Relato de experiência sobre a execução do Planejamento Estratégico Situacional na Escola Estadual Cívico-Militar Maria dos Reis Alves Barros

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O referido Plano Estratégico que se apresenta elegeu a Escola Estadual Cívico-Militar Maria dos Reis Alves Barros como foco de ação interventiva, e verificou os seguintes problemas: a baixa autoestima dos/as estudantes, bem como a busca pela imagem perfeita visada nas redes sociais, o bullying entre os adolescentes e a crescente demanda de adoecimento psíquico, como a ansiedade. Com vistas à problematização e ao enfrentamento dos problemas elencados, este relato de experiência apresenta a execução de uma intervenção, cujo procedimento terá na utilização de grupos operativos a sua referência principal.

Quanto à escola, vale destacar que a mesma foi criada pelo Decreto Estadual de Lei Nº 2.785 de 29 de junho de 2006, e inaugurada no dia 29 de junho de 2006. O nome da escola é uma homenagem à Profa. Maria dos Reis Alves Barros, pioneira na educação do distrito de Taquaruçu, e localiza-se no bairro Taquari, no município de Palmas-TO. O perfil dos/as estudantes da escola encontra-se em torno da faixa etária de 09 a 18 anos de idade, no período diurno, nas modalidades do ensino fundamental e ensino médio. No período noturno há exceções de idade para os alunos inseridos no mercado de trabalho, a partir dos 18 anos, sendo a maioria desses/as estudantes, trabalhadores e pais (responsáveis) de famílias.

O perfil dos/as estudantes se mostra desafiador, pois compete à árdua missão de alinhar as aprendizagens desiguais em sala de aula; situação de distorção idade/série; abandono e evasão escolar; formação de vida familiar e social fragmentada, em razão de problemas econômicos; convivência realidade presente ou próxima de drogas lícitas e ilícitas; violência doméstica; a gravidez precoce que tem interrompido a vida escolar de muitas adolescentes, entre outros desafios mais relevantes.

Relato de Experiência

O modelo de trabalho escolhido foi o de Grupos Operativos, este que tem como objetivo principal proporcionar uma experiência de aprendizado grupal, visando a faixa etária de adolescentes. O grupo operativo em questão é regido pelos acadêmicos do curso de psicologia, odontologia e educação física do Ceulp/Ulbra. Referente às escolhas de estratégias para serem aplicadas na resolução dos problemas, foi utilizada a dinâmica de grupo para tal objetivo. Com essa ferramenta foi possível trabalhar diversos aspectos dos indivíduos inseridos nesses grupos, como: melhora na habilidade de comunicação e relacionamento interpessoal, melhor percepção de si mesmo, instigar a interação afetiva entre os indivíduos e entre outros (ZIMERMAN, 2000).

Todas as intervenções educativas ocorreram no dia 09/04/2022 (sábado) das 07:30 às 12:00, facilitada pelos acadêmicos do CEULP/ULBRA, sendo supervisionados pela Professora Micheline Pimentel Ribeiro Cavalcante que administra a disciplina: Práticas Interprofissonais de Educação em Saúde.

Um dos temas propostos para o grupo, foi referente a Ansiedade, Técnica de Meditação mindfulness e Bruxismo. No primeiro momento foi a palestra e discussão sobre a ansiedade e a técnica das tiras de papel que continham palavras relacionadas ao tema (medo, fraqueza, suor intenso, nervosismo, preocupação, sensação de perigo, respiração acelerada e pensar claramente). No segundo momento foi a palestra sobre Bruxismo. E por último foi a técnica de meditação mindfulness (atenção plena) que teve duração de 10m. Quanto à experiência nessa intervenção, devido à preparação no decorrer da semana, foram as várias expectativas no sentido de se estar motivado, tranquilo e centrado na proposta. Ao chegar na escola houve bom acolhimento por algumas professoras que já estavam no local. Às 08:00, as turmas de alunos foram distribuídas nas salas. Apesar do aparecimento de alguns tumultos foi possível dar início à prática educativa, com a presença de um pequeno contratempo de não ter dado certo a demonstração dos slides, focando apenas na exposição verbal do tema. A princípio alguns alunos estavam dispersos, mas aos poucos eles foram interagindo de forma positiva. É importante ressaltar que o último grupo trabalhado correspondeu à prática de forma mais interativa, houve mais dialética em forma de trocas de ideias no qual alguns alunos pediram sugestões de temas de redação para o vestibular. Referente ao tema ansiedade e bruxismo, foi possível associar que o bruxismo está intimamente ligado à ansiedade e explicar que hábitos adquiridos no dia a dia, em excesso, por eles podem afetar o mesmo.
Foram trabalhadas também oficinas sobre aceitação e autoestima, onde foram trabalhadas questões de imagem real e as relações com as redes sociais, aceitação, forma de lidar com a opinião do outro, cuidado com os amigos, tentar entender o porquê da mudança de comportamento, as relações com os pais e familiares, a procrastinação com o uso excessivo das redes sociais. Nas dinâmicas em grupo, foram trabalhadas a dinâmica da caixa do espelho e do papel numerado. A dinâmica do espelho consiste em colocar um espelho dentro de uma caixa, e perguntar aos participantes quem é a pessoa mais importante de sua vida? Após a resposta, entrega-se a caixa e ao abrir se vê no espelho, observando que a pessoa mais importante é ele. A dinâmica do papel numerando e distribuindo dois pares de números e chamar um par por vez em que um fala ao outro uma qualidade e se pergunta se sabiam que o outro tinha conhecimento desta qualidade.

Dinâmicas referentes à estética corporal, a estética facial e influência na mídia foram utilizadas para levar aos alunos um conhecimento acerca dos extremos com o cuidado estético e consequentemente seus malefícios com reflexos a ansiedade e transtornos psicológicos e ainda os cuidados basilares que devem ser cultivados para a manutenção da saúde e da estética como um todo.

Outra oficina trabalhada pelos acadêmicos, refletiu sobre o Bullying, onde foram trabalhadas questões que há uma associação ou uma simultaneidade entre os atos que caracterizam os diferentes tipos de bullying, em como a intimidação sistemática pode se dar por meio de agressões físicas, social psicológico, verbal, material, cyberbullying , expressões depreciativas,  ameaças, perseguição, chantagem, isolamento social, além da tentativa de entender o porquê da mudança de comportamento, as relações com os pais e familiares, observando o comportamento tanto das vítimas quanto dos agressores, na busca de identificação de alguns padrões. Na dinâmica proposta pela oficina de Bullying, foi realizada uma dinâmica da empatia, a dinâmica foi realizada da seguinte forma, os alunos foram instruídos a formar duas filas, ficariam frente a frente, deveriam observar um colega por 1 minuto, durante a observação a música seria usada como concentração. Pouco depois, uma fila foi retirada da sala e outra permaneceu. Quando foram separados, foi necessário que eles mudassem três coisas neles, cabelo, roupas, tirar ou colocar acessórios etc. Quando eles voltaram para a sala com a outra fileira, os demais estarão de costas para eles, então eles se virarão para a frente e olharão para o mesmo colega por 1 minuto. Depois que a observação terminou, as instrutoras começaram a questionar se haviam observado alguma mudança em seus colegas. A intenção da dinâmica era sobre a importância de observar quando alguém do convívio não está se sentindo bem, cabisbaixo com algo, por algum sofrimento, até mesmo sofrido bullying na escola por algum colega. E ter alguém para ouvir sem ter nenhum julgamento é bastante importante. Assim, todos têm a possibilidade de se colocar no lugar do outro. Foi realizada a dinâmica do papel amassado também, onde cada participante recebe uma folha. Em seguida, o instrutor deve pedir que, todos os membros, olhem bem para aquela folha e depois a amassem e formem uma bolinha. Em seguida, peça que todas as pessoas tentem desamassar o papel e deixá-lo igual ao que estava antes. Todos os membros vão tentar voltar o papel ao normal e até mesmo sugerir ideias para que fique como antes, entretanto, cada folha estará alterada e não terá mais a mesma forma de antes de ser amassada, trazendo a reflexão acerca do bullying, onde agressões físicas e verbais ocorrem e mesmo que em determinado momento cessem, esse sujeito tende a não voltar a ser quem era, podendo sofrer consequências emocionais por toda a sua vida.

Fonte: acervo dos autores

Considerações Finais

Este trabalho teve como objetivo uma intervenção na perspectiva de grupos operativos, considerando temas acerca da ansiedade, bullying entre adolescentes, autoestima e as redes sociais, bem como da imagem perfeita, trabalhando-os com jovens do ensino médio Escola Estadual Cívico-Militar Maria dos Reis Alves Barros, com visitas presenciais dos acadêmicos da faculdade do CEULP/ULBRA como facilitadores. Para a condução do grupo, assuntos estudados sobre Pichon e Zimerman se fizeram presentes, associando-se assim, prática a teoria.

Com relação às atividades desenvolvidas, foram divididos e organizados temas para o encontro que aconteceriam ao sábado, das 7:30hrs às 12hrs, no dia 09/04/2022. Inicialmente, procurou-se conhecer melhor os participantes, bem como entender o que eles buscavam com suas participações no grupo e em seguida transmitir o conhecimento visando aprendizado e troca de experiências. O encontro foi marcado por grandes discussões acerca da temática, visando provocar nos participantes do grupo a busca pelo amor-próprio, autoaceitação e educação em saúde, proporcionando momentos descontraídos e de reflexão.

Ao final das atividades, foi possível perceber que os grupos onde a faixa etária era maior, o alcance bem como a participação dos envolvidos era maior. Outra percepção reflete a carência percebida de apoio emocional dos participantes, com alguns jovens apresentando pensamentos destrutivos e incapacitantes, entretanto, outros participantes buscaram as facilitadoras para esclarecer algumas dúvidas e outros temas não abordados, além de demonstrar interesse sobre o futuro e suas formações. No geral, todos os alunos foram bem comunicativos, muitos participaram corretamente e foi possível realizar uma bela apresentação para todos.

Avaliamos o projeto de intervenção como uma experiência enriquecedora, pois beneficia o desenvolvimento pessoal e profissional da equipe. Além disso, as atividades que os alunos realizaram possibilitaram perceber mudanças nas percepções e práticas dos alunos. Trabalhar de forma integrada facilita o alcance dos objetivos das atividades propostas.

Referências bibliográficas

PICHON-RIVIÈRE, Enrique. O processo grupal. Trad. Marco Aurélio Fernandes. 4. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

ZIMERMAN, David E. Como trabalhamos com grupos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1997.

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PROFISSÕES 

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Em um dia comum na copa de um hospital de referência da região norte do país, um estagiário do setor administrativo estava em seu intervalo de almoço, sentado em uma cadeira, degustando de algumas bolachas com café sem açúcar. Ninguém imaginava, mas este estava refletindo sobre o dia puxado que teve, sobre as rotinas desgastantes de um assalariado e sobre a pouca rentabilidade que aquele trabalho lhe oferecia. 

Fonte: encurtador.com.br/nDMO4

 

De repente, adentrou na copa um médico com um jaleco branco comprido e em seguida suspirou profundamente, falando consigo mesmo:

  • Ser médico tem que ter muita paixão. Ainda bem que eu amo! Meu Deus, que dia! 

Fonte: Google Imagens

 

Em seguida o estagiário o encarou e refletiu mais ainda. O médico apenas tomou um copo d’água e se retirou do ambiente. O estagiário começou a imaginar como seria sua vida se optasse por medicina. Mentalmente listou algumas vantagens: reconhecimento social e salário bem acima da média nacional foram alguns pontos observados. Em seguida, listou algumas desvantagens: anos de estudo; muito dinheiro e recursos para se dedicar apenas a isso; profissão ainda elitizada e pouco acessível a sua condição social.

Terminando seu devaneio, um pensamento sobreveio como um insight em sua mente, porque não tentar algo como Youtuber? Recursos totalmente acessíveis, demanda muita autenticidade, o que ele tem de sobra, e constância, que tem mais ainda, além de ter horários flexíveis. O que ele teria dúvida era sobre o retorno financeiro dessa empreitada. Já animado com a ideia, começou a esboçar em um papel um roteiro de temas que poderia abordar em suas redes sociais e principalmente no YouTube com vídeos. 

 

Fonte: Google Imagens

 

Chegando ao final do seu expediente, retirou o seu celular e em seguida acionou a câmera e começou a gravar, dizendo:

– Bom pessoal, cá estamos nós em mais um dia, findando a lida do proletariado, triste! Estou cansado, esgotado, querendo só comer e dormir e amanhecer rico amanhã. Será que em um universo paralelo eu sou herdeiro? Só queria viajar no tempo igual no filme A Ressaca e mudar a realidade para me tornar milionário, é pedir muito? Risos. Enquanto isso cá estamos nós sofrendo para sustentar a nobreza do patrão, porque até os médicos, estão pedindo arrego. 

O estagiário gravou apenas este trecho e lançou em seu Instagram e em poucas horas viralizou, pois suas expressões, sotaque, modo de se expressar e gesticular de fato eram autênticos, genuínas e cativantes. Para quem estava do outro lado da tela do celular, se identificou bastante e por isso se viralizou tão rápido. 

 

Fonte: Google Imagens

 

O estagiário se surpreendeu com a velocidade da repercussão, posto que alcançou níveis nacionais, até celebridades e empresas de renome estavam compartilhando seu pequeno vídeo. Surpreso com tudo, tirou a noite para pensar como digerir tudo, ainda sem cair a ficha. 

Passados alguns meses, a mesma pessoa já estava recebendo mais que o quinto do valor como estagiário. E então pensou em uma das exibições feitas nas redes sociais, afirmando:

Gente, e um tempo atrás eu pensando em fazer medicina para poder viver bem?! Meu Deus, tem que ter um pensamento muito pobre e f* para querer fazer medicina só por dinheiro e estabilidade viu! Se tiver alguma ideia, tente meus amores, a vida não se resume a se matar de trabalhar para pagar boleto, não!

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Um senhor estagiário e o sentido do trabalho contemporâneo

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Algo que é observado em relação ao trabalho são as várias mudanças e o avanço das tecnologias, e o homem passa a ser transformado pelo processo desencadeado pelo trabalho, acarretando dificuldades em dar sentido a sua vida se não estiver em atividades laborais. Segundo Hannah Arendt (2004) “cada vez mais temos uma alma operária”.

Em uma sociedade capitalista que faz constante referência ao consumismo, o trabalho poderá tornar-se uma atividade com sentido. Pois a capitalização e a globalização da economia têm promovido enormes transformações no mundo do trabalho, surgindo novas formas de organização e fazendo com que o mesmo venha representar um valor importante para a sociedade contemporânea.

Fonte: http://zip.net/bftK1B

O filme “Um senhor estagiário” relata a vida de uma jovem chamada Jules Ostin, criadora de um bem sucedido site de vendas de roupas, que em pouco tempo de funcionamento já estava com 200 colaboradores na equipe. Ela leva uma vida muito atarefada, pois além das exigências do cargo e sua sobrecarga, ela é esposa e mãe, tendo que se desdobrar para conseguir estar presente em casa.

Sua empresa inicia um projeto de contratar idosos, em uma tentativa de coloca-los de volta ao mercado de trabalho; aqui entra em cena o personagem Ben, viúvo aposentado, que aos 70 anos se viu em uma vida monótona e tentava preencher seu vazio em várias outras formas e atividades de lazer, mas nenhuma com êxito, foi então que decidiu buscar uma vaga de estagiário que estava sendo oferecida, vendo ali a oportunidade de se reinventar, de voltar ao mercado de trabalho. Apesar das dificuldades encontradas com o uso das tecnologias, Ben precisava gravar um vídeo, e o seu ajudante nessa tarefa foi seu neto de nove anos de idade. Passou por várias entrevistas, até ser contratado pela empresa de Jules.

Ben era um homem que já possuía uma bagagem de conhecimento, tanto na área organizacional, como pessoal, sempre observava as demandas que surgiam na empresa, e buscava promover um equilíbrio entre os setores, e na jornada individual de cada um. O interessante é a harmonia gerada entre o conflito de gerações, e a experiência e o bom senso de Ben, que acaba sendo o personagem principal nesse enredo, mostrando o valor da amizade e do comprometimento com o trabalho.

Este trabalho tem como objetivo discorrer sobre o filme citado a cima, correlacionando-o com o sentido do trabalho na contemporaneidade.

Fazendo uma relação sobre o sentido do trabalho para Ben, pode-se observar que era visto como uma extensão da sua identidade, pois tentou de várias formas preencher a si mesmo com outras modalidades de atividades, mas não conseguia alcançar êxito naquilo que fazia. Portanto, esse sentido faz parte do ritmo aprendido no decorrer da sua vida e sua carreira profissional.

Para manter-se ativo, Ben procura a vaga para estagiário, mesmo com dificuldades com o uso de equipamentos tecnológicos, consegue se superar. E é essa angústia que tira o homem do cotidiano, comodismo e o redireciona ao encontro de si. A partir do momento em que ele entra na empresa e é contratado, é como se estivesse retomando a sua identidade que ele havia perdido devido a sua aposentadoria, podendo ser identificado na cena do filme onde ele coloca vários relógios para despertar, e o prazer que sente ao arrumar sua roupa de trabalho.

Fonte: http://zip.net/bptLGj

Por mais que ele enfrentasse o choque de gerações, ele acaba por conquistar os seus colegas de trabalho e se aproxima aos poucos de Jules, promovendo um equilíbrio na empresa. Mesmo enfrentando preconceito no início, não deixou de ser ele mesmo para se manter no local de trabalho.

Segundo Albornoz (2004) “o trabalho está na base de toda sociedade, estabelecendo as formas de relação entre indivíduos, entre as classes sociais, criando relações de poder e propriedade, determinando o ritmo cotidiano”. O trabalho é parte integrante do sujeito.

A palavra trabalho tem suas nuances em várias línguas e culturas, e também no cotidiano possui muito significado, como atividade em serviço, mas também podendo significar dificuldade e incômodo. Em nossa língua, a palavra trabalho vem do latim (tripalium) que era um instrumento feito de três paus aguçados, utilizados pelos agricultores no trato dos cereais. O que na maioria dos dicionários registra como instrumento de tortura.

Para Albornoz (2004) a forma de trabalho passa por três grandes estágios, o primeiro onde o homem complementa o trabalho da natureza, isto é, vive da colheita das frutas e da caça de animais e pesca. O segundo, o homem confirma ser sentido através do trabalho artesanal e agrícola, e por último a revolução industrial que surgiu com aplicação da ciência à produção através da expansão capitalista.

Hoje temos um modelo de trabalho completamente diversificado, no filme percebemos que é uma empresa totalmente do século XXI, que se utiliza da tecnologia a seu favor.

Podemos elencar alguns fatores apresentados no filme para o bem estar da empresa e dos colaboradores:

– A liderança de Jules que é a CEO (Chief Executive Officer), que em português significa Diretor Executivo da empresa, trata todos os colaboradores com respeito, os elogia, não tem medo de se redimir e buscar ser o exemplo para toda a equipe. Essa é a verdadeira comunicação interna, que retém e motiva funcionários;

– A comunicação da empresa de Jules é na horizontal, modelo mais aceito pelas equipes na atualidade, porém, são poucos gestores que conseguem lidar com esse modelo, aderindo a um modelo mais “tradicional” que a comunicação na vertical, que é aquela “eu mando e você obedece”. Maximiano (2000, p.284) nos traz que “muitas das vezes, a comunicação para baixo procura manter as pessoas informadas para que possam trabalhar direito” e tem a comunicação ascendente que é quando:

“Os subordinados dão informações sobre o andamento e problemas do trabalho aos superiores, de modo que estes possam decidir o que fazer. Mas a informação necessária é com frequência censurada ou não é transmitida, e às vezes com resultados desastrosos” (HAMPTON, 1992, p. 434).

Fonte: http://zip.net/bbtKVB

Porém corre o risco de haver uma filtragem providencial destas informações, com intuito de encobrir ou atenuar conflitos e problemas que precisam de resolução. Jules se utiliza da comunicação horizontal, pois a mesma está envolvida em todo o processo da empresa e dando voz a todos da organização. Pois todos trabalham no mesmo andar, ninguém tem seu próprio escritório, nem mesmo a CEO, e o mais importante e relevante para a empresa é o trabalho em equipe e a comunicação;

– Assertividade no processo organizacional é importante, pois ele visa muito a saúde da equipe sem trazer prejuízos para a empresa e Jules mostra que mesmo sendo a fundadora e CEO da empresa, ela participa ativa e efetivamente nos processos da organização, entendendo como tudo acontece na prática. E ela faz isso para vivenciar a experiência de aproximação real com o público, de falar pessoalmente com ele e ver os detalhes que podem ser trabalhados. Em um dos momentos do filme ela vai pessoalmente explicar como deve ser feita a embalagem adequada do produto. Ela organiza e fecha o pacote se preocupando com a experiência de compra do cliente. Outro ponto fundamental que é assertiva nos processos seletivos da empresa, sabendo identificar pessoas empáticas da equipe existente, para que a proatividade dos colaboradores não seja afetada;

– Proatividade, é o momento que Ben entra em cena e mesmo com suas dificuldades nos início não desiste e resolve dar uma viravolta quando ele fala “vamos fazer acontecer” e assim ele faz toda a diferença da empresa;

– Empatia, é diferente de ser simpático! É um sentimento além, é quando a pessoa se coloca no lugar do outro, ou seja, é uma compreensão, é saber respeitar e entender os sentimentos do próximo. O filme não trouxe jovens “bobos” que não sabem conversar pessoalmente. Trouxe uma nova geração da qual fazemos parte e temos orgulho de fazer parte dela. São pessoas antenadas, inteligentes e conectadas, que sabem colocar-se no lugar do outros e os ajudam em suas limitações. Vivem bem em meio a diversidade, respeitam os demais e são totalmente empáticos, por saberem se colocar no lugar do outro.

Conclui-se que o mercado de trabalho está cheio de desafios, a tecnologia tem proporcionado uma série de oportunidades de novos empreendimentos, porém é necessário vários fatores para que possa fazer a diferença entre os demais. E inovação, criatividade, comunicação, forma de liderança, proatividade, decisões assertivas, ambiente e condições de trabalho proporcionando qualidade de vida, enfim uma gama de critérios a serem realizados para obter um bom desenvolvimento quando o assunto é trabalho.

Fonte: http://zip.net/bptLGk

É importante destacar que não tem como definir o trabalho mais importante, pois depende do sentido que o indivíduo atribui ao trabalho, podemos relacionar alguns fatores importantes para o indivíduo no que diz respeito ao sentido para ele. Deve haver algo que motiva o sujeito para realização de determinada atividade, como também a satisfação, o sujeito deve estar satisfeito com o que faz.

Para Ben, o sentido do trabalho estava em ser útil para as outras pessoas, ou seja, a aposentadoria, a morte da sua esposa, trouxe um vazio no qual ele estava incomodado, então quando surgiu a proposta de estagiário Señior, ele foi em busca de um sentido para vida. Cabe ainda destacar o quanto Bem se tornou mais alegre e motivado, atribui a isso o fato de está no mercado de trabalho desenvolvendo o que aprendeu ao longo da vida, assim trazendo um sentido para viver.

REFERÊNCIAS:

ARENDT, H. A condição Humana. 10. Ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004.

HAMPTON, D. R. Administração contemporânea. 3. ed. São Paulo: Makron Books do Brasil, 1992. 590 p.

MAXIMIANO, Antonio Cesar Amaru. Teoria geral da administração: da escola científica à competitividade na economia globalizada. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2000.

VIEIRA, Diego Padoan. O que significa empatia e apatia. 2013. Disponível em: http://www.administradores.com.br/artigos/cotidiano/o-que-significa-empatia-e-apatia/73356/. Acessado em: 03/04/ 2017.

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Um Senhor Estagiário: a moderna gestão feminina

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Este texto tem como proposta uma articulação com o filme “Um Senhor Estagiário”, mais especificamente na personagem Jules Ostin interpretada pela atriz Anne Hathaway, uma CEO [1] (Diretora Executiva) fundadora de um site de moda, cujo objetivo é a venda de roupas. A gestão de Jules permite visualizar as mudanças organizacionais, entre as quais a reestruturação que o mundo do trabalho passou a contemplar por volta do final da década de oitenta, aderida pelas novas formas de administrar e organizar; privilegiando o modelo japonês que busca redução de custo, um maior controle de qualidade e ainda o aumento dos resultados, conforme a autora (BARRETO, 2009, p. 1) vem explicitando acerca de como esse novo modo de gestão vem contribuir para a influência nos valores identitários e a saúde dos trabalhadores e trabalhadoras,  que são absorvidos pelo ideal de competitividade, disciplina e integração à empresa.

No filme Um Senhor Estagiário, a característica marcante da CEO Jules, é de um perfil centralizador e uma exigência quanto à garantia de um padrão de excelência no que se refere aos produtos e serviços que a Startup [2] oferece aos clientes internautas. Quanto a esse aspecto os trabalhadores são extremamente comprometidos e motivados, fruto desse controle das mudanças organizacionais que tem alterado a natureza do trabalho humano e o perfil esperado do trabalhador, conforme alerta (SILVA, 2015, p. 133) sobre os gestores adotarem uma postura de escuta atenta, com um ambiente mais saudável, dando margem para o trabalhador procurar “ajustar a realidade do trabalho aos seus desejos e necessidades, o que torna possível a transformação do sofrimento, do reconhecimento e do prazer”. (SILVA, 2015, p. 136).

A realidade do mundo do trabalho e o conceito clássico de emprego perpassam uma realidade em que a autora (BERGAMINI, 2015, p. 113) aponta que após anos de previsões otimistas e alarmes falsos, as novas tecnologias de informação e comunicação fazem sentir seus impactos. Nesse sentido, os administradores diante de uma nova forma de gestão passam a se questionar inquietantemente sobre a possibilidade das pessoas passarem a produzir diante de determinadas condições nas quais elas normalmente não estariam motivadas para o trabalho; esse é o grande desafio da atualidade para o ideal de gestão inovadora.

A preocupação com a gestão de pessoas é tema recorrente e de emergência, devido o impacto que as transformações acontecidas pela globalização oportunizaram para o setor organizacional, acirradas pela competitividade e adequação desse trabalhador ao mercado de trabalho, oportunizando assim práticas de uma gestão motivacional que adeque esse trabalhador ao ritmo de produção afinado com o mercado. A autora define gestão de pessoas como: “um conjunto de políticas e práticas definidas de uma organização, para orientar o comportamento humano e as relações interpessoais no ambiente de trabalho” (CARVALHO, 2014).

Sendo assim, o filme Um Senhor Estagiário oportuniza entender esse embate entre saber conduzir uma empresa com moderna gestão de pessoas, fazendo-as produzir, e assim aumentando os números; a startup de Jules apresentou um recorde de vendas. O crescimento que era esperado para um prazo de cinco anos aconteceu em menos da metade desse prazo.  Entendendo que o capital intelectual como é denominado atualmente na moderna gestão de pessoas, seria o elemento que faz a diferença para o efeito competitivo. Conjuntamente a esse capital intelectual e o aumento crescente da produtividade, oportunizando assim o surgimento das questões relativas ao modo de gestão compatível com essa realidade que requer o cuidado com a dignidade e saúde mental do trabalhador.

Articulando com o filme, a gestão da CEO Jules possibilita perceber traços de um possível adoecimento, pelo fato de que os colaboradores entendem que em certas oportunidades não deveriam se aproximar dela, ficando atentos a certas atitudes do seu comportamento, por exemplo, quando a mesma está piscando muito. O que no filme, Jules parece estar a um passo de ter a sua vida pessoal afetada pela exaustiva demanda da sua gestão, contextualizada no capitalismo.

REFERÊNCIAS:

BASSOTI, J. M. (Org.) Uma Nova Gestão é Possível. São Paulo: FUNDAP. 2015. Disponível em:< https://books.google.com.br>. Acesso em: 29 mar 2017.

BARRETO, M. Saúde Mental e Trabalho: a necessidade da “escuta” e olhar atentos. Cad. Bras. Saúde Mental, Vol. 1. Nº 1 jan.-abr. 2009.

CARVALHO, M. F. S. Gestão de Pessoas: Implantando Qualidade de Vida no Trabalho Sustentável nas Organizações. Revista Científica do ITPAC. V.7, n.1, Pub.6, Jan. 2014. Disponível em:< www.itpac.br/arquivos/Revista/71/6 pdf > Acesso em: 03 abr.  2017.

ROCHA, E. R. G. T. Desigualdades Também no Adoecimento: Mulheres Como Alvo Preferencial das Síndromes do trabalho. XVI Encontro Nacional De Estudos Populacionais, Caxambu-MG. 2008. Disponível em: <www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2008/docs.PDF/ABEP 2008_1215.pdf> Acesso em: 23 abr . 2017.

[1] CEO – Sigla Inglesa de Chief Executive – Officer Diretor Executivo, é a pessoa com maior autoridade na hierarquia operacional de uma organização.

 [2] STARTUP – Empresas jovens que buscam a inovação em qualquer área ou ramo de atividade, procurando desenvolver um modelo de negócio escalável que seja repetível.

FICHA TÉCNICA DO FILME: 

UM SENHOR ESTAGIÁRIO

Diretor: Nancy Meyers
Elenco: Robert De Niro, Anne Hathaway, Rene Russo, Andrew Rannells;
País: EUA
Ano: 2015
Classificação: 10

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