Avaliação Psicológica para Cirurgia Bariátrica

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A cirurgia bariátrica e metabólica, também conhecida como cirurgia da obesidade, ou popularmente, redução de estômago, reúne técnicas com respaldo científico, destinadas ao tratamento da obesidade mórbida e ou obesidade grave e das doenças associadas ao excesso de gordura corporal ou agravadas por ela. Inclusive, este tema será debatido durante o Simpósio de Avaliação Psicológica, que ocorre em 25 de maio no CEULP/Ulbra.

O tratamento da obesidade é multidisciplinar, e o psicólogo exerce um importante papel neste processo, e que será o responsável pela realização da avaliação psicológica. Por se tratar de uma cirurgia que implica em um impacto muito grande na anatomia do corpo do paciente e, consequentemente, em seu estado psicológico e emocional, é preciso um acompanhamento psicológico pré e pós-operatório da cirurgia bariátrica para o sucesso da intervenção.

A avaliação psicológica neste contexto é um processo técnico-científico que têm início com uma entrevista semiestruturada minuciosa, onde o profissional fará um levantamento psicossocial do indivíduo, e será indispensável compreender quais são as expectativas em relação à cirurgia, além das alterações no estilo de vida, motivos que o levaram a realizar a cirurgia, entender se o paciente está preparado e principalmente se compreendeu sobre todas as alterações que ocorrerão em sua vida e se poderá colocá-las em prática. Este  suporte serve para a compreensão de todos os aspectos envolvidos, decorrentes do pré-cirúrgico e pós-cirúrgicos, para a aquisição de uma melhor qualidade de vida a longo prazo para o indivíduo.

Fonte: encurtador.com.br/blG45

É de extrema importância a aplicação de testes psicológicos para complementar todo o levantamento de informações realizado na entrevista, pois confere uma dimensão objetiva em relação ao estado psicológico do candidato.

Um dos principais objetivos da avaliação psicológica é a de proporcionar a compreensão das mudanças necessárias em relação ao período pós-operatório do paciente bariátrico, aumentando assim as chances de sucesso da cirurgia. A avaliação é imprescindível nesse processo, pois o paciente deve ter total segurança na tomada de decisões em relação ao processo, seja ele de realização imediata ou futura, ou na não realização.

Ao final do processo é feito um documento (laudo) que deve ser entregue ao paciente para que junto com seu médico avalie o melhor momento para a realização da cirurgia ou a opção da não realização.

 

REFERÊNCIAS

ALBERT EINSTEIN. OBESIDADE. Disponível em: https://www.einstein.br/doencas-sintomas/obesidade. Acesso em: 07/05/2022.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA. A Cirurgia Bariátrica. Disponível em: https://www.sbcbm.org.br/a-cirurgia-bariatrica/. Acesso em: 07/05/2022.

MUNDO PSICOLOGIA. Avaliação Psicológica para Cirurgia Bariátrica. Disponível em: https://www.mundopsicologia.com.br/avaliacao-psicologica-para-cirurgia-bariatrica-contra-obesidade-e-compulsao-alimentar. Acesso em: 07/05/2022.

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Como a cirurgia bariátrica mudou minha vida?

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Mestre em computação e mãe, professora do CEULP/ULBRA partilha sua vivência pré e pós-cirurgia.

Madianita Bogo Marioti, 47 anos, graduada em Tecnologia em Processamento de Dados, especialista em Informática para Aplicações Empresariais e mestre em Ciências da Computação, partilhou com as acadêmicas de Psicologia sobre sua decisão pela cirurgia, as mudanças que essa escolheu gerou e conselhos para os que pretendem encarar esse processo.

Fonte: Arquivo Pessoal

En(cena) – A obesidade vem crescendo de forma alarmante no Brasil e em todo o mundo. A cirurgia bariátrica é utilizada para o emagrecimento, o resgate da saúde e melhoria da qualidade de vida, no entanto, é um procedimento que apresenta riscos de complicações pós-operatórias nos aspectos biopsicossociais. Quando que você realizou a cirurgia? Foi um desejo seu ou uma indicação médica inicialmente?

Madianita – Eu fiz a cirurgia em 14 de janeiro de 2016, e alguns médicos já tinham sugerido que eu fizesse, principalmente o Endocrinologista. Mas eu decidi mesmo por uma questão de mobilidade porque eu sempre gostei muito de trilha, de andar em mato, cachoeira, e uma vez subindo na trilha da Cachoeira do Roncador, quando cheguei no último andar da escada eu achei que estava morrendo, eu realmente achei que estava tendo um infarto, meu peito ardeu demais. Nesse momento eu cheguei a conclusão de que eu precisava fazer algo, porque eu já tinha tentado várias dietas, mas aí eu emagrecia 2 kg e engordava 4 kg, se eu emagrecia 5 kg depois engordava 10 kg. Então foi uma decisão mais por saúde mesmo, para me sentir bem, mesmo com as indicações médicas anteriores, a decisão final foi minha.

En(cena) – As pesquisas e vivências individuais destacam a importância da preparação pré operatória na cirurgia bariátrica, por equipe multidisciplinar, bem como delimitam esta equipe com os mais variados profissionais. Como foi a atuação da equipe e a sua relação com esses profissionais?

Madianita – Eu fiz tudo certinho igual o médico mandou, fiz acompanhamento com fisioterapeuta, nutricionista, fiz todas as sessões do psicólogo. E esses acompanhamentos foram fundamentais, fez com que tudo fosse tranquilo, eu tive um pós-operatório muito tranquilo, eu não sofri como eu vi que muita gente sofre. Então a minha relação com essa preparação foi uma questão de segurança pessoal mesmo, eu não queria fazer a cirurgia sem ter certeza que eu estava preparada para aquilo. Eu vejo muita gente “pirando”, já tive relatos de um grupo que eu estou de gente que sofreu muito na fase “da líquida”, que se trancava no quarto chorando, e é comum eles falarem que foram no psicólogo somente uma sessão, receberam o laudo e foram embora. Então eu creio que fazer essa preparação, entender o que te espera, entender que esse pós-operatório é passageiro, que as coisas que “a gente sofre” são passageiras, é importante, e sozinho, só com leitura, é muito difícil conseguir isso.

Fonte: encurtador.com.br/elty0

En(cena) – Sabendo da importância do acompanhamento psicológico durante todo o processo de preparação e recuperação do paciente, como foi sua experiência com o profissional da Psicologia que estava inserido na equipe multidisciplinar?

Madianita – A minha relação com a psicóloga eu creio que foi de sucesso, eu me senti a vontade de conversar tudo com ela, de falar tudo com ela. Ela me deu apoio de certa forma nos momentos que dá uma certa insegurança e incerteza. Eu creio que ela foi importante tanto no pré, como no pós-operatório. E eu emagreci mais de cinquenta quilos, depois da cirurgia eu engravidei, tive meu filho, veio a pandemia e eu sou uma pessoa ansiosa, acabei me descuidando, e engordei vinte quilos. Não me arrependo de ter feito a cirurgia, não perdi a cirurgia porque eu ainda continuo mais de trinta quilos a menos do que eu tinha antes da cirurgia. Então assim, eu percebi que esse engordar aconteceu depois que eu parei o meu tratamento com a psicóloga. Hoje eu estou tentando me coordenar pra ver se eu consigo voltar ao tratamento, porque eu acho que ele foi fundamental, ela foi muito fundamental, tanto pra eu me sentir preparada pra fazer a cirurgia, no pós-operatório, como pra eu ter me mantido muito bem por muito tempo. Eu me mantive bem magra por um bom tempo. Só que aí logo eu engravidei (um ano e pouco depois da cirurgia), me mantive magra a gravidez inteira, mas estava fazendo o apoio psicológico durante a gravidez inteira. Eu comecei a engordar meu filho já estava com quase um ano, depois de quatro a cinco meses que eu tinha parado de amamentar que eu comecei a engordar, e eu atribuo muito esse meu descontrole à falta de acompanhamento psicológico. É importante que fique claro para quem vai fazer a cirurgia quanto é imprescindível fazer o tratamento psicológico depois, e quem chega a engordar o que eu engordei por ansiedade, a cirurgia não opera a cabeça, ela opera o estômago para ajudar a emagrecer aquilo que é difícil sozinho. Mas para manter, tem que ser um acompanhamento psicológico pro resto da vida, e faz diferença.

En(cena) Levando em conta toda a pressão estética presente em nossa sociedade, juntamente com seus padrões, é possível dizer que você sofre as consequências disso? Se sim, quais?

Madianita – Ser muito gorda no nível que eu estava, atrapalhava independente de padrões sociais/estéticos. Não era uma coisa que moldava a minha vida. Eu e meu marido sempre tivemos uma relação de muito amor, de muito carinho, mesmo quando eu estava muito gorda ele nunca demonstrou sentir vergonha ou não sentir desejo por mim, então eu não tinha grandes problemas em relação a convivência pessoal, por exemplo, eu usava maiô jogando vôlei com meus alunos. Então essa parte estética, de não viver por ser gorda, que eu vejo que muita gente tem, eu não tinha. Mas é lógico que eu tive meus momentos, que eu queria estar mais magra, principalmente quando eu ia comprar uma roupa. Eu brinco que a gente só achava capinha de bujão de gás colorida. Eu gosto de roupa preta, eu gosto muito de cores, mas eu não gosto muito de estampas, e eu falava que gordo só acha estampa. Então assim, tinha essa pressão estética um pouco, mas eu creio que em relação a isso eu era até bem tranquila. Era mais em momentos esporádicos que eu sentia essa pressão. Em relação ao pós-cirúrgico, apesar de ter engordado um pouco, eu não me sinto tão pressionada com essa questão estética, nesse ponto eu sou bem “cabeça de gelo”. Aí você me pergunta “mas se você é tão cabeça de gelo porque fez a bariátrica?” Porque realmente eu já estava num nível que eu tinha medo de morrer a qualquer momento, de infarto, eu tinha problema de subir escadas. Coisas que eu gostava de fazer no dia a dia estavam ficando difíceis pra mim. Então esse foi o meu grande motivador. Por mais que emagrecer, tenha me proporcionado poder escolher roupa e não a roupa me escolher, e eu ter ficado vaidosa, isso aí acabou alterando outros fatores. Então eu analiso que meu grande motivador foi o viver melhor, e não a pressão estética.

Fonte: encurtador.com.br/pCHX4

En(cena) – Avaliando o contexto cirúrgico pelo qual você passou, como pode ser descrita a influência desse processo na sua vida tanto antes quanto agora no pós, houve muitas mudanças? Quais foram elas?

Madianita – No pré-operatório, em termos da cirurgia em si, o medo de morrer, o medo de não dar certo eu nunca tive. Eu sou aquele tipo de pessoa que eu acho se dá certo pra noventa e oito por cento em termos de perigo de risco cirúrgico porque que vai dar errado comigo? Então não me afetou tanto essa questão. Eu estava bem tranquila até porque como eu falei na primeira resposta, eu fiz todo o procedimento certinho, eu procurei todos os profissionais, eu não pulei nenhuma etapa, eu fiz todos os exames, eu tinha muito medo do pós-cirúrgico. Meu problema no pré era o medo do pós. As pessoas falavam que passava mal naqueles quinze dias de dieta líquida, sofriam muito e choravam. Eu li histórias de pessoas que comeram sólidos e quase morreram ou morreram. Então o que me preocupava era o pós. Tirando isso, foi tudo muito tranquilo até porque o pré-operatório é muito corrido, a gente tem que fazer muita coisa, não dá muito tempo de “pirar” não. A mudança depois do pós-cirúrgico foi principalmente o me sentir bem. Eu tinha enxaquecas terríveis e isso diminuiu drasticamente, minhas TPMs, eu ainda tenho TPM, mas elas eram piores, eu pude voltar a fazer as coisas que eu gostava, melhorei a locomoção. Então assim, em termos de saúde, de me sentir bem, minha vida deu uma volta de cento e oitenta graus. Mudou a relação com o meu corpo, o próprio desejo sexual mudou um pouco, a minha vaidade. Então teve muita coisa boa, por mais que eu não tenha feito com motivação estética, eu estaria mentindo se falasse que isso não afetou positivamente minha vida. No pós-cirúrgico, eu engravidei, coisa que eu teria muita dificuldade por conta do ovário policístico, então mudou muita coisa na minha vida, positivamente, creio eu por causa da cirurgia.

En(cena) – Como você percebe suas relações interpessoais antes e após a bariátrica?

Madianita – Ser gorda não me afetava em termos de convivência social, não me afetava em relação a ter vergonha. Eu sempre conversei com todo mundo. Onde eu andava, eu conversava com todo mundo, fazia amizade com todo mundo. Eu dava aula tranquila, eu ia pra praia, colocava maiô, me divertia. Então quanto a relacionamentos interpessoais acho que não mudou muito minha vida, pelo fato de eu ter emagrecido com a bariátrica. Por mais que eu me sinta um pouco mais segura, me sinto mais bonita quando eu me arrumo. Quando eu ia para as formaturas e tinha que fazer um discurso, eu me senti melhor subindo no palco estando mais magra, podendo estar com uma roupa mais alinhada. Fora isso, eu continuo muito eu e muito do mesmo jeito que eu sempre fui.

En(cena) – O que você diria para as pessoas que pretendem passar por esse processo?

Madianita – Bom, para as pessoas que pretendem passar por esse processo, a primeira coisa que eu digo é, caso não exista nenhum impeditivo real, faça. Porque em termos de saúde de se sentir bem, melhorou da água pro vinho, como melhora também a aparência. Mais uma coisa que eu digo, faça tudo que o médico manda no pré-operatório, faça todas as terapias possíveis, não aceite se algum profissional falar que te dá o laudo antes do tempo, e algumas pessoas ficam felizes com isso. Então, é importante essa fase de amadurecimento da cirurgia, e depois da cirurgia continuar com o acompanhamento nutricional e psicológico. Enquanto eu estava indo na psicóloga direitinho eu me mantive magra, até mais do que eu queria. E quem chega a engordar a ponto de fazer uma bariátrica, normalmente são pessoas ansiosas, que descontam suas frustrações na comida e isso não vai mudar. Então assim, eu não me arrependo, não acho que eu perdi mesmo engordando os vinte quilos, mas eu engordei exatamente porque eu descuidei e deixei de ir nos profissionais que me acompanhavam. Hoje em dia eu voltei pra nutricionista, já eliminei três quilos, agora eu quero voltar para o psicólogo, porque é o único tratamento que consegue auxiliar na questão da ansiedade, pelo menos para mim.

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Como a cirurgia bariátrica mudou minha vida?… Professor compartilha sua experiência

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En(Cena) entrevista o Prof. Me. Rodrigo Teixeira

Rodrigo Antonio Magalhães Teixeira, 42 anos, Historiador e Bacharel em Direito, Especialista em História do Brasil e em Educação de Jovens e Adultos integrada a Educação Profissional. Mestre em Educação Profissional. O professor compartilhou com as acadêmicas Ana Laura e Isabela a sua vivência de 4 anos atrás sobre a realização da cirurgia bariátrica, e o impacto dessa decisão nos aspectos biopsicossociais da sua vida.

Fonte: Arquivo Pessoal

En(cena)A obesidade vem crescendo de forma alarmante no Brasil e em todo o mundo. A cirurgia bariátrica é utilizada para o emagrecimento, o resgate da saúde e melhoria da qualidade de vida, no entanto, é um procedimento que apresenta riscos de complicações pós-operatórias nos aspectos biopsicossociais. Quando que você realizou a cirurgia? Foi um desejo seu ou uma indicação médica inicialmente?

Rodrigo – Primeiramente eu gostaria de agradecer por estar participando desta entrevista. Em relação ao primeiro questionamento, eu fiz a cirurgia há 4 anos exatos, e quanto a questão de ser um desejo ou uma indicação médica, foi realmente uma questão médica. Eu passei por 13 especialistas, e todos eles indicaram a cirurgia bariátrica. E essas indicações foram calcadas em dados científicos, eu estava praticamente com todas as taxas alteradas, estava pré-diabético, já tinha sofrido um infarto aos 33 anos, hoje eu estou com 42, então eu realmente possuía uma série de comorbidades.

En(cena)As pesquisas e vivências individuais destacam a importância da preparação pré operatória na cirurgia bariátrica, por equipe multidisciplinar, bem como delimitam esta equipe com os mais variados profissionais. Como foi a atuação da equipe e a sua relação com esses profissionais?

Rodrigo – A equipe foi impecável, todos, psicólogos que eu fui, gastroenterologista, tive que ir em hematologista para fazer a questão de riscos cirúrgicos, e todos eles foram extremamente cuidadosos, acolhedores, souberam muito bem conduzir a questão. E todos foram unânimes quanto à questão da necessidade de eu me submeter ao procedimento.

En(cena)Sabendo da importância do acompanhamento psicológico durante todo o processo de preparação e recuperação do paciente, como foi sua experiência com o profissional da Psicologia que estava inserido na equipe multidisciplinar?

Rodrigo – A psicóloga que me acompanhou se chamava Bárbara, ela teve todo um cuidado, aplicou diversos testes, teve um zelo muito grande em todo o processo. Inclusive explicou a questão dos riscos, principalmente psicologicamente falando, sobre a relação com a comida, a relação do que temos por prazer. Enfim, houve um cuidado muito grande, e eu sou muito grato porque foi indispensável na época.

Fonte: encurtador.com.br/iuQW4

En(cena)Levando em conta toda a pressão estética presente em nossa sociedade, juntamente com seus padrões, é possível dizer que você como homem também sofre as consequências disso? Se sim, quais?

Rodrigo – Sim, eu faço parte de um corpo, de uma sociedade onde a questão da estética tem um peso, mas pra mim o que realmente pesou foi a questão da saúde, que como eu citei na primeira questão, as taxas alteradas, a mobilidade já estava bem reduzida, com dificuldade inclusive para o emagrecimento, não conseguia fazer isso com aquilo que nós temos como regular. Se eu pudesse mensurar a questão das consequências, por exemplo as roupas, eu não escolhia minhas roupas, as roupas me escolhiam, então ao ter que adquirir uma determinada peça sempre me deixava em uma situação constrangedora.

En(cena)Avaliando o contexto cirúrgico pelo qual você passou, como pode ser descrita a influência desse processo na sua vida tanto antes quanto agora no pós, houve muitas mudanças? Quais foram elas?

Rodrigo – Se for parar para fazer um balanço, houve mudanças? Sim, muitas. Uma das mais perceptíveis foi a questão da autoestima, foi algo notório, hoje eu me sinto bem comigo mesmo, me sinto bem no meio no qual eu estou, mas também eu tive uma alteração no humor, eu era aparentemente uma pessoa mais alegre mais aberta e eu fiquei mais fechado, mais calado, então isso eu posso mensurar como uma mudança. No fim das contas as mudanças foram mais positivas do que negativas, mas como exemplo negativo, eu desenvolvi uma intolerância a sacarose e tenho síndrome de dumping (ocasionada pela passagem rápida do estômago para o intestino, de alimentos com grandes concentrações de gordura e/ou açúcares, em pacientes submetidos a cirurgias gástricas, como a bariátrica e metabólica, como resultado da alteração anatômica do estômago).

Fonte: encurtador.com.br/vGJMR

En(cena)Como você percebe suas relações interpessoais antes e após a bariátrica?

Rodrigo – Bom, quanto às relações interpessoais, o meu núcleo familiar e as pessoas mais próximas relatam as mudanças na questão do humor, nas relações secundárias (amigos, colegas) não houve nenhuma alteração drástica. Não que eu tenha ficado mal-humorado, mas sim que eu fiquei mais sério na questão dos posicionamentos.

En(cena)O que você diria para as pessoas que pretendem passar por esse processo

Rodrigo – Essa questão é bem complexa, porque eu acredito que cada pessoa quando chega, como eu cheguei também a esta fase, essa decisão de se submeter a uma cirurgia bariátrica é porque certamente já passou por outros processos, então assim, a grosso modo o que eu posso dizer é que cada um deve ser juiz de si mesmo. Mas hoje se eu tivesse a oportunidade de tentar outra coisa, outra possibilidade para não fazer a bariátrica, eu tentaria. Porque é uma cirurgia invasiva, hoje eu tenho que tomar vitaminas todos os dias, exige de mim um cuidado com a questão da alimentação, a questão do dumping, então assim, não é cem por cento, melhorou muito, mas aquela ideia de que “meus problemas acabaram, eu não vou ter que fazer mais nada, vai ser uma mágica” isso não existe. Hoje eu estou num processo de lutar contra o reganho, pois sempre existe um reganho, e estou fazendo Funcional e cuidando da alimentação.

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Psicóloga fala sobre o processo de avaliação psicológica no pré-cirúrgico

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En(Cena) entrevista a psicóloga Geovanna Gomes

Geovanna Gomes, 24 anos, egressa do curso de Psicologia do CEULP/ULBRA, atualmente atuante na área da Avaliação Psicológica e Neuropsicológica e pós-graduanda em Neuropsicologia.

Nessa entrevista, Geovanna esclareceu dúvidas sobre o processo de avaliação dos pacientes pré-cirúrgicos, a partir de sua vasta experiência nesta área, uma paixão que começou enquanto ainda estava na graduação.

Fonte: Arquivo Pessoal

(En)Cena – A Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM) divulgou dados sobre cirurgia no Brasil. Em 2019 foram realizados 68.530 procedimentos, – 7% a mais do que em 2018 quando foram feitas 63.969 cirurgias. Tendo em vista a complexidade que é a decisão de realizar a cirurgia bariátrica a aplicação de testes psicológicos serve para complementar todo o levantamento de informações realizado na entrevista clínica e é de extrema importância, pois confere uma dimensão objetiva em relação ao estado psicológico do candidato. Sendo assim, como você define o processo de avaliação psicológica? 

Geovanna – A avaliação psicológica é um processo feito apenas por psicólogos e abrange alguns instrumentos, métodos e técnicas na sua realização. Primeiramente tem a anamnese, sempre inicia uma avaliação psicológica fazendo a anamnese no candidato, geralmente o número de sessões de anamnese varia de acordo com a complexidade de cada caso, então a gente faz um levantamento sobre a vida do paciente sobre os motivos dele, o caminhar do paciente até o momento da decisão de realizar o processo cirúrgico. É geralmente uma entrevista semiestruturada que dá ao paciente uma maior liberdade para poder falar sobre seus sentimentos, motivos, etc. Depois de passar por esse processo de anamnese que já é um trabalho de vínculo com o paciente, ele precisa confiar na gente, ter uma boa ligação entre profissional e paciente, para que se sinta confortável durante todo o restante da avaliação, e minimizar ao máximo os sintomas ansiogênicos. Passamos então para o processo de aplicação de instrumentos, onde tem algumas escolhas não padronizadas (atividades que não tem um estudo científico estatístico e são utilizadas mesmo assim porque nos traz uma análise qualitativa) então quando é feita uma avaliação pensa-se tanto na parte quantitativa quanto na parte qualitativa onde entra a anamnese, observação clínica e essas outras atividades e instrumentos. Isso nos dá uma visão e uma amplitude, melhora a nossa análise dentro da avaliação. Eu costumo dizer que a avaliação tem esse tripé que é o que o paciente me traz, o que a família do paciente traz pois é muito importante ter também esse contato com a família do paciente, o que eu observo do paciente e o que os testes vão me dizer, e a observação em relação ao paciente inclui: postura, o que está sendo observado na aplicação dos testes. como o paciente está respondendo aos testes como ele se comporta na anamnese, como que é esse relacionamento familiar (pai, mãe, irmãos, esposo) porque é importante essa rede de apoio para o paciente pós cirurgia. Após todo esse processo descrito, é pedido um prazo para o paciente para que o documento seja produzido e tenha os resultados estruturados, quando o laudo psicológico é finalizado acontece uma explicação dos resultados para o paciente, onde será verificado se ele está apto ou não, geralmente eu não costumo escrever diretamente essa questão de aptidão pois acredito que tenha um peso muito grande, e o trabalho sempre é realizado em conjunto com médicos e outras profissionais, o que exige um parecer deles também. Por fim, sempre buscamos orientar o paciente que apresentou algum sintoma que discorde do necessário para a realização da cirurgia, sempre orientamos a busca do acompanhamento psiquiátrico e psicoterapêutico. Assim, posso dizer que o mais importante dessa avaliação nem sempre é o processo em si, mas sim o momento da devolutiva onde é realizada toda a orientação, ajudando o paciente que ainda não mostrar coragem suficiente ou alguma dúvida, então sempre focamos muito no processo de orientação e na devolutiva do laudo.

Fonte: encurtador.com.br/jvzFK

(En)Cena – Pensando na gama de sentimentos e emoções que o paciente provavelmente estará sentindo em todo o processo de preparação, quais são os aspectos principais e mais importantes a serem avaliados nos testes e nas observações comportamentais?

Geovanna – Hoje em dia nós temos vários testes que nos possibilitam ter um norte sobre aspectos da personalidade, emocionais, comportamentais e cognitivos também de modo geral, e isso é muito bom pensando que essas ações fazem parte da nossa cognição. Eu acho muito importante sempre iniciar com um teste de inteligência e raciocínio para saber se o paciente está lúcido e consciente de uma forma cognitiva sobre a decisão que está tomando. Outra questão a ser avaliada é a questão da percepção, ou seja, se o paciente não tem nenhuma alteração relacionada a percepção visual, observar se ele tem alguma alteração de distorção da realidade, se está consciente do que está passando e se percebe o que está vivendo. Já no quesito de personalidade é possível avaliar tendência depressiva, transtornos ansiosos, mudança de humor, baixa autoestima, baixa motivação, desesperança. Esses aspectos são muito importantes, porque às vezes o paciente está empolgado naquele momento, mas é uma pessoa facilmente afetada por frustrações, isso já se torna um indicativo, então é necessário que o paciente esteja preparado para o pós-cirúrgico. Os sintomas de obsessão e compulsão também devem ser avaliados para entender se há uma compulsão alimentar ou até às vezes pensamentos obsessivos ou algum tipo de delírio.

(En)CenaPor ser um processo delicado e irreversível precisa ser muito bem avaliado e detalhado, em média, quantas sessões são necessárias para concluir a avaliação?

Geovanna – Hoje o processo avaliativo precisa levar em consideração tudo o que já foi pontuado anteriormente, geralmente são necessárias de duas a três sessões de anamnese para poder entrevistar o paciente, a família e/ou rede de apoio e as pessoas mais próximas. Depois os testes que variam em média de cinco a seis sessões, e também a sessão de entrega do laudo que leva de duas a três sessões. Tudo depende muito do quanto o paciente vai querer falar, às vezes ele pode chorar, ficar emocionado, então o acolhimento também deve ser realizado. Sendo assim, no total temos uma média de oito a doze sessões, e o número varia de paciente para paciente.

Fonte: encurtador.com.br/aovR7

(En)CenaSabe-se que é necessária uma equipe interdisciplinar para a preparação do paciente, nesse sentido, qual a importância de um profissional da psicologia envolvido nesse acompanhamento até o momento da cirurgia?

Geovanna – Todo profissional é importante nesse processo, mas eu acredito que o profissional da psicologia tem um peso em cima disso porque o paciente é sempre muito carregado de traumas e problemas emocionais, ansiedade ou depressão e também julgamentos, isso tudo acaba influenciando muito no pós-cirúrgico. Assim o profissional da psicologia vem justamente para isso, trabalhar autoconfiança, segurança, auto imagem, auto cuidado, tudo isso são ferramentas importantes e a gente busca trabalhar justamente isso fazendo com que o paciente tenha estratégias e mecanismos para enfrentar as próprias batalhas, tendo força e resiliência para isso. Não é possível mostrar o exato caminho para o paciente, mas podemos dar as ferramentas para que o paciente escolha, porque no final das contas independente por quais profissionais ele passe a responsabilidade e a decisão final sempre vai ser do paciente e a gente está justamente para orientá-lo nesse processo. O acompanhamento precisa ser feito tanto antes e precisa continuar sendo feito após a cirurgia porque o acompanhamento no processo pré-cirúrgico e a aptidão apontada pelos testes não anula o fato de que algo possa acontecer no processo pós-cirúrgico, muitas vezes ele pode se frustrar ou ter uma quebra de expectativa, então mesmo que todos os profissionais acompanhem esse paciente antes da cirurgia é importante que ele continue fazendo o acompanhamento no pós-cirúrgico, nós iremos ajudá-lo a enfrentar seus traumas e julgamentos sofridos ou a sensação de insuficiência  e até mesmo a baixa autoestima, não podemos deixar de trabalhar com o paciente essa criatividade relacionada ao que fazer e como reagir caso algo acontecesse, ou caso aconteça algo que não seja como esperado sempre trazendo a realidade da situação pois será um processo complicado no pós cirúrgico e ele precisa ter em mentes essas diversas situações e até mesmo lidar com o fato de que o emagrecimento não acontece de forma tão rápida mas sempre ressaltando que  existem formas de passar por isso de forma saudável e com acompanhamento adequado.

(En)CenaVocê já experienciou, após o acompanhamento pré cirúrgico, algum caso do paciente se arrepender de ter realizado a cirurgia? Se sim, quais foram as motivações para essa decisão?

Geovanna – Eu nunca presenciei um paciente que tenha se arrependido de ter realizado a cirurgia, o que eu já presenciei foi o caso de uma paciente que fez o  acompanhamento psicológico antes da cirurgia, teve um processo pós-cirúrgico muito bom e de boa recuperação e estava indo muito bem, porém aconteceu a situação onde ela conseguiu realizar a cirurgia e ter abandonado todos os tratamentos, faltando a psicoterapia e deixando de fazer o acompanhamento com nutricionista e psiquiatra, deixou de usar as medicações por conta própria e isso trouxe um descontrole emocional para ela, voltou a comer de forma compulsiva e então começou a voltar com o quadro de aumento de peso  até que ela conseguiu voltar do tratamento então assim houve essa oscilação mas porque a paciente ela negligenciou o  tratamento pós-cirúrgico.

Fonte: encurtador.com.br/koCSY

(En)CenaAo longo desses anos no processo de avaliação psicológica, já ocorreu de algum paciente fazer todo o processo avaliativo e optar por não realizar a cirurgia pois percebeu que não era aquilo que realmente queria?

Geovanna – Nunca aconteceu nas minhas experiências de o paciente ser apto e depois mudar a opinião para a cirurgia bariátrica passando processo de avaliação psicológica.

(En)CenaQuais são os critérios avaliativos que deixariam o paciente inapto para a realização da cirurgia? 

Geovanna – Todos os critérios avaliativos são importantes, porém quando se trata de inaptidão é importante avaliar quesitos como inteligência abaixo da média, é necessário que haja uma investigação pois ocorre o questionamento sobre o fato de que o paciente pode estar tomando essa decisão com responsabilidade e se sabe tomar as próprias decisões. A questão emocional também é muito importante, flexibilidade cognitiva onde o paciente tem dificuldade a se adaptar a novas situações tendo assim um comportamento muito rígido, e todas as sintomatologias relacionadas a ansiedade, imediatismo, depressão e também compulsão, tudo deve ser bem avaliado e investigado.

(En)CenaVocê acredita que os padrões de beleza e a pressão estética que existe em nossa sociedade são os principais fatores que levam a maioria dos pacientes a buscar pelo procedimento? Caso contrário, quais outros fatores têm uma forte influência nessa decisão? 

Geovanna – De uma forma geral é possível dizer que sim, e na maioria das vezes os julgamentos acabam acontecendo por pessoas muito próximas, e sempre é necessário investigar se o paciente tem consciência de que a escolha pelo processo cirúrgico tem relação a pressão estética e padrões de beleza ou não. Existem pacientes que reconhecem e expõe o fato de que a busca pelo processo cirúrgico realmente é em função de padrões estéticos, mas o fator de saúde é muito importante e várias vezes o paciente já está muito debilitado e com diversas limitações, o que acaba influenciado, mas também se voltando para a questão estética.

 

REFERÊNCIA

SBCBM. SBCBM divulga números e pede participação popular para cobertura da cirurgia metabólica pelos planos de saúde. São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.sbcbm.org.br/sbcbm-divulga-numeros-e-pede-participacao-popular-para-cobertura-da-cirurgia-metabolica-pelos-planos-de-saude/. Acesso em: 07 out 2021.

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Meu filho doente no SUS: uma história de gratidão

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Eu tive várias experiências com o Sistema Único de Saúde (SUS), algumas ruins outras boas, mas quero relatar sobre a melhor de todas que tive até hoje em minha vida. Tive o  meu primeiro filho com 15 anos, e ele nasceu com pneumonia (pelo fato de não ter esôfago. Engoliu a urina que fez dentro da barriga e foi direto para o pulmão), devido a esse fato foi transferido para o hospital Dona Regina de Palmas –TO, e lá ele faz vários exames e raio-X,  para verificar a proporção da pneumonia, só que foi nesse momento que o médico descobriu que ele havia nascido com Atresia Total de Esôfago.

E foi aí que começou nossas frequentes estadias e idas ao hospital. Ficou internado na U.T.I. desse mesmo local por 26 dias, e com apenas quatro dias de vida precisou passar por sua primeira cirurgia, para começar a se alimentar. Foi feita a cirurgia na qual, o médico fez uma pequena abertura (buraco) no pescoço para que a saliva tivesse por sair (para não cair direto no pulmão), e colocado uma sonda na barriguinha dele para que pudesse alimentar-se por ela.

Fonte: https://msdmnls.co/2ljqY6M

Durante esses 26 dias tivemos todo o apoio dos médicos da U.T.I., do médico cirurgião pediátrico, do quadro de enfermeiros, nutricionista, psicólogas. Tinha uma base fortalecedora muito boa, em todos os âmbitos, um auxilio e um apoio por parte dessa equipe muito grande. Porém depois da alta, tínhamos que voltar no Hospital Dona Regina de 15 em 15 dias para fazer novos exames, para consultas pediátricas e consultas com o médico cirurgião. Esse processo quinzenal durou em média 4 meses, depois o período foi de 30 em 30 dias.

Quando o meu pequeno completou 1 ano e 6 meses, fomos avisados que ele iria partir para a segunda etapa do processo (de fazer um esôfago), ficamos internados antes da intervenção cirúrgica no hospital por duas semanas, para que todos exames fossem feitos, as dietas nutricionais adequadas fossem seguidas. Após todo protocolo seguidofoi realizada a segunda cirurgia, na qual o médico (fantástico) usou parte do intestino do meu filho e fez o esôfago, segundo ele foram feitas quatro emendas para que esse intestino se “transformasse” em esôfago. Porém a pequena abertura no pescoço agora eram duas, uma continuava sendo para a saída da saliva, e outra, a nova era o novo esôfago que estava preso ali, se ele vomitasse sairia por esse nova abertura (buraco), ele continuou com a sonda. Em meio a tudo isso, foram feitas duas dissecações de veias para que não fosse preciso fura-lo tantas vezes para passar o soro e os medicamentos.

Fui muito bem orientada sobre essas novas intervenções cirúrgicas, como deveria agir caso ele vomitasse (foi o que mais aconteceu). Foram longos anos nesse segundo processo, muitas idas e vindas ao hospital, consultas e exames a cada 30 dias, sem interrupções, mas sempre muito bem assistida pelo SUS. A última intervenção cirúrgica foi realizada dia 19 de abril de 2009, mas antes disso ficamos novamente internados no hospital para fazer os cabíveis procedimentos pré cirúrgicos. Em um desses momentos de “pegar” veia para colocar soro, teve um dia de muito sofrimento para todos, incluindo as enfermeiras do setor, ele foi furado 22 vezes, chorava tanto que no final já não mais forças, e só pedia para minha mãe orar pra Deus ajudar que desse certo. Muitas enfermeiras já estavam chorando junto conosco nesse momento difícil, mas deu certo.

Fonte: https://bit.ly/2JQVsf9

Então dia 19 de abril ele foi operado pela última vez, Hospital Dona Regina, todas as cirurgias demoravam por volta de quatro horas e meia, porém essa demorou um pouco mais, eram horas e horas de espera por algum tipo de notícia, mas ela não vinha. Quando veio, foi dizendo que ele seria encaminhado às pressas para a U.T.I. do Hospital Geral de Palmas (HGP), foi um grande susto, mas novamente tivemos um grande apoio em todos os aspectos, não foi fácil, mas deu certo. Para nossa surpresa não foi tirada a sonda como imaginamos, ele continuava lá, e continuou por algum tempo.  Ele precisava ficar sedado por dez dias, porque estava todo entubado, respirando por aparelhos, e era tão pequeninho ainda, não tinha nem 4 aninhos.

Assim começou as sedações na U.T.I. do H.G.P., ele ficou quietinho por dois dias, depois começou a se mexer, e a dose do sedativo foi tendo que ser aumentada cada vez, e não estava resolvendo, até que um dia eu chego no horário da visita (em U.T.I., não podia todo o tempo, ele dormia “sozinho”) ele estava com a mãozinhas e os pés amarrados, porque havia tentado tirar os tubos e os aparelhos que estavam ligados a ele.

A noite então o médico cirurgião (o mesmo sempre) me incumbiu de mais uma decisão difícil, segundo ele não poderia aumentar mais nenhuma gota do sedativo, pois ele já estava tomando dose de um adulto, e ele era apenas um “bebê”, ou tirava o sedativo e eu convencia esse bebê de três anos e poucos a ficar quietinho, sem mexer em nada que estava de estranho em seu corpo, pois se tirasse algum aparelho poderia morrer, ou continuar com o sedativo que poderia mata-lo. Claro escolhi pela retirado do sedativo, mas ele não ficou quieto, e tentava todo tempo tirar os aparelhos que lhe davam a sobrevivência.

Como previsto ele não ficou quieto, cheguei no outro dia e ele estava novamente amarrado, fiquei muito desesperada, as enfermeiras tentaram me acalmar, mas foi em vão. Mas um milagre aconteceu, ele ficou super quietinho, pois meu pai por telefone prometeu-lhe um cavalo quando ele saísse do hospital. Para nossa surpresa fomos transferidos novamente para o Dona Regina antes do esperado, devida a rápida recuperação que ele teve depois que tirou o sedativo e os aparelhos.

Fonte: https://bit.ly/2K6mw9s

Voltamos, e lá ele ficou em um quarto separado, por alguns dias, depois fomos transferidos, para o quarto comum, mas ele pegou infecção hospitalar duas vezes, depois dessa transferência. Fomos novamente isolados em um quarto sozinhos e restringiram o contato, somente eu e minha mãe. A cirurgia que já tinha mais de 20 dias foi aberta no pescoço, devida uma das infecções, voltou a tomar vários medicamentos, e médico ia vê-lo duas ou três vezes ao dia. Foi um processo de uma semana muito longo, pareceu até mais, porém o médico achou melhor libera-lo, para que não pegasse mais nenhuma infecção hospitalar, mesmo com o pescoço aberto. Em meio todo esse processo ele ainda se alimentava por sonda.

Fomos para caso com vários tipos de medicamentos, em vários horários, o médico nos disse a seguinte frase “ele tem até um mês para se recuperar, e esse buraquinho no pescoço se fechar, ou senão teremos que fazer todo o processo novamente, desde o primeiro, e ele possivelmente não resistirá, antes ele era bem gordinho, hoje ele está bem magrinho”. Então fizemos nossa parte em casa e com 30 dias retornamos ao hospital, e o buraquinho havia fechado. Mas o médico então nos deu uma nova tarefa, “Vocês tem que faze-lo comer em 45 dias e retornem aqui dia 20 de setembro, pra eu ver ele comer pela boca.”

Durante esses dias íamos duas vezes na semana na fonoaudióloga, que o SUS nos disponibilizou, para auxiliar nesse processo, porém ele não obteve avanço com ela. Então paramos de ir e ficamos de casa tentando, minha mãe conseguiu fazer ele comer. Voltamos no médico dia 20 de setembro (no dia que ele completou 4 anos), e então ele disse que ele estava comendo bem pela boca, mas que iria continuar com a sonda até o próximo retorno com 30 dias, retornamos após esses dias e então a sonda enfim foi retirada.

Fonte: https://bit.ly/2K4gKFm

Ele precisou fazer dilatações de esôfago por três vezes, fizemos todas disponibilizados pelo SUS, em Goiânia no Hospital das Clínicas. Essas dilatações tem o risco de estourar todas as intervenções cirúrgicas que ele já fez até hoje, mas é obrigatório faze-las, para que ele possa comer com mais facilidade. Pois o seu novo esôfago é como se fosse um canudo, não tem contração, não tem fechamento, é sempre um tubo liso. Devido esse fato ele tem refluxo desde antes dos 2 anos e terá para sempre.

Até hoje fazemos o acompanhamento com esse médico que operou desde a primeira vez, porém hoje com um espaço de tempo bem maior, nos últimos 4 anos, foram visitas anuais. Muito obrigada Deus, muito obrigada SUS, muito obrigada Dr. Renato.

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Sexualidade trans e identidade de gênero

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Nota: Relato de Experiência elaborado como parte das atividades da disciplina de Antropologia do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, sob supervisão do prof. Sonielson Sousa.

Recente Psicologia em Debate discorreu sobre Sexualidade trans e identidade de gênero, a partir de pesquisa realizada pela acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra Fernanda Bonfim. O transgênero é o indivíduo que não se identifica com seu sexo biológico. A identidade seria, neste caso, de como essa pessoa se vê, se sente, se percebe e é percebida.

Os transgêneros podem ser homossexuais ou heterossexuais. São considerados homossexuais quando se relacionam com o mesmo gênero de sua escolha de identidade (quando uma pessoa é biologicamente mulher, mas sua identidade de gênero é homem e este se relaciona com um homem). E são transgêneros heterossexuais quando se relacionam com o sexo oposto a sua identidade de escolha (quando uma pessoa biologicamente é mulher, com identidade de gênero sendo de homem e se relaciona com uma mulher). É possível observar a manifestação da transgeneridade bem cedo na vida de um sujeito, através das escolhas que essa pessoa faz por suas roupas, seus interesses e desejos por temas e objetos que seriam “comuns” ao sexo biológico oposto ao seu.

Fonte: http://zip.net/bbtKMx

A cirurgia para adaptar o corpo é realizada depois que um diagnóstico é fechado por vários profissionais, que incluem psiquiatras, psicólogos, entre outros. No Brasil, o Sistema Único de Saúde, pela portaria Nº 457, autoriza que a partir dos 18 anos de idade a pessoa pode dar início ao tratamento para adequação de sexo, que dura dois anos, até que o diagnóstico seja concluído. Porém a cirurgia só pode ser realizada a partir dos 21 anos de idade (BRASIL, 2008). Até o ano de 1985 a homossexualidade era considerada um transtorno mental pelo Conselho Federal de Medicina, e no final dos anos 80 vários organizações iniciam um amplo processo de despatologização desta orientação, que passa a ser considerada dentro da diversidade humana.

Sampaio e Coelho (2013) ao citar Harper e Scneider (2003), afirmam ser este grupo marginalizado pela discriminação, violência sofrida principalmente em seu convívio familiar e social em algum momento, geralmente na adolescência, ao qual a pessoa se encontra em maior fragilidade, o que pode dificultar o acesso a educação, melhores vagas de emprego e moradia. A estimativa de vida para os transsexuais é de no máximo 35 anos de idade, pelas violências acometidas a eles, sendo que 20% dos crimes são cometidos contra jovens com menos de 18 anos. Somente 10% dos crimes viram processo e 31% das vítimas são alvejadas com arma de fogo.

Fonte: http://zip.net/bqtLSC

Algumas ponderações podem ser observadas a partir da palestra, sobretudo ao ter feito a analogia de “ser cristão e por isso preconceituoso”, “gays perseguidos por pessoas cristãs”. Como se, no fritar dos ovos, a culpa fosse de Cristo. Das duas uma, ou há ensinos errôneos sobre o que o Evangelho realmente ensina sobre ser cristão, ou ouvintes relapsos que dão sua própria interpretação. E, ainda, a soma dessas duas ações que criam generalizações de fontes interpretativas erradas. Se Jesus Cristo fosse preconceituoso, ele não teria estado no meio de todos os tipos de sujeitos – os marginalizados da época.

Em nenhum momento Jesus desprezou, julgou, condenou ou incitou algum tipo de violência a quem quer que seja. Aliás, Ele acolhia, recebia e era recebido por pessoas que também eram desprezadas ou criticadas. Jesus confrontou “os seus”, os escribas e fariseus, como diz o texto em Jo1:11, “Veio para o que era seu e os seus não o receberam.” Se Jesus se apresentasse na contemporaneidade, é com estas pessoas que ele estaria.

REFERÊNCIA:

BÍBLIA. Português. Bíblia On-line. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf/jo/1>. Acesso em: 06 jun. 2017.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cirurgias de Mudança de Sexo são Realizadas pelo SUS desde 2008. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/03/cirurgias-de-mudanca-de-sexo-sao-realizadas-pelo-sus-desde-2008>. Acesso em: 05 jun. 2017.

SAMPAIO, Liliana Lopes Pedral; COELHO, Maria AThereza Ávila Dantas. A TRANSEXUALIDADE NA ATUALIDADE: DISCURSO CIENTÍFICO, POLÍTICO E HISTÓRIAS DE VIDA. Ufba, Bahia, v. 1, n. 1, p.1-12, 13 jun. 2013.

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A espetacularização e o culto ao corpo na contemporaneidade

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A época em que vivemos caracteriza-se por uma sociedade cujos integrantes, em parte, estão bastante preocupados com seus corpos. Para sentir-se bem, é necessário ter o padrão de beleza considerado bonito e ideal. Os valores que antes eram importantes para a construção da identidade do indivíduo, são agora substituídos por padrões estéticos. Não é preciso mais ter cultura, ideologias, crenças, se você tiver um rosto perfeito, um cabelo bonito e um corpo escultural, é possível observar o deslocamento da moral. Caracterizamos aqui a personalidade somática do nosso tempo.

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O documentário “Tabu: cirurgias Plásticas” apresenta-nos ações praticadas pelos indivíduos na busca desse ideal de beleza. Quando falamos em atingir uma identidade corporal, falamos em “Bioascese”. É grande o número de pessoas que não estão satisfeitas com seus corpos, e que, portanto, estão fazendo tudo para alcançar o “corpo ideal social”, aderindo a cirurgias plásticas, rotinas de academia intensas, dietas rigorosas, produtos de estéticas, enfim, estilos de vida que possam propiciar um padrão aceitável para a sociedade homogeneizada.

Ter uma boa aparência se tornou sinônimo de sucesso social. Aqueles indivíduos que não se enquadram nesse novo e “único” modelo de vida passam a ser e sentirem-se excluídos e inferiorizados pela “massa dominante”. É importante destacar que no decorrer desse processo de adequação social estético, o núcleo da identidade do indivíduo vai sendo atingido e deteriorado cada vez mais. A preocupação em ser aceito é tão grande, que todas as outras faces que poderiam ser desenvolvidas e melhoradas são deixadas de lado, desinvestidas literalmente.

As consequências do ideal de corpo perfeito sobre a autoestima e a autoimagem dos indivíduos

Entende-se por autoestima, a auto-aceitação ou auto-rejeição que o ser tem de sua própria imagem. A autoimagem pode ser descrita como a percepção que o indivíduo tem sobre ele mesmo, e sobre os retornos referentes aos seus sentimentos e ações nas relações interpessoais por ele estabelecidas. (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010).

A aparência pessoal está intimamente ligada com a satisfação ou insatisfação da pessoa. Quando existe a satisfação com a aparência, a pessoa se gosta, se aceita, e ela só quer manter a sua auto-estima e auto-imagem, consequentemente a sua qualidade de vida. Quando existe insatisfação, a pessoa busca incansavelmente recursos da estética e nunca está contente com ela mesma, quando deveria tratar o seu interior. Nos dois casos, tanto da satisfação quanto da insatisfação pessoal, a pessoa busca pelos recursos da estética. (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010, p.1)

Diante disso, nota-se a importância de se ter uma boa aparência na sociedade atual, já que além de estar interligada à uma boa auto-imagem e consequente auto-estima, também tem sido um dos fatores facilitadores no estabelecimento de novas relações sociais.Buscando então um corpo ideal e uma imagem satisfatória, muitos indivíduos se submetem a procedimentos cirúrgicos estéticos, à utilização de cosméticos e a prática de exercícios pesados em academias (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010).

É válido ressaltar ainda a relação existe entre a auto-estima e autoconfiança, já que quanto maior for a autoestima da pessoa, maior será também a confiança que ela vai ter ao tomar suas próprias decisões. (FLORIANI, MARCANTE, BRAGGIO, 2010).  Depreende-se então que na contemporaneidade, há uma busca por um corpo mais embelezado, decorrente da supervalorização de determinados padrões de beleza, estabelecidos pela própria sociedade. (SAMPAIO, FERREIRA, 2009).

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Fonte: http://migre.me/vpQ6u

O capitulo “O espetáculo do ringue: o esporte e a potencialização de eficientes corporais” do livro Corpos Mutantes, apresenta informações sobre a potencialização e a grande expansão do uso da imagem como fenômeno de conquista de vários objetivos, dentre eles os esportes corporais como o boxe, o MMA e esportes fisiculturistas. É evidente que atletas precisam e utilizam do seu corpo como objeto para conquistas de competições e de campeonato, consequentemente eles utilizam de varias técnicas para o aperfeiçoamento da condição física, estética e funcional do corpo. No texto escrito por Claudio Ricardo e Silvana Vilodre “O espetáculo do ringue: o esporte e a potencialização de eficiente corporais” é retratado um pouco da história, bem como o desenrolar desse processo de potencialização corporal.

Há diferença na potencialização do corpo entre os atletas e pessoas amadoras. Os atletas buscam solidificação e resistência corporal, a fim de ter maior capacidade física, por exemplo, de levantar pesos, correr, saltar, entre outras modalidades, eles buscam apresentar maior condição física para executar os esportes com maior eficiência e qualidade. Já as pessoas amadoras buscam a prática de esporte como a musculação, apenas para um fim estético, raramente com exceções objetivando a saúde e o bem-estar. Portanto o desempenho e os ganhos entre as duas características são diferentes.

Dentro dessas performances afirma-se que “ainda que apanhar, bater e resistir, sejam atitudes vinculadas ao aprendizado pessoal do lutador e ao seu repertorio corporal, a preparação de seu corpo passa, também pela apropriação de conhecimentos tecnológicos e do nível de cientificização do seu treino” (NUNES, GOELLNER, 2007). Há portanto, um aprendizado corporal e significativo para a conduta do atleta, tanto dentro do ringue como fora dele. Esta preparação é capaz de mostrar ao atleta a capacidade de conseguir sofrer lesões; maior capacidade de suportar dores recorrentes de lesões devido ao grande esforço nos treinamentos; capacidade de adquirir maior resistência física, corporal e também psicológica; capacidade lhe dar com a pressão do esporte, do treinador, das dores constantes, do campeonato, do seu adversário.

Na construção muscular é apresentado diversas técnicas de aprimoramento no ganho de força e resistência física, objetivando a construção corporal do atleta lhe dando uma “identidade” como é o atleta dentro do esporte, se é forte o bastante para vencer uma possível lutar, a genialidade de utilização de técnicas, golpes, se seu corpo é tão esteticamente perfeito afim de intimidação, que se certa forma ele consiga “ostentar” com sua capacidade física, motora, técnica e corporal de atleta. Afirmam também que o confronto visual dos atletas antes da luta gera e expressam nos atletas atributos como força, concentração, fibra, coragem e destemor, sentimentos que na realidade eles precisam para conseguir derrotar o oponente e vencer a luta.

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Fonte: http://migre.me/vpPLQ

 O consumismo vem sendo uma marca registrada em todo o mundo, onde para ter o corpo desejado é preciso gastar com academias, suplementos, esteróides anabolizantes, personal trainner entre outros. O capítulo “o espetáculo do ringue: o esporte e a potencialização de eficientes corporais”, tem como ponto de partida a forma como as pessoas se percebem em meio às outras:

A potencialização do corpo está na forma como percebemos nossas eficiências e deficiências mensuradas na contemporaneidade, através de nossa anatomia e contornos corporais. Julgamos a nós mesmos a partir de um referente corporal cuja  expressão primeira aproxima – se da potência, da jovialidade, da produtividade […] que marca os corpos a partir das performances cada vez mais aproximadas, demarcando sua aparição como um espetáculo a atrair e prender sobre si o olhar do outro. (NUNES, GOELLNER, 2007) 

Observa–se atualmente uma grande espetacularização do corpo, em prol da saúde, beleza ou por uma questão social. A mídia é um dos fatores sociais que vem exercendo grande influência na vida das pessoas, propagando um corpo a ser seguido e a ideia de que “somos o que aparentamos ser”.

Nota-se que na atualidade boa parte da juventude e adultos estão preocupados com a aparência física. Muitos passam a aderir a uma vida de alimentação saudável, frequentam academias e alguns usam o discurso que o faz em prol da saúde, mas na verdade seu objetivo real é o espetáculo do seu corpo. Esta espetacularização está presente em várias instâncias da vida das pessoas, como por exemplo nas redes sociais, como uma forma de propagação de seu desempenho.

Pensar, portanto, o esporte e a cultura física como instância sociais a produzir novas eficiências corporais significa analisar o quanto representações idealizadas de saúde, de beleza estética e de performance estão colaborando para designar, na atualidade, os corpos que não se ajustam a essas eficiências construídas por nossas culturas como sendo deficientes e, por consequência, hierarquicamente inferiorizados ante a expressão de tamanha perfectibilidade(NUNES, GOELLNER, 2007)

Diante de uma análise geral sobre o capítulo, sintetiza-se o seguinte: dois corpos que foram bastantes treinados, entram em uma disputa pelo espetáculo, espetáculo esse experimentado em forma de glória, que é proporcionado pela plateia.

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Fonte: http://migre.me/vpPYU

Os sujeitos fora do padrão de beleza dominante, são tachados como “doentes” mesmo que estejam em ótimas condições de saúde, apenas por terem outros tipos de beleza. A partir daí surgem os preconceitos, os desprezos, a falência da empatia, pelo outro que é diferente do resto. Toda essa compulsão por beleza traz sofrimento e frustração a todos nós. É triste perceber que de fato somos por “dentro” invisíveis, sendo o externo o que temos de mais importante e valorizado pelos outros.

REFERÊNCIAS:

Beleza, identidade e mercado. Psicol. rev. (Belo Horizonte) [online]. 2009, vol.15, n.1, pp. 120-140. ISSN 1677-1168. Acesso em: 08 set. 2016.

DANTAS, Jurema Barros. Um ensaio sobre o culto ao corpo na contemporaneidade. 2011. Disponível em: <http://www.revispsi.uerj.br/v11n3/artigos/pdf/v11n3a10.pdf>. Acesso em: 08 set. 2016.

FLORIANI, Flávia Monique; MARCANTE, Márgara Dayana da Silva; BRAGGIO, Laércio Antônio. Auto estima e auto imagem: A relação com a estética. 2010. Disponível em: <http://siaibib01.univali.br/pdf/FlaviaMoniqueFloriani,MárgaraDayanadaSilvaMarcante.pdf>. Acesso em: 08 set. 2016.

NUNES, Cláudia Ricardo Freitas; GOELLNER, Silvana Vilodre. O espetáculo do ringue: O esporte e a potencialização de eficiente corporais. In: SOUZA, Edvaldo. GOELLNER, Silvana Vilodre (Org.). Corpos mutantes: ensaios sobre novas (d)eficiências corporais. Porto Alegre: UFRGS, 2007. p. 55-71.

SANTOS, Verônica Moura; MEZZAROBA, Cristiano. A percepção da imagem corporal: algumas representações de corpo na juventude. 2013. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd182/a-percepcao-da-imagem-corporal-na-juventude.htm>. Acesso em: 08 set. 2016.

Tabu Brasil: Cirurgias Plásticas. Direção: Eduardo Rajabally. Coordenação de Produção: Luana Binta. National Geographic, 2013. 47’35. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=7N9wVtONEMY>. Acesso em: 24 mar. 2016.

Fontes da imagem: <http://migre.me/vpP8K>, <http://migre.me/vpP9Q>, <http://migre.me/vpPam>.

 

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As cirurgias plásticas que encantam e assustam

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Seios fartos, lábios carnudos, cintura fina acompanhada de uma barriga reta, pernas grossas e definidas, isso um pouco, aquilo muito e assim vão sendo as várias modificações feitas com cada vez mais frequência por pessoas com diferentes objetivos. Pensando em alcançar um nível de beleza padronizado pela sociedade atual, homens e mulheres de todas as idades, passam a utilizar as mais diversas alternativas ligadas às cirurgias plásticas.

 

A lipoaspiração colocou o Brasil em segundo lugar no ranking mundial de cirurgias plásticas estéticas em 2011. Os dados são da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética (Isaps) junto a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC), e outras entidades, cuja pesquisa listou os dez países com maior número de cirurgias plásticas do mundo. O Brasil, com 905.124 procedimentos, ficou atrás apenas dos Estados Unidos, que realizou 1.094.146 no mesmo ano. A pesquisa também mostra que o Brasil quase dobrou o número de cirurgias estéticas realizados nos últimos anos, com 97,2% de crescimento.

Segundo o membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, Ruben Penteado, uma das maiores preocupações dos cirurgiões é explicar à sociedade que o sucesso de uma cirurgia plástica também envolve a escolha de um profissional gabaritado. “Dados do Conselho Regional de Medicina de São Paulo, Cremesp, revelam que cerca de 97% dos médicos que respondem a processos éticos-profissionais relacionados a cirurgias plásticas e procedimentos estéticos, não possuem título de especialista na área”, diz o médico.

Ainda de acordo com Penteado, é muito importante prestar atenção às propagandas enganosas. A publicidade médica irregular é a infração mais recorrente nos processos analisados pelo Cremesp que envolvem a cirurgia plástica e os procedimentos estéticos. Esta prática abrange ações que vimos com freqüência como a exposição de pacientes (mostrando o “antes” e o “depois”), a divulgação de técnicas não reconhecidas e de procedimentos sem comprovação científica.

 

 

Nem sempre a busca pelas cirurgias plásticas segue pelos melhores caminhos, com procedimentos cirúrgicos realizados por profissionais qualificados, por isso cresce também o número de denúncias e casos referentes às inúmeras consequências negativas que uma cirurgia não realizada dentro dos padrões legais pode causar. A diretora técnica da Medicatriz Dermocosméticos, que é farmacêutica e pós-graduada no setor de cirurgia plástica da UNIFESP (SP), Dra. Sheila Gonçalves, falou sobre um dos produtos aplicados que recentemente deixou a atriz e apresentadora, Andressa Urach em estado grave de saúde, depois de aplicar um produto conhecido como hidrogem nas coxas.

“Diferente do implante de silicone, o hidrogel é aplicado diretamente no local e serve para preencher volumes no corpo. O corpo humano é feito para combater qualquer corpo estranho dentro do organismo e, no caso dela, provavelmente a grande quantidade de produto desencadeou o processo inflamatório”, enfatiza Sheila ressaltando que no caso de Andressa, a inflamação não foi decorrente de manuseio incorreto do produto na hora da aplicação, caso contrário ela teria sentido dores dias após o procedimento. O problema dela se deu ao longo do tempo. É um risco que pode acontecer com qualquer pessoa que utiliza o produto em exagero.

Mesmo sabendo dos bens físicos e mentais que uma cirurgia plástica pode trazer para a vida do ser humano é de total relevância que antes de realizar qualquer cirurgia, a pessoa busque se informar com profissionais qualificados, conhecidos no mercado, com boas indicações. As vezes pela ansiedade de mudar algo no corpo, pensando em melhorar a autoestima e se sentir melhor com sigo mesmo, o público interessado, busca o mais rápido e mais barato, o que pode acarretar a uma série de consequências que dependendo da situação, gera sequelas por toda a vida. Já foram registrados vários casos de pessoas que chegaram a óbito por cirurgias plásticas realizadas de forma incorreta.

Todo cuidado é pouco e com saúde não se brinca, vale mais a espera por um bom resultado, do que a pressa que neste caso, pode sim, ser a grande inimiga da perfeição.

 

Fonte: Veja São Paulo

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