Roda de conversa: depressão e ansiedade na graduação
27 de setembro de 2021 Beatriz Maranhão dos Santos
Mural
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Acadêmicos se reuniram de forma remota para roda de conversa sobre ansiedade e depressão.
No último sábado dia 25/09 aconteceu uma roda de conversa por modalidade remota onde foi promovido um espaço para os alunos que desejavam falar sobre a ansiedade e depressão, causadas pelo duro processo de se conquistar um diploma. O evento contou com alunos de diversas universidades e cursos de Palmas e Gurupi. Sendo proporcionado em parceria com EN(CENA) pelas alunas de Psicologia do 9º Semestre: Beatriz Maranhão e Giovanna Gomes.
Originalmente o evento foi organizado para ocorrer de forma presencial no Parque Cesamar em Palmas – TO no dia 25/09 às 16:00 horas. Seria feito uma roda de conversa e um piquenique, tomando todas as providências para o distanciamento social. Por conta das atuais mudanças climáticas, o encontro se adaptou de forma remota no Google Meet, mantendo seu horário original.
Houve a participação de alunos das universidades ULBRA, UniCatólica, UNIRG, entre outras universidades.
Durante o evento foram feitas reflexões acerca do que eles acreditam ser ansiedade, saúde mental e os sofrimentos durante a vida acadêmica. Diversos falaram sobre a ansiedade relacionada ao futuro próximo; ‘’tudo tem uma data limite, existe um sobrepeso no qual o presente afeta o futuro’’.
Fonte: Arquivo Pessoal
A ansiedade está constantemente presente na perfeição, no ser um bom estudante. É comum, de acordo com a fala dos participantes, ver alunos que se destacam por serem exemplares. Alunos esses que possuem um alto desempenho estudantil mantém uma vida social, um emprego, são ativos dentro e fora da faculdade. O que acaba por gerar ansiedade em alunos que se veem na posição de ‘inadequados’, pois por mais que os dias tenham sempre a mesma duração para todos os seres vivos, nem todos possuem a energia e a saúde mental que tal nível de atividade requer.
Segundo as ideias discutidas, pode-se perceber que outros cursos, fora do âmbito da Psicologia, não tendem a falar sobre saúde mental. Participantes da roda de conversa observaram que as universidades falham em oferecer apoio e cuidado para os alunos que não são da Psicologia. Ainda segundo os mesmos, há uma impressão de que falta união entre eles e as coordenações de curso, e que muito frequentemente os alunos que se encontram com sinais e sintomas de ansiedade e depressão não passam pelo acolhimento necessário. Os acessos que são oferecidos pela faculdade à saúde mental não são fáceis de encontrar, muitos participantes relataram uma sensação de abandono por parte das instituições de ensino.
Ao final da roda de conversa, foi proposto que os participantes enviassem mensagens pelo WhatsApp: palavras de apoio e cuidado, coisas que eles gostariam de ouvir para serem acolhidos, e até mesmo palavras motivacionais. Algumas das mensagens foram:
“Gostaria de ter ouvido, “Você está bem?” “Se precisar de ajuda, de companhia, ou de conversar eu estou aqui, vamos sair ou até fazer nada juntos”.”
Fonte: Arquivo Pessoal
“Nesse tempo todo de faculdade entre vitórias e derrotas teria sido muito bom ouvir: “Filho, sei que pode está difícil, mas vai dá tudo certo e essas dificuldades vão vir como resultados no futuro, eu estou aqui”, também, alguém me dizer “Tudo bem você não entender nada de psicofarmacologia.” Foi muito bom quando minha professora disse “se sua paciente não falar nada, fique tranquilo, silêncio não é algo negativo”. Ou uma reflexão da minha parte, por exemplo, “será se esse estresse com a faculdade não faz parte da sua construção Profissional?, afinal, a gente pode se estressar até mesmo quando pega uma chuva, porque a faculdade seria diferente?” queria muito ter refletido nisso lá no início. E também seria um sonho ouvir alguém dizer “olha, vou pagar sua faculdade até você terminar, o único serviço seu vai ser focar nos seus estudos”.”
“A trajetória acadêmica é uma caminhada longa e cheia de pedrinhas, porém com experiências incríveis e com pessoas maravilhosas que você irá conhecer ao decorrer da graduação. Ter medo desse caminho é normal, porém persistir nele é gratificante. Gratificante no sentido que vai valer a pena. Então meu conselho é, não desista e viva intensamente cada momento da sua jornada acadêmica. de significado aos pequenos e grandes momentos, as labutas e vitórias!”
Tendo em vista toda a dificuldade de se conseguir apoio, ou de procurar meio em que possa se pedir ajuda, deixamos aqui algumas alternativas para aquelas pessoas que necessitam de ajuda.
CVV- Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias.
Alteridade: Núcleo de Atendimento Educacional Especializado aos Discentes
SEPSI
O serviço escola de Psicologia oferece aos alunos uma formação participativa, proporcionando a comunidade ações de prevenção, promoção, proteção, avaliação e reabilitação da saúde.
A Depressão é caracterizada pelo Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais – DSM – V (2014), por uma tristeza persistente consideravelmente grave, na qual interfere no desempenho ou interesse na execução das atividades diárias. Não se sabe como se origina o transtorno, podendo ser hereditário, alterações nos níveis de neurotransmissores, alteração da função neuroendócrina e fatores psicossociais.
Para Viktor Frankl (1984), a Depressão nada mais é que um vazio existencial em busca de sentido. Sobre isso, ele nos exemplifica:
“Pensemos, por exemplo, na “neurose dominical”, aquela espécie de depressão que acomete pessoas que se dão conta da falta de conteúdo de suas vidas quando passa o corre-corre da semana atarefada e o vazio dentro delas se torna manifesto. Não são poucos os casos de suicídio que podem ser atribuídos a este vazio existencial. Fenômenos tão difundidos como depressão, agressão e vício não podem ser entendidos se não reconhecermos o vazio existencial subjacente a eles. O mesmo é válido também para crises de aposentados e idosos (p. 73).
A partir da frase de Viktor Frankl: “As pessoas têm o suficiente com o que viver, mas não têm nada por que viver; têm os meios, mas não têm o sentido” (1984), veremos um texto de autoria minha, publicado em 2018, no ENCENA, em processo de depressão.
Fonte: encurtador.com.br/mNST8
Descanso é o que preciso
Caros colegas, amigos considerados e familiares, escrevo esta carta para pedir socorro. Tenho andado distante de todos. Não posto mais tantas fotos nas redes sociais, não os respondo como a mesma frequência no app. Podem pensar que estou ocupada com a faculdade, com o trabalho, mas na verdade minha mente anda ocupada pensando em como poderia “descansar” para sempre. Meu corpo está cansado, minha mente sente dores, não consigo mais produzir energia para fingir que estou vivendo, sendo que meu SER EXISTENCIAL morreu e apenas o meu corpo vagueia pelas ruas desse mundo fake.
Tenho andado sem rumo buscando um norte, um sul, um lugar, um acolhimento, um qualquer. A dor vai corroendo minha alma deixando apenas o meu físico. Os baques do dia a dia vão torturando minha alma que grita, suplica por minha misericórdia. Descanso é o que preciso, alívio é o sentimento buscado.
Se alguém estiver se perguntando o que poderiam fazer por mim, digo-lhes que não sei, mas peço que não desistam de mim, não desistam de resgatar aquela pessoa que tantos me definem por aí. Não desistam sobretudo de acreditar que poderei voltar a ser a pessoa que um dia conhecera, ou que acreditam ter conhecido.
Hoje não tenho muitas coisas para pedir além do que já pedi, nem a vocês muito menos a Deus. Falando em Deus, aqueles que acreditam que seja a falta de religiosidade, fé estão tão enganados quanto aqueles que entram no curso de psicologia para fazer terapia. Rs! Minha fé é o que tem me sustentado até aqui. Outros irão dizer que tenho que sair mais, conversar com os amigos, ocupar a mente. Pessoas, minha mente está bem preenchida, ela calcula a distância de um carro até mim. Quantos comprimidos fazem dormir. Quais os impactos de uma queda. Então, obrigada.
Fonte: encurtador.com.br/dlAE7
Procurar terapia seria a indicação correta. Os impasses são outros. Caso alguém diga que poderei superar essa sem ajuda de um profissional estará trazendo mais crises para minha vida, pois é desacreditar na profissão que escolhi.
Quero viver, uma parte de mim quer muito viver, mas estou tão cansada de tantas dores, que amigos, todos os dias é uma luta cruel comigo mesma. Declaro que está aberta o “salve-me quem puder”. Compreendam que estou doente, e como todo doente, preciso de remédio, mas não existe remédio melhor que o afeto humano. Quem estiver a fim de brincar de super-herói, já estou passando da hora de ser resgata.
Não reconheço mais meu rosto no espelho. Não reconheço o gosto das minhas lagrimas, cada dia mais amargas. Meu corpo dói. Minha mente lateja. Meu cabelo cai. Meu sorriso não é o mesmo. Minha falta de bom humor incomoda.
Socorro é o que peço.
Fonte: encurtador.com.br/iluL6
Aqui acontece o que Viktor Frankl chama de “Noodiâmica”, ou seja, uma dinâmica existencial, sendo um campo polarizado de tensão, onde um polo está representado por um sentido a ser cumprido e o outro polo, pela pessoa que deve cumprir. Para ele, não precisamos viver acreditando que a vida é uma homeostase (estado livre de tensões), e sim, uma busca e uma luta escolhida livremente tornando-se um objetivo que para ele valha a pena. Nisso, podemos nos embasar também em uma frase de Nietzsche: “Quem tem por que viver suporta quase todo como.”
No texto, está claro o estágio em que estava, não havia mais um por que viver para suportar tudo que estava se passando na época. A busca da responsabilidade de sobrevivência era diária, mas infelizmente o vazio existencial preenchia todo o espaço.
Para a Logoterapia existem três caminhos principais para alcançar o sentido da vida, que são:
“O primeiro consiste em criar um trabalho ou fazer uma ação. O segundo está em experimentar algo ou encontrar alguém; em outras palavras, o sentido pode ser encontrado não só no trabalho, mas também no amor. […] o mais importante, no entanto, é o terceiro caminho para o sentido na vida: mesmo uma vítima sem recursos, numa situação sem esperança, enfrentando um destino que não pode mudar, pode erguer-se acima de si mesma, crescer para além de si mesma e, assim, mudar-se a si mesma” (FRANKL, 1984).
Busquei novos caminhos, trabalho novo, casamento, gravidez e durante todo esse processo da gestação, pude notar que estava criando laços com a sobrevivência, agora tinha um “por que viver” e ele se chama Miguel. Nisso, notei mudanças em mim e nas formas de encarar minha trajetória, dando significados e grau de importância que cada uma delas têm na minha vida.
Fonte: encurtador.com.br/sJKQU
Depressão é uma doença que tem tratamento, onde a causa é indefinida. Não tenha receios de buscar ajuda profissional para te ajudar a encontrar o sentido da vida, fazer com que você entenda o seu vazio existencial e o preencha novamente com coisas que te façam bem.
Sua saúde mental é tão importante quanto o seu ginecologista, quanto seu check up anual, não deixe que as tensões diárias invadam seu ser. A Ulbra fornece atendimento psicológico na Clínica de Psicologia da Universidade, serviço totalmente gratuito e você, também pode e deve procurar sua Unidade Básica de Saúde do seu bairro para acolhimento e encaminhamento. Cuide-se!
Lizandra Paz de Oliveira, 28 anos, funcionária pública, estudante do 10° período de psicologia.
Referencias:
FRANKL. V. E. Em Busca de Sentido. Edição Norte Americana – de 1984. Disponível em: < https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/58/o/Em_Busca_de_Sentido_-_Viktor_Frankl.pdf> Acesso em: 16 de maio de 2021.
LII. I. Descanso é o que preciso. EnCena. pub. 28 de abril de 2018. Disponível em: < https://encenasaudemental.com/narrativas/descanso-e-o-que-preciso/> Acesso em: 16 de maio de 2021.
Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais [recurso eletrônico] : DSM-5 / [American Psychiatric Association ; tradução: Maria Inês Corrêa Nascimento … et al.] ; revisão técnica: Aristides Volpato Cordioli … [et al.]. – 5. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre : Artmed, 2014. Editado também como livro impresso em 2014. ISBN 978-85-8271-089-0. Disponível em: http://www.niip.com.br/wp-content/uploads/2018/06/Manual-Diagnosico-e-Estatistico-de-Transtornos-Mentais-DSM-5-1-pdf.pdf > Acesso em 16 de maio de 2021.
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Vivência pós-depressão: de frente com meu 1º relato publicado no (En)Cena
A Depressão é um Transtorno Mental correntemente encontrado na população em geral. Segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS (2020), os problemas mentais têm sido uma predisposição global, nisso, 5,8% da população no Brasil tem sintomas depressivos, sendo o segundo nas Américas, ficando atrás dos Estado Unidos, com 5,9%.
Para o Ministério da Saúde, a Depressão é “um distúrbio afetivo que acompanha a humanidade ao longo de sua história. No sentido patológico, há presença de tristeza, pessimismo, baixa autoestima, que aparecem com frequência e podem combinar-se entre si” (BRASIL, 2015).
No sexo feminino o transtorno depressivo tem sido mais evidente e fortemente relacionado ao suicídio. Além de que, a doença provoca grande sofrimento e afeta diretamente na qualidade de vida, podendo gerar tentativas de suicídio ou o suicídio propriamente dito (CREMASCO; BAPTISTA, 2017).
Quando se fala em Depressão dentro das universidades, supõe-se que 15% a 25% dos universitários manifestam ao menos um transtorno psiquiátrico em seu período de formação acadêmica, sendo a depressão um dos aspectos dominantes (CAVESTRO; ROCHA, 2006). As alternâncias nas etapas da vida que contribuem para o desenvolvimento biológico, psicológico, cultural e social, faz com que cada indivíduo dê significados a suas experiências. Nisso, as vivencias nas universidades pode caracterizar, aos jovens, mudanças culturais, corte umbilical dos pais, inserção nos grupos/medo de não ser aceito, enfim, transformações no seu estilo de vida antes vivido.
Fonte: encurtador.com.br/bquKY
Em uma pesquisa realizada por Bonifácio, Silva, Montesano, e Padovani (2011), com 17 alunos (7 homens e 10 mulheres) das séries finais (4º ano e 5º ano) do curso de Psicologia, na Universidade Federal de São Paulo, permite considerar que demandas de moradia em repúblicas, adaptação ao ensino e aprendizagem, necessidade de organização do tempo e de atividades, o estabelecimento das novas relações interpessoais evidenciam o desenvolvimento de fatores potencialmente estressantes para uma parcela significativa da população universitária.
Nesse sentido, será analisado o relato de experiência escrito por mim em processo depressivo no ano de 2018 e publicado no Portal (En)Cena do Ceulp/Ulbra. Sou Lizandra Paz de Oliveira, vulgo Índia Lii, 10° período de Psicologia.
Vivemos em um campo de batalha contínua…
O sentimento de se sentir sozinha vai além do sentimento de solidão. É uma combinação de desespero, vazio, turbilhão de sentimentos sem nexo, de dor. Não é sobre ter medo do escuro ou do que pode acontecer amanhã. É sobre você não saber o sentido da sua existência; é sobre não compreender aonde os valores e princípios foram abandonados pela sociedade; é sobre carregar nas suas costas a culpa de não estar fazendo algo para salvar o mundo, o seu mundo.
Sabe como é beber um iogurte e não sentir se o seu sabor é morango, coco ou pêssego? Pois é, o ato de não sentir o gosto da sua comida favorita maltrata. Não ter vontade de fazer o que pulava o muro de casa para fazer escondido dos seus pais. Não conseguir levantar da cama sentindo um cansaço nos ombros que sem cessar pesa dentro do seu corpo.
Fonte: encurtador.com.br/gpyzC
Quantos gritos internos damos sem ecoar um som se quer. Quantas vezes em um momento de desistir de tudo, você resolve tentar mais um pouco, mais um dia. Pedi a ajuda, mas as pessoas acreditam que você é forte o suficiente para passar por mais essa “fase”. Realmente sou forte, não sabem o que tenho que fazer para pelo menos abrir os olhos e saber que mais um dia chegou.
Onde está meu lar? Onde estão os médicos, os psicólogos, os psiquiatras? Onde eu estou? Já procurei ajuda, mas até agora tenho usado minha bateria reserva. Não sei de onde vem às lagrimas, muito menos onde elas querem chegar, a única coisa que sei é que é a única coisa que traz alívios passageiros a minha alma.
Vivemos em um campo de batalha contínua, com monstros e sem armas para combater. Difícil matar algo que está dentro de nós. Queria poder alcançar com as mãos e arrancar de dentro de mim esse tumor chamado depressão. Meu cérebro está cansado; meu corpo está cansado; quero apenas dormir, descansar. Sei que não seria a solução para tudo, será tão egoísmo meu pensar apenas por hoje em mim? Por quanto tempo coloquei as outras pessoas na frente de tudo? Sempre foram minha família, meus amigos, meus colegas de trabalho; agora quero cuidar de mim. Preciso dormir, apenas isso.
Fonte: encurtador.com.br/moy03
Não quero publicações no meu facebook. Não quero flores no meu túmulo. Não quero lamentações. Todos os sentimentos por mim deveriam ser manifestados agora que preciso sentir algum valor na minha existência. Depois que minha matéria deixar de existir, apenas uma estatística serei, um número. Ter significado na minha morte pela falha em vida.
Índia Lii, abril de 2018.
O texto é iniciado com um desabafo que no decorrer é permitido captar a Depressão em seu estágio mais profundo, a exteriorização da procura de “matar a dor/os pensamentos”. Para compreender esse contexto de busca de entender os sentimentos durante os sintomas depressivos, Viktor E. Frankl em seu livro “Em busca de Sentido” relata que:
“Mesmo diante do sofrimento, a pessoa precisa conquistar a consciência de que ela é única e exclusiva em todo o cosmo-centro deste destino sofrido. Ninguém pode assumir dela isso, e ninguém pode substituir a pessoa no sofrimento. Mas na maneira como ela própria suporta este sofrimento está também a possibilidade de uma vitória única e singular. Para nós, no campo de concentração, nada disso era especulação inútil sobre a vida. Essas reflexões eram a única coisa que ainda podia ajudar-nos, pois esses pensamentos não nos deixavam desesperar quando não enxergávamos chance alguma de escapar com vida. O que nos importava já não era mais a pergunta pelo sentido da vida como ela é tantas vezes colocada, ingenuamente, referindo-se a nada mais do que a realização de um alvo qualquer através de nossa produção criativa. O que nos importava era o objetivo da vida naquela totalidade que incluiu a morte e assim não somente atribui sentido à “vida”, mas também ao sofrimento e à morte. Este era o sentido pelo qual estávamos lutando!” (FRANKL, 1984).
Em ocorrências de sofrimento, dor e em pensamentos de possibilidades de morte, a reflexão não é somente sobre qual o sentido da vida, também é sobre qual seria o sentido desse sofrimento, dessa dor, da morte.
De fato, a dor e o sofrimento, pertencem somente a pessoa que está sentindo ou atravessando determinadas transformações nas etapas da vida, até porque nossas experiências são únicas, intransferíveis, subjetiva e individuais. Só você, eu, podemos encontrar na dor e sofrimento os mais profundos sentimentos de esperança, sonhos e novas perspectivas que possam caracterizar em um novo significado a nossa existência. Como é possível fazer isso ocorrer? Com o apoio e intervenção profissional.
É um processo doloroso, na qual requer ajuda profissional de psicólogos, psiquiatras para fazer alcançar os sentimentos positivos e ajudar a traçar novas formas de vivenciar os conflitos do dia a dia. É importante saber que não se estar sozinho nessa jornada, somos 5,8% da população. Não se escolhe estar em depressão ou não, mas se escolhe o que os caminhos a serem percorridos quando se identifica os sintomas. Procure ajuda, procure um psicólogo!
Lizandra Paz de Oliveira, 28 anos, funcionária pública, estudante do 10° período de psicologia.
Referências:
BONIFÁCIO, S. P.; SILVA, R. C. B.; MONTESANO, F. T.; PADOVANI, R. C. Investigação e manejo de eventos estressores entre estudantes de Psicologia. Rev. bras. ter. cogn. vol.7 no.1 Rio de Janeiro jun. 2011. Disponível em < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1808-56872011000100004> Acesso em: 23 de abril de 2021.
BRASIL. Ministério da Saúde. Depressão. Brasília. 09 de setembro de 2015. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/dicas-em-saude/2049-depressao> Acesso em: 23 de abril de 2021.
CAVESTRO, J. M.; ROCHA, F. L. Prevalência de depressão entre estudantes universitários. J. bras. psiquiatr. vol.55 no.4 Rio de Janeiro, 2006. Disponível em < https://doi.org/10.1590/S0047-20852006000400001> Acesso em: 23 de abril de 2021.
CREMASCO, G. S.; BAPTISTA, M. N. Depressão, motivos para viver e o significado do suicídio em graduandos do curso de psicologia. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, Londrina, v. 8, n. 1, p. 22-37, jun. 2017. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/pdf/eip/v8n1/a03.pdf> Acesso em: 23 de abril de 2021.
FRANKL. V. E. Em Busca de Sentido. Edição Norte Americana – de 1984. Disponível em: < https://files.cercomp.ufg.br/weby/up/58/o/Em_Busca_de_Sentido_-_Viktor_Frankl.pdf> Acesso em: 20 de abril de 2021.
LII. I. Vivemos em campo de batalha contínua. (En)Cena. pub. 05 de abril de 2018. Disponível em: < https://encenasaudemental.com/narrativas/vivemos-em-um-campo-de-batalha-continua/> Acesso em: 22 de abril de 2021.
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Aumenta o número de pessoas com depressão no mundo. Brasília: OPAS/OMS. Disponível em: < https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5354:aumenta-o-numero-de-pessoas-com-depressao-no-mundo&Itemid=839> Acesso em: 23 de abril de 2021.
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“Elize Matsunaga – Era uma vez um crime”: conteúdos psicológicos da controversa série brasileira
A série brasileira “Elize Matsunaga – Era uma vez um crime” é um documentário televisivo original da Netflix em parceria com a produtora Boutique Filmes, dirigida por Eliza Capai. A produção lançada em julho de 2021, tem conteúdo com censura 14 anos, melancólico focado, especialmente, nos sintomas psicológicos e jurídicos da autora confessa de um dos crimes mais impactantes da história recente do país ocorrido em 19 de maio de 2012.
Figura 1 – (Crédito: Reprodução/Netflix)
A série explora fotos e vídeos de conteúdo intimista do antigo casal, apresenta vasto material jornalístico veiculado à época do julgamento, as falas de amigos, familiares e de especialistas sobre o caso oferecendo, e, por fim, destaca-se por conter muitas horas de declarações diretas de Elize tomadas durante uma saída oficial do ressesso de páscoa da prisão de Tremembé em 2019, falando em primeira pessoa, com iluminação e enquadramentos ajustados para fazer audiência sentir-se em frente a ela, olhando nos olhos, com expressiva proximidade.
Os episódios da série são: 1 – Estado civil: viúva; 2 – Uma vida de princesa; 3 – A infeliz ideia de Eliza e 4 – Ecos de um crime.
Figura 2- (Crédito: Reprodução/Netflix)
São apresentados temas de muito relevo para a psicologia e psicanálise, sadismo, masoquismo, depressão, e psicopatia foram conceitos diversas vezes mencionados pelos que tentavam enquadrar e compreender a subjetividade complexa da autora do crime bárbaro.
No julgamento, tanto a defesa como a acusação fundavam seus argumentos e aspectos psicológicos relativos a Elize. Os primeiros arguiam que a pena do crime deveria ser afastada, atenuada ou reduzida, pois no momento que atitou no marido, e esquartejou o corpo dele e o transportou em malas, ela não respondia por suas ações, pois estava tomada por violenta emoção.
Segundo a defesa, a autora do crime teve uma crise de ansiedade decorrente de longo período do medo que sentia de ser machucada e morta pelo marido, e tal medo estaria justificado no longo período de violência psicológica sofrida por ela contexto do casamento.
Já a acusação também faz uso da psicologia para pedir aumento da pena de Elize, que teria cometido o crime por motivo torpe, por mero ciúme e a associa a figura estigmatizada da mulher que deseja ser Cinderela, e ter “uma vida de princesa”, deixar as raízes humildes e ascender socialmente por meio do casamento do qual ela não estaria disposta a abrir mão.
Figura 3 – (Crédito: Reprodução/Netflix)
Neste contexto, entre argumentos de defesa e de acusação as personalidades de Elize e do marido assassinado tornam-se objeto de diversas discussões e especulações ao longo da série num esforço de compreensão e categorização da barbárie.
Como exemplo, tem-se a apresentação ao público de “fatos novos” que poderiam justificar para o público os comportamentos de Elize. Isso porque, foi descrito o impacto da morte prematura do pai na história dela. Foram retratados a vida difícil em termos de condições materiais que a família enfrentava e o contexto rural e muito rústico que ela viveu a infância e adolescência.
Além disso, tem-se um possível abuso sexual que ela teria sofrido aos 15 anos, perpetrado pelo padrasto e que teria marcado profundamente sua subjetividade e, por fim, a experiência vivida como profissional do sexo que a levou a sair do contexto familiar e a conhecer o futuro marido.
Por fim, vale destacar a releitura feminista que a série se propõe a fazer tanto do crime em si questionando diversos pontos de pré-conceitos ligados ao fato de a autora ser uma mulher, ter sido profissional do sexo e ter agido motivada por ciúmes, destacando, ainda, diversos casos famosos como o de Ângela Dinis morta pelo marido nos anos 60. O crime de Elize teria o mesmo fim caso fosse cometido por um homem? Fica a dúvida necessária e o convite à reflexão.
FICHE TÉCNICA
Elize Matsunaga – “Era uma vez um crime”
Ano produção: 2021
Dirigido por Eliza Capai
Classificação – Não recomendado para menores de 14 anos
A automutilação também conhecida por lesão auto infligida, lesão autoprovocada e autolesão pode ser caracterizada através de práticas intencionais de lesões no próprio corpo sem considerar o suicídio. Este comportamento se desenvolve por fatores ambientais, culturais, psicológicos e fisiológicos, identificados, na maior parte, entre adolescentes e jovens (WALSH, 2012, apud QUESADA, 2020a).
Culturalmente, a automutilação é pouco discutida entre as pessoas devido a facilidade em esconder as cicatrizes e machucados provocados, e por ser constrangedor para a vítima. Assim, foi recém estudado no campo científico, sendo definida nos anos 60 como a “Síndrome do cortador de punhos”. Assim, quem a pratica busca o alívio das suas angústias e dores, e quando este comportamento não resulta nos efeitos de alívio desejados, sua frequência tende a aumentar para que a solução seja alcançada (QUESADA, 2020a).
Algumas situações podem contribuir para o desenvolvimento da prática de automutilação como abuso sexual, emocional e físico, traumas na infância, bullying, uso e abuso de álcool e outras drogas, transtornos psicológicos, transtornos alimentares, entre outros (QUESADA, 2020a).
As lesões autoprovocadas podem ser classificadas de acordo com a gravidade dos ferimentos. São elas: categoria leve, definidas como práticas de pouca frequência e lesões leves; categoria moderada, são ferimentos com maior intensidade e frequência, e por vezes, surge necessidade de intervenção médica. Já na categoria grave, há ferimentos de alta intensidade que podem ocasionar sequelas nas vítimas (QUESADA, 2020c).
Esta ação nem sempre é fácil de ser percebida devido às regiões das lesões estarem escondidas. Porém, alterações em certos comportamentos podem ser indícios dessa prática, como baixa autoestima ou julgamento de si próprio, desmotivação para atividades que anteriormente eram executadas, alteração de apetite, vítimas de bullying, baixa interação entre familiares e amigos (QUESADA, 2020a).
Receber e respeitar a notícia de automutilação são princípios fundamentais e diferenciais para que a vítima possa se sentir acolhida e protegida diante de tal sofrimento. Assim como, considerar que o indivíduo que realiza a automutilação a prática pela falta de habilidades no controle emocional dos sofrimentos e resolução de problemas, e por isso, encontra nessa prática alívio de seu sofrimento. A todas as pessoas que convivem e conhecem pessoas que fazem a automutilação, é de extrema importância que possam ter compreensão e saibam conversar sobre o assunto com as vítimas, a fim de planejarem estratégias de tratamento (QUESADA, 2020a).
O meio familiar é o primeiro e principal ambiente que a pessoa é inserida no contexto de relacionamento, contribuindo para a construção e formação de seus princípios e valores de vida. É a partir desses vínculos que também se forma estratégias e habilidades de controle emocional diante de sofrimentos e estressores, e consequentemente, diminui-se as chances do adoecimento psíquico. Entretanto, a família também pode ser considerada um fator de adoecimento, quando esta não contribui para a qualidade de vida e bem-estar do familiar (QUESADA, 2020b).
A rede de apoio e assistência é fundamental para que a vítima tenha segurança e consciência de que existem maneiras mais adaptativas de seus problemas. Podem ser classificadas como profissionais de saúde, familiares, amigos, instituições religiosas, instituições de ensino, colegas de trabalho etc (QUESADA, 2020a).
Os profissionais de saúde envolvidos no tratamento de pacientes que se automutilam, devem levantar algumas informações para identificar as características das práticas de lesões autoprovocadas. Tais como, a frequência e intensidade dos machucados, circunstâncias que motivaram, formas e objetos utilizados, planejamentos e execuções, existência de intenção e ideação suicida. Compreender essas características auxilia na agilidade do planejamento e da execução do tratamento das vítimas. Pois quem mantém a prática autolesiva, muitas vezes, sentirá constrangimento e receio de que outras pessoas possam descobrir (QUESADA, 2020a).
Diversas instituições são consideradas determinantes para a colaboração da prevenção e cuidado ou como potencializadora dos atos de autoagressões. As relações interpessoais influenciam no controle emocional das pessoas que se automutilam, por isso é recomendado cultivar bons relacionamentos e convivência cordial para com as pessoas inseridas nesses contextos. Outro ponto a ser pensando é o papel da sociedade, contribuindo para a saúde mental coletiva com campanhas educativas como o “Setembro Amarelo” que aborda assuntos como automutilação e suicídio (QUESADA, 2020b).
Deve compreender que o tratamento é multiprofissional, e que quanto antes for iniciado, mais chances de sucesso o paciente terá. Podendo ser interprofissional entre médicos, enfermeiros, psicólogos, pedagogos, entre outros, além da colaboração de familiares e amigos (QUESADA, 2020a).
O ambiente escolar pode ser primordial para a psicoeducação e prevenção das práticas de automutilação entre crianças e adolescentes. É nele que a criança passa boa parte do seu tempo, onde também aprende sobre relações interpessoais, valores morais, regras. Nesse sentido, é que cada vez mais percebe-se a necessidade de uma equipe multiprofissional capacitada no que tange a saúde mental nas escolas, visando a qualidade de vida e o fortalecimento de vínculos saudáveis nesse contexto social. Juntamente com os familiares, a escola tem um papel de colaboração da identificação nas ocorrências de automutilação e na transmissão de informações necessárias nesses casos, principalmente para a elaboração e execução dos planos terapêuticos para o tratamento (QUESADA, 2020b).
Deve-se compreender como parte da sociedade, as redes sociais e serviços midiáticos por terem um alcance maior e mais rápido em relação a outros meios de comunicação. Assim, existem fatores que colaboram com a prevenção das práticas de autoagressão, ideação e tentativas de suicídio e outros que potencializam o acesso a informações distorcidas podendo incentivar a esses atos. Publicar conteúdo na internet que incentive a prática da automutilação é configurado como crime pelo artigo 122 do Código Penal (QUESADA, 2020b).
É entre os 13 e 16 anos a idade de maior frequência das autoagressões, sendo o corte o mais usado na autoagressão, localizados geralmente nas pernas, braços e barriga. Diante disso, é preciso observar os comportamentos e a rotina dos adolescentes, para que então, possam conversar e deixá-los confortáveis diante dessa circunstância (QUESADA, 2020c).
Em 2019 foi criada a Política Nacional de Prevenção da Automutilação e do Suicídio através da Lei nº13.819/19, com o objetivo de promover saúde mental, prevenir a automutilação e conscientizar a população sobre essas práticas, que constituem questão de saúde pública (QUESADA, 2020c). Por se tornar política pública, foram criados alguns serviços para que colaborassem no auxílio e orientações sobre autolesões, ideação, planejamento, tentativa suicida. O Serviço Telefônico Estatal é uma central telefônica de recebimento de ligações sem custos e com sigilo para as pessoas que buscam ajuda (QUESADA, 2020b).
Escolas, faculdades e universidades são ambientes onde surgem demandas de acolhimento, orientação e apoio ao adoecimento psíquico, por isso os profissionais que atuam em tais instituições precisam estar preparados e capacitados para lidar com esse fenômeno. A identificação de alguns comportamentos e vínculos afetivos podem orientar a equipe escolar para as medidas cabíveis, como a relação da pessoa com seus familiares, relacionamento com seus colegas de trabalho e meio acadêmico e relação com o meio social, a fim de encontrar recursos e uma possível rede de apoio diante dos resultados encontrados (QUESADA, 2020b).
Alguns fatores podem ter grande influência no aumento da frequência de autoagressão e tentativa de suicídio, que são: episódio anterior de tentativa de suicídio, transtornos mentais e histórico familiar e/ou genético de auto violência (OMS, 2014 apud QUESADA, 2020c). Outros fatores de risco também podem contribuir para a prática ou aumento das autoagressões como violência física, sexual, psicológica (QUESADA, 2020c).
Já os fatores de proteção e prevenção podem ser considerados habilidades do indivíduo em resolver conflitos, controle emocional diante de circunstâncias de problemas, suporte familiar, acesso a grupos terapêuticos ou equipe multiprofissional em saúde, prática de atividades físicas, entre outros recursos que possam contribuir na sua qualidade de vida. Algumas medidas podem reforçar o trabalho preventivo aos atos de automutilação, tais como desenvolver cada vez mais vínculos afetivos saudáveis, a psicoeducação no ambiente escolar, apresentar os serviços sociais de apoio às pessoas com adoecimento mental, desenvolver habilidades de recursos próprios para o fortalecimento e equilíbrio emocional (QUESADA, 2020c).
Por se tratar de um assunto tão delicado e denso, muitas vezes a violência autoprovocada não é discutida no meio social, e por isso as pessoas que não são especialistas ou trabalhadores da saúde sentem dificuldade em abordar esse assunto com as pessoas que apresentam tal prática. As orientações gerais para esse tema podem ser definidas como conversar com as pessoas praticantes de forma leve e mais acolhedora possível, a fim de que a vítima possa se sentir respeitada e apoiada. O mais importante diante de todo esse contexto é poder compreender as alternativas de resolução de problemas para a pessoa e identificar os meios que possam tratar e minimizar seus sofrimentos.
QUESADA, Andrea Amaro; NETO, Carlos Henrique de Aragão; OLIVEIRA, Josianne Martins; GARCIA, Marina Saraiva. Noções gerais sobre a automutilação. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2020a. 15 p.: il. color. (Curso Prevenção da Automutilação; fascículo 1). ISBN 978-65-86094-35-0.
QUESADA, Andrea Amaro; NETO, Carlos Henrique de Aragão, OLIVEIRA, Josianne Martins; GARCIA, Marina Saraiva. Automutilação: abordagem prática de prevenção e intervenção. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2020b. 15 p.: il. color. (Curso Prevenção da Automutilação; fascículo 2). ISBN 978-65-86094-34-3.
QUESADA, Andrea Amaro; FIGUEIREDO, Carlos Guilherme da Silva; SILVA, Antônio Geraldo; FIGUEIREDO, Renata Nayara da Silva; FIGUEIREDO, Karine da Silva; GUIMARÃES, Isabella Sallum. ilustrações: Rafael Limaverde. Cartilha para prevenção da automutilação e do suicídio: orientações para educadores e profissionais da saúde. Fortaleza: Fundação Demócrito Rocha, 2020c. 124 p.: il. color.
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Terapia Cognitiva-Comportamental e recolocação no mercado de trabalho
O momento que vivemos, por si só, já é um grande causador de quadros depressivos e de transtornos de ansiedade. Ao somar com a falta de espaço no mercado de trabalho, o sofrimento torna-se pior e, com isso, a desesperança toma conta. O que muitos não sabem, é que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode ajudar a melhorar esse quadro e auxiliar a pessoa a se tornar capaz de conseguir uma recolocação no mercado.
A TCC se baseia na ideia de que não é a situação que você vive que desencadeia as emoções, mas, sim, a forma com que as percebe. Os pensamentos gerados a partir disso podem ser disfuncionais e negativos, desencadeando uma depressão, por exemplo.
Há indivíduos que constroem na mente um sistema de crença com foco em se desvalorizar, fazendo-o achar que é incapaz de assumir certas posições e responsabilidades, principalmente no mercado de trabalho. Essa maneira de ver a vida o impede de crescer e conseguir uma recolocação. Para lidar com esses sentimentos, a Terapia Cognitivo-Comportamental ajuda a pessoa a perceber os pontos positivos e exaltar as capacidades e potências individuais.
O trabalho inicial do terapeuta é de desconstrução. Depois, o profissional tem a missão de fazer com que o próprio paciente tenha habilidades para entender onde estão sendo disparados os gatilhos e a forma com que ele percebe as situações. A partir desse momento, começamos a atuar no sistema da crença, que geralmente vem acompanhada de outras emoções como tristeza e apatia.
A TCC faz uma psicoeducação, onde o indivíduo passa a se conhecer, a se perceber e, juntos, saem dessa situação ou dessa patologia, que chamamos de depressão. Assim, a pessoa está pronta para se recolocar no mercado e em qualquer outro ambiente. Portanto, não tenha medo de buscar a terapia. Ela é capaz de ajudar em diversas situações da vida.
Não são só os adultos que apresentam transtornos psiquiátricos. As crianças também podem ter transtornos psiquiátricos, depressão, TOC, pânico ou fobia. Vale lembrar que a pandemia pode ajudar a desencadear algum transtorno psiquiátrico infantil. Então, é importante que pais, avós, cuidadores e professores redobrem a atenção. Diante de alterações sérias de comportamento, leve a criança ao médico.
O médico precisa estar informado e conhecer muitos aspectos dos transtornos nos pequenos, pois o diagnóstico é clínico. O que deve chamar atenção é se o comportamento traz algum tipo de prejuízo seja social, biológico e/ou afetivo na vida dessa criança. É necessário também prestar atenção se acontece em vários locais como, por exemplo, na escola, em casa ou com os amiguinhos. Verifique e anote se ocorre por um período maior de seis meses e sempre comente com o médico.
Os pais têm de procurar profissionais habilitados para que o filho seja bem assistido. O psiquiatra infantil e o neurologista infantil estão capacitados para auxiliar no tratamento. É necessário ainda uma equipe multidisciplinar composta por psicopedagogos, fonoaudiólogos e psicólogos, dependendo do nível das áreas prejudicadas.
Vale ressaltar que não é só a medicação que resolve. É fundamental que haja uma união entre profissionais da saúde, pais e a escola. O ambiente escolar também deve estar envolvido, pois é o local em que os pequenos ficam mais tempo no decorrer da vida. Assim, o tratamento trará melhores resultados e a criança vai conseguir recuperar a sua qualidade de vida.
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Janeiro Branco chama atenção para cuidados com a saúde mental
Em tempos de pandemia faz-se mais importante a atenção aos transtornos como ansiedade, estresse e depressão
A restrição social por isolamento forçado, em decorrência da pandemia pela Covid-19, tem potencializado os transtornos mentais como ansiedade, estresse e depressão. Diante disso, a Campanha “Janeiro Branco”, iniciada em 2014, desperta a população para o direito e os cuidados com a saúde mental e emocional das pessoas e das instituições humanas.
Segundo o médico psiquiatra da Gerência de Saúde Mental da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Rafael Mota Balduíno dos Santos a escolha de janeiro se dá pela particularidade do mês. “Representado simbólica e culturalmente como o primeiro mês do ano em que as pessoas estão mais propensas a pensarem em suas vidas, em suas relações sociais, em suas condições de existência, em suas emoções e em seus sentidos existenciais. É um mês para as pessoas se sentirem inspiradas a repensar e a planejar suas próprias histórias”, destaca.
Psiquiatra Rafael Mota destaca a importância do cuidado com a saúde mental
Para o especialista é importante observar o processo de trabalho adoecedor ao qual a população está inserida. “Este trabalho é intensificado pela permanência constante de atividades laborais em “Home Office”, levando a uma sobrecarga de serviço; a instabilidade econômica em vários setores da economia nacional e mundial; aumento do desemprego; escolas fechadas para aulas presenciais e restrições de espaços de lazer induziram a população a ter seu momento de ócio e trabalho distorcidos, sem limitadores para cada atividade, causando adoecimento psíquico e emocional”, pontuou.
Diante das dificuldades, Rafael enfatiza que “é de extrema importância a preservação da saúde mental em uma sociedade. Com isso, em âmbito nacional e local, o acesso aos serviços da Rede de Atenção Psicossocial ofertada pelo Sistema Único de Saúde é primordial. Nestes locais existem profissionais especializados como Psiquiatras, Psicólogos, Enfermeiros, Terapeutas Ocupacionais ou Assistentes Sociais nos serviços como Unidades Básicas de Saúde, Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), Clínicas Especializadas em Saúde Mental e Pronto Socorros”, informou.
Atendimentos
Em todas as regiões de saúde do Tocantins os pacientes com problemas de saúde mental recebem atendimentos como: atividade educativa/orientação em grupo; orientação em grupo na atenção especializada; visita domiciliar por técnicos de enfermagem, enfermeiros e médicos especialistas; consulta/atendimento domiciliar; terapia individual grupo; terapia individual; atendimento de urgência em atenção especializada; atendimento em oficina terapêutica em saúde mental; atendimento psicoterapia de grupo; atendimento familiar em centro de atenção psicossocial; ações de articulação de redes intra e intersetorial, entre outros.
População tocantinense conta com rede de atendimento especializado
Outubro Rosa é uma campanha com o objetivo de conscientizar sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. A doença também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos. Já para as mulheres receber o diagnóstico pode ser devastador e impactar na parte emocional, já que os cabelos e seios tem valor simbólico de feminilidade.
Após o diagnóstico, é comum a mulher sentir ansiedade por causa das incertezas em relação ao tratamento. Algumas apresentam depressão por não verem saída para a situação e pelas incertezas em relação à doença. Outras desenvolvem transtorno do pânico, que é o medo exagerado. E como estamos em uma pandemia, elas têm medo de adquirir uma segunda patologia por ter um sistema imunológico mais fragilizado e se isolam.
Fonte: encurtador.com.br/opvGR
O isolamento é um sinal de alerta. Ela passa a não querer mais o convívio social, fica mais calada, fechada e entristecida. A família é fundamental nesse momento. É importante que eles não diminuam a dor. Deem espaço para ela falar e se disponibilizem a acompanhar durante o tratamento. A família dá o apoio emocional e assim ela se sente acolhida e segura.
Os grandes hospitais que trabalham com o tratamento de câncer disponibilizam psicólogos que a ajudam com as emoções e pensamentos, mostrando que não se deve deixar de planejar o futuro, e focando na recuperação da estabilidade emocional. É importante que o tratamento ocorra uma vez por semana com terapia. E se necessário utilizar medicamentos receitados pelo psiquiatra.
Com a perda dos cabelos a autoestima da mulher fica abalada e o profissional de saúde busca trazer confiança e amor próprio. Quando ela tem acompanhamento, a tendência é que a autoestima não diminua, pois existe uma ajuda para estabilizar o humor e lado emocional.