A invisibilidade do autismo feminino

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Estudo aponta que revelaram índices proporcionais entre homens e mulheres significativamente menores do que se acreditava em relação ao TEA.

 O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do neurodesenvolvimento que afeta o comportamento, a interação social e padrões de interesses e atividades. O termo espectro é usado porque o TEA engloba uma ampla variedade de sintomas, habilidades e níveis de comprometimento. Comumente referido como autismo, tem sido relatado como algo prevalente em homens desde a série inicial de casos. Tradicionalmente, muitos estudos apresentaram uma proporção de 4 homens para cada mulher diagnosticados com o transtorno (Dworzynski et al. 2012). Porém, estudos epidemiológicos com uma apuração ativa de casos revelaram índices proporcionais entre homens e mulheres significativamente menores (e.g., 2.5:1; Kim et al. 2011). Numa recente análise (Loomes, 2017) concluiu-se que a proporção seja, na verdade, de 3:1.

Assim, numa análise qualitativa dos dados obtidos, é possível observar o movimento de subdiagnóstico de TEA em mulheres, e um número de razões podem ser propostos. Incluindo o predominante uso de amostras exclusivamente masculinas em pesquisas, o que provavelmente levou a uma compreensão tendenciosa de todo o espectro e de suas respectivas manifestações. Lai et al (2015) observaram no contexto clínico que há uma apuração com viés de gênero de até 15:1 em pesquisas de neuroimagem. Além disso, de acordo com os psiquiatras Kopp e Gillberg, o reconhecimento do autismo e os métodos utilizados para o diagnóstico são baseados no estereótipo do autismo como uma condição exclusivamente masculina.

Numa investigação de diferenças comportamentais entre os homens e mulheres autistas feita por Lai et al. (2011) foi possível observar que as mulheres relataram mais sintomas relacionados a questões sensoriais e menos questões relacionadas a dificuldades de socialização em comparação aos homens. Ademais, Gould e Ashton-Smith trouxeram a tona que as mulheres TEA conscientemente tentam copiar as neurotípicas, fenômeno comumente chamado de “Masking” ou “camuflagem”.  A estratégia conhecida como camuflagem ou mascaramento social é uma das teorias aceitas atualmente para explicar por que o diagnóstico de autismo em mulheres é feito mais tardiamente e com menor frequência do que em homens (Begeer et al., 2013; Giarelli et al., 2010).

Uma pesquisa qualitativa conduzida por Dean et al. revela que meninas e mulheres autistas muitas vezes relatam esforços para esconder ou tentar parecer não autistas. Esses relatos indicam que ao imitar o comportamento de pessoas não autistas e controlar suas próprias características, elas tentam lidar com algumas das dificuldades sociais e de comunicação que enfrentam. No entanto, essa pesquisa também evidenciou as graves consequências do uso da camuflagem. O ato de mascarar está associado a altos níveis de estresse, problemas de saúde mental como depressão e ansiedade, exaustão e falta de acesso a suporte ou serviços de saúde especializados, resultantes do esforço em esconder suas próprias dificuldades.

                                                                                                                                    Fonte: Freepik

Meninas e mulheres autistas muitas vezes relatam esforços para esconder ou tentar parecer neurotípicas.

Outro fator muito importante e que deve ser considerado é que historicamente, devido ao machismo, as meninas são socializadas de forma distinta dos meninos ainda na primeira infância. Assim, os papéis para os quais as mulheres são preparadas para exercer exigem mais socialização: cuidadoras, esposas, mães, enfermeiras, professoras etc. Pode-se, então, traçar uma correlação com a camuflagem do transtorno referida acima. Além da distinção do comportamento esperado a partir dos papeis sociais de gênero, por exemplo, a fixação por rotina, organização e arrumação (que pode ser um fenótipo do TEA) tende a ser normalizada quando apresentada em meninas e estranhada em meninos.

Todos esses fatores citados acima influenciam e evidenciam os motivos de o TEA ser visto como um transtorno predominantemente masculino, de maneira que mulheres muitas vezes não recebem os devidos diagnósticos e, por conseguinte, o necessário tratamento e/ou auxílio tão necessários.

Sendo assim, é importante estarmos atentos aos sinais de autismo em meninas e mulheres, que podem ser identificados ainda na infância. Alguns desses sinais incluem dificuldade em fazer amigos e manter relacionamentos sociais, hiperfoco em interesses específicos, como animais ou personagens de desenhos animados, comportamentos repetitivos ou rotineiros, como contar ou organizar objetos de maneira particular, um comportamento geralmente mais passivo e silencioso em comparação aos meninos com autismo, e dificuldade em interpretar ou expressar emoções e sentimentos.

Já na idade adulta, podem apresentar dificuldade em entender e interpretar as emoções dos outros, ansiedade social e dificuldade em fazer amigos ou manter relacionamentos, interesses intensos e específicos em áreas como história, música ou arte, hiperfoco em rotinas e rituais. Além da disso, foi relatado dificuldades em lidar com mudanças ou imprevistos, dificuldade em se adaptar a ambientes sociais, como festas ou reuniões, preferindo ambientes mais silenciosos e controlados, sensibilidade sensorial elevada, incluindo aversão a certos sons, texturas ou sabores, e dificuldade em entender metáforas e expressões idiomáticas comuns, bem como em compreender o sarcasmo e o humor sutil.

Diante disso, pesquisas indicam que mulheres autistas são mais propensas a desenvolver problemas de saúde mental, como ansiedade e depressão, bem como distúrbios alimentares, como anorexia e bulimia. Portanto, se entre pessoas do mesmo sexo o autismo se manifesta de formas diferentes, é importante considerar que pode haver ainda mais particularidades em relação ao sexo oposto. Urge-se, então, que novas pesquisas e metodologias de diagnósticos sejam desenvolvidos para diminuir a invisibilidade do autismo feminino.

Referências

 

Milner, V., McIntosh, H., Colvert, E. et al. A Qualitative Exploration of the Female Experience of Autism Spectrum Disorder (ASD). J Autism Dev Disord 49 (2019). Palmas- TO. Disponível em <: https://rdcu.be/dnPId >. Acessado em 05 out. 2023.

LAI, M. C., Lombardo, M. V., Auyeung, B., Chakrabarti, B., & Baron-Cohen, S. (2015). Sex/gender differences and autism: setting the scene for future research. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry. Palmas-TO. Disponível em <:https://doi.org/10.1016/j.jaac.2014.10.0034>. Acessado em 11 out.2023.

BARRETO, Nathalia. Masking no Autismo – O que é . Palmas-TO. Disponível em <: https://br.academiadoautismo.com/masking-no-autismo-o-que-e/ >. Acessado em 11 out. 2023.

GAIATO, M. Mulheres autistas: elas existem e precisam de atenção! Palmas-TO. Disponível em <: https://institutosingular.org/mulheres-autistas/>. Acessado em 11 out. 2023.

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Arlequina: sua evolução nas telas como representatividade feminina

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A crescente representatividade feminina num universo majoritariamente masculino

A Arlequina (Harleen Quinzel) é uma personagem do universo das histórias em quadrinhos da DC Comics, editora norte-americana subsidiária da companhia Warner Bros. Criada por Paul Dini e Bruce Timm, fez sua primeira aparição na série animada de televisão “Batman: A Série Animada”, em setembro de 1992.  Tamanha foi sua popularidade que foi posteriormente introduzida também nos quadrinhos. Ainda assim, até recentemente, a sua existência era reduzida a de uma subordinada ao infame vilão Coringa. Devido a essa estrutura simbólica estar tão implantada culturalmente, por muito tempo não houve uma ampla contestação sobre essa disposição dos personagens.

Sua identidade civil, em sua primeira aparição, era Harleen Quinzel, doutora e psiquiatra do que trabalhava no Asilo Elizabeth Arkham para os criminalmente insanos. Onde conheceu e se apaixonou pelo Coringa, ajudando-o a fugir e, sendo sequestrada pelo vilão. Foi, então, jogada por ele em um poço de produtos químicos, tornando-se finalmente na anti-heroína que hoje é tão famosa nos cinemas (Margot Robbie). Apenas com o sucesso de bilheteria de Esquadrão Suicida (2016), produzido depois de mais de 20 anos de sua estreia como personagem, que o público se abriu para a possibilidade de que talvez a Arlequina fosse mais do que um simples par romântico do antagonista do Batman.

                                    Fonte: WARNER BROS. PICTURES/DC COMICS

A marcante caracterização de Margot Robbie, que reverberou pelas redes sociais no ano de 2016.

Assim como afirma Colling (2004, p. 13), “os historiadores ocultaram-nas como sujeitos, tornaram-nas invisíveis. Responsáveis pelas construções conceituais, hierarquizaram a história, com os dois sexos assumindo valores diferentes; o masculino aparecendo sempre como superior ao feminino”. A demanda de uma representatividade feminina começa quando transformações políticas e sociais passam a acontecer de forma mais intensa. Concomitantemente, em suas aparições, até então, a personagem além de apresentada somente como uma coadjuvante, assim como a grande maioria das personagens femininas no universo dos quadrinhos, foi hiper sexualizada e objetificada sob o olhar de homens para homens sobre o feminino.

Houve um retorno negativo com a forma que o sexo feminino foi representado, fazendo com que houvesse reverberação do assunto em Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação Revista Iniciacom – Vol. 10, N. 3 (2021) grande escala, que tempo depois foi levantada mais uma vez com o lançamento do filme Aves de Rapina.

Assim, diante de altas críticas e com uma demanda de público feminino crescente, surgiu o longa-metragem Aves de Rapina: Arlequina e sua Emancipação Fantabulosa. Conta com uma direção (Cathy Yan), produção (a própria Margot Robbie) e elenco majoritariamente feminino. O filme traz histórias de personagens que, a partir de diferentes contextos, procuram se libertar das amarras do limitante patriarcado. Desta forma, o título do longa se faz justo: um movimento emancipatório.

                                                                                         Fonte: PINTEREST

E em foco temos Quinn, que inúmeras vezes se entrega por completo ao Coringa e se decepciona, sendo usada por ele por vezes como um troféu bonito e outras como um peão nos embates contra os heróis, finalmente colocam um ponto final definitivo em seu relacionamento abusivo. Harley se encontra sozinha e luta para conquistar seu próprio espaço no cenário de Gotham. Só então, a personagem não foi sexualizada em suas atitudes e figurinos.

De acordo com crítica feita para o site de cultura pop Omelete, Sabbaga (2020, n.p) afirma:“Ao trazer uma mulher ao comando na nova produção, a Warner fez um movimento claro de mudar a representação de Arlequina nas telas […] a DC tomou nas mãos a responsabilidade de ajustar Harley aos moldes das discussões atuais”. Por meio do olhar da diretora, Cathy Yan, notamos um distinto enfoque, a câmera “trabalha em prol da história do filme e dos personagens, não da sexualização” (FRANÇA, 2020, n.p).

Vale observar, então, que cada alteração em toda a construção e apresentação da personagem, Arlequina, observadas através dos longas acima, se fazem análogos à teoria social e a estrutura simbólica naturalizada culturalmente. Frequentemente, tais mudanças se fazem presentes em consonância com às lutas sociais vigentes. De tal forma que comportamentos sociais se alteram, implicando também em mudanças na forma como produtos midiáticos se apresentam.

Referências

NOBRE, Andrea. Os efeitos psicológicos da covid-19. Palmas-TO: Editora X, 2022.

ROCHA, Guilherme. Protagonismo Feminino: uma análise da Representação da personagem Arlequina no Cinema. Disponível em <: https://revistas.intercom.org.br/index.php/iniciacom/article/view/4052 >.Acessado em 30 agost. 2023.

Kuviatkoski, Caroline; Ribeiro, Regina. A representação da bissexualidade na série animada Harley Quinn: Uma análise da personagem Arlequina. Disponível em<:http://177.101.17.52/jornalismo/ocs/index.php/7coloquiomulheresociedade/7coloquiomulheresociedade/paper/viewFile/330/95 >. Acessado em 30 agost. 2023.

VIEIRA, Ana C. Entre caos e emancipação: o romance de Harley Quinn e Poison Ivy. Disponível em <: https://valkirias.com.br/harley-quinn-e-poison-ivy/ >. Acessado em 30 agost. 2023

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Para todas as heroínas em busca da própria jornada

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Em novo livro, escritora Elizabeth Cronise McLaughlin, ex-advogada do Wall Street redesenha paradigmas tradicionais da liderança feminina em combate às estruturas opressoras.

Somos todas heroínas: uma ferramenta de luta contra a opressão sistêmica, institucional, interpessoal e internalizada do patriarcado supremacista branco. O lançamento da VR Editora, pelo selo Latitude, é uma novidade da escritora Elizabeth Cronise MCLaughlin. Advogada por 15 anos do Wall Street, ela largou a carreira jurídica e fundou a Gaia Project for Women’s Leadership – Projeto Gaia para Liderança das Mulheres, em português – fundação reconhecida por personalidades como Arianna Huffington, cofundadora do site de notícias The Huffington Post.

Para contribuir na jornada das leitoras heroínas contra cada uma das estruturas opressoras, a escritora apresenta quatro estágios para seguir durante o processo. Reconhecimento, reconciliação, revolução e renascimento, são instrumentos para a construção da liberdade e igualdade de gênero. “O que escolhemos fazer juntas agora vai nos levar ao mundo no qual viveremos pelos próximos séculos. Esse futuro depende da cura e do renascimento das heroínas em todos os lugares, de dentro para fora”, explica Elizabeth.

Aos que questionam a diferença da jornada do herói para a jornada da heroína, a escritora destaca que a primeira é normalmente originada por uma razão individual, como uma guerra ou uma mulher, ao exemplo da mitologia grega, com o objetivo da glória e prestígio. No entanto, a jornada para a qual o sexo feminino é chamado busca um benefício coletivo, em que cada indivíduo é tomado por um espírito de resistência.

Somos todas heroínas é um convite para que cada leitora encontre a própria jornada a partir do pensamento e vivências de grandes mulheres. Conforme afirmou LaTosha Brown, cofundadora da Black Voters Matter, no prefácio da obra, “este livro fala diretamente com nós, mulheres, que precisamos colaborar e conspirar para fazermos um futuro melhor juntas, pois nenhuma será livre enquanto todas não formos”.

Ficha técnica:

Título: Somos todas heroínas
Autora: Elizabeth Cronise MCLaughlin
Número de páginas: 262
ISBN: 978-65-89275-19-0
Editora: VR Editora, selo Latitude
Formato: 16 x 23 cm
Preço: R$ 59,90
Link de venda

Sobre a autora: Elizabeth Cronise McLaughlin é doutora em Direito pela George Washington University Law School, Estados Unidos. Foi uma advogada de sucesso em Wall Street e após uma carreira de 15 anos fundou a Gaia Project Consulting, LLC, empresa de consultoria executiva. Cinco anos depois criou o Gaia Project for Women’s Leadership – Projeto Gaia para Liderança das Mulheres. Seu trabalho foi reconhecido por mulheres como Arianna Huffington, cofundadora do site de notícias The Huffington Post; Amanda Steinberg, fundadora do DailyWorth, plataforma de mídia financeira para mulheres; Chantal Pierrat, fundadora do Emerging Women Live, projeto de liderança feminina. Palestrante em corporações sem fins lucrativos, pretende transformar os paradigmas tradicionais de liderança.

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O poder dos homens sobre a sexualidade das mulheres

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Um conceito derivado do machismo que durante muitos anos foi ensinado a sociedade fortalecido desde os tempos antigos, é de que a mulher deve ser vista como um suporte ao homem, que deve sempre lhe dar apoio, e que ao mesmo tempo se torna menos que o mesmo.  Tal característica é apresentada desde a Idade Antiga quando houve início a sociedade patriarcal, que tem como forte aspecto a supremacia do homem, no poder, na política, nas decisões etc. As decisões e escolhas das mulheres eram negadas a elas, e o poder sobre o seguimento de suas vidas era hora destinado ao pai que decidia com quem a filha iria se casar, hora ao marido que lhe dava a casa e filhos para que ela pudesse cuidar e hora a igreja que falava sobre o que era certo e o que era errado (CARELLI, 2017).

Como forma de exercer poder sobre as mulheres e sobre a legitimidade dos filhos, o sexo era pregado pela igreja durante a Idade Antiga e a Idade Média, como pecado. Para a mulher casada era visto como algo sujo e errado, já para os homens, um pecado que podia ser cometido com mulheres em prostíbulos, para assim manterem suas esposas puras. Existiam nessa época diferentes tipos de acompanhantes, inclusive mulheres que tinham acesso ao estudo e ao aprendizado sobre música e arte para que pudessem entreter seus acompanhantes (LINS, 2012).

Durante a Idade Moderna, a ideia de amor romântico surge, e a mulher é levada a crer desde a sua infância na existência de príncipes encantados, que iriam conquista-las, e a quem deviam seu amor fervoroso e lealdade. A virgindade da mulher passa a ser vista como um presente que deve ser dado a uma pessoa especial. Já aos homens a ideia de conquista desse presente guardado a sete chaves, era visto como um ato de virilidade, e que a conquista de vários e o desejo das mulheres sobre esse homem, relacionava a ideia de certo poder (LINS, 2017).

Nos dias atuais, falar sobre sexualidade ainda é de certa forma um tabu. Não é permitida a educação sexual nas escolas, embora possam ser encontradas facilmente notícias sobre abuso sexual. Em alguns meios religiosos, ainda são apontados como pecado a procura do prazer sexual, ou a masturbação. E a mulher ainda sofre muitos preconceitos e pode ser considerada uma mulher sem valor, por querer exercer sua sexualidade da forma que deseja.

De acordo com Castro (2009), é perceptível entre os jovens ainda a ideia de que a meninas que exercem sua sexualidade, ou demonstram seus interesses afetivos e sexuais, são vistas pelos meninos, como sem valor e vulgares. Os jovens ainda apontam que essas meninas apenas servem para relacionamentos passageiros ou ficadas. Apesar disso, meninos da mesma idade, apresentando os mesmos comportamentos são vistos como conquistadores, e recebem certo conhecimento por terem muitos relacionamentos.

Leal (2003) coloca que há uma preocupação entre as jovens mesmo nos dias atuais, a relacionarem sua primeira relação sexual a um relacionamento afetivo, ou sentimentos de paixão e amor. Isso pode ocorrer devido a ainda nos dias atuais, a mulher ser levada a crer também desde a infância na ideia de que a mulher que exerce sua sexualidade ser mal vista.

Segundo Francisca e Luis (2008), é possível notar que a mulher quando exerce os mesmos comportamentos esperados do homem, como na normalização do adultério, ou a busca pela satisfação conjugal quando insatisfeita na relação em que se situa, pode ser ainda mal vista pela sociedade em que se encontra, e questionada ou influenciada a retomar uma relação que decidiu pôr um fim.

É apontado ainda, segundo Rodrigues (2008), que as mulheres nos dias atuais podem exercer maior controle sobre as finanças, e conquistam a estabilidade financeira antes de seus cônjuges. Apesar disso, podem ser percebidos sentimentos de baixa autoestima por parte dos homens que se sentem como se não tivessem obtido sucesso ou das mulheres sobre como se sentem estando ao lado de homens que dependem financeiramente dela, isso pode ocorrer devido a busca de papéis em que o homem é colocado como detentor do poder, o que pode influenciar na intimidade do casal.

Sendo assim, é percebido que as mulheres apesar de conquistarem muitos direitos, e poderem escolher sobre seus desejos e vontade, acabam por serem influenciadas a conceitos antigos que colocam a mulher como uma figura pura, e que será levada a sério se manter-se recatada. As mulheres acabam por cobrarem e vigiarem seus comportamentos com receio de serem julgadas, ou cobram de si mesmas, retorno a papéis em que o homem seja o detentor do poder.

REFERÊNCIAS

CASTRO, R.J.S. Violência no namoro entre adolescentes do Recife: em busca de sentidos. 2009. 119 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública) – Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães, Fundação Oswaldo Cruz, Recife, 2009. Disponível em:<https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/13609> Acesso em 23 de setembro de 2021.

DIEHL, A. VIEIRA, D. L. Sexualidade – do prazer ao sofrer. 2. ed. São Paulo: Roca, 2017.

FRANCISCA, L.A.; LUIS, F.R.N. Homens cornos e mulheres gaieiras: infidelidade conjugal, honra, humor e fofoca num bairro popular de Recife/Pe. 2008. Dissertação (Mestrado). Programa de Pós-Graduação em Antropologia, Universidade Federal de Pernambuco, Recife, 2008. Disponível em:<https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/471> Acesso em 23 de setembro de 2021.

LEAL, A.F.. Uma antropologia da experiência amorosa: estudo de representações sociais sobre sexualidade. 2003. Disponível em:<https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/2098/000364088.pdf?sequence=1>. Acesso em 16 maio de 2021.

LINS, R.N., 1948. O livro do amor, volume 1 [recurso eletrônico] : da Pré-história à Renascença / Regina Navarro Lins. Rio de Janeiro: Best Seller, 2012.

LINS, R.N. Novas formas de amar / Regina Navarro Lins. São Paulo: Planeta do Brasil, 2017.

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A importância da prevenção do câncer de mama

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Com o intuito de conscientizar e alertar as mulheres sobre o câncer de mama celebra-se no mês de outubro a campanha intitulada Outubro Rosa, uma forma encontrada para divulgar informações e prevenir as mulheres sobre a doença, além de oferecer diagnóstico e tratamento.  Criado na década de 90, é considerado um movimento internacional, o qual o tem o laço rosa, como símbolo da prevenção ao câncer mama, que foi lançado pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e entregue aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, Estados Unidos (EUA).

Conforme o Instituto Nacional do Câncer (INCA), no Brasil o câncer de mama ocupa a primeira posição entre o público feminino no Brasil, sendo o que mais causa morte entre mulheres.  Somente este ano foi estimado 66.280 casos da doença, um aumento se comparado ao ano de 2019 que teve 18.068. Por isso faz-se necessário ter um diagnóstico precoce para o tratamento ser mais eficaz.  De acordo com o Inca, homens também podem ter câncer de mama, mas é rara, com aproximadamente 1% do público masculino afetado pela doença.

Fonte: encurtador.com.br/kCIN5

O que é Câncer de mama? É uma doença resultante da multiplicação de células anormais da mama, a qual forma um tumor que pode migrar para outros órgãos.  Segundo cartilha, divulgada pelo Inca para celebrar a sexta edição da campanha Outubro Rosa, deste ano, o risco de desenvolver a doença aumenta com a idade, sendo o grupo de maior risco, mulheres a partis dos 50 anos de idade. Obesidade, sedentarismo, consumo de bebida alcoólica, não ter amamentado, parar de menstruar após são alguns fatores de risco da doença.  É importante ficar também atenta aos fatores hereditários, como histórico familiar de câncer de ovário e mama.

O Sistema Único Nacional de Saúde (SUS) oferece atenção integral à prevenção e ao tratamento do câncer de mama. Para receber atendimento, é preciso passar pelo diagnóstico precoce nas unidades especializadas. O Ministério da Saúde (MS) informou, que para diminuir as taxas de aumento do câncer de mama, incentiva a amamentação como forma de prevenção. Dados da pasta revelam que o risco de desenvolver câncer de mama diminui de 4,3% a 6% a cada 12 meses de duração da amamentação.

Fonte: Freepick

Sintomas do câncer de mama

Caroço endurecido, pequenos nódulos nas axilas e região do pescoço e pele da mama avermelhada são alguns dos sintomas da doença. Caso, a pessoa identifique alguma alteração é necessário ir ao médico para diagnóstico, por isso a importância dos exames de rotina no caso, a mamografia, radiografia das mamas.  Ademais, a atividade física para evitar o sobre peso e o sedentarismo é uma forma de prevenção, bem como evitar o uso de cigarros e bebidas alcoólicas.

Durante todo mês de outubro, todas as Capitais do Brasil irão realizar atividades relacionadas ao movimento Outubro Rosa. Procure informar quais serão as programações da sua região. Juntas, podemos vencer a desinformação e salvar vidas, por meio do diagnóstico precoce.

REFERÊNCIAS

Cartilha do Instituto Nacional do Câncer. Disponível em < https://www.inca.gov.br/sites/ufu.sti.inca.local/files//media/document//cartilha-mama-6-edicao-2021.pdf>. Acesso 29 set de 21.

Ministério da Saúde. Disponível em < https://bvsms.saude.gov.br/outubro-rosa-mes-de-conscientizacao-sobre-o-cancer-de-mama/>. Acesso 29set de 21.

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A voz feminista de Nísia Floresta

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“Por que os homens se interessam em nos separar das ciências a que temos tanto direito como eles, senão pelo temor de que partilhemos com eles, ou mesmo os excedamos na administração dos cargos públicos, que quase sempre tão vergonhosamente desempenham?” – Nísia Floresta

Dionísia Gonçalves Pinto foi uma educadora que teve como principal frente de atuação a luta pelo feminismo no Brasil. Nascida em 1810 na cidade de Papari, Rio Grande do Norte, aquela que viria ser reconhecida a primeira educadora feminista do Brasil, teve uma vida marcada por ideais que contrariavam a sociedade vigente da época, ao qual buscava prevalecer o respeito e garantia de igualdade a todos os cidadãos, sem qualquer distinção.

Assumiu o pseudônimo Nísia Floresta Brasileira Augusta, quando resolveu escrever para um jornal chamado “O Espelho das Brasileiras”, editado em Recife-PE. O Nome adotado para se expressar nos meios de comunicação da época, demonstrava o seu amor pelo País e principalmente pelo reconhecimento de sua luta e necessidade de mudanças na sociedade, principalmente a respeito do lugar que a mulher ocupava na época.

Nísia teve uma vida itinerante e por esse motivo, teve contato com diferentes cenários de luta que se estabelecia no período. Em Goiânia, teve seu primeiro acesso aos ideias liberais, um traço característico encontrado em seu pai, sua grande referência.

Um fato considerado importante na vida de Nísia, diz respeito ao seu rompimento de um casamento arranjado aos treze anos, algo considerado uma atitude corajosa, em tempos com tradição conservadora, uma situação que marca a sua história, pois na vida adulta seguia firme em desconstruir a posição da mulher imposta por uma sociedade machista, algo que se atualiza quando observamos a necessidade de continuidade de discussões já levantadas à época dessa personagem que tem grande importância para o feminismo no Brasil.

Fonte: encurtador.com.br/eMNPX

Seus primeiros escritos datam de 1831 e tem como pauta mulheres nas antigas culturas, que foram gradativamente sendo ampliadas para discussões acerca dos motivos das mulheres não ocuparem cargos de comando, ou mesmo, de não estarem nas universidades, algo que acende um debate que impacta as elites patriarcais da época.

Aos vinte e dois anos publica seu primeiro livro “Direitos das mulheres e injustiças dos homens”, sendo também considerado um dos mais importantes e que marca a expansão de sua luta. Nesse livro, Nísia faz uma provocação quanto ao predomínio dos homens em relação às mulheres, numa perspectiva de direito e enfrentamento ao conservadorismo rígido, indicando que a mulher precisava buscar um espaço até então ocupado somente pelos homens.

Nísia sofre perdas que influenciam a sua história de luta, primeiro a de seu pai e posteriormente de seu marido, algo que a fez assumir um papel de liderança junto a sua família, bem como a convicção do seu papel e também da sua capacidade enquanto mulher de desenvolver diversas atividades, até então reconhecida aos homens, o que reforçou seu empenho em continuar firme nos seus ideais feministas no país.

A autora de diversos escritos voltados para o contexto da mulher, reconheceu a importância de expandir as barreiras literárias para atuação voltada para a educação, sendo então a primeira mulher a fundar e dirigir um colégio voltado para meninas no Rio de Janeiro, ao qual tinha como foco a emancipação feminina.

Fonte: encurtador.com.br/vzLM9

Nísia trazia em seu discurso, o retrato da insatisfação ao qual viviam várias mulheres que tinham que se calar frente ao domínio patriarcal, que permaneciam sufocadas ou mesmo anuladas, diante de um contexto de supremacia masculina. No entanto, seus debates foram de suma importância para o levantamento de questões que se inserem até hoje nos espaços de discussões a respeito dessa temática. Muito se avançou e também muito ainda tem que se avançar, quando ainda encontramos espaços em que a mulher se ver necessitando provar sua capacidade e ver reconhecido os direitos adquiridos ao longo de vários anos de luta.

Nísia morreu em meados de 1885, vítima de uma pneumonia, mas com certeza, se encontrava a frente de seu tempo e hoje se constitui uma inspiração para nós mulheres, pois enfrentou adversidades impostas a ela numa época em que sua voz para não ser calada servia de um pseudônimo, ou mesmo, sofria fortes repressões às suas atitudes numa sociedade conservadora.

No entanto, sua voz ecoou e hoje ressoa nas nossas lutas diárias, reflete em todos os sucessos alcançados e principalmente, na constante busca em ver nossos direitos reconhecidos e efetivados. Nísia deixa um legado singular, pois diante de um contexto tão desfavorável não se intimidou, ao contrário, sua vida foi motivada pelos seus ideais feministas.

O olhar dessa grande mulher foi um importante ponto de partida para as reflexões que se inserem diante da emancipação das mulheres no brasil e de como isso impacta nas relações sociais na atualidade, desde a prática cotidiana de funções domésticas, até a ocupação de grandes espaços então somente ocupados por homens em outros tempos.

Referências:

ALBERTON, M.; CASTRO, A. M. A.; EGGERT, E. Nísia Floresta A mulher que ousou desafiar sua época: educação e feminismo. Poiésis – Revista de Pós-Graduação em Educação, Tubarão, v.3, n.5, p.46-55, 2010. Disponível em: https://silo.tips/download/nisia-floresta-a-mulher-que-ousou-desafiar-sua-epoca-feminismo-e-educaao. Acesso em: 24 ago de 2021.

DUARTE, C. L. Feminismo e literatura no Brasil. Estudos avançados, 2003. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ea/a/6fB3CFy89Kx6wLpwCwKnqfS/?format=pdf&lang=pt.

Acesso em: 24 ago de 2021.

ITAQUY, A. C. de O. Nísia floresta: ousadia de uma feminista no brasil do século XIX. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como requisito parcial à obtenção do grau de Licenciatura Plena em História, do Departamento de Humanidades e Educação da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. Disponível em:https://bibliodigital.unijui.edu.br:8443/xmlui/bitstream/handle/123456789/2730/NISIA%20FLORESTA%20PDF.pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 24 ago de 2021

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Divisão sexual do trabalho: desigualdade e desvalorização da mulher

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A divisão sexual do trabalho ocorre devido a divisão do trabalho social relacionado a questões de gênero. Desde a Antiguidade, o homem era responsável pela caça, enquanto a mulher conhecida como única responsável pela reprodução era encarregada pelo cuidado e zelo dos filhos. Porém com o passar do tempo e a revolução industrial, a mulher passa a lutar pelo seu espaço no meio social e trabalhar nas fábricas, a força já não era um requisito principal para a prática do trabalho fora do âmbito familiar (KERGOAT, 2000).

Nos dias atuais, embora as mulheres estejam cada vez mais conquistando seus direitos e lutando pela diminuição da desigualdade entre homens e mulheres, o que se percebe é que o papel da mulher continua relacionado ao cuidado do lar, e dos filhos. Apesar de terem a possibilidade de ocuparem lugares como a construção civil e exercerem profissões ditas como “profissões para homens”, ainda recebem salários menores que os homens.

Essa situação se intensifica quando falamos sobre as mulheres negras. As mulheres negras sofrem ainda com o preconceito por sua cor de pele, e na maioria das vezes são relacionadas à profissão de empregada doméstica. Levando em conta as estatísticas que apontam o baixo nível de escolaridade, acabam por terem ainda mais dificuldade em conseguir cargos melhores, ganhando menos ainda nas suas funções que as mulheres brancas (LIMA; CARVALHO, 2016).

Fonte: encurtador.com.br/jvyAC

Existem profissões em que as mulheres possuem uma maior facilidade em dominar a liderança nas contratações, porém, até neste ponto é nítido o estereótipo criado em volta da mulher. Geralmente são profissões voltadas ao cuidado, ou semelhantes às atividades domésticas, como por exemplo, professoras ligadas ao cuidados e educação de crianças, enfermeiras ligadas ao zelo, demonstram discursos colocando a mulher como direcionada para essas profissões ditas femininas devido a fragilidade, delicadeza e feminilidade (SILVIA; MENDES, 2015).

Dessa forma, a pirâmide de rendimentos no qual no topo dela está o homem branco seguido de homens negros, depois de mulheres brancas e por fim de mulheres negras ainda continua em manutenção de forma bem evidente, atual e cruel. Com isso, negras ganham menos, mesmo com vários anos de estudos ou o ramo no qual exerce sua profissão, pois está sobreposto a duas condições: a de ser mulher e a de ser negra (raça e gênero).

Com o contexto atual, a luta das mulheres seja através do feminismo ou na vivência do trabalho a cada dia que passa nas atitudes de questionar desigualdades ou buscar melhorias, procura cada vez mais, mais conquistas para as mulheres, buscando dessa forma diminuir a desigualdade entre homens e mulheres. Tentando dar à mulher a oportunidade de ocupar seu espaço de forma justa, sem ocupar os lugares dos homens, mas sim o seu próprio lugar.

REFERÊNCIAS

KERGOAT, D. Divisão sexual do trabalho e relações sociais de sexo. Trabalho e cidadania ativa para as mulheres: desafios para as políticas públicas. São Paulo: Coordenadoria Especial da Mulher, p. 55-63, 2003. Disponível em:<https://library.fes.de/pdf-files/bueros/brasilien/05634.pdf#page=55>. Acesso em 08 julho de 2021.

LIMA, R. M.; CARVALHO, E. C. Destinos traçados? Gênero, raça e precarização e resistência entre merendeiras do Rio de Janeiro. Revista da ABET, v. 15, n. 1, p. 114-126, 2016. Disponível em:<https://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/abet/article/view/31263> Acesso em 15 julho de 2021.

SILVA, M.C.; MENDES, O.M. As marcas do machismo no cotidiano escolar. Caderno Espaço Feminino, v. 28, n. 1, 2015. Disponível em:<http://www.seer.ufu.br/index.php/neguem/article/view/31723>. Acesso em 23 maio de 2021.

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Sobre o Animus: um apanhado sobre o Masculino Arquetípico

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Carl Gustav Jung (1875-1961) foi o idealizador da Psicologia Analítica, e com ela propôs uma série de conteúdos revolucionários acerca da psique humana. Estes diziam respeito ao inconsciente pessoal e coletivo, também a inúmeros aspectos acerca da personalidade individual de cada um, permitindo explorar com precisão a individualidade dos sujeitos, mesmo que estes imersos em instâncias psíquicas tão complexas. Dentre tantos conceitos, também postulou a ideia dos arquétipos, como sendo imagens ancestrais enraizadas no inconsciente coletivo às quais nós temos acesso e com os quais entramos em contato ao longo da vida (JUNG, 2018). 

Dentre os diversos arquétipos existem o Animus e a Anima. Esses arquétipos contrassexuais foram denominados assim por Jung com o objetivo de representar respectivamente as partes masculina e feminina dentro de cada indivíduo, sendo assim condutores da consciência feminina e masculina para o mundo interior da psique. De maneira simbólica, cada homem teria contido em si certo aspecto feminino e cada mulher um masculino.

Anima significa o componente feminino numa personalidade de homem, e o animus designa componente masculino numa personalidade de mulher. Ele tirou tais palavras do termo latino animare, que quer dizer animar, avivar, porque sentiu que a anima e animus se assemelhavam a almas ou espíritos animadores, vivificadores, para homens e mulheres (SANFORD, 1987, p.12).

Fonte: encurtador.com.br/zY346

Pensando em questões contemporâneas ligadas à experiências pessoais de quem produziu esse artigo na clínica escola, surgiu então a indagação acerca do tema, pois muitos pacientes que ingressaram na clínica no período de tempo anterior recente, encontravam em suas demandas uma raiz fortemente ligada a questões de animus e anima. Desde a maneira como esses pacientes lidavam pessoalmente com esse aspecto em si mesmos, até em questões fundamentais imagéticas ligadas a como estes concebiam os conceitos nas suas relações familiares basilares. 

A partir daqui as atenções se voltam ao arquétipo masculino e seus conceitos, implicações, mitos e histórias relacionadas a este que ajudaram a difundir no inconsciente coletivo da humanidade ao longo das eras, em uma abordagem mais presentificada em sua correlação com o cotidiano do ser humano moderno e suas implicações para a vida psíquica dos possíveis pacientes clínicos do século XXI.

O ANIMUS – A MASCULINIDADE INTRÍNSECA NA MULHER

Ao se debruçar em suas primeiras definições acerca do arquétipo de Animus, C. G. Jung afirma que “(…) a figura compensadora é de caráter masculino e pode ser designada pelo nome de animus. Se não é simples expor o que se deve entender por anima, é quase insuperável a dificuldade de tentar descrever a psicologia do animus” (JUNG, 2011, p. 98). As descrições de animus no texto original de Jung vão ser extrapolações do conceito de anima, com o autor a todo momento mostrando ao leitor as oposições e conceitos comparativos entre a psique masculina e feminina. Segue outro exemplo: 

O homem atribui a si mesmo, ingenuamente, as reações da sua anima, sem perceber que na realidade não pode identificar-se com um complexo autônomo; o mesmo ocorre na psicologia feminina, só que de um modo muito mais intenso, se é que isto é possível. A identificação com o complexo autônomo é a razão essencial da dificuldade de compreender e descrever o problema, sem falar de sua obscuridade e estranheza (JUNG, 2011, p.98).

Em ambos os casos fica clara a mensagem intrínseca que Jung quer escrita: existe uma instância arquetípica imagética masculina dentro dos seres humanos pertencentes ao sexo feminino. E que essa imagem arquetípica compensaria determinados pontos da personalidade dessas mulheres – em um sentido pendular quase de enantiodromia – em diversos pontos da sua vida social familiar e afetiva ao longo de todo o processo de seu ciclo vital.

A mulher e o Animus – Fonte: encurtador.com.br/avG02

Emma Jung (2006), expandiu as noções de animus, ela começa descrevendo o animus e buscando referências em literatura clássica para identificar o mesmo. Aqui a autora nos aponta que o masculino é caracterizado por 4 aspectos, ou estágios: de força, ato, verbo e sentido, todos estes dependentes da consciência e cada um individualmente associado a um tipo de masculinidade e de imago masculina. Em todo o seu texto ela aponta que as mulheres em seu âmbito são movidas pelo princípio do Eros, algo que pode ser traduzido como ligação sentimental ou a estas se voltarem a relações e afetividades, enquanto o homem seria regido pelo princípio da Logos, associado a razão. Deixando claro no fim que, para consciência da mulher o que seria mais importante se consiste no que tange às relações pessoais e as nuances que costumam escapar das percepções dos homens.

“O animus serve – em seu aspecto positivo – como elo entre o ego feminino e a sua criatividade. Já  em  seu  aspecto  negativo,  o animus pode  se  expressar  por  meio  de preconceitos e ideias destrutivas nos relacionamentos que estão presentes na vida da mulher” (GONÇALVES, 2018, p.13). Se o indivíduo não consegue integrar os aspectos opostos em si de maneira saudável, se tem alguma experiência traumática durante seu desenvolvimento, ou se na tenra infância falta alguma figura de referência, isso pode gerar um Complexo futuro. Assim, podendo incorrer no chamado animus negativo, as implicações disso para a vida pessoal do paciente podem ser tremendas. Marie-Louise Von Franz disserta sobre:

Em geral, o primeiro homem que uma mulher conhece é seu pai, que portanto tem uma influência muito grande sobre a menina. Se a relação com o pai se constela de um modo negativo, a menina reagirá negativamente a ele. (…) se a relação for negativa, mais tarde ela provavelmente terá dificuldade com os homens e não descobrirá seu próprio lado masculino. No extremo, ela ficará completamente incapaz de abordar os homens. (…) Se o caso não for tão extremo, ela será o que se costuma chamar de uma mulher difícil. Discutirá com os homens, tentará sempre desafiá-los, criticá-los e pô-los para baixo. Ela esperará negatividade da parte deles, e essa expectativa naturalmente criará dificuldades para o parceiro (VON FRANZ, 1988, p.163).

Ser masculino atormentando mulher em seus sonhos – Fonte: encurtador.com.br/lwR28

Para construção de uma psique saudável, a mulher deve ter a capacidade de integrar o animus, a parte masculina, à sua consciência. Mas para que isso ocorra, ao longo da vida diversas experiências devem ser vividas de maneira adequada, para que o animus seja positivo e as características masculinas não gerem sofrimento interno a paciente, gerando um bom futuro relacionamento com as imagos do sexo oposto, e logo, relacionamentos sociais funcionais (JUNG, 2011). 

A SIMBOLOGIA EM ANIMUS

No oriente a simbologia de animus e anima pode ser constatada mais evidentemente nos conceitos Taoístas, vindos de onde hoje se localiza a China. Para o Taoísmo e sua cosmologia o conceito de Yin-Yang compõe o universo e todas as suas coisas, sendo forças de oposição que representam respectivamente a passividade, escuridão, o feminino versus a atividade, luz, o masculino (BIZERRIL, 2010). 

Gonçalves (2018) destaca que essas constatações se dão pela observação da natureza pelos camponeses, sendo que o dia (luz, Yang) fica associado a atividade e a noite (escuridão, Yin) a passividade e ao descanso. Sendo a dualidade um conceito intrínseco à visão de ser humano e reconhecendo que dentro de cada ser existe o aspecto oposto, complementar, a similaridade com o conceito de animus e anima fica claro, mais uma vez, na busca pela enantiodromia.

A alternância yin-yang nomeia uma pulsação básica do cosmo – expansão/recolhimento, ascensão/declínio, dia/noite, movimento/serenidade – descrita no Daodejing. Posteriormente, foi elaborada uma descrição mais detalhada dessas alternâncias cíclicas na dinastia Han, por meio da combinação da cosmologia yin-yang, descrita por Laozi, ao sistema de correspondências entre as coordenadas do tempo, do espaço, da experiência sensível, e os aspectos do corpo humano, e as cinco energias ou modalidades do qi que forma o mundo, conforme descritas no Huangdi Neijing Suwen, o primeiro clássico da medicina tradicional chinesa, atribuído ao mítico Imperador Amarelo, Huangdi. (BIZERRIL, 2010, p.296)

Símbolo Yin-Yang – Fonte: encurtador.com.br/bcoAG

Já no Xintoísmo japonês podemos encontrar a dualidade representada em seu mito de cosmogonia. Silva (2016) expõe o registro mais antigo xintoísta japonês, que é conhecido como Kojiki – em tradução pode ser lido como ‘Registro dos Assuntos Antigos’ – e nele constam as principais narrativas mitológicas nipônicas, incluindo a história das divindades criadoras, os irmãos Izanami e Izanagi. Eles seriam os responsáveis pela vida e pela criação do próprio Japão.

Na última geração, surgiram as entidades o “Macho que convida” e a “Fêmea que convida”, respectivamente Izanagi-no-Mikoto e Izanami-no-Mikoto. À estas duas entidades foi concebida a tarefa de “criar, consolidar e dar vida (…)” à terra que ainda estava cercada pelo oceano primordial, ainda sem forma. (SILVA, 2016, p.32)

Em diversas histórias são essas duas figuras divinas que se confluem para gerar os seres vivos. Comparativamente a outras culturas o equivalente dos pólos opostos sexuais se tratarem de seres  primordiais de criação e que movem o universo de seu estado de inércia existencial não é incomum, na xintoísta não diferente, vemos a narrativa primordial da tentativa do nipônico tentando compreender essa simbologia. Vide esse autor que coloca Izanagi e Izanami em um paralelo com o cristianismo:

Há uma lenda que ainda é contada em uma região de Okinawa: há muito tempo, as pessoas da terra não sabiam como fazer filhos. Algumas dessas pessoas viram dois botos acasalando no mar. Elas imitaram a atividade dos botos e aprenderam a fazer filhos. É a história de Adão e Eva de Okinawa, uma história com muito mais apelo do que a que temos no Kojiki, a antiga narrativa dos mitos japoneses. Lá, lemos que Izanami e Izanagi estavam circundando um pilar. Eles observam um ao outro como se estivessem observando uma máquina. Um deles diz: “Aqui há uma protuberância, aí há uma depressão; vamos encaixar um no outro e ver o que acontece”. Eles acabam tendo filhos (…) (DE ABREU, 2017, p. 207)

Izanami a esquerda e Izanagi a direita tocando a lança no mar e criando o Japão – Fonte: encurtador.com.br/jJV15

 Conclui-se então que, em se tratando especificamente da cultura oriental – pois esta foi usada de base filosófica e direcional por Jung na elaboração de sua maneira de enxergar o mundo – o masculino estar presente no feminino é um conceito que vem sendo passado no inconsciente coletivo a milênios. Os povos orientais tinham uma compreensão da psique simbolicamente falando, muito evoluída e isso se reflete em todas as suas práticas culturais, lendas e espiritualidade. Um não pode existir sem o outro e para o equilíbrio, a enantiodromia, a equivalência de yin-yang, deve existir luz na escuridão, e um pouco de masculino dentro do feminino.

REFERÊNCIAS

BIZERRIL, José. O caminho do retorno: envelhecer à maneira taoista. Horizontes Antropológicos, v. 16, n. 34, p. 287-313, 2010. Disponível em: <https://www.scielo.br/j/ha/a/YHHJ8YBsxTJxbhqLxhzWpZk/?lang=pt>

CHAGAS, Maria Inês Orsoni; CAMPOS, Terezinha Calil Padis. O complexo paterno na psique feminina e a sua influência nos relacionamentos heterossexuais numa perspectiva da Psicologia Analítica. 2000. Disponível em: <http://www.mackenzie.br/fileadmin/Graduacao/CCBS/Cursos/Psicologia/boletins/1/artigos8.pdf>

DE ABREU, Lúcia Collischonn. Tawada Yôko Não Existe. Translatio, n. 14, p. 203-217, 2017. Disponível em:<https://www.seer.ufrgs.br/translatio/article/view/76739/45635>

GONÇALVES, Grazieli Aparecida; DE OLIVEIRA LOPES, Adriana Goreti. O matrimônio sagrado yin-yang. Self-Revista do Instituto Junguiano de São Paulo, v. 3, 2018. Disponível em:<https://self.ijusp.org.br/self/article/view/31> 

JUNG, Emma.  Animus e Anima. São Paulo: Cultrix. 2006

JUNG, Carl Gustav. Os arquétipos e o inconsciente coletivo Vol. 9/1. Editora Vozes Limitada, 2018.

JUNG, Carl Gustav. O eu e o inconsciente. Editora Vozes Limitada, 2011.

MENIN, Fernanda; LOUREIRO, Lilian; MORAES, Noely Montes. A maldição de Eva: a face feminina da violência contra a mulher. Psicologia Revista, v. 16, n. 1/2, p. 51-71, 2007. Disponível em: <https://revistas.pucsp.br/index.php/psicorevista/article/view/18057/13417>

SANFORD, John A. et al. Os parceiros invisíveis: O Masculino e Feminino em cada um de nós. São Paulo: Paulus, 1987.

SILVA, Guilherme et al. Xintoísmo e produção de presença-a espiritualidade no mangá Mushishi. 2016. Disponível em: <https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/179738>

VON FRANZ, Marie Louise. O Caminho dos Sonhos. São Paulo: Cultrix. 1988.

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A psique feminina a partir da Psicologia Junguiana

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Os impactos da mudança do matriarcado para o patriarcado

No livro “A Prostituta Sagrada: a face eterna do feminino”, a Autora Nancy Qualls Corbett pontua sobre o paradoxo da prostituta sagrada, onde aspectos como espiritualidade e a sexualidade são colocados em destaque. Diante disso, a deusa do amor pode ser reconhecida como uma imagem arquetípica potente que remete à Europa pré-cristã, e sua energia – negada e reprimida, está interligada a emoções específicas e a padrões de comportamento que precisam ser integrados. A deusa do amor e a prostituta sagrada remete-se ao princípio único, ao princípio de Eros; o princípio em si, porém, é humano e, também, divino.

Corbett explica a analogia por meio da religião cristã referente à dualidade do Pai e do Filho, que são, entretanto, Um em Cristo, o Filho, é a dimensão mais próximo à humanidade; por intermédio dele é que alcançamos o conhecimento do Pai: “Ninguém vem ao Pai a não ser por mim”. De forma analógica, pode-se amplificar o significado da deusa do amor e entender as implicações psicológicas da imagem, entretanto, por ser arquetípica, ela jamais será plenamente integrada à consciência. Por meio da prostituta sagrada compreende-se os aspectos da deusa do amor. Pode-se, portanto, de modo consciente integrar a essência humana aos significados das suas qualidades características do arquétipo da deusa do amor.

De acordo com a autora, a imagem arquetípica da prostituta tem dois lados, o sagrado e o profano. O lado sombrio manifesta de forma rebaixada em que a sexualidade feminina é utilizada de forma inapropriada. No decorrer do tempo, os aspectos positivos desses arquétipos são poucos conhecidos, pois os elementos sagrados foram separados, elas eram abusadas e aprisionadas.

No decorrer da obra, Corbett explica em que momento a prostituta sagrada deixou de ser um atributo de estrema importância e atuante na vida de homens e mulheres, e quais foram as repercussões para a sociedade a partir deste rompimento.

Fonte: encurtador.com.br/msKNP

Ao longo do tempo, o sistema matriarcal e matrilinear predominante foi substituído pelo sistema patriarcal e patrilinear. Assim, as sociedades arcaicas iniciaram a agricultura e a religião como principais pontos para a civilização, e passaram a sociedades onde o comércio, a guerra e a expansão se tornaram prioridade. Os motivos dessas mudanças de forma gradual do matriarcado para patriarcado foram estudados por diversos historiadores.  Assim, há diversas explicações para esse fato histórico; o homem começou a valorizar a geração de vidas que era só atribuído a ele, e que a mulher só nutria a nova vida em seu corpo, mas a linhagem passou a ser paterna.

Como consequência, o militarismo e o comércio produziram estratificação social. A mulher tornou-se oprimida porque suas novas funções tornaram-se desimportantes aos novos valores; à proporção que criavam estradas de comércio e que tribos guerreiras conquistavam partes de outras civilizações, as culturas de diversas civilizações se mesclaram, dessa forma, os deuses de uma sociedade incorporavam-se às da outra. Até que um Deus Supremo, portanto, veio ser reconhecido. Do ponto de vista da sociedade patriarcal dominante, Deus tem a essência masculina. O homem determinou outras doutrinas religiosas, de acordo com suas convicções na supremacia masculina.

Assim, o amor passou a ser dissociado do corpo para que os seres humanos pudessem alcançar união puramente espiritual com Deus. A Trindade era a do patriarcado; Maria pode ser admirada, entretanto; não adorada, para que não volte os tempos de veneração da deusa. A Igreja não validava características da deusa interligada na natureza sexual da mulher (ou do homem); por conseguinte, uma distância enorme, entre corpo e espiritualidade permaneceu nos ensinamentos religiosos.

Na época da grande caça às bruxas, nos séculos quinze, dezesseis e dezessete, mulheres que mantinham encontros escondidos, frequentemente, com danças ritualística, geralmente pagãs, muito parecidas com o culto da deusa, excelente nos preparos de infusões e medicamentos, se tornaram suspeitas naquele contexto. Essas mulheres iam de encontro ao domínio da Igreja e do Estado e, na maioria das vezes, eram condenadas como feiticeiras. Estima-se que milhares de pessoas tenham sido executadas, nessa época, sendo oitenta e cinco por cento delas mulheres.

Fonte: encurtador.com.br/nwMOV

Como já foi supracitado, as imagens antigas da prostituta sagrada estavam interligadas tanto na essência da sexualidade como na natureza da espiritualidade, assim, no decorrer do tempo, a civilização saiu da estrutura social matriarcal para uma patriarcal. A racionalidade veio dominar os sentimentos e sobre a força e criatividade da natureza, essas transformações geraram repressões.

À proporção que o princípio espiritual masculino se modificou de forma predominante, a reverência da essência feminina instintiva retroagiu para o inconsciente. É essa natureza, tão intrínseca com a imagem da prostituta sagrada, que necessita ser recuperada; uma vez que essa deusa é vital para o movimento em relação à totalidade, tanto do homem quanto da mulher. Um entendimento desse arquétipo, a mulher humana que canalizava as características da deusa do amor, possui a capacidade de conhecimento e respeito a esses atributos femininos. Expressões culturais de modificações dependem da propagação das transformações psicológicas nas atitudes conscientes dos indivíduos. Assim, para restabelecer o desejo é necessário a integração com a deusa do amor plenamente encarnada.

Outro fato que a obra pontua é o sacrifício da Deusa em relação ao seu filho amante e mesmo que lamenta a sua perda; o processo é psicologicamente sadio e lógico. O choro da mulher é uma forma da integração das circunstâncias mudadas; não é possível voltar ao passado. Como um ritual, o choro auxilia nas transformações essenciais para o amadurecimento da vida. Se a mulher não tiver sacrificado a idealização da infância, por exemplo, e vivido um período de choro para aceitar a perda, pode-se continuar em uma prisão de permanente proteção e segurança, desprotegida do risco e do perigo do mundo exterior.

A vitalidade da deusa se baseia na capacidade de desistir daquilo que há de mais essencial, com intuito de garantir amadurecimento e regeneração, as mudanças só acontecem no momento em que atitudes e valores arcaicos são substituídos por novos. Sua força não é rígida e racional, sem emoção; mas sim, ela tem uma percepção das mais profundas emoções e não nega o seu planto.

Fonte: encurtador.com.br/tDK01

A autora explica que a necessidade psicológica personificada pelo matrimônio sagrado é o movimento da psique em direção a totalidade. Em outras palavras, elementos masculino e feminino integram-se na presença de um terceiro, o divino.  Psicologicamente, o matrimônio sagrado personifica a união dos opostos. e o princípio masculino e do feminino, a conjugação da consciência e da inconsciência, do espírito e da matéria.

Durante o tempo em que a prostituta sagrada coabitou a sociedade, as culturas eram embasadas sobre sistema matriarcal. Matriarcado não no sentido que mulheres comandavam os homens em cargos de autoridade; mas sim, que tanto o homem quanto a mulher tinham suas funções distintas.

 Por fim, a obra pontua que prostituta sagrada pode estar distante do mundo contemporâneo; entretanto é uma característica vital e ativa no processo psíquico individual. Percebe-se que a conscientização desse arquétipo possibilita uma nova forma em relação à vida.

FICHA TÉCNICA

A PROSTITUTA SAGRADA: A FACE ETERNA DO FEMININO

Editora: Paulus
Gênero: Psicologia e Aconselhamento Saúde e Família
Autor: Nancy Qualls-Corbett
Ano de lançamento: 1997
Idioma: Português
Ano: 2002
Páginas: 224

REFERÊNCIA

CORBETT,N. A prostituta sagrada: A Face Eterna do Feminino. Coleção Amor e Psique. São Paulo 4 edição, 2002.

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