológica qualificada e do entendimento neurobiológico pode-se estabelecer quais funções, áreas ou sistemas cerebrais podem estar envolvidos e quais hipóteses diagnósticas podem ser feitas.
Fonte: encurtador.com.br/izINT
No presente, a neuropsicologia infantil, a qual tem por finalidade a identificação precoce de perturbações no desenvolvimento cognitivo e comportamental da criança, passou a ser uma das partes elementares das consultas habituais de saúde infantil. Costa et al. (2004, p. 112) ainda complementam que a contribuição da avaliação neuropsicológica infantil
é extensiva ao processo de ensino-aprendizagem, pois nos permite estabelecer algumas relações entre as funções corticais superiores, como a linguagem, a atenção e a memória, e a aprendizagem simbólica (conceitos, escrita, leitura, etc.). […] Ao fornecer subsídios para investigar a compreensão do funcionamento intelectual da criança, a neuropsicologia pode instrumentar diferentes profissionais, tais como médicos, psicólogos, fonoaudiólogos e psicopedagogos, promovendo uma intervenção terapêutica mais eficiente.
O conjunto de instrumentos viabiliza uma avaliação global das competências da criança, tal como dos obstáculos encontrados por ela em suas atividades rotineiras. Ainda quanto à avaliação em crianças, cabe salientar, entre alguns pontos, “o fato de o desenvolvimento cerebral ter características próprias a cada faixa etária” (COSTA et al., 2004, p. 112), o que torna a avaliação infantil um processo melindroso e desafiador para os profissionais, pois, frente ao padrão de funcionamento cerebral, é indispensável a estruturação dos atendimentos consoante ao processo maturacional do cérebro da criança, que ainda encontra-se em desenvolvimento (COSTA et al., 2004; MALLOY-DINIZ et al., 2010).
Argimon e Lopes (2017) assinalam que, ao se realizar uma avaliação neuropsicológica infantil, aspectos genéticos, neurobiológicos, familiares, educacionais, socioambientais e de estimulação, são substanciais para uma avaliação e intervenção de qualidade.
Ao se iniciar uma avaliação neuropsicológica infantil, então, é imprescindível buscar na história de vida da criança aspectos que possam auxiliar o processo avaliativo, como por exemplo, a presença de algum comprometimento cerebral. À vista disso, faz-se necessário iniciar-se esse processo através de uma entrevista de anamnese com os pais e/ou responsáveis, a fim de compreender, de forma mais profunda, os motivos impulsionadores da busca pelo atendimento e como se deu o desenvolvimento emocional, motor e cognitivo da criança/adolescente, desde sua concepção até os dias atuais da mesma (CUNHA, 2000).
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Em concordância com o mencionado anteriormente, a avaliação neuropsicológica infantil não se limita apenas à aplicação de testes. Os momentos lúdicos detém um relevante papel para o estabelecimento do vínculo entre profissional-cliente (CUNHA, 2000), como também para a observação clínica que, segundo Ferreira (2004), viabiliza ao psicólogo a obtenção de dados a respeito dos aspectos desenvolvimentais, identificando os elementos esperados para determinada faixa etária, bem como àqueles que divergem destes, sobretudo acerca de suas funções cognitivas e executivas mediante sua interação e emissão de comportamentos.
Por se tratar de crianças/adolescentes, também é pertinente que o psicólogo conheça aspectos da vida escolar do cliente/paciente, fazendo ao menos uma visita na institucional de ensino em que o mesmo estuda, com intuito de conhecer o espaço em que o cliente estuda e levantar informações importantes sobre a vida escolar que possivelmente estejam relacionadas com a queixa. Se necessário, deve também buscar informações junto à demais profissionais que lidam com a criança.
Em suma, a avaliação neuropsicológica é recomendada em qualquer caso onde haja conjectura de uma dificuldade cognitiva ou comportamental de razão neurológica e permite o estabelecimento de relações entre funções corticais superiores e a aprendizagem simbólica. Ela pode assistir na identificação e intervenção de diversas disfunções neurológicas, problemas de desenvolvimento infantil, implicações psiquiátricas, alterações de conduta, entre outros (COSTA et al., 2004).
Vale ressaltar que o processo avaliativo não se trata de “rotular” ou “enquadrar” a criança como constituinte de “grupos problemáticos”, e sim de evitar que tais impasses impeçam o desenvolvimento sadio da criança.
Referências:
ARAÚJO, M. F. Estratégias de diagnóstico e avaliação psicológica. Psicologia: teoria e prática, v. 9, n. 2, p. 126-141, 2007.
ARDILA, A.; ROSSELLI, M. Neuropsicologia Clínica. México: Editorial El Manual Moderno, 2007.
ARGIMON, I. I. L.; LOPES, R. M. F. Avaliação Neuropsicológica Infantil: aspectos históricos, teóricos e técnicos. In: TISSER, L. et al. Avaliação neuropsicológica infantil. Novo Hamburgo: Sinopsys, 2017. p. 21-47.
CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP). Resolução CFP 009/2018. Brasília, D.F. 2018.
COSTA, D. I. et al. Avaliação neuropsicológica da criança. Jornal de Pediatria, v. 80, n. 2, p. 111-116, 2004.
CUNHA, J. A. Psicodiagnóstico – V. 5. ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
FERREIRA, V. R. T.; MOUSQUER, D. N. Observação em psicologia clínica. Revista de Psicologia da UNC, v. 2, n. 1, p. 54-61, 2004.
MALLOY-DINIZ et al. Avaliação neuropsicológica. Porto Alegre: Artmed, 2010.
PAWLOWSKI, J. Instrumento de avaliação neuropsicológica breve Neupsilin: evidências de validade de construto e de validade incremental à avaliação neurológica. Tese (Doutorado) – Curso de Psicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Sul, 2011.
PIRES, A. V.; MANERA, C. Avaliação psicológica. Rio Grande do Sul, 2011.