A fenomenologia-existencial presente no livro “A insustentável leveza do Ser”
5 de setembro de 2021 Josélia Martins Araújo da Silva Santos
Livro
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O livro intitulado como “A insustentável leveza do Ser” escrito pelo tcheco Millan Kundera foi produzido em um contexto da Guerra Fria e publicado no ano de 1984. Ficou mundialmente conhecido, tornando-se um clássico na literatura. É um romance que se passa por dois casais principais e que por meio deles, temas relevantes da existência humana são levantados, como a liberdade de nossas escolhas, assim como a consequência delas. Por se desenvolver em um cenário político crítico, o romance é recheado de cenas nas quais ocorre a descrição de sentimentos de forma sensível assim como a dualidade que permeia do início ao final da obra, que é a leveza versus o peso da existência humana.
Ao decorrer da leitura do romance, é possível perceber fortes conceitos existencialistas, incluindo ideias preconizadas por Nietsche, como a crença ao nada e de que a vida não passa da própria existência em si mesmo, e finda-se em si mesmo. Além disso, é perceptível um viés muito forte ao pensamento fenomenológico, no qual as experiências humanas são o que importa nos personagens e por meio delas, carregam o peso de como é ser humano. Com isso, a dualidade entre a leveza e peso das nossas escolham colocam o leitor equiparado aos personagens, o que os humaniza e ocorre a identificação, na qual nos leva a reflexão de nossa existência e de nossas escolhas.
O livro demonstra uma percepção bastante crua da realidade, que se relaciona em grande sintonia com o contexto sócio-político da época, que foi em um cenário de desesperança e de solidão. É importante ressaltar que mesmo que o autor traga temas considerados “pesados” da existência humana, como morte, solidão, tristeza, há também o conceito de leveza trabalhado na obra, que muitas vezes são demonstrados como desejos bastante comuns do ser humano, como o sexo e traição.
Fonte: encurtador.com.br/pxEKR
Os quatro personagens são apresentados de forma autêntica e muitas vezes simplista, mas não necessariamente menos complexa nas relações e experiências humanas. Este detalhe ganha muita importância na obra por se assemelhar aos leitores, que perpassam inevitavelmente por angustias e frustrações da existência de ser humano, assim como os personagens que ora estão questionando-se de suas escolhas e ora gozando do prazer delas.
A fenomenologia existencial fica escancarada em várias partes do livro quando os personagens se interrogam e entram em profundo questionamento sobre suas experiências no passado e de como elas determinaram a maneira como agem e como se expressam com os outros em suas relações. Tereza, por exemplo, demonstra ser a personagem mais reclusa e introspectiva no livro, que é justificado pela relação abusiva e tóxica com sua mãe narcisista. Além disso, é possível observar que esta mesma personagem levanta questionamentos enigmáticos e que muitas vezes obriga o leitor a repetir a mesma passagem várias vezes para compreender enfim o que se passa na personagem.
A leitura do livro é um tanto exaustiva mas muito necessária e prazerosa de se realizar. Desperta no leitor uma angústia inerente a existência de qualquer ser humano por esboçar, com muita maestria a dualidade entre o peso e a leveza disso. Também demonstra como as relações, experiências e as nossas escolhas como seres humanos estão inter-relacionadas. Contudo, o que mais é atrativo na leitura, são os temas existencialistas e fenomenológicos trabalhados de forma prática e ilustrativa por meio das escolhas e do passado dos personagens.
Assim, na Psicologia, temas como esses podem ser comumente trabalhados em um contexto clínico, pois a insustentável leveza do ser faz com que nós, seres humanos, nos questionemos de nossas escolhas corriqueiramente. Por conta disso, acompanha-se a angústia fatídica de que somos responsáveis por nossas escolhas mas, ao mesmo tempo, somos os únicos que podemos fazê-las, o que pode ser considerado como a liberdade.
SCHNEIDER, D. R. O método biográfico em Sartre: contribuições do existencialismo para a psicologia. Estud. pesqui. psicol. v.8 n.2 Rio de Janeiro ago. 2008
KUNDERA, Milan. A insustentável leveza do ser / Milan Kundera; tradução Teresa Bulhões Carvalho da Fonseca. — 1a ed. — São Paulo: Companhia das Letras, 2017.
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A humanização da ciência na meditação
30 de agosto de 2019 LC Agência de Comunicação
Notícias
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Especializada nos maiores filósofos do mundo, Editora Edipro proporciona ao leitor um marco da filosofia que influencia os pensamentos e estudos até os tempos atuais.
A nova face da ciência, não menos científica, porém mais humana. Esse era o mote deEdmund Husserlao escreverMeditações Cartesianas, publicado pelaEditora Edipro, com tradução diretamente de sua língua vernácula, o alemão.
Publicada postumamente, a obra do matemático e filósofo reúne as polêmicas consideradas epistemológicas de sua última fase produtiva. O autor compilou palestras apresentadas na Universidade de Sorbonne em 1929, traduzida para o francês em 1931 que resultou no livro publicado 12 anos após sua morte.
Considerada uma de suas reflexões mais amadurecidas, causou um intenso impacto histórico em meio à imensa produção literária por ele legada. Husserl levanta questões sobre a fenomenologia, método de investigação filosófica, que inaugura um caminho que levaria à busca por uma nova face da ciência, mais humana, porém com embasamento científico sobre a meditação.
Fonte: encurtador.com.br/dHNW0
Para o autor, meditar deve ser uma prática mais profunda do que compõe os estudos feitos no seu tempo Descartes, conclui que o diagnóstico da crítica da razão lógica, ou da lógica formal de corte fregeano, só abria o caminho rumo à pesquisa dos princípios, agora já não mais nomológicos, mas normativos, em que se ancoraria a outra face da ciência.
Daí o pathos das Meditações: encontrar o alter ego e a intersubjetividade. Qual o significado tão polêmico disso? A filosofia e, com ela, as ciências sociais instituíam para si próprias e para o seu modo de ver as coisas, objetos únicos, subvertendo o paradigma hegemônico do positivismo.
Meditações Cartesianas, publicado pelaEditora Edipro, traz ao leitor a importância dos pensamentos deEdmund Husserl, que significam um marco para filosofia, com aplicação sistemática de uma maneira particular de filosofar, mostra a honestidade intelectual do autor e uma reviravolta filosófica que influência no modo de pensar até hoje.
Fonte: encurtador.com.br/asOTX
Sobre o autor:Depois de encerrar em 1928 longa e célebre carreira como professor de filosofia em importantes centros universitários da Alemanha, Husserl – àquele tempo já citado por Heisenberg e Weyl – de repente inflama o cenário científico-filosófico europeu de tal maneira, “preenche” a conturbada década de 1930 com tal intensidade, a ponto de se tornar inevitável às reflexões de Gödel e Wittgenstein. São três os pontos nodais desse percurso meteórico do derradeiro Husserl: (1) a publicação em 1929 de Lógica formal e transcendental; (2) no mesmo ano, o empreendimento das Meditações Cartesianas; (3) a detalhadíssima reconstrução historiográfico-genética (via Galileu, Descartes e Kant) do traçado fundamental da Crise das ciências europeias. É evidente, portanto, que o último Husserl tenha exercido papel dos mais significativos nos contextos de formação de importantíssimas correntes filosófico-críticas do século XX, e que seu estudo tenha se tornado, por isso, simplesmente incontornável.
Sobre o tradutor:Fábio Mascarenhas Nolasco é Doutor em Filosofia pela Unicamp e Professor de Epistemologia da UnB.
Sobre o revisor técnico:Tommy Akira Goto é Mestre em Filosofia e Ciências da Religião pela Universidade Metodista, Doutor em Psicologia pela PUC, e membro-colaborador do Círculo Latino americano de Fenomenologia.
Uma das Gestalt-terapeutas mais conhecidas do Brasil fala ao (En)Cena sobre o panorama da abordagem na atualidade
A Gestalt-terapia é, atualmente, uma das terapêuticas mais usadas com base humanista e fenomenológica. Ainda assim, possui uma gênese centrada na psicanálise e nas filosofias orientais, no entanto, avança sobre estes sistemas de interpretação do mundo e foca nas potencialidades humanas, a partir do reconhecimento de que todo ser humano já dispõe de condições para gerir e curar-se a si próprio. Neste sentido, este conjunto de técnicas e teorias aponta para uma forma de estar no mundo, onde a dimensão do presente é valorizada e o passado só é requisitado na exata medida em que se busca conhecer um ponto de partida. Assim, os gestalt-terapeutas desestimulam veementemente que os clientes ‘façam morada no passado’.
Historicamente, os baluartes da Gestalt-terapia foram o psiquiatra Fritzs Perls, a psicóloga Laura Perls e o sociólogo Paul Goodman. Mais á frente, a abordagem passa a ser estruturada a partir de duas correntes, uma teórica/epistemológica – conduzida por Laura – e outra mais focada no desenvolvimento pessoal prático – a partir das contribuições de Fritzs Perls.
Atualmente a abordagem é uma referência mundial, com vários institutos presentes em cidades globais, além de ser alvo de um crescente interesse do meio acadêmico. No Brasil, um dos mais profícuos institutos de Gestalt-terapia fica no Rio de Janeiro – o Instituto Carioca de Gestalt-terapia – e é conduzido pela psicóloga Teresa Amorim, que tem mestrado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social pela UFRJ (2011) e especialização em Filosofia Contemporânea pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2007).
Teresa Amorin, numa entrevista exclusiva para o EnCena, destaca o panorama da Gestalt-terapia no Brasil, além de abordar temas como o ‘self-falso’, o narcisismo, a Teoria Organísmica e a neurose, dentre outros temas. Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.
(En)Cena – Hoje provavelmente a senhora é uma das psicólogas mais ativas na Gestalt-terapia, em todo o Brasil. Pelo seu olhar, a que se deve a crescente procura por esta abordagem?
Teresa Amorin – Possivelmente pelo fato de ser uma abordagem com uma linguagem simples, direta, onde a postura do terapeuta precisa ser ativa e acolhedora. Outra grande razão pode ser o fato de a Gestalt-Terapia estar a cada dia mais presente nas universidades e consequentemente com mais visibilidade.
(En)Cena – A Gestalt-terapia tem como uma de suas bases teóricas a Fenomenologia Existencial, com forte ênfase no fenômeno que se apresenta no momento presente. É possível associar as técnicas da Gestalt com o Mindifulness, por exemplo? De que forma?
Teresa Amorin – A Gestalt-Terapia tem como pressupostos filosóficos a Fenomenologia e o Existencialismo, além disso trabalha com o Método Fenomenológico, ou seja, está atenta aos fenômenos que se revelam na sessão terapêutica. Penso que a Gestalt-terapia possui uma variedade de experimentos que tem como objetivo colocar o cliente em contato com a sua questão existencial, que muitas vezes é evitada no processo de “falar sobre”. Nosso convite é para o cliente sair da evitação de contato e “falar com” sua gestalt aberta, por exemplo. A abordagem gestáltica trabalha sempre voltada para o aqui e agora e a conscientização do processo. Gostaria de registrar que não conheço bem a Mindifulness, mas acredito que a Gestalt-terapia não precisa dessa técnica pelo fato de já desenvolver a conscientização e concentração em todo o processo terapêutico.
(En)Cena – A sociedade atual, de acordo com muitos sociólogos, apresenta-se com fortes traços de narcisismo. De que forma esta demanda se manifesta na clínica, sob o prisma dos distúrbios de fronteira?
Teresa Amorin – A partir desse evento, podemos aqui sinalizar a questão do self-falso em nossa sociedade que eventualmente surge em nossos consultórios. Muitos desses sujeitos não gostam de frequentar o espaço terapêutico, provavelmente pelo receio de revelar a sua existência frágil. O processo psicoterapêutico desses clientes inclui um mergulho em si mesmo, e por certo, a deflação interna – um grande vazio infértil, em contraste com a inflação – a grandiosidade narcísica que tenta apresentar diante do mundo.
(En)Cena – A senhora faz um profícuo trabalho de divulgação da Psicologia tanto pela televisão quanto pelas redes sociais. Que conselho daria para estudantes e psicólogos que ainda têm resistência em utilizar a internet como aliada profissional?
Teresa Amorin – A internet, redes sociais, novas mídias são dispositivos tecnológicos disponíveis em nossa sociedade contemporânea e inegavelmente fazem parte de uma nova realidade de contato e comunicação. O atendimento online, a saber, faz parte dessa nova forma de contato e prestação de serviço. Precisamos ultrapassar e utilizar essas novas ferramentas.
(En)Cena – Qual a contribuição da Teoria Organísmica dentro da Gestalt-terapia?
Teresa Amorin – Pode-se dizer que a questão central da Teoria Organísmica é pensar que o sintoma do nosso cliente precisa ser visto como um todo, ou seja, o que afeta uma parte afeta todo o organismo do sujeito. Em outras palavras, o gestalt-terapeuta observa o cliente como um todo em seu processo terapêutico. O conceito de ‘autorregulação organísmica’ nos ajuda a compreender os mecanismos do nosso cliente para lidar com a sua vida e as dores emocionais.
(En)Cena – A patologia tem um sentido diferente dentro da Gestalt-terapia. Poderia falar mais sobre o tema?
Teresa Amorin – Dentro desta perspectiva, podemos afirmar que a Gestalt-terapia entende a patologia como um processo, nosso diagnóstico é processual, uma vez que entendemos que o sintoma patológico é uma autorregulação organísmica/ neurótica para lidar com o meio, muitas vezes ameaçador.
(En)Cena – É um erro considerar que a Gestalt-terapia não leva em conta o passado do sujeito. Mas, afinal, em que medida este passado é trabalhado no setting terapêutico? Há um limite para abordar o passado?
Teresa Amorin – Sim, é um erro. Talvez seja conveniente ressaltar que a Gestalt-terapia é uma abordagem que trabalha o passado do cliente no aqui e agora, entendemos que muitas vezes nosso cliente narra alguma ‘gestalt aberta’, e neste momento, ele está falando de alguma situação inacabada, um passado que se faz presente no aqui e agora. Podemos trabalhar de diversas formas, inclusive com experimentos que tem como objetivo auxiliar o cliente a entrar em contato com o ‘negócio inacabado’ e fechar a gestalt.
(En)Cena – Qual o impacto da neurose no âmbito da Gestalt-terapia?
Teresa Amorin – Mais especificamente podemos pensar que a neurose é uma evitação de contato, muitas vezes acompanhada de um comportamento fóbico, o sujeito evita o contato com a dor emocional. O que podemos observar é uma estagnação no desenvolvimento, e o sujeito aprende a manipular o ambiente para conseguir sobreviver. Um aspecto interessante da neurose é que basicamente ela se apresenta como um conflito entre a autorregulação organísmica (necessidades internas) versus a regulação externa (exigências da sociedade). Assim, para melhor entendê-la podemos afirmar que o neurótico não consegue perceber as suas necessidades, cria expectativas em relação aos outros, tem medo de arriscar e assumir responsabilidade pela sua existência.
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Pessoas excessivamente voltadas para si mesmas tornam-se frias, diz Alberto Nery
Psicólogo referência em Logoterapia também alerta que universidades devem ampliar os campos teóricos, hoje focado na Psicanálise ou nas linhas comportamentais
O (En)Cena entrevista o professor da Faculdade de Psicologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo – UNASP, Alberto Domeniconi Nery, que vem desenvolvendo um profícuo trabalho de divulgação da Logoterapia, abordagem de base humanista e fenomenológica ainda pouco explorada nas universidades brasileiras.
Na entrevista, Alberto Nery chama a atenção para a retomada do processo de ‘coisificação’ do ser humano, como se o mesmo fosse um homem-máquina. Além disso, alerta para os riscos do fim das utopias, o que acaba gerando um cenário de desesperança e medo. No mais, dentre outros aspectos, Nery destaca a importância de o psicólogo dialogar com várias áreas do conhecimento, como religião, filosofia e sociologia, processo que só enriquece a atuação profissional.
Alberto Nery é mestre em Psicologia Social e do Trabalho pela USP (2014), possui graduação em Teologia pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo (1999) e graduação em Psicologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (2005). Atualmente cursa o Doutorado em Psicologia Social na Universidade de São Paulo, atua como Psicólogo Clínico e professor na Faculdade de Psicologia do Centro Universitário Adventista de São Paulo – UNASP, além de ter experiência de atuação como professor, capelão e pastor em igrejas e instituições da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
(En)Cena – Qual o panorama do ensino da Logoterapia nas universidades brasileiras?
Alberto Nery – Na verdade, a presença da Logoterapia nas universidades brasileiras ainda é muito pequena. A maior parte das pessoas com as quais converso, tanto aquelas que já conhecem a teoria, quanto aquelas que estão conhecendo através de uma aula, palestra ou conteúdo que postei nas redes sociais, acabam me falando a mesma coisa: que durante a graduação nunca ouviram falar da Logo. Esse foi o meu caso, por exemplo. Então o que acaba acontecendo é que depende muito do professor, principalmente os de teorias humanistas-existenciais, teorias da personalidade, história da psicologia… Se eles não falam, a Logo não aparece. É uma pena.
As universidades brasileiras em geral preferem ensinar psicanálise e psicologia experimental e suas variantes. Mesmo a psicologia humanista-existencial tem pouco espaço. No Unasp-SP, onde leciono, não temos uma disciplina específica de Logoterapia, mas em todas as disciplinas que ministro, faço questão de mostrar a teoria. Além disso, oferecemos a prática clínica de Logoterapia nos últimos semestres.
A partir das minhas experiências, entendo que deveria haver mais espaço para Logoterapia na Universidade, pois o interesse dos alunos é enorme. As supervisões ficam sempre cheias e com lista de espera… Há um desejo dos estudantes de Psicologia em conhecer outras teorias e assuntos, e a Logoterapia atende essa necessidade, principalmente pela sua perspectiva holística, que abre espaço para um olhar positivo sobre a espiritualidade humana.
(En)Cena – Viktor Frankl foi um grande exemplo de fé no futuro e de resiliência… estes conceitos estão em xeque, na contemporaneidade. Quais as consequências psicológicas decorrentes da degradação das utopias?
Alberto Nery – A consequência direta é uma vida voltada apenas para si mesmo e para o momento que a pessoa vive. As pessoas se tornam mais frias. A perda da esperança no futuro é um dos piores golpes que a sociedade recebe, pois prejudica o desenvolvimento de projetos de vida que envolvem o que está por vir. Essa aliás é uma das características mais fortes da contemporaneidade.
(En)Cena – Há um aspecto transcendente na obra de Frankl. Isso se coaduna com a noção de lançar-se para o futuro. Seria uma boa alternativa para uma sociedade excessivamente imediatista?
Alberto Nery – Totalmente. A Logoterapia incentiva o indivíduo a viver de forma responsável no presente, compreendendo que aquilo que faz hoje irá se refletir no seu futuro. Além disso, apresenta a noção de transitoriedade da vida, o que nos leva a entender que o presente, seja ele bom ou ruim, vai passar, por isso precisamos nos planejar para o que está por vir também.
(En)Cena – Ao que parece, uma das bases epistemológicas da Logoterapia é a Fenomenologia, que faz uma forte crítica ao positivismo ou a ‘coisificação’ do ser humano – a partir do conceito de homem máquina. Parte da Psicologia flerta com esta ideia. Qual a sua opinião sobre o assunto?
Alberto Nery – Pois é, parece que vivemos uma espécie de “revival” das tendências reducionistas e deterministas da passagem do séc 19-20. As mesmas que Frankl e os representantes da Psiquiatria Existencial tanto criticaram. Dessa vez, no entanto, elas se apresentam sob a bandeira da Psicologia Evolutiva e das Neurociências. A meu ver, os efeitos diretos disso são os mesmos que Frankl já apontou no passado. A tendência de olhar para o ser humano como uma “máquina que precisa ser consertada”, e a falta de expectativas positivas em relação ao ser humano. O que prejudica o processo de evolução do mesmo. Mais uma vez, citando Frankl: “se olhamos para o ser humano como ele é, fazemos dele alguém pior. Precisamos olhar o seu potencial, para que ele seja o que pode vir a ser…”
(En)Cena – Atualmente, quais teóricos do cenário internacional vem tocando os estudos em Logoterapia?
Alberto Nery – Estive no último Congresso Mundial de Logoterapia em Moscou, e fiquei animado com o que vi. Muitos teóricos ao redor do mundo levando a Logoterapia adiante. Não daria para citar todos aqui, mas os que me chamaram mais a atenção foram: Dr. Carl Becker (um americano radicado no Japão), Dr. Haddon Klingberg (EUA), Dr. Geronimo Acevedo (um dos pioneiros na América Latina) e o Dr. Marshall Lewis (EUA). Fora isso temos o Dr. Alexander Bathyanny que dirige o Instituto Viktor Frankl de Viena. Mas obviamente estou simplificando aqui, pois há muitas pessoas desenvolvendo a Logoterapia no mundo atualmente.
(En)Cena – Por que muitos psicólogos ainda não conseguem compreender a interface entre a Psicologia e a Espiritualidade? Há uma diferença substancial entre Espiritualidade e Religião, sim?
Alberto Nery – Eu diria que o problema é que os psicólogos, de maneira geral, sequer têm a oportunidade de estudar o tema nos diferentes programas de graduação e pós-graduação. Como não há espaço para este assunto, então a maioria dos psicólogos não está preparada para lidar com o mesmo. Em alguns casos ainda se ensina que espiritualidade ou religiosidade não é um assunto que deva ser tratado na clínica, isso é um absurdo dado que mais de 90% da população brasileira se classifica como religiosa em algum grau.
Então o que temos na verdade, é uma falta de oportunidades para se ensinar e discutir o assunto. Por outro lado, sempre que o tema é trazido à tona, pelo menos da parte dos estudantes em psicologia, o interesse é grande. Na Universidade de São Paulo, por exemplo, nós temos vários grupos de estudos voltados para essa psicologia religião espiritualidade. Há mais de 30 anos o professor Geraldo Paiva desenvolve essa área, e mais recentemente o professor Wellington Zangari tem promovido o estudo da psicologia da religião e espiritualidade e liderado esses grupos.
Meu orientador, o Dr. Esdras Vasconcellos, pioneiro no estudo e ensino do stress no Brasil, é outro representante da Psicologia na USP que abre o caminho para o estudo da Religiosidade e da Espiritualidade sob a perspectiva da Psicologia da Saúde, tanto em suas aulas como nas dissertações e teses que orienta. Além disso temos a presença do Professor Francisco Lotufo, uma das referências na área, lecionando regularmente no Instituo de Psicologia da USP.
Certamente, hoje no Brasil, a Universidade de São Paulo é um dos lugares mais abertos a esse tipo de estudo. Mesmo sendo uma universidade laica. Creio que isso já está ajudando a mudar esse cenário. Quanto a diferença entre religiosidade e espiritualidade, entendemos que sim, ela existe. E de maneira bem simplificada diríamos que a religião é um sistema de crenças e práticas mais formalizado, ela é a forma, é como a religiosidade se mostra em boa parte dos casos. Já a espiritualidade, tem mais a ver com o conteúdo, com a atitude daquele que crê em algo ou alguém. Não é necessariamente formalizada ou institucionalizada. A espiritualidade pode acontecer na religião ou fora dela basicamente. Essa seria uma das diferenças fundamentais.
(En)Cena – Quase sempre um bom profissional de Psicologia não fica circunscrito apenas a esta área de saber. É comum ter psicólogos que também se graduam e/ou se especializam em Filosofia, Sociologia, Teologia, Pedagogia e Neurociência, só para citar alguns exemplos. Quais suas outras áreas de interesse/pesquisa? Por quê?
Alberto Nery – No meu caso as áreas de interesse são múltiplas. Minha primeira formação foi em teologia e trabalhei dentro dessa área por quase 15 anos. Ainda hoje é um dos meus grandes interesses em termos de leituras e estudos pessoais. No entanto filosofia também ocupa um lugar importante. Até porque, a meu ver, é impossível compreendermos o indivíduo contemporâneo sem estudar filosofia e também a sociologia.
Como estou na área do ensino, a pedagogia também faz parte dos meus interesses, não tem como fugir. E das Neurociências nós não podemos escapar, uma vez que ela é parte importante da psicologia. Enfim acho que eu me enquadro no cenário que você descreveu… Assim como muitos outros psicólogos. Nós pertencemos a uma área que nos permite esse olhar múltiplo e colocar isso em prática é essencial. Em termos práticos e de pesquisa tenho estudado principalmente a psicologia da religião, a psicologia da saúde e a psicologia clínica. Minhas pesquisas e estudos estão praticamente todos dentro dessas áreas de abrangência e principalmente, nas zonas de intersecção entre elas.
(En)Cena – O senhor está à frente do Instituto de Psicologia e Logoterapia, em São Paulo, e tem uma forte presença nas redes sociais, com a divulgação das ideias de Frankl. Já há formação on-line oferecida pelo instituto? Em que pé se encontra?
Alberto Nery – O IPLOGO (Instituto de Psicologia e Logoterapia) é o Instituto que eu criei. É uma ideia relativamente nova, que surgiu com o primeiro curso livre de Logoterapia que ministrei em 2017. Desde 2018, iniciei um curso de formação presencial com duas turmas. Na medida em que comecei a divulgar o meu curso e o trabalho do meu Instituto, principalmente através do meu Instagram @logoterapiabr, foi surpreendente o fato de que a grande maioria das pessoas que me procuravam e procuram, são de outros lugares e apresentam uma demanda de uma formação em cursos on-line.
Em função disso no momento estou trabalhando para dar o curso presencial ao modelo Ead. Em agosto abrirei inscrições para a primeira turma de formação em Logoterapia on-line do Brasil. A expectativa que tenho é a de conseguir atingir um número de pessoas que não teria acesso a uma formação em Logoterapia de outra forma. Vale lembrar que iniciativas dessa natureza já são realizadas com sucesso nos Estados Unidos e na Austrália.
(En)Cena –O senhor também tem uma carreira na docência do ensino superior. Como é conciliar a clínica com a docência?
Alberto Nery – Sim, eu também leciono em um curso de graduação em psicologia no Unasp-SP, e realmente a conciliação da clínica com a docência é um desafio, uma vez que ambas exigem bastante da gente. Por outro lado, a docência nos obriga a estarmos em constante atualização e estudando sempre, o que acaba tendo um impacto positivo na clínica, uma vez que estamos sempre bem preparados. Mas o grande desafio, creio que seja a questão do tempo disponível. Então acabamos fazendo alguns malabarismos para dar conta de ambas as atividades
(En)Cena –O que mais gostaria de destacar?
Alberto Nery – Gostaria de destacar, que a meu ver, embora com algumas décadas de atraso, finalmente a Logoterapia está encontrando seu lugar na psicologia brasileira. Vejo iniciativas em diferentes lugares, e vejo principalmente o grande interesse dos psicólogos no assunto. Isso é muito importante, porque trata-se, a meu ver, da teoria mais adequada para compreensão do indivíduo contemporâneo.
E, além disso, é uma teoria que pode ser estudada em conjunto, em paralelo com outras. Sendo assim, o conhecimento da Logoterapia só acrescenta em termos de teoria e prática para os psicólogos, ainda que eles sejam de diferentes abordagens. Então, creio que nos próximos anos, ouviremos falar cada vez mais sobre a Logoterapia e teremos cada vez mais logoterapeutas atuando no Brasil. Particularmente, tomei isso como uma missão pessoal e tenho me esforçado para que o cenário mude. Não tenho dúvidas de que isso irá acontecer. Obrigado pela oportunidade de falar da Logoterapia aos alunos da ULBRA.
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Do Desabrigo à Confiança: Daseinsanalyse e Terapia
O livro de Bilê Tatit Sapienza, denominado – Do desabrigo à confiança: daseinsanalyse e terapia. São Paulo: Escuta, 2007, presta uma contribuição à fundamentação terapêutica do Daseinsanalyse, prática clínica fundada por Medard Boss (1903-1990), médico psiquiatra, por alguns anos aluno de Martin Heidegger e, analisando de Sigmund Freud (FREITAS, 2014).
Boss foi admirador do interesse clínico persistente de Freud pelos casos de seus pacientes; também foi influenciado pelos pensamentos existenciais de Heidegger, lançados em questionamentos filosóficos como: “poder-ser futuro que ainda não é, marcados por um passado que não é mais, limitados pela transitoriedade do presente que se doa”. Compreendeu que a partir das reflexões filosófica existencial o método de investigação da ciência natural não dava a dimensão de investigação necessária que o humano necessitava, conforme Freitas (2014).
Sapienza (2007, p. 11) contextualiza que “a palavra Dasein, ser-aí, designa aquele ente para o qual ‘ser’ é sempre questão; aquele ente que é o ‘ai’ onde se ‘da’ ‘ser’, aquele cujo modo de ser é ser sempre ‘ai’ (grifos autor)”. O autor pergunta – “Aí onde? Respondendo: no mundo”. Então a palavra Dasein trata-se da existência humana no mundo.
O autor avisa aos psicólogos iniciantes que a fenomenologia e a Daseinsanalyse, pode parecer um pensamento livre e envolvente com questões envolventes, como: “que demais é tudo isso! A gente vai longe pensando o que é pensar! No que é ser! No que é existir! No ser lançado” (p. 12). A finitude da existência humana potencializa o valor da vida.
Sapienza (2007) consegue abordar assuntos difíceis, cuja compreensão filosófica costuma ser árdua e distanciada duma prática aplicável, levando o leitor a contextos significativos onde os termos específicos da filosofia de Heidegger aparecem com muita propriedade, inseridos, permitindo a compreensão do seu sentido sem exigir o conhecimento de definições prévias, articulando tanto no âmbito da ontologia fundamental quanto no da experiência existencial do paciente e do terapeuta.
Sapienza (2007 apud FREITAS, 2014) faz uma costura entre o pensamento heideggeriano com a prática da Daseinsanalyse, explicitando a necessidade e dificuldade de trabalhar sem o amparo de teorias explicativas. Abarcando somente os fenômenos que se dão na vida dos pacientes, tendo, portanto, como referência a condição ontológica da existência em Dasein, somente neste sentido aportada na incerteza.
Essa maneira de estar com o paciente é algo que conquistamos aos poucos, pois a tendência mais comum do psicólogo é querer fazer o Diagnóstico. […] O terapeuta não está ali lidando com um psiquismo, querendo explicar como e por que ele funciona de uma tal forma. Ali ele se encontra com a existência de um ser humano que quer ser compreendido por alguém e quer se compreender melhor. Esse modo do terapeuta estar na sessão faz muita diferença. Isso não deve, entretanto, ser confundido com a mera expressão de um comportamento afável, de um jeito simpático de ser com o paciente (SAPIENZA, 2007, p. 14).
O trabalho da Daseinsanalyse na clínica se compromete não com as ideias filosóficas em si, mas com o cuidado com a vida efetiva, com a existência única daquela pessoa que nos procura. Ainda que tentássemos nos amparar no saber heideggeriano como instrumento seguro para o exercício do nosso trabalho clínico, fracassaríamos, visto que a própria compreensão fenomenológica da existência como essencialmente livre, esvazia a nossa possibilidade de prever, controlar ou justificar o modo como cada um vive e age. Portanto o existir humano não se submete às leis da causalidade, tampouco permite os meios teóricos como compreensão e/ou parâmetros interpretativos, conforme Freitas (2014).
Outro ponto abordado no texto que chama a atenção para aplicação clínica, enfatiza que embora a Daseisanalyse não diga respeito diretamente a fenomenologia de Hussel, essencialmente, ela fundamenta características primordiais do método fenomenológico, como: a suspensão fenomenológica “volta às coisas mesmas”. Hussel então apresenta o método que comporta dois momentos, sendo eles: a redução eidética e, a redução fenomenológica (SAPIENZA, 2007, p. 23).
O autor explica: redução eidética vem de eidos, igual à essência; quando se chega ao fenômeno imaginariamente, é retirado tudo dele, sem que com isso ele (fenômeno) deixe de ser o que é, isso é sua essência. A redução fenomenológica é “a suspensão de concepções e julgamentos prévios a respeito daquilo que se deseja investigar e procura se prender à evidência do que se apresenta para a consciência é suspenso”, o que restou foi o resíduo da redução fenomenológica, conceituado como fenômeno na consciência, conforme Sapienza (2007, p. 23-24).
Pode-se entender que o encontro terapêutico descrito por Sapienza (2007 apud FREITAS, 2014) propicia sessões ricas em possibilidades, questionamentos, reflexões e sentimentos, dentro da relação terapêutica. Daseinsanalyse, em certa medida faz surgir cumplicidade, permite o acesso a uma história possível, com fundamentos ontológicos do existir humano, que, tocado pela dor do paciente, o profissional se dispõe ao acolhimento em terapia.
Terapeuta e paciente se permitem corajosa e cuidadosamente à beira do foço da imprevisibilidade na narrativa vindoura e do desenrolar-se da história do paciente, à procura de ampliar e iluminar o acesso à sua própria existência, esperando o surgimento, ou não, de novas rearticulações de sentido capazes de permear seu mundo com uma disposição afetiva de predominante confiança (SAPIENZA, 2007 apud FREITAS, 2014).
Para encerrar esta resenha, informo que a literatura – Do desabrigo à confiança: Daseinsanalyse e terapia, foi que ampliou muito o conceito de Daseinsanalyse. As possibilidades de elaboração do texto são inúmeras, más, a ideia foi não incluir o caso clínico, fixando-se nos conceitos principais da fenomenologia, no viés Daseinanalyse. Compreendi que a terapia daseinsanalítica tem um lugar importante dentro da fenomenologia, necessitando que o profissional que a abraçar, precisará ter um aprofundamento filosófico na ontologia fundamental de Martin Heidegger; entretanto como foi explicitado no início deste texto, é conveniente ficar atento para não deixar que o encanto com as ideias acerca da existência humana ofusquem a compreensão dos fenômenos ônticos da existência única de cada paciente em terapia.
FICHA TÉCNICA
Nome do livro: Do Desabrigo à Confiança: Daseinsanalyse e Terapia Editora:Escuta Autor:Bilê Tatit Sapienza Idioma: Português Ano:2007 Páginas: 132
REFERÊNCIAS
FREITAS, D. P. Fenomenologia em Heidegger e o desafio da clínica daseinsanalítica. Rev. latinoam. psicopatol. fundam. vol.17 no.1 São Paulo Mar. 2014.Disponível: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-47142014000100010, Acesso: 20.06.2018.
SAPIENZA, Bilê Tatit. Do Desabrigo à Confiança: daseinsanalyse e terapia. São Paulo: Escuta, 2007.
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TDAH: Transtorno situacional ou patologia? Um olhar à luz da fenomenologia
TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE (TDAH): O que é e quais suas causas? É um transtorno neurobiológico, de causas genéticas, que tem surgimento na infância e frequentemente acompanha o indivíduo por toda sua vida adulta, tem como características a desatenção, inquietude e impulsividade. É reconhecido por vários países e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) (ABDA, 2002). Como já descrito o TDAH se caracteriza pela junção de dois sintomas, a desatenção e a impulsividade. Ao nos depararmos com um diagnóstico de um Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), nos deparamos também com problemas de atenção focalizado no perceptor e hiperatividade no motor. Podemos dizer que essa perturbação/problema pode se caracterizar por uma desorganização de atuação do indivíduo com o meio em que se relaciona, entre espaço e tempo (MATOS, 2013).
Segundo Abda (2002), o TDAH trás a tona as dificuldades que crianças sentem em se relacionar com outras crianças como também com os próprios pais e, por conseguinte, professores. Desta forma essas crianças seguem com estereótipos do tipo “crianças lentas, estabanadas, sem noção de lateralidade, ligadas nos 220 w, etc.” Assim, visualizamos que se há problemas na percepção e motor dessas crianças, de fato acumulam-se todos esses sintomas de desatenção e impulsividade, limites e regras se tornam mais complexos para serem atingidos. Na vida adulta ocorrerá no trabalho dificuldades de iniciar e terminar o que foi proposto, sempre se esquecendo das atividades laborais, ansiedade em alto grau, e inquietação.
Assim, Seno (2010), retrata que o TDAH afeta de 3 a 5% das crianças e é na vida escolar que pais e educadores conseguem perceber este transtorno, mesmo a priori não se conseguindo identificar cura para tal transtorno, a manifestação deste segue tendência a diminuir com uso de fármacos, para melhor aprendizagem e concentração a fim de alcançar os objetivos pedagógicos. Podemos identificar a relação estreita entre a medicação e o transtorno frente às possibilidades que quietude nestas crianças, mas também se torna visível o outro lado destes fármacos, como sonolência e aumento da agressividade até se conseguir a dose certa para cada caso/criança.
Tentamos aqui identificar a hiperatividade como algo que pode aparecer na relação mente (psicológico) e corpo de uma criança de forma que expressa seu modo de ser ou constitui uma patologia. Tal transtorno tem sido estudado incansavelmente em pesquisas científicas para que possam ser aprimorados seus critérios diagnósticos a fim de conhecer melhor e saber o surgimento, causa deste transtorno, em contrapartida em relação à dimensão psíquica da criança é pouco discutida e estudada.
Fonte: https://goo.gl/q23tSh
Foco no indivíduo e não no TDAH- O Olhar FenomenológicoNa fenomenologia existencial buscamos trabalhar com a multidimensionalidade do ser humano, nosso enfoque é a relação (contato) e estudo desse ser.
A tendência do pensamento científico moderno começa a sinalizar uma mudança na concepção de saúde e doença. A nova noção de doença apresenta uma perspectiva de múltipla causalidade, renunciando à ideia antiga de que há apenas um único fator etiológico. Salienta a influência ambiental nas ações e no comportamento do indivíduo e a importância da subjetividade nas formas de manifestação da patologia. Antony e Ribeiro (2005)
A abordagem fenomenológica enxerga a patologia como intrapsíquica ou individual, vista como produto da subjetividade que se caracteriza por ser, ou seja, intra-subjetividade. Portanto a Gestalt-Terapia traça um histórico de pensamentos que tudo é uma totalidade, tudo muda e tudo se relaciona com algo mais. É um prisma relacional, que assinala a patologia com um produto da desconfirmação do ser enquanto existente, enxergando o homem como um ser de relações (HOLANDA, 1997). “A doença é relacional. Não existe doença em si. Doença é fenômeno como processo; como dado, existe em alguém, e não como realidade em si mesma”. O enfoque gestáltico, assim, visa ir além da descrição dos sintomas, busca o sentido da patologia e as vivências da pessoa adoecida (ANTONY; RIBEIRO, 2005).
Pela Fenomenologia caracterizamos o indivíduo pelos seus anseios, vontades e necessidades que geram impulsos internos, destacando-se a figura do fundo. Deste modo é necessário que haja contato com o meio a modo de realizar a tomada de consciência para que o indivíduo possa estabelecer experiências frente aos tipos de contato.
A hiperatividade nos últimos anos vem sendo estudada a partir da perspectiva de que é um tipo de transtorno que tem uma visão singular voltado para os princípios diagnósticos e a origem, em que cientistas atribuem à criança como o transtorno. Diversas pesquisas estão sendo pautadas na busca de encontrar uma causa que seja de ordem biológica que esclareça o que é o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH). Porém comprovações de lesão e disfunção neurofisiológicas são pouco relevantes e permanecem incertas (ANTONY; RIBEIRO, 2005). No entanto tem se aumentado a procura de pais que desejam um diagnóstico plausível e saber o que realmente os filhos possuem, nesta busca procuram por profissional afim de que sejam sanadas tais dúvidas e incertezas.
Fonte:https://goo.gl/NZ7ju1
Então, uma criança hiperativa ou distraída, vai se encaixar em três processos caracterizados pelos autores (ANTONY & RIBEIRO 2005, apud MUNHOZ, 2011) como o da deflexão, que é identificado pelo contato rápido que ela instaura em seu meio, é uma atitude de defesa em combate a ansiedades e tensões, tal como não fosse possuinte dos seus desejos, e não tivesse a compreensão de si a ponto de se direcionar a alguma coisa ou alguém, que a induza a constituir ligação, ou seja, evitasse o contato direto, desvia o olhar e a energia do objeto primitivo; a projeção, um mecanismo obstante da sua atitude, já que ela própria, depois de ser tanto repreendida, acaba acreditando que não consegue fazer de um jeito diferente, o que indica que a sua baixa autoestima é resultante de seus lapsos em sua estrutura corporal, deslocando assim, a própria responsabilidade para o meio; e o egotismo que a faz toda poderosa, com instabilidade emocional e comportamentos impetuosos, apesar de em forma de mecanismo de compensação, tendendo a ser generosa com relação à separação de seus bens, é um reforço deliberado das fronteiras de contato para reinvestir a energia do ego, é narcísica e uma etapa do processo terapêutico.
TDAH é, juntamente com o Transtorno Desafiador Opositivo e o Transtorno de Conduta, um dos três transtornos mais comuns no dia a dia profissional de pediatras, psicólogos e psiquiatras. Sua prevalência é estimada em 3% a 6% da população infantil geral, mas outros estudos encontraram índices de prevalência com ampla variância (de 3% a 26%) no mesmo tipo de população (MATOS, 2013).
Tamanha variação não deixa de impactar o nível de diagnósticos dados, um desvio considerado do desenvolvimento infantil que afeta de 3% a 5% das crianças, uns que a consideram uma doença biológica, neste seguimento o índice populacional afetado é bem maior e se tornando cada vez mais impossível de ser definido. Chegamos à discussão relevante de que uma visão patológica biológica do TDAH, quando diagnosticado uma criança passa a fazer uso de medicações anfetaminas e metilfenidato, partindo do pressuposto que a síndrome é uma disfunção neuroquímica. Assim o transtorno está intimamente ligado ao uso desta medicação metilfenidato, onde se teve um aumento de 700% de crianças fazendo uso de psicoestimulante, onde surgiu uma overdose de diagnósticos errados (MATOS, 2013).
Esses dados são uma forma de alarmar tanto aos pais quanto os profissionais da saúde que diagnósticos feitos de maneira errônea podem trazer consequências graves as crianças que foram somente medicadas sem ter um acompanhamento preciso, ocasionando um excesso de tantos medicamentos que foram ingeridos de forma descontrolada. Dessa forma esses dados são um jeito de repensar a maneira de se diagnosticar e adequar um tratamento que seja preciso, e não só a base de medicamentos.
A síndrome de déficit de atenção foi identificada em 1902 por um médico inglês que na época associou a hiperatividade ao aspecto motor da consciência, assim essas funções perturbadas são as mesmas as quais Freud atribuiu à inibição, desta forma encontramos aqui um modo para começar a pensar a esclarecer o TDAH, seria este pensamento pela inibição, percebemos que essa vinculação não é feita pela psiquiatria (MATOS, 2013). Começamos então a entender sobre a psicopatologia clássica a fim de esclarecer como se trata o pensar mais que um transtorno, mas como também a respeito da função que é perturbada por tal transtorno, a consciência.
Fonte: https://goo.gl/z9ghbd
Define-se a consciência de forma clássica como a junção de dois vocábulos latinos: cum (com) e scio (conhecer), indicando o conhecimento compartilhado com outro e, por extensão, o conhecimento “compartilhado consigo mesmo.” Já na língua portuguesa, a palavra consciência tem três diferentes definições: A primeira pela neuropsicologia define consciência no sentido de estado vígil, para consciência é fundamental estar desperto, acordado, lúcido, ou seja, um nível de consciência. Na segunda temos a definição psicológica, onde a conceitua como soma total das experiências conscientes de um determinado momento pelo indivíduo, é a dimensão subjetiva da atividade psíquica que se volta para a realidade, relação do Eu como o meio, é a capacidade de entrar com a realidade, perceber e conhecer seus objetos. E por último a definição ético-filosófica, usada com mais frequência na ética, filosofia e direito, aqui se refere à consciência a capacidade de tomar ciência de seus deveres éticos e assumir seus direitos. Tratando-se da consciência moral e ética (DALGALARRONDO, 2008).
Quanto à atenção a definimos como a direção da consciência, conjunto de processos psicológicos que torna o indivíduo capaz de selecionar, filtrar e organizar informações significativas. Já com as anormalidades da atenção encontramos a hipoprosexia que se relaciona com a perda básica da capacidade de concentração e fragilidade quanto à percepção de estímulos ambientais. Encontramos também a hiperprosexia a qual consiste em um estado exacerbado de atenção somente em algum estímulo, tais transtornos podem ser encontrados em pessoas com transtorno de humor, obsessivos compulsivos e esquizofrênicos (DALGALARRONDO, 2008).
Torna-se perceptível que toda essa alteração na capacidade de estado vígil, tanto em aumento quanto em diminuição altera-se também a percepção de tempo cronológico, uma vez que altas e baixas perdas de concentração implicam-se a falta de ordem temporal e espacial, tais eventos ficam perceptíveis no ambiente a partir que consciência é afetada (MATOS, 2013).
Diante disso, precisamos estar atentos aos sintomas do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade que provavelmente pode começar na vida escolar, falta de concentração na escola, percepção de ordem espacial e temporal afeta também na vida das crianças que são diagnosticadas, por isso é importante o acompanhamento diário dos pais na vida e no desenvolvimento das crianças, para estar atentos aos sintomas, que quanto mais cedo forem percebidos melhor para iniciar o tratamento o quanto antes.
Fonte: https://goo.gl/tP6Y7W
No TDAH, o marcante é a dificuldade de prestar atenção a estímulos internos e externos, sentem dificuldades em organizar e planejar tarefas, como também controlar seus comportamentos e impulsos. Crianças com TDAH têm dificuldades na filtragem de estímulos irrelevantes, embora questionasse aqui se essa filtragem é ou não o principal problema das pessoas com TDAH (DALGALARRONDO, 2008).
Se compararmos os modos de vida de indivíduos contemporâneos aos sintomas do TDAH, iremos identificar semelhanças quanto ao modo acelerado de fazer as coisas, a falta de envolvimento com tarefas dentre tantos outros. Se estas são características de crianças e adolescentes com TDAH podem identificar também hiperatividade, desatenção e impulsividade em pessoas que não são diagnosticadas com TDAH (ARAÚJO, 2015). Entende-se que o TDAH é uma forma que expressa um adoecimento manifestando múltiplas variáveis e que ainda não são tão claras. Se os sintomas que caracterizam a patologia são ditos normais encontrados em outras pessoas, então o que separa o normal do patológico não são os aspectos qualitativos e sim a intensidade em que se apresentam.
Em busca de aprimorar conhecimentos, conhecer a história de vida e todo contexto familiar e social de uma criança ou adolescente, a psicopatologia fenomenológica busca ir ao contrário de julgamentos pré-estabelecidos, desta forma procura aproximar a experiência de vida do indivíduo. Tal postura fenomenológica compreende a genética dos fenômenos psicopatológicos não se restringindo a descrição, mas buscando aspectos construtivos a fim de aproximá-los, é ir além do que ser observável (ARAÚJO, 2015).
Muitas vezes, a certeza de um diagnóstico é formada de modo prematuro, não havendo tempo para um olhar mais global, que considere os seus aspectos biológicos, psicológicos, sociais, culturais, históricos e políticos, dentre outros, que se apresentam entrelaçados no fenômeno psicopatológico, Araújo (2015).
Como a característica marcante de uma criança com TDAH é a impulsividade por estar em movimentação corporal durante uma execução de uma atividade, a criança responde aos múltiplos estímulos ambientais, sem selecionar com consciência entre tarefa e ação/objeto. Isso revela uma desarmonia entre o sentir, pensar e agir. Na Gestalt o contato e a awareness formam o eixo básico para ser compreendida esta forma de pensar, agir e sentir. A awareness trás o significado e sentido desta experiência, contato então é o processo psíquico ou comportamental por onde o indivíduo fará relação consigo e o outro (ANTONY; RIBEIRO, 2004).
O caminho da saúde é o resgate da consciência sobre o seu corpo, pensamentos e sentimentos, de forma a tornar-se uma presença consciente. Aprender a assumir responsabilidade sobre suas ações e escolhas. Ser capaz de criar metas e reconhecer limites para dar sentido a sua existência. Exercer a auto-regulação de forma consciente para poder hierarquizar as suas necessidades e se ajustar criativamente ao meio. O TDAH vem anunciar a totalidade da condição humana que está inserida em uma totalidade mais ampla que forma a realidade holística relacional. O TDAH está nas crianças assim como está no mundo com seu ritmo acelerado, retratando a desatenção humana e a inquietação ansiosa presentes na sociedade moderna. O todo está nas partes e a parte está no todo. Somos a sociedade que produzimos e que nos produz. O TDAH é colocado totalmente no domínio da patologia, o que não é correto. Há talentos oriundos dessa alta excitabilidade – a intuição, a criatividade, a afetuosidade, a vitalidade – que devem ser sobrepostos aos supostos déficits, Antony e Ribeiro (2004).
Portanto, é preciso haver a consciência do seu corpo e seus pensamentos e sentimentos para que no caminho da saúde haja o que chamamos de tornar-se uma presença consciente. Poder criar metas, e tornar-se responsável pelas suas escolhas para que sua existência tenha um sentido. Exercendo a sua autorregulação, e tornando como prioridades as suas necessidades e ir se ajustando criativamente ao meio em que vive. Por conseguinte o TDAH vai estar presente na vida dessas crianças assim como o mundo está dentro delas, e por isso seremos frutos do que produzimos na sociedade e o que ela produz em nós.
Fonte: https://goo.gl/xhPHmL
As principais características de que uma criança pode estar com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade é a inquietação, por exemplo, professores direto acabam lidando com crianças que não conseguem ficar quietas por muito tempo em sala de aula, questionamentos exagerados, quando a criança faz perguntas frequentes, crianças que não conseguem prestar atenção na metodologia da aula, ou seja, da didática aplicada pelo professor, acaba se distraindo facilmente, não ter paciência para estudar, e a criança também acabar fazendo mais esforço do que os colegas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final de toda pesquisa podemos descrever que o TDAH é visto como uma excitação de alto nível do organismo e suas funções emocionais se eleva pela mudança de altos e baixos, vivenciando o mundo e respondendo com hiperatividade. Com diagnósticos muitas vezes mal elaborados descrevem qualquer mudança de comportamento em crianças ou adolescentes como TDAH.
As crianças hiperativas vão ter dificuldades em se adequar em determinados contextos como nas escolas, por exemplo, onde os profissionais educadores terão que analisar como é o processo de aprendizagem da criança e de forma flexível e criativa criar atividades onde a criança consiga aprender da forma como ela consegue, ou seja, adaptar atividades da escola de acordo com a forma que ela consegue aprender, visando também suas habilidades onde possui talento, não somente focando em suas deficiências. Em casa também há um grande desafio para os pais em se adaptar ao desenvolvimento da criança, então é importante que ao dar informações e instruções que sejam pequenas e abreviadas, fazer com que a criança reforce o que foi dito ou educado, destacar e trabalhar com a criança mais suas habilidades do que as suas dificuldades (ANTONY; RIBEIRO, 2004).
As relações que acercam o modo em que é tratada por família, amigos e sociedade devem estar de acordo com o que essas crianças necessitam; muitas vezes por termos preconceitos culturalmente estabelecidos, pela forma que enxergamos superficialmente essas crianças, tal ato nos impede de ter um olhar diferenciado e tratá-las de forma mais amável e respeitosa. Não é fácil lidar com crianças que fogem dos padrões estabelecidos pela sociedade, porém se faz necessário que tenhamos esse olhar diferenciado, pois enquanto psicólogo fenomenológico esse é nosso papel, enxergar no outro potencialidades.
Fonte: https://goo.gl/4h9i1K
Desse modo, crianças com o transtorno de hiperatividade precisam ser trabalhadas para que tomem consciência de si, das suas necessidades e as do meio em que vivem, a todo o momento buscando se ajustar criativamente de forma que a ajude no seu progresso, ou seja, no seu desenvolvimento.
Buscar um diagnóstico tardio é capaz de ocasionar falhas relevantes no processo de aprendizado e matemática o que geralmente acarretará complicações na vida escolar da criança. Dentro do ambiente escolar é preciso que os educadores saibam conhecer o diagnóstico para identificar se a criança está devidamente medicada. É preciso também que haja uma metodologia mais interessante, onde o tom de voz seja de forma que a criança entenda, para que ela se sinta compreendida e reconhecida pelo desenvolvimento da sua aprendizagem.
REFERÊNCIAS
ANTONY, Sheila; RIBEIRO, Jorge Ponciano. Hiperatividade: doença ou essência um enfoque da gestalt-terapia. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 25, n. 2, p.186-197, 30 jun. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932005000200003&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 29 mar. 2018.
ARAÚJO, Juliana Lima de. Fenomenologia do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) em Adolescentes. 2015. 185 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Psicologia, Universidade de Fortaleza – Unifor, Fortaleza, 2015.
ANTONY, Sheila; RIBEIRO, Jorge Ponciano. A Criança Hiperativa: Uma Visão da Abordagem Gestáltica. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, v. 20, n. 2, p.127-134, ago. 2004. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ /ptp/v20n2/a05v20n2.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2018.
ABDA. O QUE É TDAH. Abda-associação Brasileira do Déficit de Atenção, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://tdah.org.br/sobre-tdah/o-que-e-tdah/>. Acesso em: 23 abr. 2018.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. 2. ed. São Paulo: Artmed, 2008.
MATOS, Roberto Pires Calazans. Elementos para entender o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade – TDAH. Estilos da Clínica, Minas Gerais, v. 18, n. 2, p.342-357, ago. 2013. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-71282013000200009>. Acesso em: 29 mar. 2018.
HOLANDA, Adriano. Saúde e Doença em Gestalt-Terapia: Aspectos Filosóficos. Estudos de Psicologia, Florianópolis, v. 15, n. 2, p.29-44, out. 1997. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v15n2/02.pdf>. Acesso em: 29 mar. 2018.
MACHADO, Adriana Marcones. Os psicólogos trabalhando com a escola: Intervenção a serviço do quê?( 2013, pag. 771),
MUNHOZ, Dés Bertran. Revisão de literatura das psicoterapias para crianças e adolescentes com Déficit de Atenção e Hiperatividade, TDAH./ Déa Bertran Munhoz; orientador Andrés Eduardo Aguirre Antúnez. São Paulo, 2011.
ANGELUCCI, Carla Biancha. Por uma clinica da queixa escolar que não reproduza a lógica patologizante.(Pag. 354).
LEANDRIN, kizzy Domingues,SARETTA Paula. Atendimento em grupo de crianças com queixa escolar: Possibilidades de escuta, trocas e novos olhares,(pág 381).
SENO, Marília Piazzi. Transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TDAH): o que os educadores sabem? Revista Psicopedagogia, São Paulo, v. 27, n. 84, p.334-343, 2010. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862010000300003>. Acesso em: 23 abr. 2018.
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Ligas Acadêmicas complementam estudos
21 de fevereiro de 2018 Laryssa Nogueira dos Anjos Araújo
Notícias
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As ligas acontecem de 15 em 15 dias, nas quintas-feiras no Ceulp/Ulbra de 17h às 18h
Recentemente aconteceu a abertura oficial das Ligas Acadêmicas do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra. No evento houve apresentação dos professores supervisores, do material e cronograma de cada uma das LIGAS ofertadas neste semestre de 2018.1. São elas: Fenomenologia, Análise do Comportamento e Psicanálise.
Inscritos na Liga de Análise do Comportamento. Foto: CA de Psicologia
Gisele Cerezoli – diretora do Centro Acadêmico de Psicologia – explica que “as Ligas Acadêmicas são um projeto promovido pelo Centro Acadêmico com a finalidade de oferecer um espaço para o acadêmico poder se aprofundar na teoria pretendida”.
Inscritos na Liga de Psicanálise. Foto: CA de Psicologia
A Liga de Análise do comportamento contará com a supervisão da professora Dra. Ana Beatriz Dupré, enquanto que a de Fenomenologia será supervisionada pela professora MsC. Carolina Cótica e a de Psicanálise pela professora Me. Muriel Correa.
Inscritos na Liga de Fenomenologia Existencial. Foto: CA de Psicologia
Os encontros acontecerão de 15 em 15 dias, nas quintas-feiras, de 17h às 18h. Além disso, os trabalhos serão finalizados dentro da programação da 2ª edição do CAOS (Congresso Acadêmico dos Saberes da Psicologia) no dia 24 de maiode 2018. E cada liga tem como carga horária 20 horas de atividade de extensão, com direito a certificação. (Com informações da Liga Acadêmica)
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Estudo de Caso: a fenomenologia-existencial e o silêncio em adolescentes
O presente trabalho objetiva apresentar as formas com as quais o psicoterapeuta que atua na abordagem fenomenológico-existencial pode lidar com a dificuldade de expressão verbal do adolescente em processo terapêutico, ou seja, o silêncio, onde nem mesmo contato visual é estabelecido. Compreendendo assim, por meio dos pressupostos teóricos fenomenológico-existenciais humanistas, no que consiste a utilização da empatia, congruência, a aceitação positiva incondicional, de como podemos acolher a maneira de ser-existir, que o adolescente encontrou de se mostrar para o mundo, compreendendo seu embotamento e retraimento como uma forma de expressar seus conflitos e experiências existenciais.
A fenomenologia-existencial surge como a terceira força dentro da psicologia é basicamente influenciada pelos pensamentos filosóficos visando, portanto, abordar o fenômeno como ele se apresenta, ou seja, o sujeito em sua atual experiência vivencial, diante de suas dificuldades e conflitos (ARAÚJO, 2010).
“A fenomenologia é a ciência que procura abordar o fenômeno, aquilo que se manifesta por si mesmo. Ela tem a intenção de abordá-lo, interrogá-lo, procurando descrevê-lo e tentando captar sua essência. Ela estuda o fenômeno tal qual ele se apresenta a consciência. O método fenomenológico consiste numa descrição sistemática dos fenômenos até chegar a sua essência, ao ponto final e irredutível da percepção” (ARAÚJO, 2010, p. 2).
Torna-se necessário para o psicoterapeuta existencial, saber reconhecer que cada ciclo da vida acarreta suas dificuldades, para que assim a psicoterapia possa atender com total competência não apenas as queixas explícitas do seu cliente, mas sim acolhê-lo em sua completude existencial. Ou seja, o foco da psicoterapia existencial seja que o cliente experimente sua existência como real, tornando-se apto para suas potencialidades e assim saber agir sobre elas (GOMES; CASTRO, 2010).
Fonte: http://zip.net/bntL4V
Partindo dessa breve introdução nos atentaremos a descrever sobre o caso clínico de adolescente de 14 (quatorze) anos com dificuldades em verbalizar tanto em processo terapêutico como fora dele, tendo características estabelecidas de dificuldades de locomoção, rigidez, embotamento afetivo. Também descrevemos sobre o papel do terapeuta em sua abordagem fenomenológico-existencial, a postura clínica diante do silêncio em psicoterapia, considerando a adolescência como um período de crises e que muitas vezes podem se tornar patológico.
Método
O trabalho se desenvolveu em uma clínica-escola de Psicologia em uma universidade na cidade de Palmas – TO, iniciando no mês de agosto e se prolongando até o mês de outubro, no ano de 2016. Foram realizadas seis sessões de psicoterapia individual com duração de 50 (cinquenta) minutos cada, onde seguem a abordagem teórica embasada na técnica não diretiva das correntes fenomenológico-existenciais, que por sua vez são supervisionadas semanalmente.
Fonte: http://zip.net/bftNsz
A não diretividade utilizada nessa corrente teórica psicológica baseia-se no sentido de que o cliente tem direito sobre suas escolhas, sejam elas compatíveis ou não com a do profissional que lhe acompanha (AGUIAR, 2005). Para dar melhores condições ao atendimento foram utilizados de recursos lúdicos como jogos, papeis, canetas, lápis de cor, alguns tipos de brinquedos (família terapêutica, carrinhos), como meio de estabelecer contato/comunicação com o adolescente.
Apresentação do Caso
Adolescente, P.V (nome fictício), do sexo masculino, 14 anos e estudante, reside com os pais e mais três irmãos, configurando-se como uma família humilde e de baixa escolaridade. A mãe e a avó do adolescente procuraram o serviço psicológico na clínica-escola, pois segundo relato de acolhimento de ambas há cerca de oito meses o garoto apresenta comportamentos inadequados. Segundo a mãe, desde pequeno P.V sempre foi quieto e calado, porém nos últimos meses seu silêncio e apatia vêm deixando a família preocupada.
Ainda segundo relato da mãe, antes de se instaurar o quadro de queixas atuais, o adolescente era muito irritadiço, agressivo e ansioso, demonstrando-se desta forma sendo agressivo com os familiares, a partir desses comportamentos que a mãe resolve procurar ajuda profissional.
No ambiente escolar também existe queixas quanto ao seu comportamento, professoras relatam a pouca interação com o restante da classe, só verbaliza quando lhe é questionado algo, poucas vezes faz as atividades espontaneamente, porém não apresenta nenhum déficit de aprendizagem que seja relevante, considerando a situação em que o adolescente se encontra.
Atualmente o adolescente poucas vezes verbaliza em ambiente familiar, sempre se mantém de cabeça baixa, não manifesta nenhum contato visual, físico e afetivo com qualquer outra pessoa, em alguns momentos ocorre a diminuição do apetite, preferindo manter-se isolado de todos.
Anteriormente a ida ao psicólogo, P.V foi levado ao médico, devido às manifestações físicas de quadros prolongados de constipação intestinal, recusa a alimentação e dores no corpo. Diante do grau apresentado de abatimento físico e psíquico do adolescente, logo foi encaminhado ao atendimento psiquiátrico para averiguar outras demandas, como o quadro severo de embotamento, retraimento e não verbalização. Atualmente está utilizando o medicamento rispiridona prescrito pelo psiquiatra com o intuito de auxiliar em seu tratamento e que segundo a mãe, a medicação traz uma melhora no seu estado de ânimo, deixando um pouco mais acessível.
Já em acompanhamento psicológico, P.V está sendo trazido pela mãe, uma vez por semana para a psicoterapia individual. O adolescente comportou-se de maneira rígida, apática, com dificuldades de locomoção, sem verbalização e sem contato visual. As poucas vezes que se obteve algum contato com o garoto, foi por meio de perguntas diretas, onde ele respondia apenas gesticulando a cabeça com “sim” ou “não”. O tratamento tem como objetivo inicial, a compreensão de tal silêncio e embotamento como forma de se apresentar ao mundo e como isso pode está sendo visto como forma de enfrentar vida, e assim auxiliar por meio dos recursos não diretivos a sua melhoria, tanto psíquica como física.
Fonte: http://zip.net/bntNCY
Após alguns atendimentos com P.V sem muitas evoluções significativas, a mãe foi chamada novamente para uma sessão, tendo como objetivo conhecer o ambiente familiar e o atual contexto que o adolescente se encontra. A mãe relatou brevemente sobre o desenvolvimento do filho fazendo sempre uma comparação com os demais filhos, que se segundo ela se desenvolveram normalmente.
A responsável narrou também sobre a sua própria história de vida, contanto sobre episódios de violência doméstica por parte de seu padrasto quando ela – a mãe – ainda era adolescente. Conta ainda sobre seu casamento com o pai de P.V e o período que ele ficou fora de casa, relatando como um período complicado de sua vida. Ao falar sobre o marido, o pai de P.V, a mãe não se delonga muito em ressaltar sua participação na vida do filho adolescente, narrando com certo desconforto sobre a relação dos dois, e descreve que desde que P.V tem demonstrado tais comportamentos o pai se afastou bastante do filho.
Após o atendimento com a mãe ter sido enfatizado nos aspectos familiares, P.V teve duas faltas consecutivas, a primeira justificada pela mãe, devido problemas no trabalho, a segunda sem nenhuma satisfação. A estagiária retornou as ligações em busca de compreender tais faltas, porém não conseguiu contato com os responsáveis. Diante dos fatos e seguindo regras da clínica-escola, o cliente foi desligado do serviço psicológico tendo alcançado apenas seis encontros com a psicóloga estagiária.
A clínica fenomenológica-existencial e o atendimento com adolescentes
A formação em Psicologia Clínica perpassa por muitas inseguranças e modificações para lançarmos o nosso olhar sobre o outro, sabemos que muitas vezes o senso comum vê a atuação clínica como algo curativo, que pode proporcionar a diminuição total do sofrimento do sujeito e que coloca o terapeuta em uma posição onipotente. Sabe-se que não é bem assim, e para evitar tais pensamentos enquanto profissionais, especificamente da perspectiva existencial, deve-se dedicar a compreender o adoecimento e o sofrimento de cada sujeito, não lhes assegurando uma cura, mas uma tomada de consciência sobre sua real existência.
A clínica psicológica dentro dessa abordagem existencial propõe a respeitar todas as experiências do cliente e a sua autonomia para dar novo sentido a sua história de vida, sendo que para isso, o terapeuta deve ir além do ouvir as palavras ditas, utilizando-se da escuta ativa e empática para chegar ao significado contextual e simbólico do que está sendo dito pelo cliente. Para tornar mais sintetizado, o terapeuta se coloca em uma postura de facilitador das expressões de seu cliente, para isso não se utilizando da interpretação, mas sim, da compreensão existencial imediata do cliente (GOMES; CASTRO, 2010).
Sabe-se que em psicoterapia a maior ferramenta de trabalho é a fala, porém quando não possuímos essa atitude do cliente deve-se notar que a comunicação não é apenas verbal, podendo ser expressa também de um modo não-verbal onde o “falar” pode se ter um sentido mais amplo, em apenas “comportar-se”.
Mesmo se terapeuta e paciente iniciam a terapia pela fala, muitas mensagens são transmitidas de forma não verbal ao longo do processo, e cada um, paciente como terapeuta, aprende a “ler” e interpretar a linguagem silenciosa do outro no diálogo terapêutico. (FIGUEIREDO, 2005, p.32).
Miranda e Freire (2012), em seu artigo sobre comunicação terapêutica, nos traz um pensamento do próprio Rogers, que em seu livro “Tornar-se Pessoa” (1961-1997), relata seu entendimento sobre as maneiras de se comunicar, nos dizendo que, normalmente uma pessoa desajustada possui muitas dificuldades em falar, pois rompeu a comunicação consigo mesmo sendo, portanto o resultado disso o prejuízo com a comunicação com os outros.
Com base nos fundamentos teóricos sobre fenomenologia-existencial, considera-se que existencialmente a fase da adolescência e puberdade se configura em um modo de existe totalmente desconfortável. As cobranças familiares, sociais dentro desse processo acarretam diversas formas de sofrimento ao sujeito em transição, tanto no que se refere ao corpo físico, sua maneira de comportar e pensar, ou seja, percebe-se um verdadeiro conflito existencial (FERREIRA; ANASTÁCIO, 2012).
Fonte: http://zip.net/bltM22
É importante ressaltar antes de tudo que a adolescência por si só já se caracteriza como uma fase crítica e complexa no desenvolvimento humano, pois exige do sujeito que não é mais criança e ainda também não se reconhece como adulto, algumas atitudes, decisões, escolhas muito severas e até mesmo definitivas. Por isso torna-se necessário um contato mais sensível, sem cobranças e imposições para que o tratamento seja bem aceito pelo cliente (MIRANDA, 2012).
A falta de compreensão dessa fase do ciclo vital pode deixar as condições existenciais ainda mais densas e insuportáveis, fazendo com o jovem se feche completamente para o mundo exterior, silenciando seu sofrimento de maneira patológica. Tomamos uma definição de Silva et.al (2011), onde a autora considera as teorias de Piaget sobre o desenvolvimento humano, nos relatando que a adolescência é uma fase que se manifesta logo após a infância e antecede a juventude, momento de total insegurança, instabilidade e questionamentos. Caracterizando-se por uma intensa busca de si mesmo, encontrando-se constantemente com crises e contradições, além disso, os familiares, amigos e até mesmo a sociedade se prejudica com tal situação.
De alguma maneira a palavra adolescência nos remete a uma forma de adoecer e de sofrer, podemos confirmar tal pensamento tomando as ideias de Jerusalinsky (2004) quando ele fala sobre adolescência e contemporaneidade, relatando que o sofrimento pela falta da proteção da infância passa a se tornar uma exposição, exposição essa que por sua vez causa sofrimento e sentimentos de desamparo e angústia.
Diante de tais sentimentos nessa fase, é que de alguma forma o sofrimento psíquico vai se instalando de forma gradual, em nosso estudo de caso especificamente observamos uma maneira de se mostrar para um mundo em que o silêncio foi única saída para tais sensações de exposição.
O quadro de embotamento e o silêncio pode ser um comportamento apresentado por muitas pessoas com o intuito de fugirem do mundo externo e de suas experiências. Sabemos que o ser humano é afetivo e que precisa dessas manifestações para conviver de maneira saudável. Partindo-se da conceituação de afetividade descrita por Ballone (2005), para compreender melhor a sua importância. Portanto afetividade é como uma energia capaz de impulsionar o indivíduo para a vida, como uma energia psíquica dirigida ao relacionamento do ser com sua vida, como o humor necessário para valoração das vivências.
Quando essa energia já não é mais suficiente, nos deparamos muitas vezes com quadros graves de doenças psicológicas como a depressão, ou seja, a falta de vontade de enfrentar a vida é maior do que vontade de expressar seus conflitos e problemáticas a serem melhoradas. É por meio do se manter calado que sujeito, neste caso o adolescente, vai “enfrentando” as vicissitudes do seu processo de desenvolvimento (JERUSALINSKY, 2004).
O silêncio psicoterapêutico como manifestação do sofrimento
É recorrente ouvir-se falar sobre como o silêncio em psicoterapia se torna um momento angustiante, principalmente para o terapeuta em formação, que está em processo de estágio e que diante disso muitas vezes acredita não estar fazendo um bom trabalho. Como terapeutas existenciais entende-se o quão importante é a fala no processo de trabalho terapêutico, porém em alguns casos deparamos com a ausência dessa manifestação verbal e a partir daí temos uma nova forma de entrar em contato com o fenômeno, ou seja, por meio da compreensão empática dos comportamentos não verbais.
“É preciso salientar que o terapeuta deve examinar e apreender a linguagem verbal e não verbal do cliente, sempre baseado no contexto. Nas palavras de Erthal (1995), o silêncio, a imobilidade ou qualquer outra forma de renúncia já em si uma comunicação” (ALMEIDA; NETO, 2012). De frente a tal dificuldade é necessário um olhar mais compreensivo do que interpretativo, e dar consciência ao cliente sobre essa experiência de se calar. Fazemos isso por meio de intervenções mais assertivas, ou seja, fazer com o que o cliente perceba os seus comportamentos, sinalizando para ele suas condutas e a sua forma de comunicação não verbal.
No caso clínico descrito nesse trabalho, o adolescente se recusa não apenas a se expressar, a sua recusa esta estabelecida também diante dos contatos afetivos e sociais, na sua alimentação, no seu modo de andar. Torna-se complexo para esse sujeito, colocar para fora, de modo literal, todas suas manifestações, a sua forma de existir consiste em está totalmente voltado para dentro, onde o mundo exterior não é aceito.
Fonte: http://zip.net/bjtNsS
Em busca dessa compreensão utilizamos do conceito da redução fenomenológica, ou seja, entrar em contato com o que é observado no fenômeno de maneira limpa, sem se utilizar de qualquer juízo de valor (époche), para dar significado às experiências do cliente (HOLANDA, 1997). Nesse sentindo a redução é observar o fenômeno do silêncio e apreender para além do não é dito, é considerar que sua totalidade existencial que vai além de uma hipótese diagnóstica e interpretativa e sim lançando um olhar para o sujeito integral que está em terapia.
Outra característica expressa por esse adolescente está em estabelecida por meio de um embotamento severo, onde o contato afetivo e social está sendo negado pelo sujeito, suas experiências estão se voltando para um mundo interno, impossibilitando o acesso do terapeuta por meio da fala. Tornando-se apenas possível estabelecer o contato e possível vínculo, por meio de perguntas diretas e objetivas, sendo correspondidas com “sim” ou “não” expresso por movimentos com a cabeça. Mediante isso, o papel do terapeuta é assinalar para o cliente que essa foi a maneira encontrada para lidar com o vazio.
Enquanto psicólogos clínicos existenciais, devemos compreender que cada sujeito vê grandes obstáculos em sua existência, cabendo a nós auxiliá-los a enxergar a vida como algo possível e real, fazendo isso por meio da tomada de consciência. E que em alguns momentos o calar-se não é um ato de covardia, mas sim de luta, muitas vezes contra si mesmo. Portanto, cabe a nós como profissionais aprendermos a lidar com o nosso próprio silêncio para que o processo terapêutico se torne um espaço em que possamos ouvir para além do que é dito, um espaço de acolhida, mesmo que a princípio não seja manifestado nenhuma fala.
Considerações Finais
Partindo das considerações expostas sobre o caso clínico, do papel do terapeuta que utiliza da abordagem fenomenológica-existencial diante do silêncio manifestado em psicoterapia, nos resta compreender que em qualquer problemática encontrada dentro da terapia existencial, torna-se necessário a aceitação do sujeito como ele se apresenta no momento imediato, ou seja, no aqui-e-agora, acolhendo o seu modo de se expressar pelo silêncio.
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Com relação ao desligamento do caso torna-se importante pensar que não se trata de uma falha ou incapacidade do terapeuta em se vincular ao cliente ou vise e versa, em muitos casos a não adesão ao tratamento – principalmente em caso de menores de idade – a dificuldade de aceitar uma intervenção profissional parte dos pais ou responsáveis. Diante disso cabe ao terapeuta considerar as circunstâncias e entender que a percepção fundamental sobre o tratamento cabe ao cliente e não ao profissional, a escolha e responsabilidade sobre a terapia e dele e não nossa (AGUIAR, 2005).
O psicólogo tomando o seu papel de facilitador tem como função dar luz à consciência do cliente, dando meios para que a sua existência tome forma e sentindo, possibilitando uma nova perspectiva de ser e principalmente exaltando as suas potencialidades diante dos conflitos existenciais. Para que isso seja efetivado se torna necessário uma postura ativa e empática, compreendendo o contexto simbólico do que esta sendo expresso pelos comportamentos e pela forma que o cliente encontrou de ser no mundo.
REFERÊNCIAS:
AGUIAR, Luciana. Gestalt- Terapia com crianças: teoria e prática. São Paulo: Summus. 2005.
ARAÚJO, Ariana Maria Leite. O diagnóstico na abordagem fenomenológica-existencial. Revista IGT na Rede. v.7, n.13,p. 316-323, 2010. Disponível em: <www.igt.psc.br/ojs/include/getdoc.php?id=1678&article=289&mode=pdf>. Acesso em: 19 setembro 2016.
FIGUEIREDO, Evelyne Fauguet. Vínculos e Psicoterapia: a linguagem silenciosa. 2005. 55f. (Monografia em Psicologia) – Centro Universitário de Brasília, Brasília.2005.
GOMES, Willian Barbosa; CASTRO, Thiago Gomes. Clínica Fenomenológica: Do método de pesquisa para a prática psicoterapêutica. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Porto Alegre, v.26, n. especial, p. 81-93, 2010. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/ptp/v26nspe/a07v26ns.pdf>. Acesso em: 19 setembro 2016.
HOLANDA, Adriano. Fenomenologia, psicoterapia e psicologia humanista. Estudos de Psicologia. São Paulo, v.14, n.2, p. 33-46, 1997. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/estpsi/v14n2/04.pdf>. Acesso em: 21 setembro 2016.
JERUSALINSKY, Alfredo. Adolescência e Contemporaneidade. In: Conversando sobre adolescência e contemporaneidade. Porto Alegre: Libertos, 2004.p. 54-65.
SILVA, Paulo Sérgio Modesto; VIANA, Meire Nunes; CARNEIRO, Stania Nágila Vasconcelos. O desenvolvimento da adolescência na teoria de Piaget. O Portal dos Psicólogos. p.1-13 2011. Disponível em: <http://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0250.pdf>. Acesso em: 20 setembro 2016.
A Gestalt-terapia é um modo de exercer psicoterapia através de uma maneira cientifica dinâmica e artística. Idealizada nos anos 50 por Fritz S. Perls. Busca dar ao individuo meios precisos para seu desenvolvimento e compreender a forma como o homem inter-relaciona-se com o mundo.
Nessa vertente, Perls considera que a Gestalt-terapia é uma abordagem psicoterápica que procura ver o homem como um todo. Fazendo com que o individuo empregue suas emoções, sentimentos e sensações, além das funções cognitivas (PERLS, 1997).
De acordo com Loffredo (1994, p.74)
Nesta filosofia está a concepção de homem, das relações humanas e , dela oriunda, da relação terapeuta é cliente que fundamentam a Gestalt-terapia, proporcionando uma estrutura de conjunto, formando um Gestalt, pois um leque só é montado através do ponto comum que une os segmentos.
E continua,
A Gestalt-Terapia é uma modalidade de psicoterapia existencial, enquanto uma forma característica de reflexão sobre a existência humana. Tem em comum, com as outras da mesma linhagem, a concepção do homem com o ser-no-mundo, como ser-em-relação, numa dialética na qual cria e é criado nesta relação, num vir-a-ser, que nunca se completa, um movimento continuo alimentado por um conjunto de potencialidades, sempre em aberto, que caracteriza o eterno projeto que é o existir humano (1994, p.74).
Portanto, essa abordagem se apresenta como uma maneira de vivenciar o aqui- e-agora e Perls considera necessário focalizar no que está perto, no presente. O que vivenciam no presente serão visíveis elementos do que possa lidar com o novo. Para a Gestalt terapia, o individuo está em processo de desenvolvimento e crescimento do potencial humano, que só será ampliado através da integração. É vista como a terapia do contato, onde considera que o individuo se encontra em iteração o tempo todo com o meio que está inserido. Havendo êxito da forma de viver, evitando adoecimento existencial. É importante enfatizar que só ocorrera mudanças, quando o indivíduo se torna consciente das suas escolhas, para possíveis mudanças , alcançando seu equilíbrio, e tornando suas escolhas reais e necessárias a partir do contato.
Gestalt-Terapia, embora formalmente apresentada como um tipo de psicoterapia, é baseada em princípios que são considerados como uma forma saudável de vida. Em outras palavras, é primeiro uma filosofia de vida, uma forma de ser, e com base nisto, há maneiras de aplicar este conhecimento de forma que outras pessoas possam beneficiar-se dele. Gestalt-Terapia é a organização prática da filosofia da Gestalt. Felizmente o gestalt-terapeuta é antes identificado por quem ele é como pessoa, do que pelo que é ou faz. (Perls, op.cit, p. 14).
As abordagens da psicologia veem os sonhos de maneiras diferentes, cada uma interpreta e utiliza de forma diversa na psicoterapia. As principais abordagens que teorizam sobre eles são a psicanálise, a psicologia analítica, a gestalt, o behaviorismo e a cognitiva.
De acordo com Zimermam (2008), Freud foi o primeiro cientista a dar dimensão científica ao entendimento dos sonhos. Aires (2011) afirma que a psicanálise vê o sonho como um texto a ser decifrado e utiliza-se da ideia de que esses conteúdos envolvem signos e significações complexas que podem ser reveladas com a técnica analítica. Para Freud (1900), os sonhos possuem um sentido e são realizações de desejos, além de ser uma forma de acesso ao inconsciente.
Na psicanálise contemporânea, se considera que os sonhos podem significar uma realização de desejo, todavia, isso não é o principal, pois para os analistas o surgimento de sonhos no paciente em períodos do processo analítico, mostra que a “mente do paciente está, trabalhando”. O analista também preocupa-se em conhecer o que determina um sonho específico, as conexões entre os sonhos sonhados em uma mesma noite, em busca de significações das angústias (ZIMERMAN, 2008). A interpretação permite encontrar o sentido de um sonho percorrendo o caminho que leva do conteúdo manifesto aos pensamentos latentes, pois, o que se interpreta é o relato do sonho. (GARCIA-ROZA, 2009).
Na psicologia analítica de Jung (1997, p. 26) “os sonhos são o mais fecundo e acessível campo de exploração para quem deseje investigar a faculdade de simbolização do homem”. Ele afirma que o sonho possui uma função complementar na constituição psíquica, trata-se de tentar restabelecer a balança psicológica, produzindo um material que reconstitui o equilíbrio psíquico. Ele também acredita que o inconsciente transmite informações através dos sonhos e que para interpretar os sonhos é necessário uma aproximação dele na esfera das mitologias e nas fábulas das florestas primitivas, pois os símbolos oníricos são os mensageiros da parte instintiva da mente humana para a parte racional. O autor ressalta que os símbolos oníricos não podem ser separados da pessoa que sonhou e da mesma forma não existem interpretações definidas para os sonhos, mas é importante saber de algumas generalizações que ajudem a esclarecer alguns materiais dos sonhos. As figuras dos sonhos personificam algum aspecto da nossa personalidade, chamadas por de sombra, anima, animus e Self. um sonho revela o inconsciente sob a forma de imagem, metáfora e símbolo (VON FRANZ, 1988).
Sobre a atuação na clínica Jung (1997) afirma que é muito importante saber se as personalidades do paciente e terapeuta são harmônicas, divergentes ou complementares, pois a análise dos sonhos leva a um confronto entre os dois. Também acredita que assim como os pensamentos conscientes se ocupam do futuro e de suas possibilidades, isso também ocorre com o inconsciente e os sonhos. Isto é possível pois o inconsciente toma suas vontades instintivamente através de formas de pensamento correspondentes, os arquétipos.
De acordo com Von Franz (1997) Jung descobriu que os sonhos dizem respeito à vida de quem sonha e também são parte de fatores psicológicos. Além disso parecem obedecer a uma determinada configuração ou esquema, o processo de individuação. Pois ao se estudar os sonhos e sua sequência, pode-se verificar que alguns conteúdos emergem, desaparecem e retornam. Sonhos que repetem figuras, paisagens ou situações, ao serem analisados, observa-se que sofrem mudanças lentas, porém perceptíveis, que podem acelerar se a atitude consciente do sonhador for influenciada pela interpretação dos sonhos e dos conteúdos simbólicos, ou seja, uma ação de tendência reguladora que gera um processo lento e imperceptível de crescimento psíquico.
Dentro da psicologia comportamental não há muitos estudos sobre os sonhos, porém Skinner levantou algumas questões sobre os sonhos quando escreveu sobre Comportamento Encoberto e Comportamento Verbal. Os comportamentos encobertos, como o sonhar, o pensar, sentir, não são considerados como eventos mentais ou cognitivos, pois uma das principais tarefas do terapeuta comportamental é levar os clientes a perceberem como seus comportamentos encobertos são um dos elos da contingência tríplice a ser analisada, e como eles se relacionam a outros eventos do mundo interno e externo, possibilitando a modificação de seu comportamento (BACHTOLD, 1999).
Para isso é importante o relato verbal, que, por ser influenciado por questões sociais, acaba evidenciando aspectos públicos e não somente privados do indivíduo. Dessa forma, os terapeutas usam estes relatos para uma intervenção que faz uso da interpretação com objetivo de identificar as variáveis sociais dos relatos e conduta que controlam, uma análise do episódio verbal através de perguntas. Ou seja, sonhar é comporta-se, e seu relato, sob estímulos verbais e ambientais, será utilizado para melhorar o autoconhecimento do cliente, numa interação terapeuta-cliente, uma vez que é um importante fornecedor de dados sobre a história do sujeito e permite a este se conscientizar de seu comportamento e do que o controla (BACHTOLD, 1999).
O modelo cognitivo concebe o sonho como dramatização das crenças do individuo sobre si, sobre o mundo e sobre o futuro, o qual está sujeito às mesmas distorções de quando acordado. Ele está relacionado a sua personalidade, as preocupações conscientes são manifestas no sonho e é uma história que pode ser relatada, ou registrada, e discutida com objetivos. Os sonhos podem também ser utilizados com o propósito de confirmação ou refutação de hipóteses diagnósticas, pois seus temas estão correlacionados com categorias diagnósticas, como por exemplo, depressivos relatam sonhos de derrota e coerção. Ademais a maneira como o cliente lembra detalhes e interpreta as memórias do sonho será peculiar e característico de sua personalidade. O trabalho terapêutico com eles pode ser escolhido como estratégia em momentos em que a terapia parece estar estática, ou quando emoções fortes são vivenciadas neles. Serão explorados na interpretação aspectos como: quando ocorreu o sonho, qual era a cena, o que pensou, o que sentiu e o que fez e os personagens envolvidos também serão explorados caracterizando o acesso, experienciação, modificação e ação sobre os sonhos, através de perguntas (SHINOHARA, 2006).
Sob a visão fenomenológica existencial sartriana o sonho não é percebido como um objeto real, mas como irreal e produto da consciência imaginante, criado pela atitude de negação do mundo, produzindo um mundo análogo ao real como enredo, com espacialidade e temporalidade que lhe são próprias. Assim, o terapeuta pode fazer com que o sonhador se aproxime das experiências que são manifestadas no contato com o material onírico, pois a análise do próprio relato é uma maneira de observar elementos importantes sobre a vida do sonhador. A função do analista é auxiliar o paciente a regredir em sua história pessoal até chegar ao sentido do seu projeto inicial. Nesta perspectiva, deixar que o sonho se revele tal como é, trazê-lo para o mundo real, permite a descoberta de outros significados presentes na existência do sujeito (MILHORIM, CASARINI, SCORSOLINI-COMIN, 2013).
De acordo com os autores acima, sob uma ótica Heideggeriana o sonhar é dependente da história de vida do sonhador, é visto também como “uma experiência que depende da continuidade histórica da vida humana, se constituindo como um acontecimento pertencente à própria experiência” (p. 89). O significado e interpretação do sonho estão relacionados ao conteúdo manifesto e o modo como o sonhador se relaciona com isso demonstrará toda a condição existencial deste, sendo necessário para isso, investigar sua vida interior e exterior.
De acordo com Santana (2005), outra teoria que pode auxiliar na interpretação dos sonhos, porém não trata sobre o tema é a Teoria da Subjetividade de González Rey, em que o sonho pode ser visto como expressão da emoção e da produção de sentidos constituídos pela nossa personalidade, que é um sistema dinâmico, em permanente construção relacionada aos contextos sociais e culturais. Dessa forma,
a) o sonho é uma expressão da emoção, b) os sonhos são produzidos a partir dos nossos sentidos, c) a única pessoa capaz de perceber e que pode significar os elementos, e o significado ao sonho é o próprio sonhador; d) o mesmo sonho e o mesmo símbolo sempre terão, em pessoas diferentes, sentidos e significados diferentes; e) as interpretações dos sonhos estão sempre em seguidas transformações e construções, nunca tendo uma compreensão definitiva; e f) cada compreensão do sonho só terá aquele significado para o sonhador naquele momento e configuração de sentido e cultural (SANTANA, 2005, p. 14).
Dessa forma, existem várias formas de interpretar os sonhos de acordo com a abordagem utilizada, mas todas possuem o objetivo de melhor compreender o sujeito de forma que é mais uma técnica utilizada em psicoterapia na busca do conhecimento do sujeito.
No trabalho com os sonhos a pessoa é instruída a recontar o sonho como se ele estivesse acontecendo no presente, ou seja, aqui e agora, este simples artifício de linguagem utilizado pela gestalt terapia coloca a pessoa em contato com o seus conteúdos de uma forma mais energizada para o desenvolvimento do processo. O trabalho com os sonhos consiste r em perceber, com os sentidos, as emoções, o impacto subjetivo das imagens eventualmente encenadas, permitindo experienciar o sonho no aqui e agora (SANTANA, 2014).
Por tratar-se de algo no qual é a criação mais espontânea da pessoa, pois surge sem intenção ou ao menos desejo, ele simplesmente permeia nossos pensamentos, sendo composto pelo sonhador de parte em partes vivencia, experiência, uma junção da memória e realidade, Deve ser entendido como temático em vez de simbólico. A compreensão do conteúdo e dos temas dos sonhos oferece oportunidade para o cliente entender suas cognições e questionar os pensamentos, podendo ter, como resultado, uma mudança afetiva (FILHO, 2002).
Perls (1974, apud FILHO 2002, p. 35) qualifica a gestalt terapia como uma abordagem existencial, dado que não se limita a lidar com sintomas e estruturas de caráter; ocupa-se, em lugar disto, com a existência total da pessoa cujos fenômenos são claramente indícios em sonhos.
A concentração visa o reconhecimento com as possibilidades de identificação com os componentes do sonho onde a pessoa amplia sua percepção a respeito de seu senso de diversidade e descobre algo sobre si mesma.
Os sonhos abraçam muito de nossa existência portanto PERLS desenvolveu algumas formas de trabalho com as mesma,estas permitem a ampliação do senso de diversidade ,ampliando a experiência do eu .a escolha da forma de trabalho depende só do eu . A escolha da forma de trabalho depende do cliente ele deve ser ativo nesse processo especifico e da habilidade de psicoterapeuta.Só se pode trabalhar o que já foi disponibilizado pelo cliente, quando o cliente já desenvolveu awareness (conscientização) de suas coisas no setting terapêutico e sempre a nível sensorial ou de percepção e nunca de ação. Assim, de acordo com Santana (2014, p. 97), sobre a Gestalt Terapia e os sonhos,
são formas de experimentos básicos em GT encenação, dramatização, trabalhos para casa ou outras atividades que promovam a autoconsciência do indivíduo. Na utilização do sonho como experimento, o cliente/paciente poderá falar sobre este, identificando elementos em termos de importância e, isso permitirá que a pessoa assuma a responsabilidade (tomada de responsabilidade individual pela sua própria vida, em vez de culpar os outros) pelos sonhos, aumentando a consciência de seus pensamentos e emoções. O sonho pode ser usado como experimento em GT, a partir do recurso de psicodrama ou monodrama.
A forma de trabalho proposta por PERLS (1997) e a partir da sua visão do sonho como projeção, pontuando que todos os componentes do sonho são representações do sonhador e assim aquele que sonha e auxiliado a representar as partes de seu sonhos de forma ativa no presente, este ponto de partida possibilita na experiência sempre nova e interessante para o psicoterapeuta e cliente.
REFERÊNCIAS
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FILHO, A. P. Gestalt e Sonhos. São Paulo: Summus, 2002.
GARCIA-ROZA, L. A. Freud e o inconsciente. 24.ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
JUNG, C. G. O homem e seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997.
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PERLS, Frederick; RALPH Hefferline; GOODMAN Paul. Gestalt-terapia. Summus Editorial. 1997. Disponível em<https://books.google.com.br/books?id=b9pCM5xaJ6IC&dq=gestalt+terapia+na+psicologia&lr=&hl=pt-BR&source=gbs_navlinks_s >. Acesso em : 23/04/2016
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