Álcool, o frágil limite entre prazer e destruição

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Todos os anos o dia 20 de fevereiro é dedicado ao combate e conscientização da dependência do álcool, e é de suma importância que haja uma reflexão individual sobre o papel que a bebida exerce em nossas vidas e como ela pode impactar nossa realidade.

O álcool, diferente de outras drogas, pode estar presente desde muito cedo na vida das pessoas e a dependência que ele muitas vezes causa afeta milhões mundialmente. Socialmente muito bem aceito, e proposto em quase qualquer ocasião, a falta de controle no seu consumo às vezes está relacionado à busca de alívio da tensão e do estresse do dia a dia, entre outras razões. Seja para ser bem aceito num grupo, seja para perder a timidez, ou tantos outros motivos, a bebida é muitas vezes vista como uma boa alternativa.

O Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM), na sua última edição (DSM-5) atualizou o abuso e dependência de álcool que antes era chamado de alcoolismo, para Transtorno por Uso de Álcool (TUA), sendo uma condição na qual uma pessoa tem desejo ou necessidade física de consumir bebidas alcóolicas, mesmo que isso tenha um impacto negativo e traga consideráveis prejuízos em sua vida. É uma forma de extrema dependência em que a pessoa tem uma necessidade compulsiva de ingerir álcool para ser funcional nas suas atividades diárias.

Atualmente são identificados quatro padrões de consumo de álcool: o consumo moderado, sem risco; o consumo arriscado, que tem o potencial de produzir danos; o consumo nocivo, que se define por um padrão constante de uso já associado a danos à saúde; e o consumo em binge, que diz respeito ao uso eventual de álcool em grande quantidade.

Fonte: encurtador.com.br/syCT0

Alguns autores trazem este abuso como uma doença crônica, com fatores genéticos, psicossociais e ambientais influenciando seu desenvolvimento e suas manifestações, ou seja, as teorias levam em conta a complexidade do transtorno e reconhecem que geralmente é causado por uma combinação de fatores.

Mas porque referir-se a este assunto como um frágil limite entre prazer e destruição?

O álcool atua sobre o sistema de recompensa do cérebro, através da liberação de dopamina (entre outros neurotransmissores), trazendo a sensação de prazer e recompensa. Por ser uma droga lícita, difundida e muito usada até mesmo como ferramenta de aceitação e desenvoltura social, entender o mecanismo por trás deste sistema de gratificação que o cérebro produz e as consequências deste tipo de condicionamento, nos fazem perceber quão tênue é esta linha entre o prazer e o perigo.

Segundo o psiquiatra Dr. André Gordilho, “o paciente pode desenvolver tolerância, precisando de uma quantidade cada vez maior da bebida para sentir os efeitos que ele busca. Às vezes ocorrem sintomas físicos, como insônia, irritabilidade, e outros sintomas de abstinência”, completa.

Para um diagnóstico eficaz, ele traz que a atenção ao histórico do paciente é essencial. Normalmente a pessoa começa a estreitar o intervalo dos dias em que bebe, passando a consumir álcool de forma cada vez mais frequente. Também pode passar a ter comportamentos inadequados, como beber em locais em que não deveria, como no trabalho.

Fonte: encurtador.com.br/ckmwN

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o abuso de álcool é responsável por 3,3 milhões de mortes todos os anos no mundo. Dentre outras consequências podemos listar algumas patologias como: cirrose e outras doenças do fígado, depressão, crises de ansiedade, tremores e etc.

O álcool pode piorar os sintomas de depressão e ansiedade já existentes, além de aumentar as explosões emocionais. Muitas vezes, os alcoólatras têm uma falta de controle emocional (autoregulação) e às vezes podem causar perturbação nos contextos onde estão inseridos se estiverem altamente intoxicados.

O vício em álcool é perigoso, e ele vai aumentando gradativamente sem que o indivíduo perceba. O usuário não pensa que tem um problema, e quando vai se dar conta já não consegue assumir o controle em relação ao comportamento de beber ou à quantidade consumida.

Esta prática, além de conduzir o indivíduo a sérios malefícios para a saúde, contribui para a deterioração das relações sócio familiares e de trabalho, causando sérios prejuízos para a pessoa tanto fisicamente, quanto psicológico, emocional e socialmente.

Fonte: encurtador.com.br/rvQX9

Alguns sinais e sintomas do transtorno incluem:

  • beber sozinho ou em segredo;
  • não ser capaz de limitar a quantidade de álcool consumida;
  • não ser capaz de lembrar alguns espaços de tempo;
  • ter rituais e ficar irritado se alguém comentar sobre esses rituais, por exemplo, bebe antes, durante ou depois das refeições ou depois do trabalho;
  • perder o interesse em hobbies que eram apreciados anteriormente;
  • sentir muita vontade de beber;
  • sentir-se irritado quando os horários de beber se aproximam, especialmente se o álcool não estiver disponível;
  • armazenamento de álcool em lugares improváveis;
  • bebe para se sentir bem;
  • adquire problemas com relacionamentos, leis, finanças ou trabalho que resultam da bebida;
  • precisa cada vez mais de mais álcool para sentir seu efeito;
  • sente náuseas, sudorese ou tremor quando não está bebendo;

O tratamento da dependência possui algumas características particulares, visto que o indivíduo precisa de um programa bem personalizado, específico para ele. As perspectivas trabalhadas são medicação, abstinência, psicoeducação e responsabilização, dentro de uma visão multidisciplinar, envolvendo profissionais como psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e quaisquer outras especialidades como hepatologistas por exemplo. Para cada uma dessas abordagens é realizado um tratamento específico que vai depender do estágio que o paciente se encontra.

O primeiro passo deve partir da pessoa e o desejo de mudar aquele comportamento, reconhecendo que o consumo excessivo, progressivo e abusivo de bebidas alcoólicas está causando problemas em sua vida. A rede de apoio (familiares, amigos) é essencial para o sucesso da restauração da saúde e bem estar do usuário.

Um retorno ao consumo normal de álcool é muitas vezes possível para indivíduos que abusaram do álcool por menos de um ano, mas, se a dependência persiste por mais de cinco anos, os esforços para retornar ao consumo social geralmente levam à recaída.

Fonte: encurtador.com.br/bjIO3

Existe uma negação muito grande em reconhecer a doença por causa do estigma que ela carrega. E por ser tão bem socialmente aceito, as pessoas demoram a reconhecer e a procurar tratamento. Existe também muita vergonha envolvida nesse processo, e acaba sendo em alguns casos uma situação velada, e muitas vezes nem os próprios familiares conseguem se mobilizar para ajudar a pessoa que sofre com isso, às vezes por falta de informação ou por falta de acesso a estes meios de assistência.

Algumas formas de abordar e reduzir os níveis de consumo nocivo de álcool podem vir da promoção de conhecimento sobre saúde na população, fornecendo evidências da relação do consumo de álcool e os danos causados pelo abuso. A conscientização precisa ser mais bem trabalhada na sociedade como um todo, e precisa haver uma quebra de paradigmas, e buscarmos desmistificar o processo de tratamento, para a não normalização da doença e como qualquer outro transtorno ou patologia, procurando ajuda, pois é possível com tratamento superar e melhorar a qualidade de vida significativamente dos indivíduos prejudicados, tanto o portador do transtorno quanto seus familiares, amigos e colegas de trabalho.

O mais importante (e na verdade essencial) neste processo é que não se abra mão de um olhar psicossocial do indivíduo, que esteja ampliado e atento às relações deste sujeito, que ele seja protagonista nesta trajetória, e que haja este olhar nas interações entre os profissionais de saúde e o usuário e a sua rede de apoio, para um tratamento humanizado, que respeite as vontades do sujeito e busque sua melhora gradativa, de acordo com o seu caso e seu contexto.

REFERÊNCIAS

Transtorno do Uso de Álcool: uma comparação entre o DSM IV e o DSM – 5, NIH – National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism, outubro de 2021. Disponível em:  <https://www.niaaa.nih.gov/sites/default/files/publications/AUD-A_Comparison_Portuguese.pdf> . Acesso em: 15/02/2022.

O que é Transtorno por abuso de Álcool e qual é o Tratamento?, Seu Amigo Farmacêutico, 2019. Disponível em: < https://www.seuamigofarmaceutico.com.br/artigos-e-variedades/o-que-e-transtorno-por-abuso-de-alcool-e-qual-e-o-tratamento-/404#:~:text=O%20alcoolismo%2C%20agora%20conhecido%20como,era%20chamada%20de%20%22alco%C3%B3latra%22 >. Acesso em 15/02/2022.

Alcoolismo pode ser um inimigo invisível, Holiste, 27/05/2019. Disponível em: <https://holiste.com.br/alcoolismo-pode-ser-um-inimigo-invisivel/>. Acesso em: 15/02/2022.

Os cinco tipos de problemas com a bebida são mais comuns em diferentes idades, Third Age, 2019. Disponível em: < https://thirdage.com/the-five-types-of-problem-drinking-are-more-common-at-different-ages/>. Acesso em 16/02/2022.

Alcoolismo, Rede D’or, 2021. Disponível em: <https://www.rededorsaoluiz.com.br/doencas/alcoolismo>. Acesso em 16/02/2022.

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Alcoolismo: o convívio com o mal

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“Esqueci o conselho da mãe e segui o exemplo do pai”

Este discurso é de alguém que ingere altas doses de álcool diariamente. Alguém que tentou vencer na vida, assim como tenta vencer o vício. Que tem sua mente devastada pelo julgamento alheio e, inclusive, da própria família.

Paranaense, 52 anos, Paulo Donizete Oliveira, apesar do vício, traz em seu currículo uma nomeação controversa: é presidente da Associação Londrinense de Saúde Mental (ALSM), função desempenhada quando não está trabalhando na prefeitura de Londrina, Paraná. Como presidente, ele se preocupa bastante quando perguntado sobre os projetos da Associação:

– É muito complicado, não há recursos para se fazer nada naquele lugar. Eu tenho batalhado bastante, mas as autoridades não repassam como deveriam – afirma Oliveira.

Paulo Donizete Oliveira (canto direito) – Presidente da Associação Londrinense de Saúde Mental durante sessão na Câmara de Vereadores de Londrina (Foto: Acervo pessoal)

Já como pessoa comum, a cena é triste. Embora goste de falar bastante (talvez isso o credencie para exercer o cargo de presidente na Associação), o que se vê é um ser humano que sofre calado. Não apenas pelo efeito do álcool, mas muito pela vergonha que sente a cada familiar que visita. Calado sim, pois o odor etílico faz desnecessária qualquer manifestação momentânea. O silêncio só acaba quando é hora de ir “às compras”:

 – Quem quer sorvete? Deixa que eu busco. – pergunta Paulo com a voz um pouco trêmula devido ao início de embriaguez. Essa é a desculpa para Paulo poder sair de casa sem se sentir constrangido para ir beber com os amigos no bar da esquina. Ele caminha com pressa e sede proporcionais.

Talvez pressa demais, pois não demora a regressar. Em 20 minutos está de volta com o sorvete que prometera buscar. Saboreando a sobremesa conta sua história:

– Eu sempre bebi, mas socialmente. Só que hoje, não consigo mais parar. Já tentei, tentei muito, mas ele (o vício) é mais forte do que eu. É uma vergonha isso, mas o que eu vou fazer? – diz um Paulo Donizete indignado com si mesmo.

Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), o Brasil está entre os países do continente americano com as maiores taxas de mortalidade causada pelo álcool. Entre 2007 e 2009, 12,2 a cada 100.000 mortes ocorridas ao ano no país não teriam acontecido sem o consumo de bebida alcoólica.

– A história é simples. Vai muito também do exemplo que você tem em casa. Mas eu mesmo: esqueci o exemplo da minha mãe e segui o do meu pai, que bebia pra caramba. Então, além das dificuldades que você tem na vida, as experiências que você tem em casa fazem muita diferença – explica Oliveira.

Paulo Donizete Oliveira (agachado), com os colegas da Associação Londrinense de Saúde Mental (ALSM) onde é presidente. (Foto: Acervo pessoal)

24 de dezembro, véspera de natal, data em que as famílias se reúnem. Quase todo mundo sabe onde e com quem vai passar a noite de confraternização. Mas para o presidente da Associação Londrinense de Sáude Mental é sempre uma incógnita. Sem ter esposa ou filhos, ele depende de algum convite dos parentes em Londrina, Rolândia ou Porecatu, todas as cidades situadas no norte do estado do Paraná, para ter onde ficar.

Apesar de morar em Londrina e ter mais familiares nesta cidade, desta vez, o convite vem de Porecatu:

– Vou lá pra casa da minha tia, estou com muita saudade dela – diz ele, arrumando a mochila, sua constante companheira de viagem.

Apesar de demonstrar certo carinho pela tia, parece que a rejeição por parte de seus familiares amarga seu coração de uma maneira muito forte. Paulo já “se juntou” quatro vezes durante a vida, porém esse convívio intenso com o vício tenha, talvez, lhe desanimado em construir uma família de verdade.

– Eu sou totalmente contra esse negócio de família, esse tradicionalismo todo. Pra mim, família não serve. Família pra que? Eu tenho que buscar meus objetivos, seguir meu caminho – diz de forma contundente.

Já está quase na hora de ir, mas o vício não dá trégua. Sem alarde algum, ele sai novamente, sem a promessa de buscar e, sim, deixar algo muito valioso: sua dignidade. Com os parceiros de copo, ele demora vinte, trinta, até quarenta minutos. Muitos mais do que passa com a sua família. Provavelmente porque no bar, Paulo se sinta livre e longe de repúdios e olhares atravessados. Para ele, “o vício pune, mas não cobra”.

“Tchau. Até mais!” Assim, Paulo Donizete Oliveira se despede na rodoviária rumo à Porecatu, sem esboçar qualquer sorriso, em busca de abraços menos frios e olhares menos interrogativos.

Consumo frequente de álcool aumentou nos últimos anos http://veja.abril.com.br/noticia/saude/consumo-frequente-de-alcool-aumentou-20-nos-ultimos-seis-anos

Saiba como como reconhecer a doença e a ajudar uma pessoa a se tratar.http://www.youtube.com/watch?v=6iZi53lUAaA

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paraíso artificial

Paraísos Artificiais: uma história de amor e êxtase

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Qual a importância de se discutir drogas nos dias de hoje?

O filme Paraísos Artificiais (2012), de Marcos Prado, retrata a história de vida de um casal, que é atravessada pelos autos e baixos de quem entra em contato direto com o uso das drogas. Os diversos contextos vivenciados pelos personagens tratam do que é sabido sobre o uso de substâncias alucinógenas (dependentes ou não), e de como elas afetam a vida das pessoas, desde o tráfico ao consumo livre, em todas as esferas sociais.

Meu propósito aqui, contudo, não é o de abordar o filme, mas sim de aproveitar a discussão do tema e provocar uma reflexão a nível social e acadêmico. Deixo claro que não pretendo por meio deste insight tentar resolver o problema, do contrário, quero mesmo é deixar a questão no ar, em suspenso, para que juntos, possamos tentar chegar a uma solução, ou não.

Afinal, qual a importância de se discutir drogas na universidade?

Em minha educação, nível fundamental e médio, o tema sempre foi muito explorado. Haviam professores, coordenadores, palestrantes, até mesmo ex usuários falando, e com propriedade, sobre o tema e seus agravantes. Na minha formação acadêmica, a discussão perdura, e aqui, em algumas matérias, digo dos cursos área da saúde, podemos até ver a fundo a ação dessas substâncias no organismo. Mas de algum modo, parece que o aluno se restringe a deixar o assunto apenas para a sala de aula, e falar de drogas nos corredores parece obsoleto.

Ano de 2012, vivemos o século do acesso à informação, e poucos se dão conta de que estamos imersos em uma revolução tecnológica. Somos o mais longe que a evolução já levou o ser humano, e até aqui, nos perdemos em questões ínfimas. Parece que avançamos tanto em algumas áreas e em outras deixamos, e sempre deixaremos, a desejar. Porque será que ainda hoje, precisarmos gastar tempo e espaços, como este, para tratar de assuntos que já deveriam estar bem esclarecidos. A questão é: Será que algum dia isso vai mudar?

Afinal, até quando se discutirá sobre o uso das drogas?

O problema é atual, e persistente. O tema é de extrema importância, e já atingiu proporção: social, cultural, política, econômica e religiosa. Os debates já chegaram à saúde, inclusive à saúde mental, prova disso são os Centro de Apoio Psicossal Álcool e Drogas (CAPS AD) que se espalham pelo país, a fim de atender também essa demanda. Mas quando se fala em prevenção, acredito que o debate, não há como escapar disso, tem que nascer no âmbito familiar.

Vale ressaltar que Debate: é uma discussão entre duas ou mais pessoas que queiram apenas colocar suas ideias em questão ou discordar das demais, sempre tentando prevalecer a sua própria opinião ou sendo convencido pelas opiniões opostas. Quando falo de que o debate tem que nascer no âmbito familiar, digo que: pais, irmãos, tios, avós, primos, vizinhos, etc, devem juntos romper com os preconceitos e conversar sobre o tema. O primeiro passo para a solução de um problema, é a aceitação de que ele existe.

Ao se falar de drogas, um dos problemas é que estamos acostumados à imagem ruim que sempre é associada ao vicio, quando este é abordado pelas mídias. A maioria das campanhas de conscientização quanto ao uso das substâncias que causam dependência, apelam para o lado emocional, e buscam aterrorizar a pessoas, em especial, os jovens. Tais campanhas impõem o medo, imprimindo no inconsciente das pessoas a imagem social de algo que elas não querem para si. Um exemplo claro disso, são as fotos no verso das embalagens de cigarros hoje em dia.

Mas onde está o erro nisso?

Imagine que em um belo dia, um jovem, por qualquer que seja a situação em que está imerso, em algum determinado momento de sua vida experimenta um cigarro de maconha, por exemplo, e surpresa, a sensação é muito melhor do que ele poderia esperar. Nada de ruim. Do contrário, uma viagem alucinante, muito diferente da imagem de miséria com a qual ele está habituado. Desse ponto, até ele descobrir a realidade por trás do uso das drogas, vai demorar muito tempo, aliás, tempo suficiente para tornar o quadro muito mais difícil de ser revertido. E o pior, pode ser que ele se torne um usuário moderado, e vir a nunca presenciar uma situação que lhe provoque uma visão negativa a cerca do vicio. Isso, se ele se tornar um usuário.

É essa a reflexão que o filme traz, afinal, a sensação causada pelas substâncias alucinógenas não chegam nem perto daquelas oferecidas atualmente pelos discursos das mídias, e neste caso, o paraíso pode sim ser artificial.

O que está errado?

Não quero aqui criticar o que já vem sendo feito pelas políticas públicas, nem pelas ONG’s que trabalham dia e noite no auxilio a usuários, pelo contrario, acredito que tem havido grandes avanços nesse campo, um exemplo claro são os investimentos nas campanhas de redução de danos. Mas, enquanto não superarmos o problema, não podemos nós conformar. Na verdade, nem depois! O debate é atual, e tem que permanecer, a fim de evitarmos reincidência.

Pretendo como esse texto, mostrar outros lados, aspectos, que também devem ser considerados ao se falar de drogadição.

Não sei se o debate sozinho vai nos levar a algum lugar, sinceramente espero que não. Mas sei que indiferente à situação não dá para continuarmos. Estamos caminhando para um ponto onde, ou você é a favor, ou contra, e nem aqui eu crítico. Acho mesmo que cada um, mediante suas crenças, tem sim o direito de defender seu ponto de vista. Mas a questão é que, até para se defender o uso das drogas, tem-se que ter, pelo menos, um conhecimento básico a respeito do tema. Não estou fazendo apologia ao uso de drogas, nem não fazendo. Fico indignado com aqueles que apenas se negam ao debate (seja qual for o tema), ou se chocam com as cenas mostradas pelo filme, que de maneira belíssima, provoca uma reflexão sobre o problema.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

PARAÍSOS ARTIFICIAIS

Direção: Marcos Prado
Roteiro: Marcos Prado, Pablo Padilla, Cristiano Gualda
Elenco: Nathalia Dill , Luca Bianchi , Lívia de Bueno;
País: Brasil
Ano: 2012
Gênero: Drama

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