“Professores estão sendo levados a exaustão na pandemia”, diz especialista

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As mudanças impostas pela pandemia na rotina dos professores podem afetar a saúde mental desses profissionais. É o que alerta a psicóloga e consultora educacional Carla Jarlicht. Na entrevista abaixo, ela analisa a necessidade de os gestores das escolas estarem atentos aos efeitos desse período junto ao corpo docente, os impactos do ensino remoto no dia a dia das aulas e a nova dinâmica pedagógica que o formato híbrido exigirá. 

(En)Cena – Num contexto de normalidade, quais são os problemas que costumam afetar a saúde mental dos professores?

Carla Jarlicht – A rotina diária de um professor é bastante desafiadora, e por vezes, exaustiva. A categoria enfrenta baixos salários, carga horária extensa, falta de estrutura e segurança nas escolas, falta de suporte e tantos outros problemas. Quem pensa que o trabalho do professor se encerra quando ele termina o seu turno de trabalho está bastante equivocado. Há ainda as tarefas de planejamento, verificação de materiais dos alunos e pesquisa que , invariavelmente, são realizados em casa (e sem remuneração), depois do seu horário de trabalho. Para além disso, há o vínculo afetivo construído por quem trabalha diretamente com pessoas diariamente, portanto os professores envolvem-se com seus alunos, preocupando-se com eles dentro e fora da sala de aula. Apesar desse vínculo ser desejável e, muitas vezes, condição para o desenvolvimento do trabalho, ele pode ser também mais um ingrediente de pressão quando o professor não encontra parceria seja com o aluno como com a própria família e com a escola. Esse conjunto de fatores pode, sim, afetar a saúde mental dos professores que se sentem (e são) extremamente exigidos pela sociedade, pela escola, pelas famílias de seus alunos, pelos próprios alunos e por eles mesmos, que querem realizar um trabalho de qualidade. Caso esses excessos não venham acompanhados de um suporte consistente da escola (gestores e coordenadores) podem tornar-se extremamente pesados, acarretando problemas de saúde como estresse e depressão, para citar apenas dois.

Fonte: encurtador.com.br/GMSY6

(En)Cena – Com a mudança repentina para as aulas remotas e a necessidade de lidar com um cenário totalmente novo e com novas tecnologias, muitos professores sentiram piora na saúde mental. Por que isso acontece? Que fatores dessa nova realidade afetam o emocional e psicológico desses profissionais?

Carla Jarlicht – Tudo que é novo desacomoda e inquieta até se tornar conhecido. E devido à pandemia tudo teve que acontecer sem muito planejamento, o que gera ainda mais desconforto. Somada à todas as questões desafiadoras já sabidas, os professores tiveram que dar conta também de uma mudança drástica na sua prática de sala de aula. A maioria sequer havia recebido formação para trabalhar remotamente, muitos nem acesso à internet de qualidade tinham e outros nem as ferramentas necessárias. Tudo isso contribuiu para o aumento do estresse. E para além de todas as mudanças ocorridas havia ainda todos os temores pessoais, novas precauções e lutos trazidos pela pandemia. A sala de aula passou a acontecer na casa de cada um, com muitas diferenças quanto à recepção e à percepção de cada aluno (e suas famílias) quanto ao novo modo de trabalho. Foram (e são ainda) muitos os questionamentos que vão da estrutura do trabalho remoto em si à dúvida sobre a eficácia da aprendizagem do aluno passando pela necessidade da parceria das famílias e do apoio da escola e pela qualidade do próprio trabalho que está sendo realizado. Imagine que o professor é aquele acrobata que roda vários pratinhos ao mesmo tempo. Todos estão ao seu alcance e nenhum deles pode cair. Todos os seus pratinhos são bem diferentes uns dos outros. Se essa situação já provoca uma certa ansiedade, imagine se, de repente, surge um obstáculo entre ele e os pratinhos. Os graus de ansiedade e de tensão aumentam. Tudo isso pode gerar mais ansiedade, angústia, fadiga mental, principalmente, quando o professor não encontra o apoio necessário. Afinal, os pratinhos do professor são inteiramente diferentes daqueles do acrobata e não têm reposição.

Fonte: encurtador.com.br/ekmps

(En)Cena – Em muitos locais, o ensino remoto migrou para o ensino híbrido, no qual os professores precisam dar aulas presenciais e continuar dando aula remota. Como essa nova mudança pode afetar os professores? Muitos têm comentado sobre o medo de pegar o vírus e contaminar seus familiares e sobre a carga maior ainda de trabalho.

Carla Jarlicht – Todas essas mudanças são ainda muito recentes, mas parece que o conceito de ensino híbrido vem sendo mal compreendido. Ensino híbrido é uma combinação entre atividades no presencial, em sala de aula, como vem sendo realizado há tempos, com o modo online, o qual as tecnologias digitais são ferramentas empregadas para enriquecer o ensino (e não necessariamente o aluno está fora da escola). Uma vez que nem todos os alunos estarão presentes na escola, é possível que o professor precise elaborar um planejamento diferenciado para o grupo que estiver em casa, a menos que esse grupo usufrua das aulas presenciais sincronicamente. De uma maneira ou de outra, existe aí uma mudança radical em relação à proposta de ensino tradicional e tudo caminha cada vez mais para que o ensino seja personalizado. Como toda e qualquer mudança é preciso tempo, paciência e investimento na formação do professor para que ele possa abraçar esse novo lugar com propriedade e confiança. E esse processo é sempre trabalhoso, podendo ser também estressante caso o professor não tenha apoio necessário.

Considerando ainda que estamos imersos no frágil e incerto contexto da pandemia, é possível que os professores estejam se sentindo inseguros, principalmente, em relação à sua saúde e a de seus familiares e pessoas próximas. Isso precisa ser legitimado pela escola, que por sua vez, necessitará investir no diálogo com seu corpo docente para que juntos possam alinhar expectativas e pensar em outras estratégias para essa nova etapa escolar contemplando o bem-estar de todos, especialmente dos professores, pois são eles que estão na linha de frente com seus alunos.

Fonte: encurtador.com.br/isuTZ

(En)Cena – Quais são as dicas para os professores melhorarem sua saúde mental e lidar melhor com esse período?

Carla Jarlicht – A pandemia abalou três necessidades básicas do ser humano: a pertença (relacionado aos vínculos afetivos, à importância de se sentir compreendido), a competência (relacionada à capacidade de estar no controle) e a autonomia (relacionado a nossa capacidade de tomar decisões tendo em vista as consequências). Portanto, é preciso estar atento a esses aspectos em especial porque eles vão reverberar nas nossas formas de pensar, sentir e agir. Precisamos observar os sinais de cansaço, irritação, ansiedade e tristeza. Sempre que algum sentimento impede aquilo que precisamos realizar, é preciso ligar o sinal de alerta. Respirar, falar sobre o assunto que aperta o peito e buscar ajuda especializada podem ser alguns caminhos.

Os professores ocupam um lugar de extremo valor dentro da sociedade que, apesar de pouco reconhecido e valorizado atualmente, é de bastante responsabilidade e extremamente exigido. E, vivemos um momento em que todos os olhares se voltam para eles, como se estivesse apenas nas suas mãos a solução para os problemas gerados pela pandemia. Para não cair na cilada do herói, é importante que os professores entendam que são primeiramente humanos e que por isso, podem direcionar para si mesmos o olhar generoso que direcionam para os seus alunos, respeitando assim, os seus próprios limites.

(En)Cena – Para evitar o aumento de estresse, pensar no planejamento da semana, equilibrando suas responsabilidades pessoais e de trabalho pode ser um excelente investimento de tempo. É fundamental reservar em alguns pontos da semana ou do dia para relaxamento. Às vezes, parar dez minutos para tomar um café longe da tela pode ser tudo que se precisa para recarregar, para arejar a cabeça. Se puder se exercitar ou apenas esticar o corpo, melhor ainda! Outra coisa importante é se perguntar quanto às prioridades. Quais são as prioridades? O que é urgente de verdade? Será que é possível distribuí-las, endereçá-las melhor ou até partilhá-las com alguém?

Carla Jarlicht – Outro aspecto a ser considerado é relativo à quantidade de horas trabalhando. Se a hora para começar é importante de ser cumprida, a hora de encerrar é igualmente importante. Determine (e respeite) o seu tempo. Lembrem das crianças que, mesmo quando estão no meio da brincadeira, pedem “altos” para descansar, tomar fôlego e seguir brincando. Nosso corpo precisa de pausas para pensar melhor e para a gente ser mais feliz com o que faz.

Da mesma maneira que o professor procura a todo custo e , principalmente no atual contexto, evitar exigências desnecessárias com os alunos, esse mesmo cuidado precisa ser direcionado a ele próprio. Fortalecer o que já faz bem pode ser um caminho mais tranquilo e promissor no cuidado com a saúde mental.

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Matemática é aliada para entreter crianças em tempos de coronavírus

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Portal Saber oferece quebra-cabeças dirigido ao público infantil

Por Alana Gandra – Repórter da Agência Brasil – Rio de Janeiro

A matemática pode ser um grande aliado de pais e responsáveis para entreter os filhos durante o período de isolamento imposto pela pandemia de coronavírus. Um bom exemplo é o Portal do Saber, disponível na internet, que cobre todo o material curricular, desde o ensino fundamental até o fim do ensino médio. Ele oferece quebra-cabeças matemáticos dirigidos às crianças menores, sobretudo do ensino fundamental 1, que aprendem matemática em tom de brincadeira.

A informação foi dada hoje à Agência Brasil pelo diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), Marcelo Viana. O Impa promove, anualmente, a Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep). “As questões disponíveis no Portal do Saber, ao mesmo tempo em que ocupam as crianças em casa, contribuem com a formação deles”, afirmou Viana.

Para os jovens e adolescentes do ensino médio, as provas de anos anteriores da Obmep podem constituir grande aliado neste momento de quarentena para prevenção do coronavírus, indicou Viana. O Portal oferece toda a matemática dirigida à Obmep que inclui desde o 6º ano do ensino fundamental até o 3º do ensino médio.

 As provas estão disponíveis também no site da olimpíada . Dessa maneira, crianças e jovens podem aproveitar o ensino lúdico da matemática para aumentar o conhecimento, enquanto se divertem. “Desperta a criança e, ao mesmo tempo, contribui para sua formação”, diz o diretor-geral do Impa.

A Obmep já descobriu talentos em todo o Brasil. O certame é feito todo ano por mais de 18 milhões de alunos de 99,7% dos municípios brasileiros.

Plataforma

Exercícios criativos do programa Mentalidades Matemáticas, desenvolvido em inglês por professoras de educação matemática da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, podem também ser grandes aliados dos pais para distrair os filhos no atual momento de quarentena imposto pelo vírus. O programa foi criado com base em pesquisas recentes da neurociência, que mostra como ensinar matemática de maneira criativa.

O Instituto Sidarta traduziu o site para o português e disponibiliza gratuitamente o conteúdo do Youcubed para o Brasil e outros países de língua portuguesa. A plataforma contabiliza mais de 38 milhões de visualizações, envolvendo pela internet 230 milhões de pessoas em 140 países.

A presidente do Instituto Sidarta, Ya Jen Chang, disse que na plataforma são encontrados desde artigos científicos, para ajudar no desenvolvimento de professores, até atividades específicas para as crianças fazerem em sala de aula ou em suas residências. “Esse aprendizado da matemática é, na verdade, uma nova abordagem diferenciada da matéria, onde ela traz uma perspectiva de uma matemática aberta, criativa e visual”, afirmou Ya Jen.

“Ela parte do pressuposto de que matemática não é o que a gente está acostumado a ver hoje em dia, que é a questão dos procedimentos, das fórmulas e dos cálculos, é muito mais ampla e muito mais aberta”, garantiu a presidente do Instituto Sidarta. Segundo Ya Jen, nessa nova matemática, a pessoa pode explorar ideias, brincar com os conceitos matemáticos e desenvolver raciocínios lógicos.

Educação de qualidade

Ya Jen destacou que a missão do Instituto Sidarta, criado há 20 anos e sem fins lucrativos, sempre foi o de promover educação de qualidade para todos. Ao ter contato pela primeira vez com o material do programa “Mentalidades Matemáticas”, a presidente do instituto viu ali uma oportunidade de ampliar o conhecimento da matéria, especialmente entre os adolescentes brasileiros, que apresentam deficiência crônica para aprender essa matéria.

De acordo com dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) referentes a 2017, sete em cada dez brasileiros com mais de 15 anos de idade não têm o domínio da matemática, comparado com outros países que mostram a mesma situação socioeconômica, entre os quais a Índia, por exemplo. “Realmente, a gente tem uma sensação crítica de não aprendizagem”.

Ya Jen Chang disse ainda ue parte dessa deficiência se deve ao jeito como a matemática é ensinada, em geral, no Brasil, que “causa traumas” e deixa em muitas crianças a sensação de que a matéria não foi feita para elas. “Esse é um dos primeiros mitos da matemática”. Assegurou que a matemática é inerente ao ser humano. Um conceito equivocado, segundo ela, é que a pessoa que faz contas rápido é melhor do que aquela que não faz. “A rapidez não tem nada a ver com a capacidade matemática. O que se busca é a profundidade”.

A dimensão que temos de volume, de geometria, explica porque sabemos que um carro não pode ser colocado na vaga de uma moto. Isso é matemática. O sentido da matemática é mais amplo e não se restringe a números e cálculos.

Jogos

Na plataforma Youcubed são encontrados vídeos, artigos, atividades e jogos sobre a abordagem inovadora baseada em pesquisas de neurociência, abertos a uma ampla faixa etária que abrange desde os quatro anos de idade até a fase adulta do ser humano.

Uma das atividades é intitulada Léo, o coelho, voltada para crianças menores, que aprendem matemática baseada nos pulos que o coelho tem de dar para subir uma escada de dez degraus. Para estudantes do 5º ao 8º ano do ensino fundamental, há o Labirinto das Operações, tabuleiro onde as peças são movidas para baixo ou para os lados, mas nunca para cima. A criança não pode passar duas vezes pelo mesmo lugar. O objetivo é escolher um caminho que resulte no maior valor quando a pessoa chegar ao fim.

No Quatro Quatros, em que uma folha é dividida em 20 quadrados, preenchidos de 1 a 20, o desafio é encontrar todos os números entre 1 e 20 usando apenas quatro quatros e qualquer operação. A atividade demonstra a flexibilidade dos números e como há diferentes maneiras de chegar ao mesmo resultado. Como trabalha com as quatro operações, o jogo é indicado para crianças a partir do 3º ano do ensino fundamental.

Nas Cartas Matemáticas, em vez de trabalhar com rapidez de raciocínio e memorização, a atividade usa o jogo de cartas para trabalhar com o senso numérico e multiplicação sem nenhuma limitação de tempo. O objetivo é casar as cartas com a mesma resposta numérica, mostrada em diferentes representações. O jogo é indicado para alunos do 3º ao 8º ano do ensino fundamental.

Fonte: encurtador.com.br/owKU8

Entretenimento

O empresário Raphael Campos usou jogos do Youcubed e a prova da Obmep com a filha Ana Beatriz e sua amiga Yasmin Cândido, ambas de 11 anos. Segundo ele, as meninas adoraram e ficaram entretidas por mais de uma hora.

“Brincamos do exercício ’4 quatros’, que precisa usar as operações com o 4 para se chegar a todos os números até 20. E elas também adoraram fazer a prova da Olimpíada de Matemática. São questões de raciocínio, não de fórmula, desafiadoras e interessantes. Assim as crianças ficam ocupadas de forma lúdica e aprendem”, assegurou Raphael Campos.

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Além da Sala de Aula: uma forma personalizada de ensinar

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Acredita-se que as relações interpessoais interferem na maneira como o aluno interage com o professor e com os colegas, de modo que o professor não deve somente saber o conteúdo que vai transmitir, mas além disso, deve ter capacidade de saber lidar com seus alunos e ser aceito por eles.

O filme “Além da Sala de Aula” é de origem norte-americana e conta a história, baseada em fatos reais, de Stacey Bess. Desde muito pequena Stacey demonstrou desejo de se tornar professora. Ainda recém formada, foi convidada para lecionar em uma escola-abrigo para pessoas sem teto e no primeiro dia de aula, a professora foi bem vestida,de salto, blazer e ao chegar na escola se deparou um uma situação que jamais imaginara. Stacey foi contratada para dar aula em uma sala onde não havia livros, cheia de sucatas, crianças em diferentes idades, má alimentação, poucos recursos e ainda teve que lidar com os furtos do que ainda lhe restara.

Stacey pensou em desistir, mas ao conhecer um pouco mais das crianças, resolveu buscar recursos para a escola. Sem sucesso, ela compra alguns materiais para tornar o ambiente mais agradável. Então, a professora faz uma reforma na sala, pinta as paredes, coloca jarros de flores, dois painéis coloridos para usar como mural e nos dias seguintes passou a distribuir comida para as crianças se alimentarem e conseguirem prestar atenção na aula. Mas ainda percebeu que precisava da colaboração dos pais para que se tornasse efetiva a aprendizagem das crianças. Stacey marcou uma reunião e pediu a colaboração deles para substituir o uso da televisão por momentos de estudo com seus filhos. A proposta deu certo. Além disso, percebeu-se que houve um vínculo professor-aluno pois ela recebia lembrancinha, as crianças lhe respeitava na sala de aula e chegaram a ir visitá-la quando sua filha nasceu.

Segundo Patto (1997), por muito tempo as relações interpessoais no contexto da educação não era concebida como importante nesse processo, pois nenhuma delas propuseram tentativas de sistematizar e explicar o indivíduo através dessa perspectiva, ou seja, é um tema recente de estudos. No entanto, acredita-se que as relações interpessoais interferem na maneira como o aluno interage com o professor e com os colegas, de modo que o professor não deve somente saber o conteúdo que vai transmitir, mas além disso, deve ter capacidade de saber lidar com seus alunos e ser aceito por eles, ou seja, o educador precisa conhecer sua significação para o educando. (LEITE, 1991).

Nessa interação, o professor dificilmente consegue atuar com neutralidade, e suas práticas ressaltam a simpatia e antipatia. O primeiro refere-se à interpretação favorável do comportamento da pessoa por quem nos simpatizamos e ,assim, o professor passa a agir de acordo com essa interpretação. O segundo, por sua vez, se estabelece em uma situação de interação constante que se intensifica e pode afastar o professor do aluno ou entrar em conflito direto entre si. Essa relação é intensificada onde os bons alunos tendem a ser cada vez melhores e os alunos com atitudes desprezadas pelo professor tendem a agir mais frequente com esse tipo de comportamento (LEITE, 1991) .

A professora Stacey conseguiu manter essa neutralidade e estabelecer relação de respeito mútuo, mas foi possível perceber em um momento, por exemplo, que um dos alunos agrediu o outro quando a professora agradeceu o presente que havia recebido. Essa cena evidencia que não só a interação com o professor fica comprometida, mas pode gerar desentendimentos entre os colegas da turma.

Assim, Tacca e Branco (2008, p. 40-41) afirmam que é importante tentar compreender processos de significação, a fim de que se conheça quais as dinâmicas que, na relação professor e aluno, interferem no processo de aprendizagem. Dessa forma, é necessário mobilizar positivamente e com foco nas atividades escolares e nos objetivos educacionais, as emoções, necessidades e pensamento, tanto de alunos como de seus professores, pois acredita-se que fazendo assim, haverá diminuição da possibilidade de que os processos de significação sejam desviados, e impede que os sujeitos sejam afastados de uma participação comprometida com sua própria aprendizagem e desenvolvimento.

Esse tema é importante pois é difícil manter a neutralidade diante dos alunos que atrapalham a aula, não participam das atividades propostas, nem executam os trabalhos com esmero em comparação aos alunos que além de ter responsabilidade com sua própria aprendizagem, têm respeito pelo professor e colegas. Nesse caso, é mais fácil culpar a criança do que perceber as significações que o professor tem de seus alunos. Isso é constantemente é percebido no cotidiano, seja na forma como fala, nas vantagens que dá a alguns, na atenção que o professor dá no momento em que o “bom aluno” fala, nos elogios ou nas broncas direcionadas à pessoa em público, entre outros. Essa interação pode acarretar em uma não aprendizagem e até mesmo em problemas psicológicos como: baixa auto-estima, crenças distorcidas sobre si, etc.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Diretor: Jeff Bleckner
Elenco: Emily VanCamp, Treat Williams, Steve Talley, Timothy Busfield; 
Gênero: Drama
País: EUA
Ano: 2011

REFERÊNCIAS:

LEITE, D.M. Educação e Relações Interpessoais. In: PATTO, M. H. S (org). Introdução à Psicologia Escolar. São Paulo: T.A Queiroz, 1991.

PATTO, M.H.S. Parte III- A interação Professor-Aluno. In: PATTO, M.H.S (org). Introdução à Psicologia Escolar. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997.

TACCA, M.C.V.R; BRANCO, A.U. Processos de significação na relação professor-alunos: uma perspectiva sociocultural construtivista. Estudos de Psicologia, n.13, v.1, p. 39-48, 2008.

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‘Além da sala de aula’ e a educação cidadã

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A ação pedagógica deveria ser voltada para garantir a todos o saber e as capacidades necessárias a um domínio de todos os campos da atividade humana.

A história se passa em 1987 e apresenta uma jovem professora, mãe de dois filhos e grávida do terceiro, recentemente formada na faculdade, que acaba lecionando para crianças de rua em uma escola de abrigo sem um nome. Aos poucos vamos acompanhando a evolução e a mudança social que Stacey provoca nos alunos e naquela comunidade de pessoas sem teto. Ao chegar à escola ela se depara com um grande galpão, cheio de buracos e rachaduras, sem o mínimo de material necessário para lecionar e crianças e pais completamente desinteressados no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que só frequentam o lugar para receber abrigo e comida.

Um dos desafios relevantes que Stacey enfrente é a evasão, pois aquele é um lugar de passagem, as pessoas vêm e vão. Numa mesma sala de aula ela precisa manejar várias crianças de idades diferentes e que estão desniveladas em relação aos saberes que são esperados para a idade escolar que deveriam se encontrar. Além disso a falta de recursos é limitante para se fazer um trabalho de qualidade no local, temos como exemplo a cena em que a professora tenta aplicar uma prova na classe, mas as crianças não têm nem lápis para responder.

Quanto às variáveis familiares que mais influenciam a evasão e a repetência, nosso estudo de revisão apontou os seguintes componentes: nível socioeconômico dos pais, situação habitacional, número de filhos e o grau educacional dos pais. Deve-se ressaltar que o nível de escolarização dos pais é preditor do nível de escolarização dos filhos, ou seja, é possível prever, com considerável exatidão, a evasão escolar através da história educacional dos pais, como ressaltou Brandão (1982). Outra variável familiar de importância neste problema é a mobilidade de emprego dos pais, que mudam e rematriculam a criança em diferentes escolas, várias vezes por ano. (WECHSLER, 2008, p.149)

Fonte: encurtador.com.br/bIJT6

A relação com a família das crianças também é um problema, pois nem os pais receberam educação, para eles frequentar escola não é algo relevante e por vezes tiram as crianças da sala de aula por razões aleatórias. Stacey se vê de mãos atadas, pois sem a colaboração dos pais ela não consegue conduzir o processo. Frustrada com a situação, porém motivada pela vontade de não desistir das crianças, ela decide provocar mudanças na escola a fim de melhorar as condições de trabalho e consequentemente o aprendizado das crianças.

A instituição escolar, por sua vez, […] carece, muitas vezes, de condições mínimas para a estimulação da aprendizagem. Este fato fica bem real ao visitarmos as escolas das periferias, onde há falta de cadeiras e carteiras, vidros quebrados, água potável nem sempre acessível, inexistência de bibliotecas ou demais materiais escolares, mostrando-nos quão difícil se torna a motivação para aprender em tais condições. (WECHSLER, 2008, p.149)

Stacey passa a tirar do próprio bolso recursos financeiros para investir em materiais didáticos para a escola, se utilizando de seu tempo de folga para limpar, pintar e cuidar de sua sala de aula. Comovidos pelo interesse da professora, os demais usuários do abrigo, trabalhadores e familiares das crianças passam a colaborar com os planos de Stacey. Um senhor idoso e morador de rua passa a ser assistente de aula dela e ensina às crianças desenho, cores, pintura e arte.

Os pais passam a ser ativos no processo e ajudam as crianças com o dever de casa ao invés de passar tempo na televisão. Conforme as mudanças ocorrem, Stacey consegue chamar a atenção do representante do distrito escolar que passa e fornecer recursos para aquela escola. O filme termina com a conquista da lei “Mckinney-Vento homeless assistance” de 1987 que garante acesso a educação para crianças de rua nos Estados Unidos.

Fonte: encurtador.com.br/eioS1

Wechsler (2008) afirma que “as características e as necessidades emocionais do aluno necessitam de atenção por parte do professor e compõem a relação professor-aluno, positiva ou negativa, influenciando assim, o clima da sala de aula”; podemos entender isso a partir da relação que Stacey estabelece com os alunos da Ana, Maria e Danny. Maria passa de aluna novata à aluna assistente da professora; Ana, que tinha medo de contato físico devido a agressões que sofria, passa a ter autoconfiança, melhora sua autoestima e seus relacionamentos interpessoais, e Danny assume papel de líder na sala de aula, estimulando e incentivando os demais alunos a serem acolhedores e participarem das atividades propostas na escola. Essas mudanças refletiram também no relacionamento com os pais dos alunos, uma vez que os pais de Ana, Maria e Danny conseguiram se sentir assistidos pelas mudanças provocadas pela professora na vida das crianças.

O termo meio social, empregado pela Psicologia, restringe-se ao ambiente onde se dá o processo de socialização, ou seja, o ambiente é o ponto de chegada, e não o ponto de partida. A sociedade determina as condições de educabilidade da criança, pois ela já é socializada desde que nasce. As ações educativas, portanto, como são provenientes do meio social, impõem à criança propósitos e tarefas que não são, necessariamente, correspondentes ao desenvolvimento espontâneo da natureza humana individual. A educação é uma atividade de fora, externa à criança. Ela é, de certa forma, uma atividade forçada, que intervém no curso do desenvolvimento do indivíduo. Ao provocar a socialização entre os alunos e a comunidade com feiras de ciência e exposição dos trabalhos das crianças, Stacey estende o meio social das crianças.

A ação pedagógica deveria ser voltada para garantir a todos o saber e as capacidades necessárias a um domínio de todos os campos da atividade humana, como condição para a redução das desigualdades de origem social. Ela deve partir das condições concretas da vida da criança, considerando que a busca de saber deve ser espontânea, por um processo de descoberta. Além disso, deve haver uma Pedagogia Social que entende que há saberes universais que devem ser constantemente reavaliados face às realidades sociais, através de um processo de transmissão-assimilação-reavaliação crítica. Ao ter o primeiro contato com a sala de aula Stacey fala sobre realidades muito distantes da que as crianças vivem com familiares presos e sem recursos para terem férias de verão, por exemplo.

Conforme Libâneo (1984) é fundamental que o professor aprenda a adaptar-se ao aluno para que consiga aproximar-se do interesse, compreensão e linguagem do mesmo, sem ter que sacrificar o ato de ensinar. Posteriormente é necessário que o psicólogo trabalhe com o supervisor escolar (orientador), uma vez que este tem o papel de auxiliar o professor no seu fazer de sala de aula, por isso é necessário que ele consiga dar assistência em problemas de aprendizagem bem como adequar a proposta de conteúdos e métodos as condições socioculturais e psicológicas das crianças.

Fonte: encurtador.com.br/xyCMN

Em relação ao ensino de psicologia no contexto escolar, Libâneo (1984) destaca que, primeiramente, é necessário articular os princípios e explicações com a prática do cotidiano do professor, onde ele mesmo irá transformar seus métodos de acordo com as suas demandas. As principais problemáticas reais relacionadas ao seu dia a dia são: classes lotadas, condições desiguais de base de aprendizagem dos alunos, desmotivação, desinteresse, classes sociais diversas, problemas de comunicação, problemas de indisciplina e inadequação de programas de ensino-aprendizagem.

A visão de Freire (2001) sobre as relações entre educação e responsabilidade se inicia quando este define que ser responsável no desenvolvimento é a soma do cumprimento de deveres com o exercício de direitos. Propõe ainda que existe a necessidade de haver transformações sociais e políticas, para que estas viabilizem cada vez mais a educação voltada para a responsabilidade.

Ele define a responsabilidade como “a prática educativa progressista, libertadora, exige de seus sujeitos tem uma eticidade que falta à responsabilidade da prática educativa autoritária, dominadora”, ou seja, a educação autoritária leva em consideração apenas os aspectos éticos e interesses de determinado grupo social, não respeitando assim a individualidade de cada sujeito, suas potencialidades e o bem coletivo que a educação responsável propõe.

Logo, Freire (2001) destaca que “o educador progressista é leal à radical vocação do ser humano para a autonomia e se entrega aberto e crítico à compreensão da importância da posição de classe, de sexo e de raça para a luta de libertação”. No filme de Bleckner (2011) fica claro o papel social da professora Stacey, mesmo que muitas vezes ela tenha levado questões de sala de aula e das condições sociais dos moradores de rua para dentro de casa, ela exerceu papel de agente transformadora daquele contexto.

Fonte: encurtador.com.br/dilV0

Stacey Bess é uma autora e educadora, mais conhecida pelo livro “Nobody Don’t Love Nobody” que originou o filme; atualmente trabalha como oradora pública, defendendo os direitos educacionais das crianças carentes.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Além Da Sala De Aula
Título Original: Beyond The Blackboard
Direção: Jeff Bleckner
Elenco: Emily Vancamp, Steve Talley, Timothy Busfield 
País:  Eua
Ano: 2011
Gênero: Drama

Referências

FREIRE, P. Política e educação: ensaios. 5. ed – São Paulo, Cortez, 2001.

LIBÂNEO, J.C. (1984). Psicologia Educacional:Uma Avaliação Crítica. In: Psicologia Social: O Homem Em Movimento. São Paulo: Brasiliense, 1984. 220 p.

WECHSLER, Solange Muglia. Criatividade: descobrindo e encorajando. 3. ed. [s. L.]: Lamp Wechsler, 2008. 354 p.

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Escritores da Liberdade e as dinâmicas de grupo

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“Freedom Writers”- Escritores da Liberdade, filme lançado em 2007, tendo Richard LaGravenese como diretor. O enredo retrata um cenário baseado em fatos reais, permeado pela agressividade, violência e ideais sociais. Expõe ainda o cotidiano de Gruwell (Hilary Swank), uma jovem professora com princípios igualitários no que se refere inclusão social e qualidade de ensino para todos. Instigada por esta ideologia, decidiu-se por iniciar sua carreira de docência numa escola de um bairro pobre, pois nesta instituição foi efetivado o programa de integração voluntaria.

Os alunos desta instituição vivenciam constante tensão racial, observa-se claramente a divisão por raças. Os estudos não são algo de preocupação imediata, outros âmbitos da vida requerem uma atenção preferencial. Ir à escola é uma “perda de tempo”. Gruwell, indaga a um integrante do conselho no decorrer do longa-metragem: qual é o intuito do programa de inclusão? Pois a instituição finge que ensina e os alunos fingem que aprendem. Portanto esta estratégia é apenas um paliativo, um modo para aliviar a consciência social.

No entanto, Gruwell não fica abatida com os empecilhos que surgem, a mesma lança mão de métodos diferentes de ensino-aprendizado para conseguir “ensinar seus alunos”, os mesmos, aos poucos retomam a confiança em si, vão aceitando novos conhecimentos e por meio desta nova vivência passam a reconhecer valores com tolerância e o respeito ao outro.

Ao analisar o filme “Escritores da Liberdade” compreende-se que num primeiro momento existem vários subgrupos na sala, estão atrelados a etnia dos integrantes do grupo, subdividindo-o em diversas “gangues”. Observa-se a divisão dos subgrupos no primeiro contato da professora com os alunos, os mesmos adentram a sala e agrupam-se nos seus lugares, com suas tribos.

Fonte: http://migre.me/vFuvH

Zimerman e Osório (1997) salientam que os sujeitos vivem em grupos desde o nascimento, o primeiro grupo que o indivíduo faz parte é a família. A identificação com os grupos posteriores ocorre pela busca da “identidade individual e a necessidade de uma identidade grupal e social” (p. 26).

Eva, uma das personagens do longo inicia sua narrativa corroborando com a afirmativa supracitada, visto que, a identificação com o seu “povo” a faz parte do grupo e a incita a lutar pelo mesmo, e por suas convicções, por orgulho e respeito. Ver na figura paterna o líder do grupo, visto que, este é respeitado pelos demais, o mesmo a ensinou a amar o grupo.

Zimerman e Osório (1997) ao falar sobre os atributos desejáveis de um líder- coordenador do grupo apresenta alguns itens importantes, dentro quais se destacam o respeito, gostar de grupos e ser coerente. Todavia Andaló (2001) contrapõe alguns destes postulados, indaga se o mesmo, o líder- coordenador é apenas um mediador ou um super-homem.

Fonte: http://migre.me/vFuwp

Eva considera o pai um herói, um super-homem, por este motivo é esquiva e hesitante para adentrar em outro grupo ou fazer algo que o desagrade.

Eva e os demais alunos são resistentes com a nova professora, não veem sentido para estarem frequentando a escola, pois acreditam serem inferiores e excluídos. Mas Mrs. Gruwell não desiste, e com o objetivo de aproximação utiliza-se de dinâmicas para demonstrar que todos têm algo em comum, passam por experiências similares, possuem gostos parecidos, portanto, são iguais.  Pouco a pouco, vai vencendo as resistências do grupo através do manejo das mesmas. Propiciou ainda, o encontro, o convívio com outros fora do subgrupo quando optou por separá-los.

Escritores da Liberdade 4Fonte: http://migre.me/vFux3

As resistências de um grupo referem-se a tudo que ocorre no grupo que dificulta atingir o objetivo, no caso do filme a aprendizagem (ZIMERMAN e OSÓRIO, 1997).  Ao se incluir no processo, descer do pedestal de professora, Mrs. Gruwell vai ganhando a confiança e começa a ser uma referência para seus alunos e desempenha o papel de coordenadora do grupo. Andaló (2001) enfatiza que o professor deve ter um diálogo com seu aluno, deve ser um mediador e não um herói, mas alguém que compreenda e o incentive ao processo de ensino-aprendizado.

Os papéis desempenhados pelos integrantes do grupo se evidenciam no filme quando a professora presenteia os discentes com cadernos que vão lhes servir como diários, quando convida os alunos para buscá-los na mesa, por uma pequena parcela de tempo se entreolham e então um deles toma coragem para tal ação.

Sabe-se que todos têm um papel no grupo, esse papel não é fixo, até mesmo quem não fala nada, interfere e participa da dinâmica grupal, pois o sujeito influencia o grupo e é por ele influenciado (ZIMERMAN e OSÓRIO, 1997). Vale ressaltar que, é possível que o papel que a pessoa assume no grupo é o mesmo que vivencia em outras áreas da sua vida, fixar-se em apenas um papel não é saudável, o ideal é que o sujeito assuma diferentes papéis.

Com a aproximação dos alunos e confiança que depositaram na docente, visto que, permitiram que a professora visualizasse o seu mundo através da leitura dos diários, este movimento eliciou a formação do grupo. Berstein (1989) postula que o grupo se caracteriza por um conjunto limitado de indivíduos, em prol da realização de uma tarefa-objetivo, atrelados por pelo tempo e espaço, de forma interdependente.

Fonte: http://migre.me/vFuAm

Bastos (2010) cita que para Pichon-Rivière o grupo:

Apresenta-se como instrumento de transformação da realidade, e seus integrantes passam a estabelecer relações grupais que vão se constituindo, na medida em que começam a partilhar objetivos comuns, a ter uma participação criativa e crítica e a poder perceber como interagem e se vinculam (p. 164).

No longa metragem o grupo nasce do encontro da professora com os alunos, o espaço que dividem é a sala de aula, no qual a líder é a Mrs. Gruwell. Na perspectiva de Zimerman e Osório (1997) a mestra desempenha o papel de coordenador ativo, uma vez que, ela administra e elabora as dinâmicas, mas, vale ressaltar que, a mesma é flexível, observa-se tal postura no momento em que seus alunos concebem a ideia de convidar a mulher que abrigou Anne Frank, ela os apoia, dar-lhes o incentivo e corrobora para que o objetivo seja alcançado.

Verifica-se no momento supracitado a dinâmica grupal, a interação entre seus componentes, pois trabalham em equipe para obtenção da verba para que consigam conhecer Miep Gies, mulher que abrigou Anne.

Escritores da Liberdade 7
Fonte: http://migre.me/vFuCk

A oportunidade de vivenciar novas experiências, conhecer novos lugares, adquirir mais conhecimento e integra-se no grupo de colegas de sala fomentou a quebra de preconceitos, de etnocentrismo e oportunizou aceitar o outro através da identificação com esse (ZIMERMAN e OSÓRIO, 1997). Mailhiot (1991) enfatiza que o grupo propicia transformações relevantes nos integrantes através das múltiplas interações que o sujeito experiência em âmbito social, isto caracteriza o clima grupal.

Ao decorrer do filme os alunos se apropriam do espaço da sala, o grupo passa a ser família, e professora consegue o respeito e admiração. Nesse novo cenário mudanças são perceptíveis, os discentes adotam novas posturas, e quebram com o instituído. A exemplo nota-se a conduta de Eva que desobedeceu às regras do seu antigo grupo para fazer o “certo”. Bastos (2010) assegura que objetivo originário do grupo operativo é a mudança, na qual os componentes dos grupos passam a assumir outros papéis diferentes do habitual.


Fonte: http://migre.me/vFuDn

Os outros discentes mudam ao decorrer do longa, buscam nova forma de ser e estar, passaram a valorizar os estudos e ansiavam por novas conquistas. O trabalho da Mrs. Gruwell é apreciado pelo conselho, no entanto, outro conflito surge, ela não tem licença para ministrar aula nas turmas avançadas (3 e 4 anos), sendo assim, é eminente o termino do grupo. Porém os estudantes não comungam de tal decisão, por isto, se juntam e buscam sensibilizar o conselho através de várias ações para que então a professora possa lecionar nas turmas posteriores.

Zimerman e Osório (1997) salientam que o grupo pode ser aberto ou fechado, sendo o grupo aberto quando o sujeito sai e o grupo acaba apenas para ele, no fechado o grupo termina pelo tempo, o tempo de duração já foi previamente discutido na etapa de planejamento. No que se refere ao filme o grupo é fechado, pois os alunos vão para a turma avançada, a professora fica e um novo grupo será formado, ou seja, o tempo de duração do grupo é baseado no calendário letivo. Mas, no mesmo tempo o grupo é aberto, visto que, se um aluno desistir do ano letivo as aulas continuarão sem ele.

O objetivo acima citado é alcançado, a professora consegue continuar no grupo, e no final do filme, fica subentendido que a mesma os acompanha até a faculdade, uma vez que, ela passa dar aulas na Universidade. Por meio do filme “Escritores da Liberdade” pode-se analisar a dinâmica grupal. Pode-se observar a formação de um grupo, compreendo como se deu a integração dos seus membros e as potencialidades de mudanças que o grupo fomenta no indivíduo, uma vez que, o grupo é propagador de mudanças, influência o sujeito, e este é também é influenciado.

Fonte: http://migre.me/vFuJY

O grupo eliciado no longa metragem serviu como facilitador na busca por conhecimento, e foi relevante na quebra de velhos estigmas, preconceito e discriminação. Mesmo o grupo não tendo mudando o cenário de violência e agressividade que os seus intrigantes fazem parte, conseguiu operar mudanças significativas no jeito de ser e de viver dos mesmos. Por fim, a mudança percebida no filme foi em âmbito micro, mas para atingir em proporção macro, a transformação perpassa essencialmente pela esfera micro.

REFERÊNCIAS:

ANDALÓ, C. S. A. O papel de coordenador de grupos. Psicol. USP vol.12 no.1 São Paulo,  2001.

BASTOS, A. B. B. I.  A técnica de grupos-operativos à luz de Pichon-Rivière e Henri Wallon. Psicólogo inFormação ano 14, n, 14 jan./dez. 2010.

BERSTEIN [et.al.]. Compêndio de psicoterapia de grupo/ Harold I. Kaplan e Benjamin J. Sadock … [ET.al.]; trad. José Octávio de Aguiar Abreu e Dayse Batista. 3.ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

EYGO, H. O Clube dos Cinco – sobre grupos em Kurt Lewin. Disponível em:< http://ulbra-to.br/encena/2013/12/27/O-Clube-dos-Cinco-sobre-grupos-em-Kurt-Lewin>. Acesso em: 11 de novembro de 2015.

MAILHIOT, G. B. Dinâmica e Gênese dos Grupos. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1991.

ZIMERMAN, D; OSÓRIO, L.C. & Colaboradores. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

Escritores da Liberdade cartaz

ESCRITORES DA LIBERDADE

Direção: Richard LaGravenese
Elenco: Anh Tuan Nguyen, Blake Hightower, David Goldsmith, Deance Wyatt
Ano: 2007
País: EUA
Classificação: 12

 

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Importância e desafios da extensão na universidade – (En)Cena entrevista Luiz Gustavo Santana

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Os trabalhos de pesquisa e extensão são alguns dos mais importantes desenvolvidos dentro das universidades, pois aproximam o estudante da realidade e dos problemas sociais, propicia o crescimento acadêmico e profissional, além de ser extrema importância para a construção do conhecimento científico.

O Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp/Ulbra) é pioneiro na pesquisa acadêmica e projetos de extensão na região Norte do País e busca cada vez mais o aprimoramento. Recém-nomeado no cargo de coordenador de Extensão e Assuntos Comunitários do Ceulp, o Prof. Msc. Luiz Gustavo Santana conversou com o (En)Cena e falou sobre os projetos que são realizados pela Instituição e os desafios que estão surgindo.

(En)Cena: Primeiramente, como funciona o projeto de extensão do Ceulp/Ulbra?

Luiz Gustavo Santana: A Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) e todas as demais unidades vinculadas à AELBRA, entre elas o Centro Universitário Luterano de Palmas (Ceulp), no que diz respeito à extensão universitária materializam as diretrizes da Política Nacional de Extensão Universitária e são diretamente norteados por um Regulamento de Extensão e Assuntos Comunitários.

Na prática, a extensão universitária é entendida pela Instituição como um processo interdisciplinar, educativo, cultural, científico e político que promove a interação transformadora entre Universidade e outros setores da sociedade, sob o princípio constitucional da indissociabilidade e articulação com a pesquisa e o ensino; desenvolvido solidariamente articulado entre Pró-reitoria de Extensão e a Coordenação de Assuntos Comunitários. Neste espaço são desenvolvidas as atividades, eventos, programas e projetos de extensão universitária que vão contribuir com estes objetivos indicados. Lembrando que todas as atividades de extensão, no âmbito do Ceulp são regidas pela Coordenação de Extensão.

(En)Cena: Quais as modalidades de extensão desenvolvidas no Ceulp atualmente?

Luiz Gustavo Santana: Os projetos de extensão do Ceulp são desenvolvidos, atualmente, em quatro modalidades. a) Programa – Conjunto de ações de caráter orgânico-institucional, de médio a longo prazo, com clareza de diretrizes e orientadas a um objetivo comum; b) Projeto – Conjunto de ações processuais e contínuas de caráter educativo, social, cultural, científico ou tecnológico para alcançar um objetivo bem definido. Estes podem ser projetos comunitários, projetos de prestação de serviço, projetos de prática profissional, projetos voluntários e projetos da pastoral; c) Curso de Extensão – Esta atividade pressupõe um conjunto articulado de ações pedagógicas, de caráter teórico ou prático, planejadas e organizadas de modo sistemático; d) Evento de Extensão – ação que implica na apresentação e exibição pública e livre, ou, também, com clientela específica do conhecimento ou produto cultural, científico e tecnológico, desenvolvido, conservado ou reconhecido pela Universidade: congresso; fórum; seminário; semana; exposição; espetáculo; evento esportivo; festival ou equivalentes.

Algumas modalidades atendem a oferta via edital e outros são e/ou podem ser ofertados durante o ano todo, mediante cadastro na Coordenação de Extensão do Ceulp.

(En)Cena: Qual a importância do programa de extensão para a universidade, para o aluno e para a sociedade?

Luiz Gustavo Santana: A extensão universitária enquanto forma de estabelecer uma relação entre ensino superior e sociedade é imprescindível para formar cidadãos comprometidos com a realidade social. Nesse sentido, a extensão merece por parte das universidades particulares e públicas, assim como dos gestores, atenção e apreço. A extensão possibilita a formação do profissional cidadão e se credencia, cada vez mais, junto à sociedade como espaço privilegiado de produção do conhecimento significativo para a superação das desigualdades sociais existentes, como prática acadêmica que interliga a Universidade nas suas atividades de ensino e de pesquisa, com as demandas da maioria da população.

Atualmente, o Ceulp, por meio da Coordenação de Extensão e Assuntos Comunitários, vem desenvolvendo mais de 20 projetos na modalidade de Projetos Comunitários, mais de seis Projetos de Prestação de Serviços e inúmeros eventos e cursos de extensão.

(En)Cena: Quais os desafios dos projetos de extensão no nosso Estado.

Luiz Gustavo Santana: O grande desafio delegado à Extensão Universitária no Ceulp e na realidade da Universidade no país é transpor à condição de mera promotora e gestora de eventos para assumir a figura partícipe na estrutura de uma universidade, ao lado do ensino e da pesquisa. A extensão pode e deve se aproximar e atender demandas da realidade local e do país.

As experiências e discussões em torno da extensão universitária demonstram historicamente o seu relativo distanciamento da realidade social do país. Se  Se cairmos nas armadilhas contemporâneas que assolam a extensão estaremos impedindo que ela possa assumir um papel transformador, sobretudo da dura realidade de parcelas ainda majoritárias de jovens brasileiros que não têm acesso ao ensino superior e tampouco têm garantidos seus direitos mais essenciais.

(En)Cena: Professor Luiz Gustavo, você assumiu a coordenação a pouco tempo. Qual missão foi dada a você quando assumiu o cargo?

Luiz Gustavo Santana: A gestão das ações inerentes à extensão universitária representa uma tarefa de grande importância e complexidade na dinâmica institucional, por estar associada às ações de pesquisa e ensino. Assumi a Coordenação em janeiro de 2015 e entre muitas atividades me foram delegadas as tarefas de coordenar a aplicação das políticas e diretrizes extensionistas oriundas da Pró- Reitoria Adjunta de Extensão e Assuntos Comunitários; assessorar a Comissão Permanente de Avaliação Institucional (CPA-ULBRA) nos quesitos pertinentes ao cumprimento das ações extensionistas previstas na legislação, nos processos de avaliação institucional, de cursos e de atualização do Plano de Desenvolvimento Institucional- PDI; promover reuniões periódicas com os seus colaboradores, a fim de manter a atualização da gestão em relação às atividades de extensão, promovendo a união e coesão da equipe em torno da missão e dos objetivos das ações extensionistas; emitir parecer e avaliação sobre o que lhe for solicitado em assuntos de extensão; estimular e incentivar professores para o desenvolvimento de ações extensionistas, criando mecanismos para a implementação e difusão desse trabalho, entre várias outras atribuições.

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Neuropsicopedagogia – (En)Cena entrevista Mayra Minohara

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A dificuldade de aprendizagem e de relacionamento interpessoal em crianças e adolescentes pode advir de diversas causas e fatores, e podem deixar o indivíduo e sua família em uma situação de desorientação diante da complexidade do problema descoberto. Quando tal desafio é derivado de disfunções neurais devido a uma lesão neurológica de origem genética, congênita ou adquirida, entra em cena o profissional da neuropsicopedagogia, ou neuropsicopedagogo.

Com base nos processos de participação e de construção da autonomia, este campo de estudo visa aperfeiçoar, atualizar e qualificar a prática pedagógica inclusiva e interdisciplinar da educação especial.

Durante os dias 28 de fevereiro e 1º de março, no anfiteatro do Centro Educacional São Francisco de Assis, na Quadra 108 Norte, será realizado o 1º Seminário Neuropsicopedagogia e Educação. O evento tem por objetivo apresentar o campo de estudo e abrir as portas para os cursos de Neuropsicopedagogia Inclusiva e Clínica, que serão implantados na capital tocantinense pelo Centro Sul-brasileiro de Pesquisa, Extensão e Pós-graduação (Censupeg).

Para iniciarmos a discussão sobre o tema e fomentar o interesse dos profissionais e estudantes realizamos uma entrevista com a coordenadora Educacional Regional do Censupeg no estado do Tocantins e Maranhão, Mayra Minohara.

 

Mayra Minohara. Foto: Acervo Pessoal

(En)Cena – Explique que curso(s) serão oferecidos pelo Instituto Censupeg em Palmas, e quando começam as atividades.

Mayra Minohara – Os cursos que oferecemos nas unidades descentralizadas são os de pós-graduação presencial, os primeiros cursos serão: Neuropsicopedagogia Inclusiva e Neuropsicopedagogia Clínica, os demais cursos vão ser ofertados de acordo com a demanda da cidade. Início das aulas de Neuropsicopedagogia Inclusiva serão dias 21 e 22 de março, no colégio Marista.

(En)Cena – Agora vamos entrar no campo teórico. O que é a Neuropsicopedagogia?

Mayra Minohara – Bem, a Neuropsicopedagogia é uma área de conhecimento e pesquisa que tem atuação interdisciplinar, voltada para os processos de ensino-aprendizagem.  Ela ainda é considerada uma práxis, que é uma prática fundamentada em referenciais teóricos, e não uma ciência. Por isso entende-se como uma área de estudo das neurociências que objetiva a análise dos processos cognitivos, nas potencialidades pessoais e no perfil sócio-econômico, esse campo de estudo busca construir indicadores formais para intervenção clínica em educandos com padrões de baixo desempenho que apresentam disfunções neurais.

(En)Cena – O que se esperar deste curso de especialização? Qual o objetivo?

Mayra Minohara – Bem, a especialização visa formar profissionais capacitados para o exercício das funções docentes na educação básica no âmbito da perspectiva da neuropsicopedagogia clínica, com base nos processos de participação e de construção da autonomia. O objetivo maior é aperfeiçoar, atualizar e  qualificar a prática pedagógica inclusiva e interdisciplinar dos profissionais que atuam ou têm interesse em abrir sua própria clínica, especialmente da educação especial.

 

(En)Cena – De forma prática, o que os profissionais e estudantes vão aprender neste curso de especialização?

Mayra Minohara – O curso visa capacitar os profissionais frente à compreensão do papel do cérebro do ser humano em relação aos processos neurocognitivos na aplicação de estratégias pedagógicas nos diferentes espaços da escola, que potencializarão o processo de aprendizagem. Deste modo, o profissional poderá intervir no desenvolvimento da linguagem, neuropsicomotor, psíquico e cognitivo do indivíduo. Portanto, a especialização proporciona a clareza política e pedagógica sobre questões educacionais e a capacidade de interferir no sentido de estabelecer novas alternativas no processo educativo para fomentar a inclusão de forma sistêmica, abrangendo educandos com dificuldades de aprendizagem, sujeitos a risco social.

(En)Cena – Em relação ao papel do neuropsicopedagogo, sua função seria então um acompanhamento pedagógico com foco em novas estratégias de ensino?

Mayra Minohara – O profissional com a especialização neuropsicopedagogia tem que estar em busca constante de conhecimentos sobre as anomalias neurológicas, psiquiátricas e distúrbios existentes, para desenvolver um trabalho de acompanhamento não apenas pedagógico, mas também cognitivo e emocional das pessoas que apresentem essas sintomatologias. Deste modo, portanto, o neuropsicopedagogo é um dos elementos mais importantes para desenvolver e estimular novas “sinapses”, para um verdadeiro processo ensino-aprendizagem.

(En)Cena – Qual o público-alvo do curso de especialização em Neuropsicopedagogia?

Mayra Minohara – Nosso público-alvo são os professores da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio; gestores (diretores e coordenadores); supervisores e orientadores escolares, e profissionais graduados em Pedagogia, Psicologia, Fonoaudiologia, Terapia Ocupacional, entre outros cursos de áreas afins.

(En)Cena – Para finalizarmos, em que locais os profissionais que adquirirem essa formação poderão atuar?

Mayra Minohara – A especialização em Neuropsicopedagogia Inclusiva ou Clínica permite ao formando o assessoramento técnico para instituições voltadas ao trabalho de Educação Especial Inclusiva, atendimento clínico ou, em mais recente proposta, no apoio ao trabalho com a Saúde Mental em escolas, clínicas e hospitais, entre outros.

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Núcleo de atendimento oferece serviços de Psicologia para a comunidade

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O Núcleo de Atendimento a Comunidade do CEULP/ULBRA, vem oferecendo serviços voluntários desde sua inauguração oficial no ano de 2008 em Palmas-TO. Os serviços oferecidos pelo Núcleo tem o intuito de colaborar através de um trabalho de transformação a nível social, humanizado e de articulação com os serviços médicos e escolas, integrando educação e saúde.

Dentre os serviços ofertados, o de psicologia tem em suas diretrizes projetos de apoio as comunidades e que também possam garantir uma boa prática para os acadêmicos.  O atendimento clínico do núcleo é gratuito e pretende através de projetos terapêuticos, perceber outras questões do sujeito e não somente as questões psicológicas, entendendo os pacientes como um ser psicossocial.

Quem explica é a entrevistada, psicóloga, Mariana Miranda Borges, 24 anos, CRP-09/8365 Goiás, Coordenadora do Serviço de Psicologia no Núcleo de Atendimento a Comunidade.  Ela diz que os principais casos de procura pelos serviços de psicologia, são para alunos com maiores dificuldade de aprendizagem e mulheres com sintomas de depressão. “Em certos casos as pessoas procuram o atendimento apenas como um lugar para desabafar”.

 Foto: Walquerley Ribeiro

En(Cena) Como funciona os serviços de Psicologia no Núcleo de Atendimento a Comunidade?

Mariana Miranda Borges – O Serviço de Psicologia funciona dentro do Núcleo de Atendimento a Comunidade, onde o Ceulp/Ulbra presta serviços à comunidade. Neste Núcleo há trabalhos desenvolvidos pela Biomedicina, Serviço Social, Direito, Fisioterapia, Enfermagem e Psicologia. Apesar de todas estas ciências estarem juntas no mesmo prédio, não há interação entre elas, o que torna uma limitação desta prática. Mas focando na Psicologia, os atendimentos são realizados na sua maioria pelos estagiários do curso de Psicologia supervisionados por professores com experiência clínica de no mínimo 02 anos. A pessoa que deseja receber atendimento psicológico deve ligar no Serviço de Psicologia, marcar o acolhimento, comparecer no dia do acolhimento. Depois, na semana seguinte será feita a devolutiva, onde será explicado o que poderemos fazer pelo caso, o que deve ser atendido em outro local. O caso irá para fila de espera e quando tiver compatibilidade de horários entre os alunos e os usuários, inicia-se o atendimento.

En(Cena) – Quem pode ser beneficiado com os serviços?

Mariana Miranda Borges – O atendimento é disponibilizado para todas as pessoas da comunidade de qualquer idade, cor ou etnia. No entanto, não prestamos atendimento para alunos do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra devido o curso ser grade aberta, sendo possível o aluno estudar com o seu terapeuta. Entende-se que isto poderá interferir na relação terapeutica. Além dos alunos, não realizamos avaliações periciais, já que são os estagiários que prestam os serviços, não são peritos.

En(Cena)  –  O que prevê as diretrizes do curso de psicologia?

 Mariana Miranda Borges – No momento, seguimos as diretrizes de 2011. Mas se fizermos uma restrospecção histórica das diretrizes, em todas elas mencionavam que o curso de Psicologia deveria ter no projeto pedagógico a construção de um Serviço de Psicologia que fizesse uma articulação com as necessidades da comunidade. O SEPSI (Serviço de Psicologia CEULP/ULBRA),faz este trabalho, promovendo serviços que tem sido pouco atendido pelo SUS (psicoteratepia individual e em grupos, avaliação psicológica e neuropsicológica). Além disto, a partir deste trabalho foi percebido uma necessidade de articular a rede de atendimento. Desta forma, surgiu o estágio de Articulação Institucional.

En(Cena)  – Já foram feitas pesquisas de interesses internos, quais os resultados?

 Mariana Miranda Borges – Já foram realizados 03 Trabalhos de Conclusão de Curso sobre a clientela  do SEPSI (Serviço de Psicologia CEULP/ULBRA), uma em 2010 que foi dos atendimentos em geral; outra um ano depois fizeram uma pesquisa a partir da maior demanda da clinica infantil; e a última foi do perfil de atendimento dos clientes em 2013. Apesar de terem realizadas três pesquisas os resultados foram semelhantes, apontavam que a maior demanda da clínica eram crianças com dificuldade de aprendizagem, em 2010 a maior parte dos clientes era da região norte e 2013 havia modificado para região de Taquaralto. Considerando a demanda adulta, a maior parte são mulheres com sintomas de depressão.

En(Cena)  –  Qual a demanda de atendimento diário?

Mariana Miranda Borges  – A quantidade de atendimento por dia varia um pouco devido o horário de disponibilidade dos alunos e do cliente. Esta realidade faz com que existam dias como na segunda e na quinta que há poucos atendimentos, com uma média de 29 pessoas e dias como quarta, sexta e sábado uma média de 44 pessoas.

En(Cena)  –  Como é desenvolvido um projeto terapêutico?

Mariana Miranda Borges– O Projeto Terapêutico Singular – PTS é feito a partir do Acolhimento. O Acolhimento é o primeiro momento que o cliente chega no serviço, o qual ele será acolhido e o estagiário irá procurar conhecer aquela pessoa por inteiro, não apenas, o que traz aqui, mas também as potencialidades, os ambientes que convive. Estas informações são importantes, porque nos ajuda a entender de forma holistica aquele sujeito e compor um projeto que possa modificar o contexto dele. O PTS é integrado com os atendimentos oferecidos na Clínica e outros os quais forem necessários para o bom desenvolvimento do caso.

Mariana em atividade no SEPSI – Foto:Walquerley Ribeiro

En(Cena)  – O atendimento realizado por um acadêmico tem o mesmo efeito que um profissional formado?

Mariana Miranda Borges – Acredito que sim, uma vez que os estagiários tem uma boa formação acadêmico. Além disto, o resultado do atendimento psicológico depende muito da relação que é construída entre o terapeuta e o cliente. Então, se o aluno conseguir construir vínculo com o cliente tem uma grande probabilidade de fazer um bom trabalho.

En(Cena)  –  No âmbito acadêmico, qual a importância para os alunos do curso de psicologia?

Mariana Miranda Borges – Através do SEPSI (Serviço de Psicologia CEULP/ULBRA),os acadêmicos passam a vivenciar a prática do que foi estudado no curso. Além disto, começam a construir a prática deles, como profissionais. Neste primeiro momento com orientação a fim de que reflita sobre este processo.

En(Cena) Quais as dinâmicas mais usadas para desenvolvimento das atividades psicológicas?

Mariana Miranda Borges– Entrevista psicológica, testes psicológicos, ludoterapia.

En(Cena)Qual a sensação de ser acadêmica, estagiária e hoje coordenadora de um Núcleo de psicologia?

Mariana Miranda Borges – Crescimento e reconhecimento. Entendo também que o fato de ter sido estagiária no SEPSI, acadêmica deste curso e hoje, coordenadora, me possibilitou estar nos diversos lugares deste local e olhar por todos estes ângulos, me faz ter uma compreensão do todo ao propor algo. Desta maneira, estas experiências facilitaram a minha prática profissional.

 

Contatos

Endereço: AV. JK, Quadra 108 Norte, Alameda 12, Al 10
Plano Diretor Norte, Palmas Tocantins
Cep: 77.016-524
Telefone: (63) 3223-2015

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A autoestima feminina nas séries iniciais do ensino fundamental

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O maior exemplo depois dos pais são os professores. Quem nunca teve um “tio” ou “tia” na época estudantil que sempre lembra agora na vida adulta? Na classe dos educadores o número maior de profissionais são mulheres e sua presença é significativa para alunos das séries iniciais até o 5º Ano.

Tendo essa visão, o Portal (En)Cena entrevistou a jovem Ana Patrícia Aires, estudante de Pedagogia que desde cedo vem atua nesta área. Ela começou nas classes dominicais da sua comunidade religiosa. Hoje, continua neste caminho, agora também exercendo a profissão de ensinar em colégio regular. Atualmente, Ana Patrícia leciona no Sesc Escola.

A professora Ana Patrícia Aires – Foto: Arquivo pessoal

(En)Cena – Conte um pouco da sua vida como educadora.

Ana Patrícia – Sou acadêmica do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Tocantins, tenho 21 anos e há seis trabalho com crianças e tem cinco meses que comecei a trabalhar na escola regular. Sou estagiária auxiliar da professora regente, em uma turma de crianças com cinco anos de idade. Na escola em que eu trabalho, a Educação Infantil, se organiza em grupos conforme a faixa – etária das crianças. Eu dou aula no grupo 3 que é o de crianças com cinco anos, depois deste as crianças passam para o 1º ano do Ensino Fundamental. Tenho praticamente as mesmas atribuições da professora regente. Todas as segundas – feira é o meu dia de dar aulas, pois é o dia do planejamento da professora e ai eu que assumo o comando da sala, faço planejamento também, porque todos os dias tenho uma atividade para realizar.

(En)Cena – O que é autoestima, para você?

Ana Patrícia – Autoestima para mim é eu estar de bem com a vida e comigo mesma, confiante de que estou preparada para fazer aquilo que esteja sobre minha responsabilidade e fazer isso com amor e dedicação.

(En)Cena  – O que te motiva todos os dias?

Ana Patrícia – Já ouvi algumas pessoas falarem que quando a gente faz o que gosta a gente não trabalha. E o que me motiva todos os dias é isso, amo o que faço, amo meus alunos e o fato de saber que um dia vou olhar para trás e lembrar que de alguma forma pude fazer a diferença na vida de uma criança, é isso que me motiva todos os dias.

A professora Ana Patrícia Aires em atividade de sala de aula – Foto: Arquivo pessoal

(En)Cena  – Como são suas turmas?

Ana Patrícia – Eu dou aulas apenas em uma turma a maior parte do tempo. Ás vezes, quando falta algum professor ou troca entre nós estagiários é que dou aulas em outra turma, mas isso é muito raro acontecer. A minha turminha é muito boa, são crianças esforçadas na busca da construção do seu próprio conhecimento e nós professoras participamos como mediadoras deste processo.

(En)Cena  – Existe aquele aluno-problema, ou é apenas um mito?

Ana Patrícia – Existe sim, sempre tem aqueles que querem chamar a atenção a qualquer custo, mas eu penso que tudo depende dos professores, sabendo levar estes alunos no final dá tudo certo. Eu penso que está nas mãos do professor permitir ou não que um aluno com problemas de indisciplina, por exemplo, desestabilize ou não sua aula.

(En)Cena – Como lidar com alunos com algum tipo de problema emocional, psicológico ou social? Exemplo, um aluno muito tímido ou até agressivo.

Ana Patrícia – Nos exemplos citados acima, acredito que o professor deve se aproximar aos poucos destes alunos, na intenção de ganhar a confiança deles e tentar também aos poucos inseri-los no grupo, buscando sempre maios para se trabalhar o problema destes alunos.

(En)Cena  – Já houve casos extremos, momentos de alto estresse na sala de aula?

Ana Patrícia – Comigo sempre ocorreu tudo bem, nunca houve um momento como esses não.

A professora Ana Patrícia Aires em atividade de sala de aula – Foto: Arquivo pessoal

(En)Cena  – Interação com os alunos. Você é sempre a professora “tia”, ou você tem que assumir outro papel na sala de aula?

Ana Patrícia – Ah, eu sou a professora ‘tia’.. rsrs Procuro me aproximar ao máximo dos meus alunos, ganhar a confiança deles, mas sem deixar de ser a professora, sou muito carinhosa e demonstro isso a eles todos os dia, mas o respeito a mim enquanto professora deles nunca deixou de existir, tanto por parte deles como dos pais.

(En)Cena  – Para encerrar, o que você tira da sua vida como educadora para sua vida pessoal?

Ana Patrícia – O respeito às diferenças e amor que devo oferecer ao meu próximo seja ele quem for. Convivo com pessoas um tanto diferentes de mim, amá-los e respeitá-los é um desafio que me faz crescer enquanto ser humano.

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