Psicólogo Plácido Medrado fala sobre trabalho no CRAS pós pandemia

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O (En)Cena entrevista o psicólogo Plácido Lucio Rodrigues Medrado. Plácido é professor universitário, Especialista em docência do Ensino Superior e Psicopedagogia; e Mestrando em Ciências da Saúde da UFT em Palmas-TO. Atualmente é Psicólogo do CRAS Santino Dias de Alecrim em Luzimangues – Porto Nacional/TO. 

(En)Cena: Como era o trabalho desenvolvido pelo(a) psicólogo(a) que atua no CRAS antes da pandemia? 

Plácido: Então, o trabalho do CRAS é voltado para prevenção e fortalecimento de vínculos familiares e comunitários. O trabalho é interdisciplinar e pautado na questão psicossocial. Antes da pandemia, basicamente era atendimento de situação de vulnerabilidade social, de conflitos familiares e o atendimento de demandas encaminhadas do Conselho Tutelar, CREAS. Esse trabalho sempre através de visitas domiciliares, de grupos, de orientações e de atendimentos, antes da pandemia, o trabalho era feito dessa forma.

(En)Cena: Houve alguma intervenção voltada para demandas que vieram em decorrência desse acontecimento atípico? Se sim, quais as principais medidas que precisaram ser tomadas a partir das novas demandas emergentes?

Plácido: Com a chegada da pandemia de Covid-19, precisou ser ajustado às demandas do CRAS, principalmente no que se refere ao uso de EPIs como máscara, viseira e o uso de jaleco. E a questão que ficou muito forte com as demandas do CRAS foi o fato de que um dos principais instrumentos de trabalho do para o atendimento de famílias em situação de vulnerabilidade social é a visita domiciliar e com a pandemia, evitou-se ao máximo fazer essa visita domiciliar, em casos de extrema urgência de atendimento pela justiça ou alguma demanda bem urgente, a equipe técnica iria a casa dessas famílias utilizando os EPIs. Utilizou-se também na época da pandemia o atendimento remoto, tanto por videochamada, como videoconferência, mensagens no WhatsApp e ligações telefônicas. Então, teve que fazer toda essa mudança. Na pandemia também, alguns atendimentos do CRAS eram em salas com janelas abertas para permanecer ali a articulação de ar naquela sala. As demandas aumentaram, principalmente no que se refere às violências contra idoso, contra criança, contra mulher e os conflitos também aumentaram por conta da convivência de ficar em casa.

(En)Cena: Quais foram as suas estratégias de enfrentamento enquanto profissional? 

Plácido: Foram diversas, tentando adaptar à realidade. Primeiramente, se adaptar nesse contexto de pandemia, cuidar primeiramente da saúde física, pensar também na qualidade do serviço que está sendo passado. Então, a questão da vacinação também, de procurar enquanto profissional tomar a vacina. Os profissionais da política pública da assistência não foram os primeiros a receberem a primeira dose da vacina, então, teve esse desafio de buscar. Direito à saúde como a vacinação.

(En)Cena: Na sua perspectiva, os gestores da política  de Assistência Social tomaram as providências necessárias para lidar com essa nova realidade? 

Plácido: Em grande parte foram implantadas medidas, mas faltou suporte, principalmente nas demandas urgentes de atendimento a possíveis violações de direitos.

(En)Cena: As mudanças adotadas no trabalho durante a pandemia permanecem até os dias atuais? Se sim, quais? 

Plácido: Sim. Como por exemplo o uso de álcool, os cuidados com uso de máscara em caso de sintomas gripais.

(En)Cena: Quais mudanças você considera que foram positivas nesse novo cenário pós pandemia? 

Plácido: A atenção direcionada ao cuidado com EPIs (máscara). A necessidade de fortalecer os vínculos familiares e a fortalecimento da socialização presencial.

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Live Pré-Caos 2021 aborda Políticas Públicas e Promoção de Saúde Mental

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Com a condução do professor Sonielson de Sousa no dia 21/09/2021 às 19h30, foi apresentado na rede social Instagram o PsicoLive Pré-CAOS 2021, um evento demonstrativo meses antes do acontecimento de evento oficial anual chamado CAOS – Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – que é articulado pelo CEULP-Ulbra e que o próximo ocorrerá entre os dias 3 e 6 de novembro de 2021.

A live teve como convidado o psicólogo Plácido Medrado, de atuação na psicologia social comunitária. Ele é especialista em docência no ensino superior e atua no Sistema de assistência social pela prefeitura de Porto Nacional – TO, assim engajando o seu conhecimento fazendo a apresentação do pré-CAOS com o título “políticas públicas e promoção de saúde mental”, sendo esta a primeira live de várias prévias até o mês do acontecimento do mesmo.

Fonte: Instagram Psicologia Ceulp

A saúde mental é um aspecto importante dentro da sociedade e de acordo com o psicólogo convidado no entendimento “saúde pública” os dispositivos de apoio na base comunitária como SUS (Sistema Único de Saúde), SUAS (Sistema único de Assistência Social), CRAS (Centro de Referência de Assistência Social), CREAS (Centro de Referência e Especialização em Assistência Social) e as redes de Educação detém sua forma sistemática para a saúde mental, então é necessário o entendimento do contexto social de cada indivíduo, de sua maneira de vida, o formato cultural e as garantias de direitos básicos que este cidadão precisa.

O psicólogo Plácido faz apontamentos na questão da política pública e usou como exemplo o órgão CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) no que faltam instrumentos básicos, serviços para a definição de recursos humanos, também informou da imensa importância que o profissional de psicologia obtém nesses serviços públicos, em que é obrigatório este profissional de psicologia.

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Governo do Tocantins apoia campanhas municipais em comemoração ao “Mês da Primeira Infância”

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O objetivo é conscientizar sobre a importância de estimular a criança na primeira infância, como forma de ajudar na formação e desenvolvimento do potencial da criança.

Como forma de apoio à Campanha do Ministério da Cidadania “Mês da Primeira Infância”, comemorado em agosto, o Governo do Tocantins, por meio da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social (Setas), apoia e orienta municípios com adesão ao Programa Criança Feliz, que estão realizando suas campanhas locais.

O objetivo da Campanha é contribuir na mobilização e reflexão sobre o atendimento à Primeira Infância junto a Política de Assistência Social, oportunizando troca de experiências por meio do relato de aprendizados desenvolvidos pelo Programa Criança Feliz – Primeira Infância no Sistema Único de Assistência Social (Suas).

“Agosto Mês da Primeira Infância”

O evento é uma iniciativa do Ministério da Cidadania, através da Secretaria Nacional de Atenção à Primeira Infância, visando promover a Primeira Infância no Brasil, durante todo o mês de agosto. “É uma ação integrada com as Coordenações Estaduais e Distrital do Programa Criança Feliz e parceiros. Os municípios construíram as ações e agendas locais com atividades alusivas à campanha, em parceria com a coordenação estadual”, explicou a coordenadora estadual do Programa Criança Feliz, Katilvânia Guedes.

“ A ideia central é conscientizar sobre a importância de estimular a criança na primeira infância, como forma de ajudar na formação e desenvolvimento do potencial da criança”, esclarece a coordenadora estadual do Programa Criança Feliz, Katilvânia Guedes.

As atividades são direcionadas à comunidade em geral e a órgãos governamentais, e privados, envolvidos com as políticas da Primeira Infância, nos territórios.

O secretário da Setas, José Messias de Araújo, destacou o trabalho do Governo do Tocantins por meio da Setas, na orientação aos gestores municipais do Programa Criança Feliz, para a divulgação sobre cuidados com as crianças na primeira infância. “O Governo orienta sobre a campanha, ajudando no desenvolvimento das ações para melhoria do desempenho das atividades”. Devido à pandemia o apoio está sendo realizado por meio da internet.

“Em 2021, o Governo do Tocantins, por meio da Setas, realizou reuniões para orientações, por meio de internet, com objetivo de melhorar a qualidade dos serviços prestados pelas equipes municipais que atendem as famílias beneficiárias do Programa Criança Feliz”, informou a coordenadora do Criança Feliz no Tocantins, Katilvânia Guedes.

Sobre as visitas domiciliares a coordenadora informou que “apenas nos três primeiros meses de 2021, foram realizadas mais de 33 mil visitas domiciliares, acompanhando 5.175 beneficiários, com a missão de estimular o desenvolvimento cognitivo, motor e afetivo de crianças com idade de até seis anos”.

O Tocantins tem 59 municípios com adesão ativa ao Programa Criança Feliz. Além de coordenadores municipais, no Tocantins a equipe conta com 59 supervisores e 218 visitadores sociais.

Fonte: Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social

Programação

A supervisora do Programa Criança Feliz do município de Palmeiras do Tocantins, Joyce Fernandes de Souza informou que na primeira semana, as equipes realizaram uma roda de conversa com gestantes sobre a importância dos cuidados com a criança desde o ventre. Na segunda semana, foram desenvolvidas atividades relacionadas à alimentação saudável. Na terça-feira 17, aconteceu uma mobilização para conscientização e confecção de brinquedos.” Já para a última semana de agosto está programada uma tarde recreativa, tudo de forma controlada devido à pandemia”, informou.

Tocantinópolis

De acordo com a supervisora do Programa Criança Feliz de Tocantinópolis,  Jhenissa da Silva Souza, a programação das duas primeiras semanas foi para divulgação da campanha “Agosto Mês da Primeira Infância” e entrega de kits para bebês, para grávidas atendidas pelo Semas. “Na terceira semana, acontece um encontro com crianças que têm algum tipo de deficiência e que são atendidas pelo Programa “Criança Feliz”. E na última semana de agosto, a ação é para  confecção de materiais pedagógicos”, informou.

Ananás

Já em Ananás, município localizado no extremo norte do Tocantins, está sendo realizada a Campanha “ABC para a Primeira Infância”, com objetivo de ajudar os cidadãos na promoção dos cuidados com a primeira infância e o fortalecimento do vínculo familiar.

Goiatins

Em Goiatins, a cerca de 470 km de Palmas, a campanha pela primeira infância “Agosto Amarelo”, teve início na quinta-feira, 05, por meio da prefeitura de Goiatins, Cras municipal, contando com o apoio do Governo do Tocantins, Conselho Tutelar e Pastoral da Criança.

Programa Criança Feliz

O programa Criança Feliz, investe na primeira infância para romper o ciclo de desinformação no estado e, ao mesmo tempo, garantir uma geração de crianças saudáveis, com potencial para aprendizagem, socialização e produtividade. O Programa é um dos resultados concretos do Marco Legal da Primeira Infância, que completou cinco anos, em março de 2021.

Com foco no atendimento semipresencial e remoto no último ano, o Programa acompanha mães, pais e cuidadores, no estímulo ao desenvolvimento das crianças. O Programa se desenvolve por meio de visitas domiciliares que buscam envolver ações de saúde, educação, assistência social, cultura e direitos humanos.

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Psicologia Comunitária e Política de Assistência Social: diálogos

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Introdução

Os artigos Participação Social em Saúde: Contribuições da Psicologia Comunitária e Psicologia Comunitária (NEPOMUNECO et al, 2013) e, Política de Assistência Social: Diálogos Sobre Atuações em Comunidades (XIMENES; DE PAULA; BARROS, 2009) trazem suas discussões e participações relacionando contribuições teóricas e práticas da Psicologia Comunitária. No caso das políticas públicas de saúde, a participação está associada ao controle social que a população deve exercer enquanto sujeitos de direitos a partir da implantação do SUS e é nessa problematização que incorporamos conceitos e práticas da Psicologia Comunitária.

A Psicologia Comunitária é uma área da Psicologia Social da Libertação (GÓIS, 2005) que facilita os processos de desenvolvimento pessoal e coletivo em moradores/moradoras das comunidades. Bem como traça diálogos teórico-metodológicos entre a práxis de Psicologia Comunitária e a área da Assistência Social, especificamente em torno da proposta da Proteção Social Básica de fortalecimento da convivência social e comunitária no território onde vivem as famílias assistidas e assim, são apresentados os contornos da atual política pública de assistência social, situando elementos centrais da Proteção Social Básica.

Fonte: encurtador.com.br/hV157

Em meio a questões que envolvem a Proteção Social Básica e também a pluralidade da Psicologia, que tem como objetivo traçar diálogos teórico-metodológicos entre a práxis de Psicologia Comunitária e a proposta de Proteção Social Básica, no território onde vivem as famílias assistidas. A presença do psicólogo nas ações de Proteção Social Básica pode contribuir para ampliar as possibilidades destas, na medida em que permite uma compreensão mais subjetiva da realidade local, isto é, ver que as localidades são realidades profundamente humanas e simbólicas, sendo por isso um erro pensá-las somente em termos sociológicos e econômicos.

Desenvolvimento

A Participação Social é um tema presente em várias áreas das ciências. Na área da Saúde, esse conceito favorece a apropriação, por parte das pessoas, de processos que facilitem uma vida mais saudável e, também, contribui para o exercício da cidadania. A palavra participação faz parte do cotidiano das pessoas e é empregada com diversos sentidos. No caso das políticas públicas de saúde, está associada ao controle social que a população pode exercer enquanto sujeitos de direitos, a partir da implantação do Sistema Único de Saúde (SUS). Tomando como referência o contexto brasileiro, o próprio SUS fora gestado e construído historicamente mediante processos participativos e reivindicatórios.

A participação social em saúde, podemos inferir que as ocasiões de aproximação com a comunidade favorecem o exercício da cidadania junto aos envolvidos nesses processos. Na discussão da saúde como um direito social, Badziak e Moura (2010) apontam a participação popular como um elemento fundamental na definição e implementação das políticas públicas de saúde e na compreensão da saúde não somente no seu aspecto biológico como também nos aspectos políticos e sociais (XIMENES; DE PAULA; BARROS, 2009).

Fonte: encurtador.com.br/rFMX6

O psicólogo comunitário atua muito como transmissor de habilidades, treinando e supervisionando permanentemente as auxiliares de saúde, médicos, professores e membros da comunidade para atuarem como agentes de saúde mental. É claro que isso significa uma mudança profunda na formação atual dos psicólogos, preparando os para uma essa atuação comunitária (VASCONCELOS , 1987).

Psicologia Comunitária é, conforme Góis (1994, p. 43 apud XIMENES; DE PAULA; BARROS, 2009, p. 691):

Uma área da psicologia social que estuda a atividade do psiquismo decorrente do modo de vida do lugar/comunidade… Visa ao desenvolvimento da consciência dos moradores como sujeitos históricos e comunitários, através de um esforço interdisciplinar que perpassa a organização e o desenvolvimento dos grupos e da comunidade.

No contexto da participação social nas áreas da saúde, é imprescindível a importância da comunidade para o exercício de cidadania de sujeitos inseridos ao processo (PANDE; AMARANTE, 2011 apud NEPOMUNECO et al, 2013). A atuação do corpo social, em meio às políticas públicas de saúde resulta no desenvolvimento dos sujeitos e a potencialização destes no lugar onde vivem.

Tem como ênfase integrar recursos preventivos e promover a saúde mental de indivíduos de uma comunidade. Segundo Vasconcelos (1987) a relevância esta nas pessoas como seres sociais, no qual o conteúdo psicológico possui implicações, políticas, sociais, culturais e institucionais. O psicólogo comunitário atua na maior parte em áreas institucionais, “busca conhecer criticamente as instituições, permitindo identificar suas contradições, sua estrutura concreta e simbólica, no sentido de visualizar propostas de trabalho alternativas e realistas” (VASCONCELOS, 1987, p. 46).

Para Vasconcelos (1987) a atuação do psicólogo tem como principal a função de assessor, transmissor de habilidades e treinador de agentes da saúde mental. Cujo intuito é a desmonopolização gradual do saber, com a inserção da saúde mental na vida cotidiana e na cultura popular. O poder e intermitente e distribuído entre a população participante da comunidade.

Atividade Comunitária

A atividade comunitária, concepções sistematizados a partir da teoria da atividade, assume lugar de destaque nas práxis de Psicologia e é considerada referência para esse debate, por propiciar o desenvolvimento dos seus participantes e a potencialização da relação destes com o lugar onde vivem. Tal como conceitua a atividade comunitária realiza-se “por meio da cooperação e do diálogo em uma comunidade, sendo orientada por ela mesma e pelo significado, sentido coletivo e sentido significado pessoal que a própria atividade e a vida comunitária têm para os moradores da comunidade”.

Fonte: encurtador.com.br/mAN58

Agentes de uma comunidade realizam a favor em ações de rede cujo objetivo é a melhoria da qualidade de vida coletiva, considerando a pertinência da diversidade nesse processo. A importância de conhecer as atividades comunitárias já desenvolvidas no contexto onde se realiza a práxis do psicólogo se justifica porque analisando e vivenciando a atividade, chegaremos a conhecer não só o processo social e econômico de um lugar como também (e para o psicólogo é o principal) o que pensam os moradores, o que sentem e o que fazem no dia a dia em relação a si mesmos e aos outros (GÓIS, 2005, p. 90 apud XIMENES; DE PAULA; BARROS, 2009).

Por meio dessa perspectiva, é levando em consideração a importância dessas atividades, o psicólogo pode contribuir, para o fortalecimento das atividades já existentes na comunidade quanto promover a criação de novos projetos comunitários. A participação comunitária se dá com o aprofundamento da consciência, a prática cooperativa e o exercício do diálogo sobre as questões sociais referentes à vida na comunidade.

Se pensarmos a participação comunitária no contexto da saúde, devemos vislumbrar a construção de um sujeito morador sujeito morador (usuário do SUS) ativo, produtor de sua história, protagonista na construção da saúde pessoal e comunitária. Nesse sentido, o que se deve buscar é a construção de processos de trabalho capazes de fomentar e fortalecer uma atuação com a população, em que haja co-responsabilização e compromisso compartilhados entre a comunidade e a equipe de saúde (XIMENES; DE PAULA; BARROS, 2009).

SUS: (Sistema Único de Saúde), PNAS: (Política Nacional de Assistência Social), SUAS (Sistema Único da Assistência Social) e CRAS(Centros de Referência da Assistência Social)

O estabelecimento da participação da comunidade, como diretriz do SUS, e a institucionalização das Conferências Federal, Estaduais e Municipais e dos Conselhos de Saúde perpassam normas legais regulamentadoras da gestão e controle social do SUS. Diante do avanço de instâncias de controle social desse sistema, incluindo diferentes atores sociais no cenário das políticas de saúde e fomentando o desenvolvimento de práticas sociais democráticas, podemos concordar no entendimento de que avançamos na construção histórica de um sistema de saúde mais participativo.

Contudo se faz necessário problematizar as diversas formas de se efetivar essa participação, considerando os vários entendimentos desta e a dissonância, muitas vezes presente, entre os documentos oficiais e as práticas desenvolvidas.

Fonte: encurtador.com.br/egqr9

A PNAS/2004 organiza as ações da assistência social em dois níveis de proteção: Proteção Social Básica (PSB) e Proteção Social Especial (PSE). A primeira caracteriza-se pelo atendimento a pessoas e grupos que estejam “em situação de vulnerabilidade social e destina-se ao desenvolvimento de ações que visam ao fortalecimento de vínculos sociais e ao desenvolvimento de potencialidades”. Já a segunda é responsável pelo atendimento a pessoas que estão “em situação de risco pessoal e social, por ocorrência de abandono, maus-tratos físicos e, ou, psíquicos, abuso sexual, uso de substâncias psicoativas, cumprimento de medidas socioeducativas, situação de rua, situação de trabalho infantil, entre outras” (BRASIL, 2005a, p. 37).

Os programas, projetos e serviços da Proteção Social Básica devem ser desenvolvidos, sobretudo, nos Centros de . Referência da Assistência Social (CRAS), cuja equipe mínima sugerida pelo Guia de Orientação Técnica – SUAS (Brasil, 2005b) compõe-se, basicamente, de psicólogos e assistentes sociais, além de apoios administrativos. Apesar de tal guia sugerir diretrizes metodológicas para o trabalho nos CRAS, não há uma orientação específica para cada categoria profissional (XIMENES; DE PAULA; BARROS, 2009).

As instituições e programas governamentais da área social constituem um segundo campo de atuação do psicólogo comunitário […] assim cada vez mais apelo a programas “participativos’’ visando ao desenvolvimento da comunidade. São programas vinculados a área da saúde (VASCONCELOS, 1987, p. 50)

Considerações finais

A pesquisa foi realizada com a leitura dos artigos, com a finalidade de desenvolver conceitos e ideias e conceitos sobre a prática de participação das atuações do psicólogo social e comunitário com as suas práticas voltadas para a saúde, e saúde mental, e seus sistemas relacionados às condutas comunitárias. Pode-se notar mediante os artigos estudados uma grande barreiras de interesses políticos e econômicos, já avaliados no setor da saúde, junto com a resistência social, cultural e moral, presente na sociedade em relação aos enfermos mentais, ou os considerados “anormais’’.

A grande crítica está em volta da ausência de profissionais capacitados nesses ambientes, e na ausência de profissionais ao trabalho multiprofissional. Percebendo-se porém uma grande insuficiência de conceitos teóricos e técnicos para a atuação em saúde mental e comunitária que seja conciliável com a realidade cultural e social de cada região ou município.

REFERÊNCIAS:

NEPOMUCENO, Léo Barbosa et al. Participação Social em Saúde: contribuições da psicologia comunitária. PSICO, Porto Alegre ,v.44, n.1,pp.45-44, 2013.

XIMENES, Verônica; PAULA, Luana; BARROS, João. Psicologia Comunitária e Política de Assistência Social: diálogos sobre atuações em comunidades. PSICOLOGIA CIÊNCIA E PROFISSÃO, Universidade Federal do Ceará, v.4, n.29, pp.686-699, 2009.

Nota: trabalho elaborado como requisito parcial de nota de Grau II da disciplina de Psicologia Comunitária do curso de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA) sob orientação da prof.ª: Me. Lauriane Moreira.

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Psicologia Social: conceitos, história e atualidade

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Conceito de Psicologia Social

A Psicologia Social pode ser entendida como o estudo das relações humanas a partir de um viés individual até uma perspectiva mais ampla, ou social, sendo que este ramo enfoca mais o indivíduo. Como escreve Sousa (2011), trata-se de uma ponte entre a Psicologia e a Sociologia, agregando valores dessas duas áreas científicas. Assim sendo, este ramo considera o indivíduo como influenciado pelo meio que o forma e também o sujeito como elemento que altera o ambiente em que vive.

A necessidade da atuação desse ramo está no fato de que as relações sociais influenciam a conduta e os estados mentais dos indivíduos. Por outro lado, a consciência coletiva de uma sociedade é um campo fértil para estudos, como assinala Regader (2015). Portanto, Cherry (2016) ressalta que a Psicologia Social não observa apenas as influências do meio, mas também estuda as percepções desse meio, tratando-o como uma entidade, visando compreender o comportamento social; e analisa as interações que compreendem a sociedade.

Cherry (2016) escreve que é comum o fato de que a Psicologia Social seja confundida com a sabedoria popular, Psicologia da personalidade e a Sociologia, e expõe as diferenças entre elas. Enquanto a sabedoria popular, que também pode ser chamada de senso comum, é baseada em observações anedóticas e interpretações subjetivas, a Psicologia Social emprega métodos científicos e estudos empíricos sobre os fenômenos sociais. Os pesquisadores não apenas fazem suposições sobre como as pessoas se comportam, eles planejam e fazem experimentos que permitem destacar a relação entre diferentes variáveis.

Ao contrário da Psicologia da personalidade, que estuda os traços individuais, características e pensamentos, a Psicologia Social estuda situações cotidianas, estando interessada sobre o impacto dos ambientes sociais e interações sobre atitudes e comportamentos.

Fonte: encurtador.com.br/cDVW0

Em relação à Sociologia, que se interessa pelo impacto de instituições e cultura sobre o comportamento dos indivíduos, a Psicologia Social considera variáveis situacionais que afetam o comportamento social. Portanto, percebe-se que estas duas áreas têm tópicos similares, mas analisam essas questões a partir de perspectivas diferentes.

Há quem veja psicologia social em todos as áreas dos estudos do comportamento humano. Sobre isso, a psicóloga Lauriane dos Santos ressalta: “é possível dizer que qualquer psicologia que se preocupe com a influência social sobre indivíduos e grupos é também Psicologia Social. Do mesmo modo, perceber que o social, muitas vezes colocado como um conceito quase abstrato, é constituído por pessoas que podem modificá-lo a partir dos seus interesses”.

Lane (1984, p. 19) apud Jacques et al (2013, p. 16) escreve:

Toda a psicologia é social. Esta afirmação não significa reduzir as áreas específicas da Psicologia à Psicologia Social, mas sim cada uma assumir dentro de sua especificidade a natureza histórico-social do ser humano. Desde o desenvolvimento infantil até as patologias e as técnicas de intervenção, características do psicólogo, devem ser analisadas criticamente à luz dessa concepção do ser humano – é a clareza de que não se pode conhecer qualquer comportamento humano, isolando-o ou fragmentando-o, como existisse em si e por si. Também com essa afirmativa não negamos a especificidade da Psicologia Social – ela continua tendo por objetivo conhecer o indivíduo no conjunto de suas relações sociais, tanto naquilo que lhe é específico como naquilo em que ele é manifestação grupal e social. Porém, agora a Psicologia Social poderá responder à questão de como o homem é sujeito da história e transformador de sua própria vida e da sua sociedade, assim como qualquer outra área da Psicologia.

História da Psicologia Social

Lane (1981) escreve que o início da Psicologia Social remonta ao século XIX, sendo o filósofo francês Augusto Conte considerado o pai desta ciência. Para Conte, a Psicologia Social seria subproduto da Sociologia e da Moral, sendo encarregada em dizer como o indivíduo poderia ser, ao mesmo tempo, causa e consequência da sociedade. No entanto, só após a Primeira Guerra Mundial, por volta de 1920, é que esse ramo se desenvolveria como estudo científico e sistemático. Num mundo abalado por crises e conflitos, os pesquisadores encontraram um campo a ser amplamente estudado, visando descobrir uma maneira de preservar os valores de liberdade e os direitos humanos numa sociedade tensa e arregimentada.

Os cientistas buscavam entender diversos fenômenos sociais como a liderança, preconceito, propaganda, conflitos de valores e como os indivíduos se comportavam frente a estes. Nos EUA, essas pesquisas tinham o intuito de procurar formas de melhorar a vida do homem no contexto social, utilizando para isso os dados e conceitos de anos de pesquisas na psicologia. A sociedade era o grande objeto de estudo nessa época, suas motivações, atitudes frente á determinadas situações, padrões de comportamento, enfim, tudo que demonstrasse a dicotomia existente entre o ser e a sociedade. Por mais que um não exista sem o outro, são dois fenômenos diferentes.

Houve um clima de otimismo sobre o resultado das pesquisas da Psicologia Social durante algumas décadas, mas frente a resultados de pesquisa contraditórios e à crise mundial, que á cada dia se agravava mais, esta ciência entrou em declínio e passou por um momento chamado de “crise da psicologia social” (LANE, 1981). Esta crise se deu principalmente pela falta de conhecimento prático das pesquisas, muitos resultados que se contradiziam e nenhuma solução concreta para os problemas enfrentados pelos países.

Fonte: encurtador.com.br/byOPS

Críticas foram feitas aos psicólogos norte-americanos devido ao caráter ideológico dos seus trabalhos que eram reproduzidos em países da América Latina sem levar em conta as características próprias desses países. Conhecimentos dos Estados Unidos eram reproduzidos noutros lugares, usavam técnicas e conceitos que não se aplicavam plenamente aos locais em questão. Como escreveu a psicóloga entrevistada neste presente trabalho, a psicologia tradicional era descontextualizada e limitada. Obviamente os resultados seriam duvidosos e inúteis.

Foi então que pesquisadores latinos prepararam um simpósio para trazer as principais dificuldades enfrentadas nas investigações e possíveis soluções para os problemas que caiam sobre eles. Então, cientistas de países como México, Peru e Brasil perceberam pontos similares em suas visões, que apesar de serem semelhantes, tinham a mesma perspectiva devido todos terem as mesmas condições de trabalho. Desde o simpósio entre países latino-americanos, que os participantes decidiram dar um novo rumo para as pesquisas, onde o foco de cada uma seria a necessidade do país onde seria realizada e não mais o indivíduo, ou seja, agora as buscas focariam nas reais necessidades de cada país, independente da dinâmica econômica e geopolítica, sem influência de contextos próprios de outras nacionalidades.

Jacques et al (2013, p. 39) discorre sobre os resultados desta crise:

[…] originam-se múltiplos efeitos, sendo possível detectar, no contexto da psicologia social atual, pluralizações diversas que apontam para um quadro de fragmentação antes do que para a unidade. Novos espaços se constituem pelas conjunções e disjunções realizadas. Implicações antigas são questionadas e descentramentos são propostos. Tornam-se vigorosos os discursos da interdisciplinaridade e das conjunções, bem como o da ecologia social e cognitiva que lhe é consequente, revelando um contexto propício à análise cujos componentes se amalgamam, não se comportando como configurações isoladas. Redes de saberes se propõem a interconexões, possibilitando uma infindável trama de possibilidades de conhecer.


Psicologia Social no Brasil

A Psicologia no Brasil recebeu maior influência dos norte-americanos. Era para centro de estudos na América que nossos cientistas e professores iam para aperfeiçoarem seus conhecimentos, além disso, desses centros vinham professores dos Estados Unidos para lecionarem em nossas universidades. Por exemplo, o professor Otto Klineberg, da Universidade de Columbia, introduziu a Psicologia Social na Universidade de São Paulo na década de 50. Lane (1981, p. 80) acrescenta

E, por sinal, o primeiro livro de Psicologia Social publicado no Brasil foi a tradução da obra de Klineberg, em 1959, contendo tópicos como Cultura e Personalidade, Diferenças Individuais e Grupais, Atitudes e Opiniões, Interação Social e Dinâmica de Grupo, Patologia Social e Política Interna e Internacional.

Em 1980, é fundada a Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO) que visava o intercâmbio entre cientistas de diversas regiões para discorrerem sobre problemas comuns. A fundação da ABRAPSO é importante no processo de consolidação desse campo de estudo no Brasil.

Houveram grandes nomes nacionais que representaram a Psicologia Social, eles influenciaram novas gerações de psicólogos e contribuíram com estudos importantes acerca da sociedade brasileira e dos problemas que esta enfrentava. Podemos citar 3 nomes que influenciaram grandemente esse campo, o percussor Eliezer Schneider, Aroldo Rodrigues e Sílvia Lane. Todos trouxeram contribuições que firmaram a Psicologia Social como uma ciência bem embasada no nosso País.

Eliezer Schneider entra para o ramo da psicologia antes mesmo desta ser reconhecida como profissão, exercendo o cargo “Técnico em assuntos educacionais” como um “psicologista”, termo este que era utilizado para o profissionais desta ciência. Trazendo uma visão crítica à Psicologia Experimental, em seus mais de 100 artigos e um livro, Eliezer afirma que existe uma psicologia cultural e histórica que não destoa das demais e pode ser usada para compreender os fenômenos sociais, este seria a primeira manifestação de estudos relacionados à Psicologia Social.

Fonte: encurtador.com.br/bgBHZ

Crítico também da forma que os estudos eram conduzidos nos EUA, ele traz uma visão que se atenta para a problemática humana, tendo como foco os problemas enfrentados pelos brasileiros e se abrindo para visões de outros cientistas que não tinham como objeto principal o indivíduo, como os Americanos, mas sim as influências socioculturais que todos recebem (LIMA, 2009).

Aroldo Rodrigues foi o maior porta-voz da psicologia social norte americana, além de se tornar mestre em psicologia na universidade do Kansas, trouxe consigo a visão e o método dos cientistas de lá para aplica-las nas universidades brasileiras. Ele também foi professor da PUC no Rio de Janeiro e constantemente criticava os métodos utilizados pelos que se encontravam no movimento da “crise da psicologia social, pois a grande maioria eram críticos ferrenhos das pesquisas e estudos vindos dos Estados Unidos.

Aroldo foi reconhecido por suas contribuições e foi convidado para ser presidente Associação Latino-americana de psicologia social, porém á partir das discordâncias entre os novos métodos, houve um rompimento e Silvia Lane funda a Associação Brasileira de Psicologia que tinha uma visão de embate contra as propostas de Aroldo Rodrigues (LIMA, 2009).

A brasileira Sílvia Lane começou sua vida profissional na docência e, segundo relatos de seus alunos, sempre teve a preocupação de procurar diferentes formas de pensar a psicologia, envolvendo eles em aprendizados que serviriam não só para a vida profissional, mas também para a vida pessoal. Instigava-os, trazendo vários jeitos de pesquisar, investigar e atuar com os conhecimentos teóricos, como a introdução do teatro, música, histórias em quadrinhos e outras expressões artísticas.

Por esses e outros motivos, Silvia Foi tida como uma grande referência entre seus alunos. Lane era marxista e fazia crítica á forma que o sistema socioeconômico capitalista moldava as identidades e como isso contribui para as injustiças tão escancaradas em nossa sociedade. Em “O que é psicologia social”, ela traz algumas dessas críticas, sendo a obra uma referência em vários cursos de psicologia no Brasil (SOUSA, 2009).

Psicologia Social: Importância e atuação no contexto brasileiro atual

Cherry (2016) mostra que uma simples conferida nas notícias jornalísticas diárias é suficiente para termos a dimensão de quão profundos são os impactos dos problemas sociais sobre as pessoas. Portanto, um psicólogo social, a fim de entender tais questões, estuda e procura prevenir, identificar e remediar os problemas que não só atingem um indivíduo como também afetam a saúde da sociedade como um todo.

Assim sendo, de acordo com a psicóloga Lauriane dos Santos, a Psicologia Social atua desde a adaptação social, indo de um modelo supostamente ideal de cidadão, até uma psicologia crítica, em prol dos movimentos sociais e da garantia de direito. As atuações se dão conforme as necessidades de um local e os interesses de psicólogos e instituições.

A entrevistada relata que, no Brasil, a profissão alcança desde a clínica, passando pela área organizacional até chegar aos campos vinculados a políticas públicas. Ela citou como exemplos: Centros de Referência da Assistência Social (CRAS); Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS); organizações não governamentais e movimentos sociais diversos.

No entanto, segundo a psicóloga em questão, há desafios que a profissão precisa vencer. Ela explica dizendo o seguinte

Apesar do entendimento da Psicologia Social crítica ser sabido – teoricamente – por boa parte dos psicólogos, a aplicabilidade desse entendimento nem sempre ocorre, uma vez que perpassa criticar muitas “verdades” instituídas, sendo um “nadar contra a maré”. A constituição de 1988 e as políticas públicas desenvolvidas a partir dela, especialmente o SUS e o SUAS, defendem esse modo crítico de atuar. Mas essa tentativa de crítica esbarra com os valores institucionais tradicionais, que ainda tem forte caráter individualista, biologicista, rotulador e culpabilizante.

Fonte: encurtador.com.br/dhCKN

O salário depende do campo de atuação. Ainda de acordo com a psicóloga entrevistada, em Palmas (TO), os profissionais recém-ingressados via concurso público recebem um salário de 3.500,00 reais para atuar 40 horas semanais, isso em termos de atuação nos CRAS E CREAS.

Tão diretamente ligado aos dilemas de populações carentes, os ambientes nos quais um psicólogo social trabalha pode lhe tornar muito desgastante, o que muitas vezes é usado para embasar concepções preconceituosas sobre a área. Zaith (2012) mostra que a atuação do profissional é negativamente afetada quando não há um eficiente trabalho interdisciplinar e troca de experiências. Além disso, é necessário que o psicólogo social, em sua formação, tenha adquirido os pré-requisitos necessários que o tornem capaz na luta pela melhora de realidades.

É necessário que o psicólogo social consiga romper várias barreiras para atingir seu objetivo de contribuir para uma sociedade melhor no Brasil, pois o meio social se encontra cheio de entraves para que se alcance um serviço público igualitário, integral e universal. Uma dessas dificuldades é a visão superficial e errônea de que nos bairros pobres e favelas existe um ambiente caótico, envolto por drogas e violência. Tal visão deixa muitos profissionais desmotivados para atuarem nesses setores, sendo que essas áreas tem tanta necessidade de pesquisa-ação quanto qualquer outra, independente do nível socioeconômico.

O CRAS, como já exemplificado, é um local de notória atuação dos psicólogos sociais, lá são recebidos casos emergenciais dos mais variados tipos e em sua grande maioria, pessoas com baixa ou nenhuma renda. O objetivo central dos profissionais que atuam nessa área é fortalecer seus usuários como sujeitos de direitos, promovendo terapias grupais, acompanhamento junto ás famílias e auxílio em momentos de dificuldade. Lamentavelmente há inúmeras dificuldades nessa honrada atuação, quase todas vindo do desinteresse e omissão do poder público.

Sobre esta política pública e suas dificuldades, Zaith (2012) escreve:

[…] Criado para aliviar as reflexões da pobreza imediata, […] para proteger seus usuários de maiores riscos relacionados à qualidade de vida, uma vez que já se encontram em situação de vulnerabilidade, passa a ser considerado o espaço o qual torna o trabalho do psicólogo social comunitário acessível ao seu objeto de estudo: a comunidade. Por isso suscita que estudos sejam realizados sobre as práticas envolvidas nessas unidades. O trabalho no CRAS é constituído por serviços burocráticos, visitas domiciliares, atendimentos descontínuos, dificuldade em obter recursos e verbas e intervenções em locais inusitados que convocam os psicólogos para fora do setting tradicional. Dessa forma, o foco se baseia em práticas grupais e a intervenção grupal se torna necessária para o desenvolvimento da consciência, no qual o componente do grupo se descobre no outro.

Portanto, ante os dados supracitados, percebe-se a importância da Psicologia Social não somente como produtora de conhecimentos a respeito dos indivíduos e suas interações, como também atuante determinante na própria sociedade, devendo tratar-se de uma atuação que ajude pessoas e diminua o impacto das desigualdades ou, quem sabe, reduza as próprias desigualdades sociais.

REFERÊNCIAS:

CHERRY, Kendra. Basics of Social Psychology. Verywell. Disponível em: <http://www.verywell.com/>. Acesso em 21 abril 2017.

JACQUES, Maria da Graça Corrêa et al. Psicologia Social Contemporânea: Livro-texto. Edição digital. Petrópolis: Vozes, 2013. 226 p.

LANE, Silvia T. Maurer. O que é Psicologia Social. 1 ed. São Paulo: Brasiliense, 1981,

88 p.

LIMA, Renato Sampaio. História da Psicologia Social no Rio de Janeiro: Dois grandes personagens. Fractal: Revista de Psicologia. Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, mai/ago 2009. Disponível em: <http://www.scielo.com.br/>. Acesso em 26 maio 2017.

REGADER, Bertrand. ¿Qué es la Psicología Social? Psicología y Mente. Disponível em: <http://psicologíaymente.net>. Acesso em 21 abril 2017.

SOUSA, Esther Alves de. Silvia Lane: Uma contribuição aos estudos sobre a Psicologia Social no Brasil. Temas em Psicologia. Ribeirão Preto, v. 17, n. 1, 2009. Disponível em: <http://www.pepsic.bvsalud.org/>. Acesso em 26 maio 2017. 

SOUSA, Felipe de. O que é Psicologia Social? Psicologia MSN. Disponível em: <http://www.psicologiamsn.com/>. Acesso em 21 abril 2017.

ZAITH, Michele Cristina. Os Principais Desafios Enfrentados Pelos Psicólogos no CRAS. Disponível em: <http://www.psicologia.pt/>. Acesso em 02 junho 2017.

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Capacitações e Tratamento Especializado para Dependência de Álcool e outras Drogas

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Oportunidade de capacitação sobre assunto da atualidade


A FEBRACT, em parceria com GH SAÚDE E RECOMEÇAR CENTRO TERAPÊUTICO SERGIPE, oferece curso de capacitação em dependência de álcool e outras drogas.  Oportunidade de capacitação sobre assunto da atualidade, necessário e carente de informações, com quem é referência no país, FEBRACT ( http://www.febract.org.br).

O objetivo da capacitação é o fortalecimento e criação da rede de atenção aos dependentes químicos e suas famílias, através da saúde (CAPS, NASF), assistência social (CREAS, CRAS, Conselho Tutelar), educação (Professores, Diretores) e demais setores. Vale ressaltar que todos são importantes e necessários no processo de atendimento, encaminhamento e tratamento.

Carga horária de 20h com certificação FEBRACT.

Direcionado a Psicólogos, Psiquiatras, Assistentes Sociais, profissionais da saúde no geral, estudantes, assim como todas as pessoas que lidam com USO, ABUSO E DEPENDÊNCIA DE ALCOOL E OUTRAS DROGAS.

Professores:
MAURICIO LANDRE, Professor da FEBRACT, Especialista em Dependência Química UNIFESP e a Psicóloga.

LEDA MOBILE, Doutora e Mestre em Dependência Química / UNIFESP, Colaboradora e Parceira da Equipe RECOMEÇAR.

Sobre o FEBRACT

Iniciando suas atividades em 1994, o Centro de Formação e Treinamento da FEBRACT,  já ofereceu cursos para o pessoal de 507 Comunidades Terapêuticas e representantes de Instituições diversas que se preocupam com o problema da dependência química: redes escolares municipais e estaduais, órgãos governamentais ligados à Saúde, Assistência Social e à Justiça, Universidades, Exército, Marinha, Policias Militar e Civil, Conselhos Municipais de Entorpecentes, Conselhos Tutelares, Núcleos de Amor Exigentes, Prefeituras Municipais, grupos de diversas confissões religiosas e hospitais. O Centro de Formação e Treinamento recebe representantes de toda instituição que assuma um compromisso social em relação ao problema do álcool e das drogas.

Sobre o Centro Terapêutico Recomeçar

Somos um projeto pioneiro em SERGIPE, onde oferecemos além dos cursos de capacitação, tratamento especializado para dependência de álcool e outras drogas, com metodologia adequada e equipe multidisciplinar de saúde em regime de residência terapêutica.

Desde já sintam-se convidados a conhecer nossa estrutura, cronogramas, metodologia utilizada assim como nossa equipe de profissionais.

Participem no nosso projeto de cursos de capacitação continuada, nosso 2º curso em Sergipe acontece de 01 a 03 de agosto.

Para mais informações

Centro Terapêutico Recomeçar

Povoado Zeca de Loia.  S/N   – Praia das Dunas

Estância – SE

Telefones: (79) 9198-7177 – 9639-9891

www.ctrecomecar.com.br

Jorge Augusto Gomides,

Terapeuta e Diretor do Centro Terapêutico Recomeçar

(79) 9639.9891

(79) 9198-7177

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Projovem Adolescente – Desafio profissional

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Projovem nas escolas – Foto: Manoel Lima, Ascom Seduc

 

Decidir sobre a vida profissional não é uma escolha tão fácil assim. O adolescente enfrenta desafios e confrontos pela busca da liberdade, de uma identidade e independência. Este período é importante também para aprender a conviver e a respeitar as normas sociais e de escolher o que quer profissionalmente.

O Serviço de Convivência e Fortalecimento de vínculos para adolescentes (Projovem Adolescente) é uma das quatro modalidades do Programa Nacional de Inclusão de Jovens, que atende exclusivamente a faixa etária de 15 a 17 anos. É um serviço socieducativo, que integra as ações de Proteção Social Básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS).

O público-alvo deste programa constitui-se, em sua maioria, de jovens cujas famílias são beneficiárias do Programa Bolsa Família. Jovens com deficiência, em especial Beneficiários do Programa Cidadão (BPC), jovens fora da escola, estendendo também aos jovens em situação de risco pessoal e social.

O Projovem Adolescente tem por foco o fortalecimento da convivência familiar e comunitária, o retorno dos adolescentes à escola e sua permanência  no sistema de ensino, além de  proporcionar uma participação cidadã e prepará-los para desafios do mercado de trabalho, modificando assim a vida de milhares que ganham a perspectiva de um futuro  melhor.

“O objetivo é sensibilizar os jovens para os desafios da realidade social, cultural, ambiental e política de seu  meio social, bem como possibilitar o acesso aos direitos e a saúde, e um posicionamento no  mundo dos jovens no espaço público”, afirma a assistente social do CRAS de Itaguatins, Tocantins, Gêilza Vasconcelos.

 

Geilza Vasconcelos, Assistente Social – Foto: Arquivo Pessoal

 

Os jovens irão contar com aulas de informática que visam a orientação profissional, além de atividades esportivas e culturais que estimulem a convivência social, abordando conteúdos por meio de cultura, esporte, lazer, oficinas, palestras com temas sobre drogas, sexualidade e relação familiar.

As atividades são constituídas por encontros e oficinas desenvolvidos em horários compatíveis com a frequência a escola. São organizados em grupos  que se denominam coletivos, composto por  no mínimo 15  e no máximo 30 jovens. O coletivo é acompanhado por um orientador social e  supervisionado por um profissional de nível superior do CRAS. O período de funcionamento das atividades é de até 3h, e prevê uma carga horária semanal de 12,5 horas.

Gustavo Torres tem 19 anos, estuda o  segundo ano do Ensino Médio e fazia o Projovem Adolescente e atualmente está no Projovem Trabalhador no CRAS em Nazaré, região norte do Tocantins. Ele diz que gosta dos cursos e visa crescer na vida. “É um passatempo  muito bom, quero continuar fazendo os cursos. Aprendi  muita coisa, hoje sei fazer até pratos especiais,”  habilidade que aprendeu no curso de culinária, “pretendo quem sabe fazer meu próprio negócio,” conclui.

 

Gustavo Torres – Foto: Arquivo Pessoal

 

O programa  deve também possibilitar o desenvolvimento de habilidades gerais, tais como a capacidade comunicativa e a inclusão digital, de modo a orientar  o jovem, para a escolha profissional consciente, prevenindo a sua inserção precoce no mercado de trabalho.

Segundo Geilza, os jovens têm mudado depois da participação e convivência nas atividades. “O jovem quando chega ao programa são tímidos, não gostam de se comunicar e a maioria tem conflitos familiares e quando começam a participar das atividades  descobrem diversos  talentos, a comunicação é desenvolvida, a participação é continua e os problemas familiares aos poucos são resolvidos.”

Lucas Junior tem 17 anos, estuda o 9º ano e diz que o programa mudou o comportamento dele. “Eu sempre gostei de ficar em casa, nunca gostei de rua, muita coisa mudou na minha vida, principalmente na escola, eu era muito atentando”.

 

Lucas Junior – Foto: Arquivo Pessoal

 

Júnior acrescenta, “gosto muito das atividades do Projovem Adolescente, aprendi muito, hoje fiz mais amizades e sei o que quero fazer na vida.” O estudante sonha em fazer faculdade de Direito.

Geilza acha  que o programa oferece apoio aos jovens tanto na vida comunitária quanto na familiar. “Os jovens nessa faixa etária sofrem diversos conflitos comunitários e familiares, o programa vem trabalhar a conscientização dos jovens em relação a essas problemáticas”, finaliza.

Para participar Serviço de Convivência e Fortalecimento de vínculos (Projovem Adolescente), basta ser beneficiário do programa Bolsa Família e com a faixa etária entre 15 a 17 anos,  é só procurar qualquer Centro de referencia de assistência Social – CRAS  e fazer a inscrição do jovem.

 

Procure o CRAS da sua região no site: https://sistema3.planalto.gov.br/spmu/atendimento/busca.php?uf=TO&cod=29

Mais informações podem ser obtidas na Secretaria Municipal do Desenvolvimento Social pelo telefone (63) 2111-3301, ou pelo site www.mds.gov.br/suas/guia_protecao/projovem.com.br

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Um ano de Psicologia Social Comunitária: comemorações e reflexões

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Ao completar um ano de atuação como psicóloga do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) neste mês de agosto, reflito sobre o trabalho do psicólogo nas políticas públicas, em especial, no SUAS (Sistema Único de Assistência Social). Meu ingresso na política de Assistência Social não foi uma mera coincidência,  visto que os psicólogos estão atuando cada vez mais em políticas públicas (BOTARELLI, 2008).

Embora minha formação tenha buscado ser o mais generalista possível, ela não me ofereceu uma boa compreensão sobre a atuação do psicólogo no SUAS. Isto fez com que eu tivesse que absorver muita informação em um curto período de tempo, já que diversas demandas chegavam a todo tempo, e havia a necessidade de dar uma resposta a elas. As publicações do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e as Referências Técnicas do Conselho Federal de Psicologia (CFP) foram minhas principais fontes de consulta no início. No entanto, posteriormente percebi que, ainda que elas trouxessem diversas orientações, não explicitavam com clareza uma metodologia de trabalho.

Deste modo, recorri a colegas de profissão, grupos de estudo, e a um congresso de Psicologia. Percebi que existem diversas Psicologias Sociais Comunitárias. Algumas mais ligadas ao trabalho com famílias e grupos. E outras mais voltadas a comunidade e ao desenvolvimento social. Ainda não sei por qual delas estou enveredando.

Para além das questões cognitivas, existem ainda as emoções e a saúde mental no trabalho, pois um profissional é um ser global. No início, a estranheza foi grande com o público, bem diferente daquele com quem eu estava acostumada a conviver nos meus diferentes espaços sociais. Uma classe social bem diferente da minha, com sua própria ideologia, cultura, e modo de existência. Foi um trabalho árduo de me despir de meus conceitos e pré-conceitos, para, numa atitude dialógica, construir junto, sem uma atitude de superioridade ou pretensão.

Descobri, entretanto, que outros também tinham chegado a essa conclusão e estavam buscando soluções para elas. Costa (1989), Boltanski (1989) e outros autores, falam sobre as peculiaridades da clientela atendida nas unidades governamentais. A maioria da população que busca o atendimento na rede pública é constituída por pessoas inseridas num universo sócio-cultural diferente daquele vivido por quem os atende. O que implica que, se dando conta disso, o profissional adote uma postura de valorização da diversidade.

Hoje, soprando as velinhas do bolo, percebo que muito ainda há por fazer. Encontrar um ponto de contato entre o que exige o MDS e as premissas da Psicologia Comunitária, de forma coletiva. A construção do conhecimento não pode ser solitária. Busco espaços de trocas de experiências e participações múltiplas, para, junto com os demais psicólogos do estado, que também buscam saber o que fazer, construir uma Psicologia Social Comunitária. Entre as tantas que já existem, talvez uma com tempero tocantinense.

Referências:

BOTARELLI, A. (2008). O psicólogo nas políticas de proteção social:uma análise dos sentidos e da práxis. Tese de Doutorado, Psicologia Social, Pontifícia Universidade Católica de, São Paulo, São Paulo.

BOLTANSKY,L., 1989. As Classes Sociais e o Corpo. 3.ed., Rio de Janeiro: Graal.

COSTA,J.F., 1989. Psicanálise e Contexto Cultural. Imaginário Psicanalítico,Grupos e Psicoterapias. 2. ed., Rio de Janeiro: Campus.

 

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