Estagiárias de Psicologia promovem atividades de Mindfulness em grupo no CAPS AD III de Palmas

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A partir destas atividades é possível trabalhar a autorregulação, a atenção no processo de respiração e promover atividade que valorizem o “aqui e agora”. 

Estagiárias de Psicologia em Processos de Prevenção e Promoção da Saúde alocadas no CAPS AD III – Centro De Atenção Psicossocial Para Usuários de Álcool e Outras Drogas do Sistema Único de Saúde De Palmas/To, promovem grupo de relaxamento “De boa na lagoa” que tem como objetivo desenvolver técnicas para diminuir comportamentos ansiogênicos que possam causar danos na vida dos usuários de álcool ou outras drogas, com queixas de estresse e ansiedade. A ação foi conduzida pelas acadêmicas Bruna Medeiros Freitas, Giseli Gonçalves e Ana Flávia Drumond, que se utilizaram de protocolos de Mindfulness.

É proposta do grupo que ao final da intervenção sejam desenvolvidas as habilidades de conhecimento acerca de atividades e comportamentos ansiosos que o usuário possa estar emitindo. Resgate das funções físicas, motoras, sociais e relacionais. Compreensão dos gatilhos que possam desencadear comportamentos ansiosos causadores de prejuízos a níveis corporais, comportamentais e sociais, podendo até resultar no uso abusivo de álcool e outras drogas. Levando em consideração os valores: protagonismo, colaboração, participação social, independência, autonomia, autoconhecimento, auto regulação.

Fonte: Arquivo Pessoal

Como parte da metodologia são utilizadas técnicas de Mindfulness, estado mental que se caracteriza pela autorregulação da atenção para a experiência presente. A partir destas atividades é possível trabalhar a autorregulação, a atenção no processo de respiração e promover atividade que valorizem o “aqui e agora”, onde os indivíduos possam levar essas práticas para seu cotidiano e reduzir danos em seu processo de auto cuidado.

A psicóloga supervisora de campo Ana Carolina Peixoto do Nascimento relata que “o trabalho que desenvolvemos no campo da saúde mental busca olhar o indivíduo como um ser constituído por múltiplos aspectos: biológico, social, psicológico, familiar, espiritual, econômico, político. Nesse sentido, no CAPS AD III, propomos estratégias que vão além dos efeitos biológicos das substâncias psicoativas no corpo, mas também a relação que esse sujeito estabelece consigo, com os outros e com o mundo.

Fonte: Arquivo Pessoal

Essa relação, muitas vezes, é perpassada por sintomas de ansiedade, estresse, nervosismo, depressão, dificuldade para lidar com as frustrações. A proposta de trabalhar com estratégias de relaxamento, Mindfulness e práticas alternativas à medicalização vêm a somar no cuidado pautado na redução de danos, uma vez que é construído para e com o sujeito, dentro das suas possibilidades e objetivos. O grupo de boa na lagoa traz a potência de trabalhar com seus participantes o autoconhecimento de si e seus fatores ansiogênicos, e práticas concretas de intervenção”.

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Acadêmicos da Psicologia conhecem dinâmica do Sepsi

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Os alunos tiveram a oportunidade de, a partir de três oficinas, perceber a operacionalização do serviço

Os acadêmicos de Psicologia que estão na fase de Estágios e matriculados em ênfases teóricas para atuação clínica receberam uma série de oficinas, há poucos dias, para integrá-los ao Sepsi – O Serviço Escola de Psicologia do Ceulp/Ulbra.

Os eventos foram organizados pela coordenação do Sepsi, a partir da psicóloga coordenadora do local, Fernanda Gomes, em consonância com os princípios da coordenação do curso, que tem à frente as profas. Dra. Irenides Teixeira e Me. Cristina Filipakis. A proposta, de acordo com Irenides, ‘é conduzir os processos com o máximo de transparência e profissionalismo, para que todos os preceitos éticos preconizados pela profissão possam ser seguidos rigorosamente’.

Confira, abaixo, a lista de oficinas oferecidas neste início de semestre pelo Sepsi

Oficina de Normas e Regimento do Sepsi – Disponibilizar informações contidas no Regimento Interno do Serviço de Psicologia; apresentaram-se também os recursos da clínica, tais como: Testes Psicológicos, Brinquedos, Livros e Outros.

Oficina de registros de atendimentos – Explicar o funcionamento interno do Serviço Escola do CEULP / ULBRA, sobretudo, referente ao preenchimento e manuseio dos registros dos atendimentos (Ficha de Inscrição, Termo de Consentimento Livre e esclarecido, Histórico do Paciente e Registros de Atendimentos).

Oficina de registros de Práticas Clínicas – Abordou o acolhimento em serviço-escola; Proporcionou uma experiência clínica para alunos de Psicologia, tanto dos Acolhimentos como de Psicoterapia; sendo possível perceber o manejo clínico e discutir os casos em diversas situações e abordagens.

 

Referência: http://ulbra-to.br/cursos/Psicologia/noticia/2019/02/16/Academicos-da-Psicologia-conhecem-dinamica-do-Servico-Escola

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Os laudos e a medicalização escolar: desafios de um estágio com professores

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Durante o semestre 2018/1, ao cursar uma disciplina do curso de psicologia do CEULP/ULBRA me deparei com uma proposta um tanto ousada feita pela professora que ministra a disciplina, a proposta era fazer intervenções em escolas e dessa vez com o olhar voltado para os professores, aqueles que sempre só recebem as cobranças dessa vez teriam a oportunidade de se expressarem, de serem ouvidos e receberem uma atenção. O tema a ser abordado com elas era “A MEDICALIZAÇÃO NA EDUCAÇÃO” por isso afirmo que foi uma proposta um tanto ousada.

Um pouco apreensiva e com medo das reações que poderiam surgir me dirigi a uma escola da região norte de Palmas, juntamente com dois colegas. Inicialmente fomos bem recebidos, a coordenadora pedagógica se mostrou bem aberta a nos receber, falou um pouco sobre os problemas que enfrentavam e as ansiedades que tinham em relação há alguns alunos. Ela relatou que as professoras apresentam muito comprometimento e amor a causa, porém, existe uma deficiência por parte do próprio sistema educacional na preparação delas para manusear de forma assertiva os alunos com dificuldade

Em uma visita posterior conhecemos as professoras com quem iríamos trabalhar o tema citado. Nesse momento iniciamos uma conversa com elas, e perguntamos sobre suas dificuldades acerca da medicalização no ambiente educacional, e logo elas citaram a importância do laudo, pois segundo elas se sentem resguardadas quando o aluno é laudado, pois se ele não desenvolve seu aprendizado a culpa não é delas. A insegurança e angústia em relação ao que fazer e como fazer eram evidentes na fala das professoras e por isso se sentem seguras com o laudo.

Fonte: https://bit.ly/2NdsBQm

Apesar de já esperar ouvir algo parecido fiquei surpresa em ver que a realidade da educação é realmente esta, de que ter um laudo tira a responsabilidade do educador. O que torna isso muito pior é que além de o aluno laudado acabar sendo deixado de lado pela professora, ele ainda recebe um rótulo “meu aluno laudado”, “meu aluno TDAH”, “meu aluno autista” e assim por diante, tendo aquele aluno sua identidade perdida, ou até mesmo modificada devido aos rótulos que lhe foram impostos.

Durante os encontros com essas professoras, que totalizaram cinco encontros, presenciamos vários momentos de desabafos, de expressão de opiniões pessoais sobre os alunos e sobre o sistema que estão inseridas, bem como como opiniões de cunho profissional também. Uma das coisas que se destacou durante esse processo foi a imensa resistência delas para falar sobre assunto, e em todos os encontros tentavam sabotar o grupo e de algum jeito mudavam o assunto da conversa. Quando falavam algo relacionado ao tema logo proferiam sobre coisas que fizeram para “cortar as asas” dos alunos desobedientes.

De todas as formas que abordamos o tema encontramos muita resistência, por mais que participassem (geralmente duas ou três) sempre mudavam o foco e quando o tema era retomado pelos acadêmicos elas apresentavam muitos empecilhos para falar, como por exemplo as reuniões com pais, que surgiam de repente. Em um dado momento em que falávamos sobre o encaminhamento da queixa escolar e a produção do fracasso escolar uma professora que nunca tinha participado do grupo se aproximou após convidarmos ela. Essa professora fez uma pequena participação, pois foi apenas neste momento que ela se aproximou, mas com certeza foi a participação mais marcante de todo o processo de intervenção, pois ela trazia em si uma ira que era possível notar só de olhar.

De uma maneira bem agressiva começou a falar que não participaria “pois não ia perder seu tempo com esses alunos que só querem fazer um relatório sobre elas, e nunca trazem resultados nenhum”. “Não quero bater papo com ninguém, quero saber é se vocês vão fazer os laudos desses meninos, porque é isso que nós queremos” (SIC).

Com isso sendo expressado de forma objetiva e agressiva, percebi o quanto esse pensamento ao qual estávamos tentando desmistificar através de ações reflexivas às outras professoras, é realmente forte entre elas. Pude ver que essas professoras apresentam tanta resistência e desejo de sabotar o grupo, exatamente por não quererem mudar a si próprias e apenas “dá um jeito nos alunos “problemas””. Ficou evidente o pensamento de que os alunos devem se adequar a escola e às professoras, e que de forma alguma elas podem ou devem se adequar aos alunos e ao ritmo da turma.

Fonte: https://bit.ly/2IDBPSl

Mesmo tendo sido um processo de intervenção repleto de dificuldades, pois a pouca adesão que tinha era cheia de resistência, foi um processo de muito aprendizado visto que as discussões em sala de aula, por mais que sejam ricas, não nos proporcionam uma vivência tão marcante quanto a que é possível obter indo a campo. Enquanto acadêmica atuante no processo, vivenciei, juntamente com meus colegas, momentos intensos de buscas por métodos e formas que tornassem os encontros mais leves e atraentes para elas,e dessa forma a proposta inicial fosse mantida.

Os aprendizados adquiridos por meio da vivência em campo foram muitos, e de forma geral compreendi como é essa realidade apontada por tantas pessoas. Foi possível observar que o processo de produção da queixa escolar e o dito “aluno fracassado” ainda permeiam as escolas. A necessidade de um laudo em que as profissionais de educação possam se resguardar, também evidencia a escassez de motivação para uma melhora em conteúdos de aula mais atrativas e que alcancem todos os alunos e suas individualidades.

Com isso vejo que não podemos deixar de falar sobre a medicalização na educação e de intervAir diretamente com os educadores, pois são eles que passam boa parte do tempo com essas crianças que são tão brutalmente rotuladas e estigmatizadas por quem devia se preocupar com o progresso dessas crianças. Crianças estas que os tem como espelho e os admiram, e a partir dessas vivências traumatizantes podem ter uma vida toda modificada.

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Relação professor-aluno e o fracasso escolar: relato de estágio com docentes

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Sem dúvida alguma, a experiência em campo é algo extremamente enriquecedor e muito contribui para o entendimento daquilo o que é tão abordado em sala. A oportunidade de comparar o que é teórico com o que ocorre na prática faz com que o acadêmico visualize de forma mais completa do que realmente se está estudando. E isso foi o que aconteceu em intervenção proposta por uma professora de psicologia do CEULP/ULBRA onde grupos de acadêmicos deveriam intervir em escolas com base nos conhecimentos da Psicologia Escolar e Comunitária de acordo às demandas encontradas. Foi uma experiência que, com toda a certeza me fez crescer enquanto estudante de Psicologia e futuro psicólogo.

Logo de início, com as primeiras observações feitas por meio das visitas realizadas no campo em questão, pude perceber o quanto é necessária a inserção do psicólogo nesses ambientes e, além disso, o quanto ainda se precisa esclarecer a respeito da atuação deste na escola. Parece clichê tal afirmação, mas é, de fato, realidade que se mostra frequente nesse contexto de atuação. Um profissional com mero olhar clínico não conseguirá atender de forma eficaz as demandas apresentadas, até porque já é sabido que diagnosticar e laudar sem nenhum critério pode levar muitas vezes a estigmatização da criança e outras questões como a rede de interações no âmbito da instituição e de que forma contribuem ou não para o cenário de queixa escolar acabam sendo esquecidas.

Fonte: https://bit.ly/2L2dVWO

Concordo plenamente que o profissional de psicologia deve se despir de tudo aquilo o que pode atrapalhar a sua aproximação com o campo e na escuta dos vários agentes que envolvem a escola e estão ligados a esse ambiente. Humildade seria a palavra. Responsabilidade e engajamento também são essenciais.

Além das questões já conhecidas como estrutura física das salas, quantidade de alunos que ultrapassa o ideal, entre outros fatores, nos deparamos com o que posso destacar como demanda central: a relação professor-aluno. De um lado vimos professoras em posição de ataque nomeando as crianças com menor desempenho como “FRACOS”, e afirmando que “a coisa só vai funcionar quando eles se adequarem ao meu ritmo”, e do outro, essas mesmas professoras desabafando sobre o quanto é árduo o desafio de atender ao que é exigido pelas instâncias superiores a respeito dos conteúdos passados aos alunos e o tempo a ser cumprido pelas professoras. Além do trabalho na escola há também os de casa e os cuidados com filhos e marido, o que é cobrado pela sociedade. O resultado não poderia ser outro. Professoras esgotadas e alunos que “não aprendem”.

O ideal de aluno perfeito colabora para a tal produção do fracasso escolar. Aqueles que não conseguem atingir esse ideal são os “FRACOS” e necessitados de algo que diga qual é o “problema” deles. A essa altura qualquer comportamento emitido pela criança à vista da professora é tido como excessivo ou deficitário. Daí surgem as famosas frases “é uma criança apática, não aprende” e “não para um segundo, acho que tem déficit de atenção com hiperatividade”.

Diante desse quadro surge no ar aquela pergunta – quem é o culpado? Há um culpado disso tudo?

Fonte: https://bit.ly/2Lt8VGD

Porque o que me pareceu foi que as professoras buscavam além de algo que as protegesse e justificasse o “fracasso” do aluno, uma resposta que mostrasse que a família e a própria criança são os responsáveis. Isso revela o quão complexo é o processo de ensino- aprendizagem e o quanto as interações entre os vários agentes presentes na instituição devem ser observados e levados em conta pois refletem diretamente nos alunos.

Uma coisa é certa: A criança não é a culpada. E os professores tem o importante papel de criar formas interativas e cada vez mais atrativas de ensinar. Além disso, cabe ao psicólogo contribuir de maneira preventiva para a saúde mental dos professores, e isso inclui instigar nos mesmos, o desenvolvimento de automotivação e perseverança.

Com essa experiência em campo eu entendi que a psicologia tem grande potencial colaborativo nas questões escolares e a formação de profissionais com preparo para atuar nessa área é importantíssima. O combate a rotulação e estigmatização das crianças é ponto também fundamental e real pois é crescente a demanda por avaliação psicológica com queixas de dificuldade na aprendizagem, atenção e hiperatividade.

Fonte: https://bit.ly/2uttHQd

Sabe-se que muitas são as variáveis que atuam na produção da queixa e fracasso escolar. O psicólogo tem a responsabilidade de observar de forma acurada e analisar todos esses pontos bem como entender o fluxo dessa interação no âmbito escolar para que contribua sempre no desenvolvimento e aprendizagem dos alunos evitando assim que esses pequenos cidadãos tenham seu futuro prejudicado.

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De frente com a escola: desconstruir é preciso

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Minha jornada no desenvolvimento da disciplina Estágio básico III, foi desafiadora e surpreendente, constatei que a quebra de paradigmas é fundamental nesse processo, o desconstruir é constante. Como comenta Gesser (2013), o grande desafio dos profissionais em Psicologia na contemporaneidade é o de desconstruir a busca de homogeneização dos indivíduos. Concordo com o autor. Cada vez mais tenta-se uma padronização onde as pessoas procuram manter-se em um modelo e aqueles que não se enquadram nesse padrão, podem ser excluídas ou ditas anormais. Nesse processo abandona-se a subjetividade do sujeito (GESSER, 2013).

As experiências vividas nas intervenções realizadas nesse estágio, me fizeram refletir sobre as dificuldades dos professores no contexto escolar. Esses profissionais estão sempre buscando construir algo novo para superar obstáculos e dificuldades, no processo ensino aprendizagem. O desgaste físico e emocional é notado pelas relações fragilizadas pela falta de confiança, de entendimento e compreensão, a rotina diária do trabalho do professor tratasse não somente de planejamentos e regência de aula, mas de investimento afetivo. E existem momentos onde o professor é desrespeitado pelo aluno, pelos pais e até mesmo pela sociedade.

Fonte: https://bit.ly/2lIhP8e

Como afirma Witter apud Lipp (2003, p.09), a escola é um microcosmo que reflete o mundo exterior e seus problemas, a autora acrescenta que por ter suas especificidades, também gera problemas, por vezes se projetam além muro. Assim, estudar e cuidar da escola e seus personagens é um compromisso social que não podemos ignorar. Por isso, vejo a importância dos estágios como grande aprendizado, não somente relacionando teoria e prática, mas podendo contribuir para futuras transformações nos contextos vivenciados.

REFERÊNCIAS:

GESSER, Marivete. Políticas públicas e direitos humanos: desafios à atuação do Psicólogo. Psicologia Ciência e Profissão, v. 33, 2013.

PORTO WITTER, G.; ARDOINO PASCHOAL, G. Estresse profissional na base Scielo. Braz J Health.[Internet], p. 171-85, 2010.

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Meu estágio no SUS: desconstruções

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O Sistema Único de Saúde. Sobre ele ainda existe muito a ser desconstruído pela população. E foi o que aconteceu comigo. Era muito distante do real o que minha cabeça pensava, o olhar era critico (e ainda é), mas estar de perto semanalmente conhecendo o funcionamento, as diretrizes e a luta dos servidores mudou a visão da estagiaria que vos fala.

Em fevereiro desse ano, na turma de estágio básico III, diante de três campos de atuação nossa turma elegeu o SUS e o trabalho lá dentro não seria no conforto de um ar condicionado, sentados e observadores. O desafio ia além de encarar o sol palmense, era saber como funciona um Centro de Saúde da Comunidade (CSC). A partir dali conheceríamos o trabalho de uma peça importantíssima e muitas vezes invisível nas equipes multidisciplinares: o trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS).

Eu nunca tinha parado pra analisar o quão árduo e fundamental é o papel do ACS na atenção primária. Apesar das portas fechadas, da desconfiança dos moradores, do sol e das metas, os ACS constroem o elo entre a comunidade e a equipe do CSC, atualizando dados, levando informações aos moradores, acompanhando de perto e prioritariamente os doentes crônicos, as gestantes, as puérperas assim como as crianças até os 2 anos de idade entre outros.

Enquanto estagiária de psicologia, meu papel naquele meio era a observação, o envolvimento com a realidade e principalmente a elaboração de uma proposta de intervenção a fim de melhorar, seja o diálogo entre os colaboradores, ou formas de amenizar o estresse da categoria. O importante era olhar pela saúde mental dos ACS, visto que sofrem em sua grande maioria, com baixa autoestima por não possuírem lugar de fala e serem bodes expiatórios das equipes.

Existe um fator que como alunos não enxergamos com facilidade, que o SUS é a porta de entrada para estágios e vagas de trabalho para os recém-formados. Nunca paramos pra pensar no seguinte ponto: EM QUE A UNIVERSIDADE PODERIA AJUDAR O SUS COMO FORMA DE RETRIBUIÇÃO AS VAGAS DE ESTÁGIO? O estagiário gera gastos, muda a rotina da equipe, demanda atenção entre outras coisas, e a universidade pouco faz como forma de retorno usual as instituições que nos acolhe.

Pensando nisso, observei o quão funcional poderia ser o retorno que as propostas e as intervenções para aquele grupo de ASC enquanto estagiária de psicologia. Percebi o quão simples e ao mesmo tempo nobre seria que todos tivessem esse feeling em relação a gratidão pelo espaço e experiências que o SUS nos oferece.

E com esse sentimento, estou me preparando para a intervenção final naquele grupo, feliz e grata pela oportunidade e principalmente motivada a retribuir esses 6 meses de aprendizado.

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CAOS: Violência sexual e dor crônica sob a perspectiva analítico-comportamental

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No dia 21 de agosto de 2017, ocorreu no auditório central do Ceulp/Ulbra, a apresentação Violência sexual e dor crônica: um estudo de caso sob a perspectiva analítico-comportamental, durante os Seminários Clínicos do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (Caos). A apresentação foi realizada pela acadêmica de psicologia Mayelle Batista da Silva, sob supervisão da Profª Dra. Ana Beatriz Dupré Silva.

Inicialmente, Mayelle fez uma pequena introdução sobre a Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT), a qual entende que as emoções fazem parte da existência e que não podem ser excluídas das contingências. É um modelo de terapia que propõe ao indivíduo aceitar o que está fora do controle pessoal e comprometer-se a agir de modo que melhore a própria vida.

Sob esta perspectiva, Mayelle apresentou um estudo de caso envolvendo quatro mulheres, que tinham como principais queixas dor, sentimentos de baixa autoestima, histórico de depressão, ansiedade e violência sexual. Em seguida, mostrou algumas estratégias, instrumentos e intervenções utilizados no processo terapêutico com essas mulheres. Esses se dão por sessões grupais e individuais de follow up, alguns testes voltados para depressão, ansiedade e estresse, relaxamentos progressivos e por imagem induzida, linha da vida, miniaula sobre a relação entre dor e estresse, mindfulness, role-play e feedback, respectivamente.

Mayelle mostrou, ainda,  alguns resultados alcançados por esse grupo até o momento, dado que o processo ainda não está finalizado. Esses resultados mostram maior autoconhecimento, mudanças de hábitos, aumento do autocuidado e diminuição da frequência e intensidade dos episódios de dor. Mayelle finalizou dizendo que, como estagiária, atuar nesse grupo lhe proporcionou uma visão mais ampla do ser humano, conseguindo vê-lo como um ser biopsicossocial.

O Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia (CAOS) acontecerá dos dias 21 a 25 de agosto.

O Congresso

A edição de 2017 do Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia – CAOS, tem como tema “As Faces da Violência – Psicologia, Mídia e Sociedade”. Será uma semana para refletir sobre o exercício da psicologia nos mais diversos campos de atuação, frente as mais diversas formas de expressão da violência, para além das fronteiras da saúde, da segurança pública e das ciências humanas. O tema se configura como objeto perene de investigação científica e profissional, sobretudo na Psicologia, com foco na emancipação das subjetividades.

Serviço:

O que: Palestra e mesas-redondas

Quando: 21 a 25 de agosto de 2017
Onde: Auditório Central do Ceulp/Ulbra
Realização: Curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra
Apoio: Conselho Regional de Psicologia – CRP-23, Prefeitura de Palmas, Jornal O Girassol, Psicotestes, GM Turismo, Coordenação de Extensão do Ceulp/Ulbra, Coordenação de Pesquisa do Ceulp/Ulbra.

Mais informações:

Coordenação de Psicologia: Irenides Teixeira (63) 999943446
Assessoria do Ceulp/Ulbra: 3219 8029/ 3219 8100
Programação e Inscrições: http://ulbra-to.br/caos/
Notícias do Evento: http://encenasaudemental.com/mural

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Um Senhor Estagiário: inserção da mulher no mercado de trabalho e os novos modelos familiares

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Um Senhor Estagiário “The Intern”, longa metragem lançado em 2015, dirigido e roteirizado por Nancy Meyers, seu enredo é ambientado numa sucedida “loja” de vendas online, contudo tal ambiência é apenas pano de fundo para temáticas que estão intrínsecas aos modos de ser e viver contemporâneo que suscitam discussões. Dentre os quais se destaca a inserção da mulher no mercado de trabalho, este que é objeto de estudo deste trabalho.

Contudo, para que a imersão ao tema seja agradável se faz necessário mergulhar na história de Bem Whitaker, viúvo, 70 anos, aposentado, e que trabalhava em uma gráfica de lista telefônicas. Após a aposentadoria o personagem embarcou em diversas “aventuras”, contudo os momentos felizes se tornam fugasses, e a cada partida ele volta ainda mais vazio. E  justamente com o intuito de vivenciar novos horizontes, novas oportunidades que o faça se sentir ativo/vivo acaba encontrando essa oportunidade em um panfleto que informa vaga de estagiário sênior em um site de vendas de roupas online.

Jules Ostin, criadora de um site conseguiu expandir e destacar seus negócios obtendo um grande sucesso rapidamente, por ser a autora de tamanho resultado, ela faz parte de todos os setores da empresa e evidentemente encontra-se sobrecarregada. No processo seletivo, Ben consegue preencher uma das vagas e se torna o estagiário pessoal de Jules. Ao longo do enredo foi possível notar a importância dos laços afetivos que foram estabelecidos entre estes personagens, onde a experiência profissional e pessoal do sênior estagiário pode agregar inúmeros valores positivos na evolução da gestora.

O contexto histórico da inserção da mulher no mercado de trabalho

O filme destaca a mulher como papel central na organização, contudo este lugar que a personagem ocupa foi anos lugar comum do gênero masculino. Neste interim, se faz relevante diferenciar sexo e gênero, já que estes são frequentemente confundidos. Nas palavras de Cabral e Diaz (1998) sexo refere-se às diferenças biológicas entre homem e mulher, seus aparelhos reprodutores, suas funções diferenciadas decorrentes de seus hormônios. Gênero refere-se às relações sociais desiguais de poder entre homens e mulheres que são o resultado de uma construção social do papel do homem e da mulher a partir das diferenças sexuais.

O papel do homem e da mulher é culturalmente constituído e muda conforme a evolução da sociedade. As relações de gênero são efeito de um processo que se inicia no berço e continua ao longo de toda a vida, sendo reforçadas diariamente pela desigualdade existente entre homem e mulher, principalmente em torno a quatro eixos: a sexualidade, a reprodução, o âmbito público/cidadania e a divisão sexual do trabalho, sendo esse último o mais aprofundado aqui. No Artigo 113, inciso 1 da Constituição Federal, “todos são iguais perante a lei”. Contudo, desde o século XVII, período em que o movimento feminista começou a crescer, as mulheres vêm tentando colocar em prática essa lei.

Segundo Querino, Domingues e Luz (2013), a inserção da mulher ao mercado de trabalho, consolidou-se durante as I e II Guerras Mundiais (1914 – 1918 e 1939 – 1945, respectivamente), quando os homens se deslocavam para as frentes de batalha e as mulheres assumiam os negócios da família e a posição dos homens no mercado de trabalho. Ao retornarem, muitos deles encontravam-se impossibilitados de retornar ao trabalho, com isso, as mulheres sentiam-se na obrigação de deixar a casa e os filhos para levar adiante os projetos e o trabalho que eram realizados pelos seus maridos.

No século XIX, conforme denota Schlickmann e Pizarro (2013), com o desenvolvimento tecnológico e o intenso crescimento das maquinas, boa parte da mão-de-obra feminina foi transferida para as fábricas. Desde então, algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. Ficou estabelecido na Constituição de 32 benefícios como a não distinção dos sexos em relação ao valor salarial, ficava vedado o trabalho feminino das 22 horas às 5 da manhã, além da proibição do trabalho da mulher grávida durante o período de quatro semanas antes do parto e quatro semanas depois.

De acordo com Probst (2005), embora tenha tido conquistas, algumas formas de exploração continuaram durante muito tempo. Jornadas entre 14 e 18 horas e diferenças salariais acentuadas eram comuns. A justificativa desse ato estava centrada no fato de o homem trabalhar e sustentar a mulher. Desse modo, não havia necessidade de a mulher ganhar um salário equivalente ou superior ao do homem.

Pelo fator biológico que a mulher é quem engravida e dá de mamar, foi atribuído a ela a totalidade do trabalho reprodutivo, bem como ficar em casa, cuidar dos filhos e realizar o trabalho doméstico. A situação nos últimos tempos tem mudado e cada vez mais um número maior de mulheres está saindo do lar e estão ingressando no mercado de trabalho, no entanto, as desigualdades ainda permanecem.

Probst (2005) descreve que no Brasil, 41% da força de trabalho é exercida por mulheres, no entanto apenas 24% dos cargos de gerência são ocupados por elas. A parcela de mulheres nos cargos executivos das 300 maiores empresas brasileiras subiu de 8%, em 1990, para 13%, em 2000. De forma geral, as mulheres brasileiras recebem, em média, o correspondente a 71% do salário dos homens, ou seja, ganham cerca de 30% a menos mesmo exercendo a mesma função. E entre os que recebem mais de vinte salários, apenas 19,3% são mulheres.

Sob a ótica do contexto histórico, observa-se que o trabalho da mulher sempre foi menos remunerado do que o do homem. Seja por produzirem menos no início da industrialização, por trabalharem com bens de menor valor no mercado, por trabalharem em empregos que exigem menor qualificação ou por terem uma menor jornada de trabalho. O fato é que tais diferenças salariais ainda persistem até hoje.

Essa busca pela superação empreendida pelas mulheres tem se refletido em taxas de atividade, ocupação escolaridade crescentes e, muitas vezes, com aceleração superior às masculinas, apesar dos homens ainda serem superiores quantitativamente e apresentarem menores índices de desemprego. As mulheres têm marcado as últimas décadas mostrando autoridade no trabalho desenvolvido e força para encarar os desafios apresentados por um mercado de trabalho tradicionalmente dominado e direcionado por homens, transmitindo essa mudança de hábitos com a clareza e sensibilidade necessárias e explicitando o erro de descriminar e diminuir o sexo feminino privando-o as tarefas, primordialmente domésticas.

A mulher na organização e os novos moldes familiares

Viver uma vida familiar harmoniosa na contemporaneidade não é uma tarefa fácil e quando se trata de educar os filhos fica mais complexa ainda para os pais. Embora isso não signifique que tais responsabilidades sejam compartilhadas de forma igualitária entre o casal. Diversas pesquisas apontam que as mães têm a tendência a envolver-se mais do que os pais na rotina da criança e, geralmente, estão à frente do planejamento educacional de seus filhos (Gauvin & Huard, 1999; Stright & Bales, 2003).

Porém, observa-se um número crescente de pais que também compartilham com a esposa ou até mesmo assumem as tarefas educativas e a responsabilidade de educar os filhos, buscando adequarem-se às demandas da realidade atual. Essas situações parecem refletir aspectos do processo histórico que se sucedeu no decorrer do século XX provocando transformações no exercício da tarefa educativa nas famílias. Durante a década de 1930 até meados da década de 1980, os pais, geralmente, desempenhavam suas tarefas educativas baseados na tradicional divisão de papéis segundo o gênero (Biasoli-Alves, Caldana & Dias da Silva, 1997).

Principalmente, a partir da década de 1980 os papéis parentais passaram por transformações mais consistentes, apesar de suas representações ainda estarem relativamente marcadas por modelos tradicionais de parentalidade e paternidade (Trindade, Andrade & Souza, 1997). Importantes fenômenos e movimentos sociais, tais como, a entrada das mulheres no mercado de trabalho e sua maior participação no sistema financeiro familiar acabaram por imprimir um novo perfil à família contemporânea.

Tem-se visto que a estrutura familiar tradicional, com o pai como único provedor e a mãe como única responsável pelas tarefas domésticas e cuidado dos filhos, o que vêm ocorrendo na maioria das famílias brasileiras de nível sócio-econômico médio é um processo de transição. Atualmente, em muitas famílias já se percebe uma relativa divisão de tarefas, na qual pais e mães compartilham aspectos referentes às tarefas educativas e organização do dia-a-dia da família.

Diante deste recorte histórico, o longa aborda bem esta transição para novas concepções do modelo familiar contemporâneo, onde o esposo se torna pai em tempo integral, responsável pelas atividades domésticas e a esposa que trabalha fora, no caso é empreendedora, tem seu próprio negócio. O casal possui uma filha de 6 anos, e por falta de ajustes na relação, entra em crise. Por um lado, a esposa que é bem-sucedida na profissão, torna-se workaholic, esquecendo-se, muitas vezes, de seus outros papeis. Do outro lado, está o esposo acomodado ao papel de pai integral e insatisfeito com o casamento, trai a esposa.

Neste contexto, por meio da observação, o estagiário sênior, faz a leitura exata do prejuízo que está ocorrendo com a família de sua chefe. Escuta, reflete, opina e a ajuda a tomar algumas decisões importantes. Ela ao perceber que está sendo traída, resolve buscar alternativa de contratar um CEO, que é um supervisor que ficará à frente da empresa, contudo no fundo não é o seu desejo, pois ela gosta de estar próxima aos seus funcionários, afinal foi por meio do esforço e dedicação dela e da equipe que a empresa cresceu tão rápido.

No final do terceiro ato, o casal se entende, por meio do pedido de perdão do marido e reconhecimento dele da importância da empresa para a esposa e entram em um consenso, percebem que através do equilíbrio e da parceria, podem ser felizes. Percebe-se então, que independente do modelo familiar escolhido, o segredo para o sucesso familiar chama-se ajustes na relação, por meio do diálogo, conforme se vê no filme citado. Além disto, o fato de ambos quererem ver o projeto familiar dar certo, se esforçam mutuamente para que esta parceria perdure por muito tempo.

A duplicação da mulher para harmonizar-se sua dupla/ tripla jornada de trabalho é um trabalho laboriosa, por que além de trabalhar fora, ainda necessita exercer sua função de esposa, mãe e dona de casa. Consequentemente, as dinâmicas familiares intervêm na vida profissional, contudo, o que se observa é que a acontece intercessão da vida familiar por cauda do emprego. Portanto, o bem estar da família arrisca-se estar mais prejudicado do que a capacidade do desempenho profissional, segundo Simões (2010) segundo Faria e Barham (2004).

O modo de vivenciar o trabalho influência as relações familiares, e isso ficou muito nítido no longa-metragem, o quanto Jules Ostin tem seus momentos absorvidos no trabalho e sua dinâmica familiar tem se tornado insignificante. Atualmente, isso é um assunto que aflige especialmente as mulheres, as mães, que quando são bem resolvidas e sucessivamente bem sucedidas em relação ao trabalho, causando uma má interpretação da sociedade, que ainda tem resistências em conformar-se que as mulheres tornaram-se responsáveis por sua escolha e podem conciliar a vida com mãe, esposa e ser uma boa profissional.

REFERÊNCIAS:

FRANÇA, A. L. de; SCHIMANSKI, É. Mulher, trabalho e família: uma análise da dupla jornada de trabalho feminina e seus reflexos no âmbito familiar. Ponta Grossa: Emancipação, 2009.

SIMÕES, F. I. W; HASHIMOTO, F. Mulher, mercado de trabalho e as configurações familiares do século XX. Revista Vozes dos Vales: Publicações Acadêmicas: Universidade Federal dos Vales dos Jequitinhonha e Mucuri, Minas Gerais, ano 1, n. 2, Outubro. 2012.

PROBST, E. R. A evolução da mulher no mercado de trabalho. Instituto Catarinense de Pós-Graduação. Santa Catarina: 2005 Disponíveis em: http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev02-05.pdf.

 QUERINO, L. C. S; DOMINGUES, M. D. S; LUZ, R. C, A evolução da mulher no mercado de trabalho. Revista E-FACEQ:, Ano 2, número 2, agosto de 2013. Disponível em: http://e-faceq.blogspot.com.br/.

 CABRAL, F.; DÍAZ, M. Relações de gênero. In: Secretaria municipal de educação de belo horizonte; fundação Odebrecht. Cadernos afetividade e sexualidade na educação: um novo olhar. Belo Horizonte: Gráfica e Editora Rona Ltda, 1998. p. 142-150.

SCHLICKMANN, E; PIZARRO, D. A evolução da mulher no trabalho: uma abordagem sob a ótica da liderança Revista Borges, ISSN 2179-4308, Vol. 03, N. 01, 2013.

WAGNER, A.  et al, Compartilhar tarefas? papéis e funções de pai e mãe na família contemporânea. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Mai-Ago 2005, Vol. 21 n. 2, pp. 181-186.

FICHA TÉCNICA DO FILME: 

UM SENHOR ESTAGIÁRIO

Diretor: Nancy Meyers
Elenco: Robert De Niro, Anne Hathaway, Rene Russo, Andrew Rannells;
País: EUA
Ano: 2015
Classificação: 10

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Estágio em Ênfase Hospitalar: experiências de uma estudante de psicologia

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15/08/2016

Primeiro dia em que entrei na UCI, primeiro dia em que vi a vida de uma maneira tão incomum, a vida tangenciando a morte, a vida em sua etapa final, a vida ressignificando outras vidas de maneira tão própria e única. Embalados pelo som (bip… bip, bip) dos aparelhos, vi pacientes que carregam uma história, com personagens importantes, e, no entanto, estão totalmente dependentes e a mercê do cuidado do OUTRO, o outro que não é família, que não é amigo, mas o OUTRO que é ser humano e portador da mesma matéria-prima, a natureza. O OUTRO cuida, zela e luta junto com o sujeito pela melhor condição de vida, dentro do possível.

Impossível não se deparar com histórias que, de certa forma, também são suas. Revivi algumas tristezas e como foi difícil segurar o choro e a vontade de abraçar e acalentar os familiares que ouviam notícias tristes sobre seus amados. A expectativa e vontade de ajudar só crescem dentro de mim.

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Fonte: http://migre.me/vwPp3

29/08/2016

O Hospital Geral de Palmas passa por um momento muito complicado e de completo caos, a ponto de existir manifestações no próprio hospital e de faltar recursos básicos como comida, luvas, álcool em gel e outros materiais. Foi nesse cenário de calamidade que percebi a necessidade de uma conduta criativa para lidar com a situação. Vi quanto amor os profissionais demonstram por seus trabalhos, chegando até a “tirar do bolso” para não fragilizar ainda mais a situação de pessoas e familiares que estão em sofrimento pela hospitalização.

31/08/2016

O clima estava pesado porque havia uma iminência de morte e os familiares se revezavam para se despedirem de alguém importante em suas vidas. Ficamos próximas para suporte à família, caso nossa ajuda fosse solicitada.

O choro de desespero pelo sofrimento de perder alguém, ainda é e acredito que será por muito tempo, a situação que me evoca ao choro também. Sei que é preciso equilíbrio para se manter firme o suficiente como suporte de ajuda psicológica, mas esse sofrimento de compaixão me deixa feliz pelo fato de não perder de vista o que há de sensibilidade humana em mim.

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Fonte: http://secom.to.gov.br

14/09/2016

Hoje foi muito especial. Uma mulher, familiar de um homem que faleceu na UCI, foi muito gentil ao agradecer pelo serviço prestado pela equipe de psicologia. Foi um momento inspirador que me trouxe um sentimento de gratidão por ter a oportunidade de ajudar pessoas em sofrimento. Foi emocionante e, cada vez mais, percebo-me como uma psicóloga hospitalar.

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