Zilda Arns Neumann: um farol de esperança na promoção de saúde e amor ao próximo

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Fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, Dra. Zilda Arns Neumann construiu um legado que serve de inspiração mundialmente. 

Dra. Zilda Arns Neumann nasceu em Forquilhinha (SC) no ano de 1934, e residiu em Curitiba (PR). Ela dedicou-se à medicina com um foco voltado para a saúde pública. Atuou como médica pediatra no Hospital de Crianças Cezar Pernetta, em Curitiba e, posteriormente, assumiu o cargo de diretora de Saúde Materno-Infantil na Secretaria de Saúde do Estado do Paraná. Sua prática clínica foi enriquecida por estudos em Saúde Pública na Universidade de São Paulo (USP) e em Administração de Programas de Saúde Materno-Infantil pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS).

De acordo com a biografia, disponibilizada pela Pastoral da Criança, em 1980, por conta de sua extensa experiência na área, coordenou a campanha de vacinação Sabin contra a poliomielite, que teve início em União da Vitória (PR). A Dra. Zilda desenvolveu um método para a campanha que, posteriormente, foi adotado pelo Ministério da Saúde, contribuindo significativamente para combater a primeira epidemia da doença no país.

Após receber um pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em 1983, a Dra. Zilda Arns em colaboração com Dom Geraldo Majela Agnello, Cardeal Arcebispo Primaz de São Salvador (BA), fundou a Pastoral da Criança. Essa iniciativa marcou o início do desenvolvimento de uma estrutura comunitária voltada para a multiplicação do conhecimento e da solidariedade entre as famílias mais vulneráveis. 

Baseado e inspirado em relato bíblico do milagre, a respeito da multiplicação dos dois peixes e cinco pães, que saciaram uma multidão de cinco mil pessoas, conforme registrado no Evangelho de São João (Jo 6, 1-15), a Pastoral da Criança buscou promover o bem-estar das comunidades carentes.

A Pastoral da Criança se concentrou na educação das mães através de líderes comunitários capacitados, uma estratégia com o objetivo combater a grande parte das doenças facilmente preveníveis enfrentadas pelas crianças nessas comunidades. O foco na capacitação comunitária e na disseminação de informações sobre saúde e cuidados infantis, foi fundamental para melhorar a qualidade de vida das famílias atendidas pela Pastoral da Criança.

Após três décadas de atuação, a Pastoral da Criança expandiu significativamente seu alcance, atualmente acompanhando mais de 1 milhão de crianças menores de seis anos, 60 mil gestantes e 860 mil famílias em situação de vulnerabilidade, distribuídas em 3.665 municípios brasileiros. 

Com uma rede composta por mais de 175 mil voluntários dedicados, a Pastoral da Criança é capaz de levar esperança e assistência às comunidades mais necessitadas. Esses voluntários desempenham um papel crucial ao compartilhar conhecimentos sobre saúde, nutrição, educação e cidadania, promovendo assim o bem-estar e o desenvolvimento integral dessas pessoas atendidas.

Em paralelo a essa atuação, em 2004, Dra. Zilda Arns Neumann foi designada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) de uma nova missão, na qual ela deveria estabelecer, organizar e liderar a Pastoral da Pessoa Idosa. Desde então, mais de 163 mil idosos têm sido beneficiados mensalmente com acompanhamento e assistência prestados por cerca de 19 mil voluntários. 

Essa iniciativa teve como objetivo proporcionar apoio e qualidade de vida aos idosos, destacando-se como uma ampliação do compromisso humanitário e da visão de Dra. Zilda Arns em promover a solidariedade e o cuidado para com os mais vulneráveis em nossa sociedade.

Fonte: Acervo da Pastoral da Criança

O legado e o reconhecimento mundialmente

A Dra. Zilda Arns Neumann foi reconhecida com o título de Cidadã Honorária por 11 estados e 37 municípios brasileiros, além de receber 19 prêmios, tanto nacionais quanto internacionais. A Dra. também foi homenageada por dezenas de governos, empresas, universidades e outras instituições em reconhecimento ao seu trabalho exemplar na Pastoral da Criança.

Ela dedicou sua vida à defesa dos direitos das crianças, gestantes e idosos, buscando contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, fraterna e atenta às necessidades das famílias em situações de vulnerabilidade. Seu compromisso estendeu-se além da saúde física, incluindo também a promoção da paz e a busca pelo lado mais positivo da vida e, como ela mesma disse: 

“A Pastoral da Criança, desde o início, teve a preocupação não só de reduzir a mortalidade infantil e a desnutrição, mas também de promover a paz nas famílias e comunidades, pelas atitudes de solidariedade e a partilha do saber a todas as famílias”.

Em seu trabalho, Dra. Zilda Arns sempre valorizou a junção do conhecimento científico com a sabedoria e cultura populares. Ela capacitou mulheres de comunidades carentes e líderes locais, reconhecendo o papel fundamental das mulheres e “empoderando-as” para assumirem um papel na transformação social. Seu legado inclui a disseminação de conhecimento e orientações sobre saúde e cuidados familiares. E, ainda contribuiu com a seguinte fala: 

“Há muito o que se fazer, porque a desigualdade social é grande. Os esforços que estão sendo feitos precisam ser valorizados para que gerem outros ainda maiores”.

A Dra. desempenhou um papel fundamental de forma interprofissional, abrangendo as áreas de saúde, educação, nutrição e cidadania, com foco desde o período gestacional até os primeiros anos de vida das crianças. Seu trabalho também incluiu medidas para combater a violência no ambiente familiar. Isso com o intuito não apenas abordar questões de saúde física, mas também promover o bem-estar e o desenvolvimento de forma geral das crianças desde os estágios iniciais de suas vidas.

                                                   Fonte: Acervo da Pastoral da Criança

O fim de uma trajetória admirável

Após anos contribuindo na vida de milhares de pessoas, a Dra. Nilza morreu tragicamente no dia 12 de janeiro de 2010, durante o terremoto catastrófico que ocorreu no Haiti. Antes de sua morte, no mesmo dia, ela fez um discurso enfatizando a importância de salvar vidas. Sua atuação sempre refletiu nos seus princípios fundamentais, onde ela citou no dia de sua morte:  

“Congregar mais pessoas para se unirem na busca de vida em abundância para crianças e gestantes pobres.”

É notório a importância dessa figura em nossa sociedade brasileira e mundialmente, na qual é reconhecida por seu trabalho humanitário admirável, na qual fundou uma organização com o intuito de melhorar as condições de saúde e nutrição de crianças e mães de comunidades carentes no Brasil e, posteriormente, no mundo. 

Não há dúvidas de que foi deixado um legado importante na área da saúde pública, com enfoque na atenção à infância e na garantia dos direitos das crianças de nossa sociedade. Ao decorrer de sua trajetória, Dra. Zilda nos mostrou o seu compromisso com a promoção da vida e a sua luta incessante pela justiça social, principalmente em prol dos mais vulneráveis.  

 

Referências:

Pastoral da Criança. Dra. Zilda Arns: uma vida de solidariedade e doação. 2024. Disponível em: Pastoral da Criança – Dra. Zilda Arns: uma vida de solidariedade e doação (pastoraldacrianca.org.br);

Pastoral da Criança. Vida de Dra. Zilda Arns Neumann. 2021. Disponível em: Pastoral da Criança – Vida de Dra. Zilda Arns Neumann (pastoraldacrianca.org.br);

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CAOS 2021: Efeitos psicossociais da pandemia na vida escolar das crianças

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Chegamos ao segundo dia do 6º Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS. Dentre vários minicursos propostos para os inscritos no evento, nessa manhã do dia 04 de novembro, um dos minicursos foi ministrado por Ladislau Ribeiro do Nascimento, professor no Curso de Psicologia e no Programa de Pós-Graduação em Ensino em Ciência e Saúde da Universidade Federal do Tocantins. Doutor em Psicologia Social pela Universidade de São Paulo – USP, com estágio doutoral na Division of Health Research – Lancaster University (Reino Unido).

O minicurso abordou o tema “Efeitos Psicossociais da Pandemia na Vida das Crianças”, com transmissão pelo Google Meet, e mediado pela acadêmica de Psicologia Gabriela Alves de Oliveira.

Fonte: Divulgação CAOS

O ilustre convidado iniciou sua fala com duas perguntas norteadoras: Quais são os principais efeitos psicossociais da pandemia na vida escolar das crianças? Como devemos agir para enfrentarmos as sequelas da pandemia nesta população? Ladislau Ribeiro também promoveu duas dinâmicas, a primeira referente às emoções sentidas no início da pandemia, e a palavra MEDO predominou. A segunda dinâmica referente às emoções sentidas atualmente, e a palavra ESPERANÇA definiu bem o atual cenário.

Também foi explorado os impactos da pandemia na vida escolar das crianças, tamanha lacuna que foi gerada no desenvolvimento escolar. Com o fechamento das escolas, foi evidenciado a desigualdade social, muitos alunos que não tinham acesso à internet e celulares, tiveram grandes perdas no aprendizado. Ladislau Ribeiro também explicou sobre a ambivalência de sentimentos por parte das crianças durante a pandemia, hora de alegria por estarem mais próximos dos pais, hora de tristeza e medo por absorverem o drama do caos instaurado.

Fonte: Imagem no Freepik

Crianças longe dos seus espaços necessários para um bom desenvolvimento, rupturas com seus pares, e invisibilidade destas pequenas pessoas também foram temas visitados no minicurso. Mais de 1,6 bilhões de crianças sofreram algum dano relacionado com a educação (UNICEF, 2021), foram dados trazidos ao evento desta manhã. O convidado ainda explicou sobre a importância de promover espaços de comunicação de emoções para as crianças e finalizou com os três princípios fundamentais para lidar com a saúde mental das crianças, sendo eles: Compromisso, Comunicação e Ação.

O segundo dia de programação do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia só está começando e ainda dá tempo de se inscrever no CAOS, pelo site.

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CAOS 21: Documentário aborda o desastre de Brumadinho

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Dentro do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS 2021 haverá o Psicologia em Debate com foco no tema “Recomeço Brumadinho”. O evento ocorrerá no dia 03 de novembro de 2021 das 14 às 17 horas, por meio de uma sala no Google Meet, com a presença da facilitadora Camila de Menezes Brusch. O Psicologia em debate é um espaço acadêmico, onde durante o Congresso serão abordados documentários com foco na temática sobre a Psicologia e Atuação Psicossocial em Situação de Emergência.

O desastre ambiental em Brumadinho ocorreu devido o rompimento de uma barragem da empresa Vale. Gerando uma liberação de vários litros de lama que ocasionou morte de dezenas de pessoas. Brumadinho está localizada no estado de Minas Gerais, a barragem rompeu no dia 25 de janeiro de 2019. No documentário de 30 minutos e 37 segundos, apresenta histórias dos sobreviventes e o fundamental trabalho da defensoria pública.

Fonte: encurtador.com.br/bijsy

A Defensoria Pública se instalou em Brumadinho devido ao desastre, antes não havia um na cidade. A Defensoria serviu como voz para os moradores que estavam aterrorizados, triste e desamparados, muitos dos sobreviventes não têm estudo, para lutarem pelos seus direitos. A Defensoria atuou cobrando da Empresa Vale indenizações, cobrando que arcassem com despesas médicas, de fisioterapeutas e psicólogos. Recomeçar segundo uma sobrevivente é impossível, mas aprenderam a lidar com a nova realidade, com apoio da Defensoria foi fundamental para retomada das vida cotidiana das pessoas.

Diante disto, qual o papel da psicologia após esse desastre? Como deve ser nossa atuação diante de uma situação de Emergência? Tema abordado terá como ênfase estes questionamentos. Para participar do evento cadastre-se pelo site, evento totalmente online que ocorrerá do dia 03 a 06 de novembro. O congresso de Psicologia tem como foco profissionais e estudantes da Psicologia.

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Livro traz reflexões sobre isolamento e esperança

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O livro “O pássaro solitário”, de Alexandra Vieira de Almeida, traz 33 poemas e mostra o desejo do poeta em compartilhar seus simbolismos, dúvidas e mensagens de esperança.

Um livro que mostra o desejo do poeta em busca da comunicação com o mundo para compartilhar seus simbolismos, dúvidas e mensagens de esperança. Essa é a proposta de O pássaro solitário, obra de Alexandra Vieira de Almeida, publicada pela Editora Penalux.

O sétimo livro da autora traz 33 poemas, que transitam do místico ao erótico, ao quadro de interrogações existenciais com o embate entre ser e mundo. Num dos textos em destaque, a poeta apresenta um vislumbre de como seria o planeta após a pandemia, numa mensagem de esperança e beleza, transfiguradas pelo seu dom poético.

Segundo a autora, a obra é elaborada a partir de um imaginário cheio de questões sobre a própria existência, trazendo uma potência vibrante sobre o ser e a vida, enaltecendo o trabalho com a palavra em sua literariedade, não buscando a facilidade de uma linguagem que leve à obviedade e ao simplismo.

Fonte: Alexandra Vieira de Almeida

O prefácio é assinado pelo poeta, contista, crítico, jornalista, compositor e letrista Tanussi Cardoso, que faz um itinerário da figura desse pássaro solitário ao longo da mística, já que era uma expressão recorrente, tanto no poeta indiano Kabir, que escreveu um poema com o mesmo título da obra de Alexandra, como no religioso espanhol San Juan de la Cruz. Para Tanussi, a escritora “busca constantemente o outro ou alguém para compartilhar a vida e fugir do isolamento, embora exista sempre um elo perdido, na possibilidade do encontro consigo mesmo”.

O posfácio é escrito por Claudia Manzolillo, escritora e mestra em Literatura Brasileira, pela UFRJ, e revisora do livro. Ela ressalta a habilidade de Alexandra em abordar o processo simbólico nas páginas de sua nova obra. Para Manzolillo, “a linguagem, matéria-prima, inesgotável fonte de trabalho da autora, se alinha ao universo imagético que percorre o livro, a partir de seu título”.

Link para comprar:

encurtador.com.br/bpsxO

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Empatia e positividade durante a pandemia

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Com a pandemia, as pessoas tiveram que se isolar e se afastar socialmente umas das outras. A internet é um recurso interessante para lidar com esse momento de maneira positiva. Essa situação fez tudo parar, comércio, eventos culturais, museus e shoppings. Apesar disso, a internet continua exatamente igual. Por isso, ela pode ser uma aliada para manter a mente ocupada.

É comum sentir insegurança nesse momento e pensar em coisas do tipo ‘Como será minha vida após isso tudo?’ ou ‘Vou manter meu emprego com essa crise?’ e ainda ‘Será que vou conseguir pagar minhas contas?’. Para que a pessoa não fique pensando somente em coisas negativas, é fundamental estar com a mente ocupada. Desse modo, quando ocupamos a mente, não damos margem para pensar em coisas ruins nem nos deixamos abater diante de notícias sobre o coronavírus.

Ter algo para fazer aumenta a sensação de bem-estar, além de nos manter motivados. Aproveite os recursos da internet nesse momento para ocupar seu tempo. Pode-se aprender com videoaulas de algum curso, de alguma dança, fazer exercício físico com aplicativos que monitoram a atividade, conectar-se por vídeo-chamadas com amigos, ver filmes entre outros.

“Mantenha-se Positivo” – Fonte: encurtador.com.br/coyX4

Quando vemos a internet desta forma, ela pode se tornar uma grande aliada. Portanto, ocupe seu tempo com atividades que tragam prazer e com pessoas que passem mensagens positivas. Aproveite para buscar novas atividades que possam exercitar a criatividade. Busque viver esse momento de maneira positiva.

Além disso, é muito importante que as pessoas mantenham a esperança durante a pandemia. Caso contrário, pode-se ter problemas psicológicos. A depressão, por exemplo, está ligada à negatividade e à impossibilidade de um bom desfecho em alguma situação. Ver notícias boas como de pessoas que se recuperaram e de vizinhos que pensam no coletivo podem trazer ânimo. Tudo isso traz um propósito de vida e ajuda a manter a saúde mental.

Nesse momento, a empatia é primordial. A covid-19 nos fez perceber que, ao pensar no outro, podemos colaborar para que todos cheguem a um bem comum. Devemos estar atentos para ajudar o outro, seja indo ao mercado ou farmácia para quem é do grupo de risco, quanto não estocar alimentos ou álcool gel e ver outros sem. Essa crise veio nos mostrar que sozinhos não conseguimos vencer. Precisamos sempre pensar no próximo.

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No furacão da COVID-19: ou agimos como o bambu ou lutamos contra o vento

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Feroz e veloz, o vírus atinge sem preconceitos ricos e pobres, fortes e fracos, crianças, jovens e adultos, desenvolvidos e emergentes, e diante da pandemia só consigo me inspirar em Eclesiastes.

Hoje é tempo de se recolher, orar e rezar sem se abraçar; tempo de poupar a saúde e de agradecer quem não a poupa por nós; tempo de prantear as perdas e agradecer as curas. Que todo ser humano coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho. 

E se não houver trabalho? O desemprego me aterrorizou. Quando desembarquei em São Paulo em 1980, caía um dilúvio. Pensei: chuva floresce e aqui vencerei. Mas, o que minha imaginação vislumbrava, a realidade deletava. A primeira demissão veio porque recusei ser amante do chefe. Achou-me topetuda demais por ser pobre, ambiciosa e ainda recusar “melhorar” de vida. 

Fonte: encurtador.com.br/cuER7

Por anos, temi não poder pagar a vaga do pensionado. A fome não me desesperava, mas não ter aonde dormir me apavorava. Poderia voltar para a casa dos meus pais. Mas, a sensação seria de fracasso e como desapontar meu pai, o único que acreditou na minha “loucura” de sair de casa aos 17 anos para “vencer” na vida. Trouxe na bagagem seu conselho de ter Deus no coração para me guiar numa cidade repleta de perigos. 

Por sorte, amava diversões gratuitas, como ler e caminhar. Andava pela Avenida Paulista e pensava: “tantas janelinhas aí no alto, deve ter uma para mim”. Para a realidade não deletar meus vislumbres, entrava no Trianon, um parque no meio da Paulista, e lá adquiria uma força infinita vendo nossa finitude diante de árvores centenárias. 

O desemprego deixou cicatrizes, mas o enfrentei com Fé e, como o bambu, movia-me com o vento, jamais contra ele. Muitos me humilharam nessa jornada e outros muitos me estenderam a mão. Minha última demissão foi 21 anos atrás por telefone na crise cambial brasileira. 

Fonte: encurtador.com.br/nopxT

Neste furacão da COVID-19 continuo sendo o bambu, sem lutar contra o vento, mais forte e mais veloz que eu. Agradeço por trabalhar de casa, com salário e benefícios, e poder retribuir quem hoje precisa de mim para se manter na quarentena. O salário e o vale-transporte de minha colaboradora doméstica continuam integrais. Alguns amigos fizeram o mesmo com as diaristas. Entendemos que nestes tempos de isolamento social estar em casa não é férias. Tempo de repartir e esbanjar generosidade e compaixão. 

Quando a fúria do furacão passar será como num pós-guerra. Os regentes precisarão reconstruir os estragos para que os regidos continuem a tocar na orquestra.

Somos pó e ao pó retornaremos, mas entre as lágrimas da chegada e as da partida, existe a VIDA; e se há VIDA, há luta e gratidão, porque certamente suave é a luz, e agradável é aos olhos ver o sol.

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Qual será a tragédia de hoje?

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É PRECISO SE REBELAR contra essa avalanche de negatividade que insiste em querer permanecer entre nós! Eu preciso escrever sobre isso…

Há pouco mais de 40 dias, festejávamos o NOVO ANO que se iniciava “ANO NOVO, VIDA NOVA”. Mas, incrivelmente, o Luto insiste em permanecer no Brasil neste 2019.

Que início de ano é esse, meus amigos?
Diante de tantas tragédias consecutivas, por mais positivos que sejamos, muitos de nós desenvolveu um receio pelo porvir.

Já ouvi muita gente questionando “Qual será a tragédia de hoje?”

Então, diante dessa situação, um cosmos de energias negativas vai se instalando entre nós.
Passamos à passividade da aceitação destes TEMPOS SOMBRIOS. Começamos a nos acostumar com o sofrimento causado pelos crimes ou fatalidades dessa vida.

Leilaine Silva resgata motorista de caminhão no acidente que fatalizou o jornalista Ricardo Boechat e o piloto de helicóptero Ronaldo Quattrucci. Fonte: https://bit.ly/2BH3UYj

Na primeira tragédia, imperam em nós muita dor e a comoção.
Na segunda, dor e comoção se aproximam como “velhas conhecidas”. Tudo parece doer menos.
Na terceira, a comoção e a dor se comportam com uma intimidade assustadora. A dor se “apequena” cada vez mais.
Na quarta, comoção e dor parecem temidas, mas rotineiras companheiras. Já não há rebeldia contra elas. Contudo, aceitação. Se esses são nossos sentimentos, É PRECISO SE REBELAR.

Acredito que o universo é regido por várias leis, dentre elas, A LEI DO RETORNO.
Então, se concentrarmos nossos pensamentos no BEM, ele retornará.
Se nos atermos no AMOR ao próximo, apesar das diferenças, O AMOR permanecerá.
Caso nos unamos para semear PAZ, ela reinará entre nós!

Se compartilharmos energias positivas e bons sentimentos, o universo lhe retribuirá com equilíbrio e bem estar. Então, concentremo-nos no BEM. Isso não significa que nos tornaremos “alienados cósmicos”. Reivindicar direitos e ser cidadãos participativos e conscientes É FUNDAMENTAL.

Todavia, cuidemos das nossas almas, equilibremos nossas energias, emanemos correntes de pensamentos positivos, fortaleçamos nossa fé em Deus e na vida. Acreditemos e lutemos para que A VIDA NÃO SEJA ACEITA COMO UMA TRAGÉDIA!

Rebelemo-nos contra uma das piores formas de sofrimento “acostumarmo-nos com a dor e o sofrimento”. Atravessamos tempos difíceis que VÃO PASSAR.

Rezemos pelas vítimas destas catástrofes, mas não esqueçamos de pedir a Deus por todos nós que ainda estamos aqui.

Fonte: https://bit.ly/2SYfpo1

E jamais esqueçamos que “a dor do outro sempre será, de alguma forma, nossa dor”.
Impossível não estar triste. Porém, faz-se necessário resgatar e alimentar a Esperança de que “dias melhores virão”…

Sim, eles virão!

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Valdenir dos Santos Dias fala de experiência como usuário do CAPS AD III

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No dia 18 de maio ocorreu no Parque Cesamar, em Palmas/TO a comemoração pelo Dia Nacional da Luta Antimanicomial. O evento contou com piquenique, rodas de conversa, sarau musical, testagem rápida e aconselhamento e estava na programação entre outros eventos que ocorreram durante o mês de maio em celebração a data. Essa programação foi elaborada por um coletivo de usuários, trabalhadores e gestores de Palmas.

Entre eles está Valdenir dos Santos Dias, que foi usuário do CAPS AD III por seis anos e hoje participa do serviço compartilhando sua experiência com os usuários, dando depoimentos e também orientação para eles acerca do serviço oferecido. O (En)Cena entrevistou Valdenir, que fala de sua experiência e sua mudança de vida.

 (En)Cena: Por quanto tempo você usou o serviço e como ele te ajudou?

Valdenir: Usei o CAPS AD III durante seis anos e medicação, rodas, grupos de apoio. Hoje eu uso o CAPS para levar uma palavra e incentivar o pessoal de que existe sim a cura para cada um. Quando a gente fala em cura se torna para muitos dos profissionais da saúde, principalmente os médicos, algo muito pesado a gente falar cura da dependência química, mas eu falo cura porque hoje eu não estou em cima do muro, não tomo mais nenhum tipo de medicação. Eu tomava nove tipos de medicação pesada. Tinha muitas que eram piores que droga, porque eu tomava e não podia sair de tão dopado que eu ficava. Então hoje eu falo assim porque depois de vinte anos de dependência você passar um dia sem o uso da droga, um ano, você pode passar o resto da vida. Então isso para mim é cura. O CAPS me ajudou tendo as portas abertas. Os psicólogos, os médicos me deram uma injeção de esperança, de mudança de vida. E eu peguei aquilo. Se existe realmente um controle como eles falavam, fazer a redução de danos, algo que te ajude a voltar para a sociedade, porque uma pessoa que vivia nas drogas, passou por psiquiatria, era tratado como uma pessoa louca por muitos, para essa pessoa voltar ao seu convívio natural e família acreditar que houve uma mudança, é complicado. Então o CAPS realmente foi uma porta aberta, o incentivo que eles me deram é muito válido, muito rico e eu agradeço a todos. Estou aí para ajudar, mas você tem que fazer por você, não adianta você querer se esconder achando que aquilo vai fazer com que você venha a se sentir bem. Hoje eu vou no CAPS para orientar as pessoas, não que eu me sinta melhor que ninguém, mas hoje eu me sinto uma pessoa bem.

(En)Cena: Qual o significado que esse evento tem para você?

Valdenir: Quando fala em dependência química eu gosto de participar porque tem muita gente que perdeu esperança, muitas famílias que perderam esperança nos filhos, no marido. A minha mulher esperou durante vinte anos e tem muita gente que perguntou como ela aguentou. Eu digo para perguntar para ela. Mas o que eu dei para a minha mulher de loucura, de perca, hoje eu dou de vida. Hoje eu tento abraçar ela da melhor forma, não fisicamente, mas da melhor forma que eu posso e dar o carinho, a atenção que eu não dei esse tempo todo. Uma pessoa que me ajudou o tempo todo. Eu me emociono porque ela realmente me ajudou. Ela nunca falou não adianta mais para ti. Ela sempre me deu uma palavra de apoio. E graças a Deus me sinto uma pessoa bem hoje. Tenho sentimentos no meu coração. Isso aqui é vida, resumindo. Talvez você não veja assim, mas eu vejo, isso aqui é vida, uma palavra de esperança para quem está realmente buscando. Tem muitos que querem ficar nessa vida, da dependência. Mas tem muita gente que está cansada de sofrer. Desce numa ponte dessa aí que você vai ver. Tem pessoas lá que estão desesperadas, estão gritando pedindo socorro e a voz não sai mais. Só no olhar você vê que a pessoa está buscando ajuda e não sabe onde. Então isso aqui é uma família. Um depoimento, uma palavra, ela vem mudar realmente o conceito da dependência química.

(En)Cena: O que o serviço de saúde mental representa para você?

Valdenir: O serviço de saúde mental está aí para tentar ajudar quem realmente quer. E é o que eu falei, o trabalho vem para trazer uma esperança de mudança de caráter, de vida. E tem muita coisa, talvez no momento assim a gente não saiba expressar. Mas esse trabalho é uma esperança de mudança de vida. Acabou o hospital psiquiátrico onde o pessoal recebia choque, ninguém tinha uma conversa que nem tem agora. Então eu acho que a saúde mental vem trazer uma mudança de pensamento para cada um, para as pessoas entenderem que o dependente é uma pessoa como qualquer outra, que tem solução para ele. Para mim deu certo esse trabalho da saúde mental e creio que dá para muita gente. O serviço está aí de portas abertas.

(En)Cena: O que os profissionais envolvidos nesses dispositivos significam para você?

Valdenir: Quando fala de funcionários a gente sabe que cada um corre atrás do que quer. Então as pessoas que estão trabalhando com a saúde mental, tem muita gente que realmente vestiram a camisa, muita gente que pensa no financeiro, mas muitos buscam realmente ajudar as pessoas, trabalha realmente com essa intenção. Muita gente que eu conheci, como a doutora Camila, a Natasha, que eu conheci o trabalho e realmente me ajudaram muito. Sei que a doutora Camila é alguém que realmente veste a camisa. Quando ela saiu do CAPS AD III ela fez muita falta. Hoje acho que ela está fazendo um trabalho no CAPS II, mas ela é uma pessoa que realmente abraça, ela dá esperança para a pessoa e todas as vezes que eu chegava no CAPS, as vezes de madrugada, batia lá desesperado e o pessoal atendia, eu entrava, alguém me dava medicação. Ela me ajudou muito e ajuda muita gente. Então a doutora Camila é uma pessoa que merece parabéns. Talvez ela não saiba como estou, nunca mais me viu, mas sempre estou orando por ela e por muitos profissionais que realmente vestem a camisa e ajudam as pessoas. Eu falo do CAPS de coração aberto e também não posso deixar de falar de Deus. Foi ele que me deu forças para trilhar esse caminho. O CAPS me ajudou, me incentivou nessa caminhada, mas Deus foi o protagonista que me deu esperança de mudança.

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Dunkirk: a busca de sentido na esperança de sobrevivência

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Concorre com 8 indicações ao OSCAR:

Melhor filme, melhor design de produção, melhor fotografia, melhor montagem, melhor mixagem de som, melhor edição de som, melhor trilha sonora original

Dunkirk, filme escrito e dirigido por Christopher Nolan, retrata a evacuação de 340 mil homens da costa francesa para o Reino Unido, tal movimento ficou conhecido como Operação Dínamo, num contexto histórico de segunda guerra mundial, sob ataque dos nazistas.

No litoral francês, na cidade de Dunkirque, 400 mil homens organizam-se em fileiras há espera de navios que possam leva-los a sua terra.  O que permite que esses navios atraquem é apenas um único molhe (espécie de cais), visto que navios grandes não conseguem atracar na beira da praia.

O primeiro contato que o telespectador tem com o filme, dá-se pelas lentes do soldado Tommy (Fionn Whitehead), ao aparar um dos vários folhetos que caem do céu dizendo “Nós cercamos vocês.” Olhar o caos e o desamparo da guerra, pela ótica de Tommy, é olhar de forma empática e emocionada, é olhar para cada soldado vivo ou morto, é olhar para os caças soltando bombas que pesam e explodem na alma, e tentar entender e acreditar que todos eles conseguirão voltar para suas casas.

Fonte: goo.gl/8qAhpe

Os borbadeios alemães chegam por ar e por água, destruindo a todo instante os Destroiers britânicos. Aqui nesse momento outras duas visões da guerra entram em ação, a visão dos pilotos da aeronáutica britânica e a visão de britânicos voluntários em barcos civis.

Ao perceber-se que barcos pequenos seriam mais úteis no resgate dos soldados, a marinha britânica convoca cidadãos detentores de barcos para irem até Dunkirk. Nosso barco protagonista chamado de Moonstone, conta com a tripulação de três homens, o senhor Dawson, e os jovens George e Peter. Dawson carrega o papel de representante da geração anterior aos soldados, numa alusão à importância que estes tiveram/tem na guerra. Isso pode ser percebido quando ele diz a um soldado resgatado: “Homens da minha idade é que permitem que haja guerra, pois somos nós que mandamos os soldados para cá.”

Enquanto os barcos civis rumam para o resgate dos soldados, os pilotos britânicos almejam atingir os caças alemães, na tentativa de cessar os bombardeios que estão matando os britânicos e os franceses em rápida escala. Dentre os pilotos destacam-se Farrier e Collins, sendo o último o responsável por derrubar os dois caças inimigos, resultando no fim da matança em massa no litoral da cidade francesa.

Fonte: goo.gl/RZj87o

Cabe-se aqui uma comparação das experiências vividas pelos prisioneiros nos campos de concentração nazistas e os soldados da operação Dínamo, quando se refere a estar sob a opressão de um poder inimigo com sentimentos de completo desamparo e sofrimento.

Vitor Frankl (2010) ao escrever sobre esses sentimentos, dizia que o individuo tem a capacidade de escolher entre ser o sujeito típico recluso, ou aquele que tomará uma postura alternativa. Tal postura alternativa pode ser vista em Dunkirk no personagem do soldado Tommy, que durante todo o filme mantem firme a esperança de regresso a sua terra, mesmo diante das circunstâncias desastrosas .

Outra observação feita por Frankl (1989a) é a de que o mais importante movimento intrínseco ao ser humano é buscar um sentido para a vida, aqui pode ser observado tal movimento na tripulação de três, do barco Moonstone. Onde o jovem George traz em seu discurso que até o presente momento de sua vida ainda não havia encontrado nada que a fizesse ter sentido, porém essa viagem de resgate aos soldados significava o encontro desse sentido que faltava.

O desfecho da trama vem com o resgate dos soldados pelos barcos civis, sendo Moonstone o veleiro que transporta o grupo protagonista do filme. È interessante olhar a sensação dos soldados ao chegarem em solo britânico, uma vez que o sentimento de fracasso e incapacidade vem à tona por terem precisado abandonar seus postos de batalha.

Fonte: goo.gl/2tC4Ab

Frankl (2010) diz que nesta etapa o individuo é tomado por um sentimento de despersonalização, já que ao retornarem para seu habitat veem como os que ali ficaram reagem de forma vaga e geral, transmitindo ao individuo que estava em sofrimento duvidas quanto a utilidade do seu tormento. Entretanto, em Dunkirk a indiferença não vem de todos. Na ultima cena podemos ver Tommy e seu companheiro de exercito recebendo comida e gratificações dos cidadãos pela janela do trem, em agradecimento a coragem de todos eles em lutarem pela sua nação.

O diretor Cristopher Nolan, dá a oportunidade ao telespectador de usar os sentidos da visão e audição como principais meios de interpretação do filme. Você não encontrará em Dunkirk muitos diálogos, porém há uma riqueza de detalhes visuais e sonoros que permitem sentir da melhor forma possível o clima, a tensão, o medo, a angústia de estar em uma guerra.

FICHA TÉCNICA


                           DUNKIR

Diretor: Christopher Nolan
Elenco: Fionn WhiteheadMark Rylance, Tom Hardy
Gênero: GuerraHistóricoDrama
Ano: 2017

Referências:

Dunkirk. Disponível em < http://www.adorocinema.com/filmes/filme-240850/creditos/> . Acesso em: 28/02/2018

Épico de guerra, Dunkirk aborda a retirada das tropas aliadas da França ocupada por Nazistas. Disponível em < http://guia.folha.uol.com.br/cinema/2017/07/epico-de-guerra-dunkirk-aborda-a-retirada-das-tropas-aliadas-da-franca-ocupada-por-nazistas.shtml>. Acesso em: 28/02/2018

AQUINO, Thiago Antônio Avellar de. Análise da narrativa de Viktor Frankl acerca da experiência dos prisioneiros nos campos de concentração. Revista da Abordagem Gestáltica. Goiânia, vol.18 no.2, dez.2012. Acesso em: 28/02/2018

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