Sexualidade trans e identidade de gênero

Nota: Relato de Experiência elaborado como parte das atividades da disciplina de Antropologia do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, sob supervisão do prof. Sonielson Sousa.

Recente Psicologia em Debate discorreu sobre Sexualidade trans e identidade de gênero, a partir de pesquisa realizada pela acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra Fernanda Bonfim. O transgênero é o indivíduo que não se identifica com seu sexo biológico. A identidade seria, neste caso, de como essa pessoa se vê, se sente, se percebe e é percebida.

Os transgêneros podem ser homossexuais ou heterossexuais. São considerados homossexuais quando se relacionam com o mesmo gênero de sua escolha de identidade (quando uma pessoa é biologicamente mulher, mas sua identidade de gênero é homem e este se relaciona com um homem). E são transgêneros heterossexuais quando se relacionam com o sexo oposto a sua identidade de escolha (quando uma pessoa biologicamente é mulher, com identidade de gênero sendo de homem e se relaciona com uma mulher). É possível observar a manifestação da transgeneridade bem cedo na vida de um sujeito, através das escolhas que essa pessoa faz por suas roupas, seus interesses e desejos por temas e objetos que seriam “comuns” ao sexo biológico oposto ao seu.

Fonte: http://zip.net/bbtKMx

A cirurgia para adaptar o corpo é realizada depois que um diagnóstico é fechado por vários profissionais, que incluem psiquiatras, psicólogos, entre outros. No Brasil, o Sistema Único de Saúde, pela portaria Nº 457, autoriza que a partir dos 18 anos de idade a pessoa pode dar início ao tratamento para adequação de sexo, que dura dois anos, até que o diagnóstico seja concluído. Porém a cirurgia só pode ser realizada a partir dos 21 anos de idade (BRASIL, 2008). Até o ano de 1985 a homossexualidade era considerada um transtorno mental pelo Conselho Federal de Medicina, e no final dos anos 80 vários organizações iniciam um amplo processo de despatologização desta orientação, que passa a ser considerada dentro da diversidade humana.

Sampaio e Coelho (2013) ao citar Harper e Scneider (2003), afirmam ser este grupo marginalizado pela discriminação, violência sofrida principalmente em seu convívio familiar e social em algum momento, geralmente na adolescência, ao qual a pessoa se encontra em maior fragilidade, o que pode dificultar o acesso a educação, melhores vagas de emprego e moradia. A estimativa de vida para os transsexuais é de no máximo 35 anos de idade, pelas violências acometidas a eles, sendo que 20% dos crimes são cometidos contra jovens com menos de 18 anos. Somente 10% dos crimes viram processo e 31% das vítimas são alvejadas com arma de fogo.

Fonte: http://zip.net/bqtLSC

Algumas ponderações podem ser observadas a partir da palestra, sobretudo ao ter feito a analogia de “ser cristão e por isso preconceituoso”, “gays perseguidos por pessoas cristãs”. Como se, no fritar dos ovos, a culpa fosse de Cristo. Das duas uma, ou há ensinos errôneos sobre o que o Evangelho realmente ensina sobre ser cristão, ou ouvintes relapsos que dão sua própria interpretação. E, ainda, a soma dessas duas ações que criam generalizações de fontes interpretativas erradas. Se Jesus Cristo fosse preconceituoso, ele não teria estado no meio de todos os tipos de sujeitos – os marginalizados da época.

Em nenhum momento Jesus desprezou, julgou, condenou ou incitou algum tipo de violência a quem quer que seja. Aliás, Ele acolhia, recebia e era recebido por pessoas que também eram desprezadas ou criticadas. Jesus confrontou “os seus”, os escribas e fariseus, como diz o texto em Jo1:11, “Veio para o que era seu e os seus não o receberam.” Se Jesus se apresentasse na contemporaneidade, é com estas pessoas que ele estaria.

REFERÊNCIA:

BÍBLIA. Português. Bíblia On-line. Disponível em: <https://www.bibliaonline.com.br/acf/jo/1>. Acesso em: 06 jun. 2017.

BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Cirurgias de Mudança de Sexo são Realizadas pelo SUS desde 2008. Disponível em: <http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/03/cirurgias-de-mudanca-de-sexo-sao-realizadas-pelo-sus-desde-2008>. Acesso em: 05 jun. 2017.

SAMPAIO, Liliana Lopes Pedral; COELHO, Maria AThereza Ávila Dantas. A TRANSEXUALIDADE NA ATUALIDADE: DISCURSO CIENTÍFICO, POLÍTICO E HISTÓRIAS DE VIDA. Ufba, Bahia, v. 1, n. 1, p.1-12, 13 jun. 2013.