Manejo clínico dos transtornos de ansiedade pelo olhar da Gestalt-terapia
2 de maio de 2023 Gustavo Vinicius Martins Leal
Insight
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A Gestalt-terapia (GT) é uma abordagem em psicologia, que se encontra no que é conhecido como “terceira força em psicologia”. Sua compreensão de ser – humano se baseia nas filosofias humanistas e existencial-fenomenológico, ou seja, acredita que cada pessoa possui em si um potencial positivo, capacidade e responsabilidade de lidar com as consequências das suas escolhas de vida.
Do ponto de vista evolutivo, a ansiedade é uma resposta que ocorre na interação organismo-ambiente, que ocorre no momento em que o mundo é percebido como hostil ou ameaçador. De forma prática, a ansiedade é um mecanismo de sobrevivência. Entretanto, a ansiedade pode ser engatilhada mesmo em situações onde a ameaça ou perigo estejam ausentes. Isso pode levar a episódios excessivos ou crônicos de ansiedade.
Diferente das ciências médicas, principalmente por causa de sua compreensão fenomenológica, a GT não compreende a ansiedade como uma patologia. Para a psicopatologia tradicional, a ansiedade é um mal a ser erradicado, já para a GT, a ansiedade é um impulso, uma resposta a ser compreendida e que pode contribuir para o próprio crescimento da pessoa (Pinto, 2017).
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A GT compreende que a ansiedade surge quando existe um conflito entre o “novo” e o “velho”. Quando o organismo não possui suporte para “assimilar” a novidade no ambiente, ela vai “sufocar” esse conflito com a finalidade de preservar o seu funcionamento diante uma situação que, para ele, pode parecer ameaçadora para sua existência. (Perls, Hefferline e Goodman, 1997).
Para Perls (1977), a ansiedade pode ser também uma preocupação, uma fantasia catastrófica em relação ao futuro. Para o autor:
“uma pessoa apenas acredita que não dispõe de recursos. Ela apenas impede a si mesma de usar estes recursos conjeturando uma porção de expectativas catastróficas. Ela espera alguma coisa má do futuro. … Nós temos todas essas fantasias catastróficas pelas quais nos impedimos de viver, de ser. Estamos continuamente projetando no mundo fantasias ameaçadoras, e estas fantasias nos impedem de assumir riscos razoáveis que são parte e parcela do crescimento e do viver.” (Perls, 1977, p 63)
Fonte: Imagem retirada do site Freepik
A ansiedade pode ser vivenciada quando a pessoa imagina que não tem ou recursos para lidar com determinada situação (Pinto, 2018). Neste sentido, a GT busca ajuda a pessoa a se tornar mais consciente de suas próprias capacidades e de suas potencialidades positivas, assim, ela pode aprender a confiar o suficiente em si mesma, se permitir “correr o risco” e com isso, assimilar a experiência vivida que contribuirá para seu crescimento.
A GT enfatiza a importância de compreender a experiência “aqui-agora”. E com base na fenomenologia, deixamos de lado o “porquê” e nos preocupamos mais com o “como” e “o que”. Neste sentido, o foco gestalt-terapeuta é compreender como a pessoa experiencia a ansiedade no momento presente e o que ela tem de recurso para lidar com a ansiedade. A tentativa é de fazer com que o cliente pare de evitar a novidade ou reprimir a ansiedade, que aceite-a e se torne mais consciente dos padrões de comportamento que o impedem de crescer.
Por fim, GT enfatiza a importância de assumir a responsabilidade pela própria ansiedade e a necessidade de se envolver ativamente com o ambiente para criar um senso de conexão e integração. Isso pode envolver enfrentar medos, estabelecer limites e assumir riscos para se envolver totalmente com o mundo e superar a ansiedade.
Referências:
Em L. M. Frazão, K. O.Fukumitsu (orgs), Quadros clínicos disfuncionais e Gestal-terapia (pp. 93-115). São Paulo: Summus Editorial
Ser Gestalt terapeuta é ser ativo, autêntico, presente e acolhedor no processo. Precisa ser tocado pelo paciente, indo além de uma simples empatia, podendo compreender que cada história, cada momento é único. Precisa estar atento ouvindo as estórias do próprio autor, sejam elas reais ou não. Para assim poder restaurar essas histórias.
Ser Gestalt terapeuta é explorar e perceber tudo que existe, estando ao lado, a frente, e atrás do sujeito. Entendendo tudo na sua totalidade, integrando as polaridades, sendo ignorante numa posição de não saber. Reorientando a energia e explorando o potencial do cliente dentro da realidade que este vive.
Fonte: encurtador.com.br/rJT39
Ser Gestalt terapeuta é ter uma postura ativa e dialógica, onde o cliente força o terapeuta estar naquele lugar, lidando com a ansiedade própria do terapeuta e a ansiedade trazida pelo outro. O terapeuta é aquele em que acolhe as falas que o cliente não consegue segurar, sendo o “batata quente” do cliente. Proporcionando situações e soluções novas para o cliente.
Ser Gestalt terapeuta é ser criativo, não sendo um terapeuta engessado. Aproveitando dos reajustes para se “re”criar. Acreditando em que tudo pode acontecer, arriscando no ser existencial. Observando não só no cliente traz de forma subjetiva, mas a intersubjetividade, a relação do vínculo cliente-terapeuta. Trabalhando numa relação dialógica.
Ser Gestalt terapeuta é viver todas as situações da vida e se abrir para novas situações. Estando aberto para entrar no mundo do outro. Suspendendo todos os pressupostos. Tirando o outro da zona de conforto e perturbando. Mantendo preparado para inúmeros “tocos” e propiciando ao cliente o contato com ele mesmo.
Ser Gestalt terapeuta é ouvir, aceitar e confirmar, é receber o humano sempre com amorosidade. Mas também é ser firme, duro e forte, ajudando o cliente a assumir sua responsabilidade. Se colocando disponível com amor e respeito e permitindo ao cliente se apresentar do jeito que ele é. Tendo fé e sendo confiante no potencial de amor humano.
Ser Gestalt terapeuta é preservar, proteger, reconhecer e se respeitar. Estabelecendo critérios e momentos difíceis, entendendo se tem condições ou não de acompanhar o cliente. Compreendendo que é o “curador ferido” na relação, e se houver cicatrizes abertas, reconhecendo que é necessário respeitar o seu processo de cura.
O envolvimento de Pearls com o Zen-Budismo se deu em três fases. Do qual a primeira, aconteceu na África do Sul, ocasionado pelo fato dele passar por momentos difíceis de instabilidade pessoal e profissional.
Diante dos precursores que contribuíram para a formação da Gestalt Terapia temos o neuropsiquiatra e psicoterapeuta Frederick Salomon Perls, que nasceu em Berlin no ano de 1893, filho de pais judeus e de classe média baixa ele sempre buscou compreender o ser humano, encontrou em vários lugares os conhecimentos necessários para desenvolver seu objetivo. Veras (2013) afirma que o contato com essas correntes filosóficas foi de grande importância para o desenvolvimento da Gestalt-terapia.
Frederick Perls além de se interessar em neurologia e depois em psiquiatria, também se aproximou da Psicanálise e sofreu influências de diversas outras teorias, se tornando psicanalista, mas acabou rompendo com a Psicanálise, pois desenvolveu sua própria visão psicanalítica, porém cada vez mais incompatível com a Sociedade de Psicanálise. Perls então acabou se envolvendo pessoalmente com alguns movimentos terapêuticos e com a filosofia oriental onde ele utilizou de grande parte do seu conhecimento quanto as religiões principalmente o Budismo e o Taoísmo, aplicando-as para o desenvolvimento da Gestalt Terapia. Observa-se a influência do pensamento oriental em sua obra desde seu primeiro livro, Ego, fome e agressão (2002). Ela se faz presente por meio de elementos, imagens e ideias desse universo, e pelo paradoxo do pensamento oriental.
BUDISMO
O budismo surge na Índia no século VI a.C. e assimila conceitos do hinduísmo, como também pela sua tolerância incorpora elementos do taoísmo. Surge então o Ch’an, que posteriormente originará o zen-budismo. A meditação por sua vez é um dos pilares da prática budista, transformando-se, associando o trabalho e as tarefas do cotidiano chinês à prática meditativa, sendo realizada com vivacidade, atenção e inteireza. O budismo se difere de outros grandes sistemas religiosos, uma vez que não possui a concepção de Deus, tido como tema central nos demais sistemas.
Tem como foco principal a questão do sofrimento, acreditando que a partir da compreensão do fenômeno, se pode haver a superação. Essa visão parte do princípio de que o sofrimento é inerente tanto à condição humana, quanto a de qualquer outro ser. A partir do foco do budismo no sofrimento, e de como se é trabalhado a questão, considera-se o mesmo como uma filosofia de vida. Levando em consideração que de acordo com a visão oriental, não há divisão entre filosofia e religião.
O budismo tem como aspectos centrais questões que dizem respeito a condição humana, como, nascimento, crescimento e outros. Possuindo olhar de impermanência do fenômeno. A partir do reconhecimento da impermanência dos fenômenos, se é possível a ampliação existencial, aproveitando-se de cada momento, assim como do começo de uma nova experiência e do final de outras.
Ao tornar-se budas, os seres despertam para a natureza verdadeira do ser. Possibilitando ao homem um elevado estado de consciência. É no existir cotidiano que se pode encontrar a centelha para a iluminação, para chegar a esse estado é voltar-se para si mesmo, para o mundo concreto, onde a busca inicia e se encerra.
Prática meditativa visa acalmar a mente superficial mais agitada e alcançar a esfera mais profunda da mente. Para alcançar seus objetivos, o zen recorre a recursos como koans, mondos e a meditação, a existência humana pode ser vista como um enorme koan, cada ser precisa aprender a construir suas respostas criativamente. Nada existe a não ser o aqui e o agora. O homem está ontologicamente doente, pois vive aprisionado à ilusão de reter o fluxo da vida, que não para.
O envolvimento de Pearls com o Zen-Budismo se deu em três fases. Do qual a primeira, aconteceu na África do Sul, ocasionado pelo fato dele passar por momentos difíceis de instabilidade pessoal e profissional. Havia boatos de que Pearls procurava novas formas de lidar com certas frustrações profissionais. Depois seu encontro com o zen foi nos Estados Unidos, quando teve uma experiência de grande fascínio por esse pensamento oriental. Por fim Perls decide ir ao Japão, pare ter uma experiência mais vivencial com essas práticas. “É importante também ressaltar que, nessa trajetória, Perls nunca aderiu ao zen-budismo como religião.” (VERAS, 2013)
Foi através das concepções de Friedlaender – um filósofo expressionista que Perls estabeleceu uma ligação entre Gestalt-terapia e o pensamento oriental. Assim, ele desvendava alguns mistérios e realidades concretas, que poderiam fortalecer as bases filosóficas da Gestalt. Como a meditação, cuja experiência poderiam observar que essa visão interna traria um equilíbrio ou emergiria grandes fatos da vida das pessoas, trazendo assim uma realização desses acontecimentos.
“Também é possível perceber conceitos da filosofia oriental que reafirmam a perspectiva de Perls com base nos elementos da Gestalt. Por exemplo, o processo de formação de figura/fundo e a Gestalt emergente (e toda a fluidez desse processo) ilustram a maneira como o organismo vive suas relações com o meio, ou como os fenômenos acontecem. Tais noções encontram similaridade no pensamento oriental. O zen insiste em reiterar que todos os fenômenos, assim como a vida, estão em um constante fluir no qual nada permanece, a não ser a própria fluidez; em outras palavras, um eterno processo de formação e destruição de Gestalten.” (VERAS, 2013, p.85)
Outro aspecto importante é a relação entre a meditação e a awareness, onde ambas apresentam foco no aqui e agora, por meio da concentração e do acompanhamento de cada momento vivido, ocorre a descoberta daquilo que sempre esteve presente, mas não plenamente consciente. Dessa forma, na Gestalt-terapia o continuum de awareness propõe uma investigação da própria experiência da pessoa, objetivando apreender a experiência do que viveu em sua total essência, dando assim sentido para a pessoa.
Diante do exposto, conclui-se que essa investigação de visão do homem e a busca pela cura são semelhantes na Gestalt-terapia e no zen-budista. Ambos acreditam na confiança do ser, no potencial do ser humano e no seu desenvolvimento. Enfatizam sobre a liberdade, a responsabilidade, o poder sobre si mesmo e a capacidade de expandir a consciência, que é a busca pela transcendência, que é ir mais além de si mesmo.
Então percebemos que tanto a Gestalt-terapia quanto o zen-budista acreditam na transformação do homem quando ele se revela, ou seja, quando ele desabrocha a sua natureza. Enfatizam também a relação existencial, que para a Gestalt-terapia é o entre e o diálogo, para o zen-budista é o inter-ser.
A Gestalt-terapia possui um grande campo teórico de contribuição para o manejo clínico no acompanhamento de pessoas que a buscam, e esse campo teórico é devido aos seus conceitos centrais (Ajustamento criativo, Awareness, Autorregulação Organísmica, Contato e Figura e Fundo).
Uma das muitas teorias que englobam o grupo que compreende a Psicologia Humana é a Gestalt-terapia, que possui uma abordagem psicoterapêutica que se origina com o somatório de diferentes correntes terapêuticas, filosóficas e metodológicas com o intuito de ir ao encontro da realidade das pessoas em seu espaço e tempo, bem como facilitar a eclosão de processos de saúde e fluidez. Aplica-se a atitude clínica dessa abordagem para pessoas reais e com problemas reais inseridas em um ambiente real que anseia pela integração e crescimento de todas as suas questões.
Quando o cliente faz a solicitação do trabalho do terapeuta, ele normalmente busca pela atualização e compreensão desse novo campo de interação entre ambiente e organismo, do mesmo modo que a ressignificação da sua vida que possa estar difusa, com o comprometimento com novas maneiras de como estar presente no mundo (SCHNEIDER, 2006). Ao solicitar a jornada da imigração pelo próprio intercambista, ele esbarrará precisamente com o novo, com as coisas que precisam ser rejeitadas ou assimiladas, e por não estar em um lugar familiar, poderá enfrentar sofrimento e angústias ao fazê-lo.
Logo, além de elucidar a robustez da Gestalt-terapia como uma clínica contemporânea, o objetivo desse manuscrito foi realizar a descrição da Gestalt-terapia nos aspectos filosófico e histórico, empregando para essa finalidade o procedimento metodológico de revisão de literatura com a busca de materiais secundários compostos de trabalhos acadêmicos e científicos e livros que proporcionaram respostas para esse objetivo.
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GESTALT TERAPIA
De acordo com D’Acri e Orgler (2012), nomeou-se Gestalt-terapia – nome de batismo escolhido por Frederick Perls para uma nova terapia que tem sido desenvolvida desde 1946 – junto com o grupo de intelectuais que se intitulavam o “Grupo dos Sete” (Laura e Fritz Perls, Elliot Shapiro, Sylvester Eastman, Isadore From, Paul Goodman, Paul Weisz e Ralph Hefferlin). De fato, a Gestalt-terapia é uma síntese de diferentes vertentes terapêuticas, filosóficas e metodológicas, formando uma maneira particular de conceber as relações do indivíduo com o mundo a partir de uma verdadeira filosofia existencial, de caráter prático.
Pôde ser explicado nesse sentido por Weber (2012) que Frederick Perls foi um profundo conhecedor dos seres humanos, isto é, pesquisando como pôde sobre os conhecimentos essenciais para esses entendimentos; Frederick Perls foi influenciado pelas religiões orientais como Zen-Budismo e Taoísmo, bem como pela análise do caráter de Reich. Além disso, tanto a compreensão de pessoa quanto de mundo da Gestalt-terapia teve origem em elementos dos pressupostos filosóficos do Existencialismo, Humanismo e Fenomenologia, assim como das Teorias da Psicologia da Gestalt, do Campo e Osganísmica (MÜLLER-GRANZOTTO & MÜLLER-GRANZOTTO, 2007).
Entende-se que o Humanismo centraliza a figura humana em suas questões, como pressuposto filosófico, fazendo-se compreender e ser compreendido em uma concepção de existência e mundo. De acordo com Heidegger (2006), somente o ser humano tem a capacidade de se realizar e fazer. Com base no estudo de Ribeiro (2012), insere-se a Gestalt-terapia ao lado das psicoterapias humanísticas, dentro de tal pressuposto, em um patamar que valoriza o potencial positivo de cada ser humano, em que ao observar suas próprias limitações, é a partir do reconhecimento autêntico de tais limitações que o cliente tem o empoderamento do mundo e de si.
Ainda com base no estudo de Ribeiro (2012), tanto para a Gestalt-terapia quanto para o Existencialismo, somente o ser humano é visto como o único com capacidade de liberdade e escolha, sendo que, na busca terapêutica, este processo passa a ser responsável (clamar para si a responsabilidade da própria vida) e consciente. Há uma exposição do sujeito como resultado de uma experiência única no Existencialismo, e para que haja sua compreensão é primordial que seja realizada a partir da manifestação do seu objetivo e de sua singularidade.
Nomeou-se esse novo método de maneira sucessiva como terapia da concentração, psicodrama imaginário, terapia do aqui-agora, psicanálise existencial, terapia integrativa e terapia experiencial. Por fim, sugeriu-se “Gestalt-terapia” por Fritz Perls que suscitou debates acalorados com seus colegas sobre esse nome que foi considerado muito esotérico e estrangeiro; ainda assim, ele foi escolhido e mantido por Perls (D’ACRI; IMA; ORGLER, 2012).
No início da década de 1970, a Gestalt-terapia começou a ser conhecida no Brasil; enfim, eram tempos sombrios e difíceis por causa da repressão e ditadura militar. Devido à forma horizontal de relação e à concepção de mundo e homem, a Gestalt-terapia imediatamente suscitou o interesse de um grupo de psicólogos que começou a estudá-la (FRAZÃO; FUKUMITSU, 2013).
De fato, a Gestalt-terapia possui um grande campo teórico de contribuição para o manejo clínico no acompanhamento de pessoas que a buscam, e esse campo teórico é devido aos seus conceitos centrais (Ajustamento criativo, Awareness, Autorregulação Organísmica, Contato e Figura e Fundo) e ao seu aporte epistemológico (Teoria Organísmica, Teoria do Campo e Teoria do Self). O arcabouço teórico da Gestalt-terapia, além de uma abordagem psicológica, torna mais fácil a “ida” do terapeuta ao encontro dessa experiência nos diferentes momentos em que ocorre, e em seus diversos campos, tais como: a clínica ampliada[1] e a clínica tradicional (SÁ, 2018).
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[1] De acordo com Senne (2011), ocorre a clínica ampliada dentro de um escopo de um trabalho mais abrangente que emprega a reorganização e a reforma de todo o serviço de saúde. Trata-se da vulnerabilidade ou risco das pessoas, e estão incluídos o apoio psicossocial e a educação em saúde. Esse autor também defendeu a importância da participação das pessoas em uma incessante busca por avanços nas condições sociais, ou seja, seria uma parte complementar do seu movimento pela saúde.
De acordo com o estudo de Ribeiro (2011), pôde ser complementado que essa abordagem, também representada como uma forma de psicoterapia, é uma teoria da pessoa e um método de trabalho, quando concebe a pessoa aqui-agora, em sua totalidade, como um organismo-meio, em um movimento processual, com o objetivo de atingir sua melhor performance.
Nesse sentido, a Gestalt-terapia tem a possibilidade de trabalhar os sentimentos da pessoa, e como principal propósito que essa pessoa, ou seja, o cliente possa cumprir sua missão, se enxergar como dinâmico e vivo, e especialmente completo de possibilidades infinitas. Assim, o Gestalt-terapeuta pode assumir a função de dinamizador da autopercepção do cliente, denominado como awareness, isto é, um redescobrimento de que está pronto e vivo com a possibilidade para “fechar velhas portas e abrir novas janelas” (MONTEIRO JÚNIOR, 2009).
Pode-se inicialmente dizer, com relação à Teoria do Campo, que o fato pelo qual uma pessoa pode se adaptar na relação com o meio, tem-se a comum resposta para a seguinte pergunta realizada pela linguagem mecanicista: “o ambiente cria o indivíduo ou o indivíduo cria o ambiente?”. Porém, não existe essa dicotomia na Teoria do Campo, uma das bases teóricas da Gestalt-terapia. Pode-se exemplificar que o campo indivíduo/ambiente pode ser criado como uma parte individual com influência no campo e vice-versa. De fato, qualquer fenômeno observado pode ser caracterizado como uma realidade objetiva de si; no entanto, pode também ser uma inter-relação global entre o meio-momento e o seu próprio fenômeno, ou seja, tudo está interligado. Dessa maneira, pode-se compreender toda experiência humana como uma interação dentro do campo organismo-meio, visto que a pessoa só pode existir dentro de um campo que a contém, porque a pessoa não é um sistema fechado (SANTOS FILHO; COSTA, 2016).
Indicar que entre o ambiente e o indivíduo existe uma influência mútua, tem como significado a afirmação de que a relação entre ambos é dialética. Desse modo, é reveladora e decorrente de características do campo, que se apresente como uma sistemática teia de relacionamento existente de maneira contínua no tempo e espaço. Infere-se que o campo conduz as experiências cujos resultados não podem ser preditos com base nos conhecimentos de cada estímulo, ao vê-lo como uma combinação no espaço e tempo de estímulos diversos (GINGER; GINGER, 1995).
Como exemplo, citando-se o estudo de Baroncelli (2012), ele também articulou a Teoria do Campo de Kurt Lewin com a teoria histórico-cultural, sendo que a Teoria do Campo compreende uma das bases da Gestalt-terapia, e evidencia-se que a adolescência é um fenômeno de campo e singular. Assim, essa teoria assegura que cada pessoa é única e pode ser somente entendida se for examinada dentro do campo do qual faz parte, isto é, denominado como o espaço vital de Lewin. Por outro lado, há discordância com as teorias do desenvolvimento humano que desconsideram ou atribuem pouca relevância aos fatores históricos, ambientais e sociais, enquadrando-se somente como uma etapa evolutiva rumo à maturidade.
Diante desse panorama, insere-se o indivíduo que vive no campo organismo/ambiente, como sendo constituído e se constituindo. Chama-se contato, o encontro entre o indivíduo e as partes do meio que lhes são inerentes, e como fronteira de contato o lócus onde se realiza esse encontro. Portanto, são necessários ao processo de evolução o indivíduo, a consciência (awareness) dessa fronteira, seus limites e possibilidades (CUNHA, 2018).
Fonte: encurtador.com.br/bwyDG
Evidencia-se que os recursos terapêuticos podem facilitar a awareness, que é denominada como um processo ininterrupto de conscientização, tendo em vista que toda pessoa está em constante transformação. Contudo, a awareness pode ser denominada como a consciência que a pessoa adquire ao longo dos diferentes ambientes de sua vida pela sua experiência, considerando a consciência como algo emocional, não apenas como racional. De fato, pode-se considerar a awareness como um dos objetivos principais do processo terapêutico (CARVALHO; LIMA, 2017).
Indagou Oliveira (2018) perante esse contexto, que o principal foco na clínica em Gestalt-terapia é a construção da awareness, visto que quando a awareness não é engrandecida, há dificuldades de contato nas relações e no relacionamento com o mundo. A definição de awareness está entre os conteúdos teóricos mais importantes, que se referem à possibilidade dos clientes de terem consciência sobre o quê estão fazendo, como fazem, e sobre como podem aprender a se aceitar, se valorizar e ao mesmo tempo se transformar.
Explicou Naranjo (2015), dentro de um cenário contemporâneo, que se vive em uma etapa de transição, sobretudo na fase da crise da hipertecnologia, em que existe um enorme progresso tecnológico; ao passo que há uma grande degeneração ética, no qual o progresso da mente sábia não caminha com o progresso da mente astuta. Diante desse panorama, há o aparecimento da Gestalt-terapia como uma maneira de mudar a mente comum para uma mente completa. O ensinamento da Gestalt-terapia tem uma intuição do perfeito. Com base no pensamento holístico, compreendem-se as coisas como Gestalt, ou seja, como um conjunto. E como pensamento intuitivo, o cérebro esquerdo, o pensamento não racional.
Há que se destacar o método fenomenológico, que pelo olhar de Merleau-Ponty (1945) aponta para a crítica de que exista, por si só, uma psicologia calcada numa consciência essencialista, como se o ser humano fosse produto de uma coisa, e não de suas experiências – que operam no campo do fenômeno, no aqui e agora que se descortina sobre os olhos deste sujeito. Desta forma, assim como ocorre no existencialismo sartreano – que também nega o essencialismo e as estruturas pré-concebidas –, e experiência existencial passa a ser o tom da abordagem. O que haveria, então, é um campo de percepção do mundo, onde a experiência é revelada, vivida, “degustada”, “mastigada” e apreendida.
Fonte: encurtador.com.br/cDQ69
Isso é deveras libertador, sobretudo no campo clínico, porque coloca o cliente diante de uma possibilidade ímpar de abraçar a própria vida, assimilando-a naquilo que de fato configura-se como real – para ele, não para aquilo que se configura como o desejo do terapeuta. Neste ínterim, então, é importante abandonar as “verdades” previamente estabelecidas e reconhecer, no contato mesmo com o cliente e suas experiências, o fenômeno real a ser observador, assimilado, realçado e exaltado. Com isso, numa relação autêntica, vem o processo que nega as categorizações e aponta para a singularização do sujeito. É nesta singularização que ocorre o despertar/adesão a awareness (não como essência petrificada, mas como vida vivida, sem amarras). E tocar esta dimensão é, em tese, viver em consonância com o que há de frutífero e singular.
CONCLUSÃO
Concluiu-se que a Gestalt-terapia, por ter o olhar no ser humano em sua totalidade, propicia a abertura da consciência das pessoas para que as mesmas possam entender as implicações causadas por essa experiência, com o desenvolvimento de ajustes criativos e ampliações do contato com o mundo e consigo, e também com o próprio adoecer; no entanto, não apenas se percebendo como pessoas adoecidas, mas como sujeitos de possibilidade, orientados para a mudança, para a atualização.
Desse modo, pela metodologia gestáltica, a qual descreve a realidade como se apresenta e valoriza a realidade vivida, permite à pessoa o significado de sua experiência, direcionando-a a uma intersubjetividade criativa, que fornece uma imagem da situação real dela. Enfim, são abertas oportunidades para que a pessoa tenha contato com todos esses elementos, que podem não ser de aceitação afetiva e de fácil assimilação, para que ela trabalhe e reconheça os bloqueios que impedem melhores processos de autorrealização e ajustes.
Logo, atualmente a Gestalt-terapia é renovada e consolidada com técnicas eficientes no trabalho de descomplicar a conscientização do cliente com o mundo com o qual se relaciona, e consigo mesmo. Assim, validam-se os elementos teóricos para que os profissionais possam entender o que acontece com o cliente, principalmente com base nos seguintes fundamentos: aqui-agora; contato; fronteiras de contato; noção de campo e relação figura-fundo ou parte-todo. Existem inúmeros recursos psicoterápicos na forma de experimentos e técnicas dentro da abordagem gestáltica que propiciam a chance de o cliente ter contato de maneira consciente com suas dificuldades, mesmo que sejam evitadas, dolorosas ou traumáticas. Todo este conjunto teórico e técnicas subjacentes, deste modo, se apresenta como dispositivos imprescindíveis para a emancipação dos sujeitos na contemporaneidade, justamente porque exortam para uma das máximas existencialistas dispostas no campo teórico: a de que se torna adulto ao clamar para si a responsabilidade pela produção e condução da própria vida.
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Impasse: do apoio externo ao auto-apoio sob a ótica da Gestalt-Terapia
O Psicólogo, lidando com o desconhecido, o desafio, a diferença no e pelo encontro com a alteridade dos outros, é constantemente convidado a estranhar-se, questionar suas teorias, e, por fim, modificar seus modos de ser. Assim, a cada encontro com outro realiza uma possibilidade existencial de ser-psicólogo (EVANGELISTA, 2016).
A Gestalt-terapia é uma abordagem psicoterápica consolidada por Perls, Goodman e Hefferline, considerada, destarte, parte da terceira força da Psicologia e recebe influência de diversos teóricos com visões de mundo diversa, têm, portanto, como fundamento filosófico: humanismo, existencialismo e a fenomenologia, utilizando em suas práticas, portanto, do método fenomenológico, este por sua vez objetiva voltar às coisas mesmas, aquilo que se mostra, a essência. Além disso, tem como fundamento teórico: Teoria de Campo, Teoria Holística, Teoria Organísmica, Psicologia da Gestalt, sofre influência, dessa forma, dos pressupostos da dialogicidade de Martin Buber. Contudo, o objetivo não é o aprofundamento nestas implicações, mas explicitar acerca de um dos conceitos que perpassam esta abordagem, o impasse, ou melhor, o impasse existencial (RIBEIRO, 2007).
Impasse no dicionário tradicional traz uma concepção não muito distinta da visão gestáltica, sendo definido, desse modo, como uma situação no qual não há uma resolução aparente, o chamado “o beco sem saída”, tudo que impede algo, empecilho, resolução impossível.
Fonte: encurtador.com.br/inuRU
Nesse ínterim, segundo Rodrigues (2011) impasse é um conceito importante no cenário da Gestalt-terapia, considerado, portanto, o centro da neurose e, dessa maneira, o ponto adoecido (a neurose pode ser definida como o acúmulo de experiências e situações que não se findaram, ou melhor, necessidades não-satisfeitas, ficaram abertas para o sujeito, portanto, inacabadas e que podem propiciar uma constante compulsão à repetição) em que o cliente mostra-se dividido entre duas polaridades, duas forças conflitantes, duas escolhas que para o sujeito não podem ser vistas como satisfatórias no momento, por isso homem permanece estagnado. Por isso, podem, portanto, propiciar o surgimento em alguns casos de outras maneiras de psicopatologias.
Conforme Stevens (1966) quando o cliente encontra-se nesta situação, surgem, em consequência, inúmeras alterações emocionais e sentimentais, em que Stevens define parafraseando Kierkegaard como sendo, portanto, “a náusea de viver”, há, dessa forma, um sofrimento profundo, a saber, medo, angústia, desespero e, acima disso, incertezas e dúvidas.
Destarte, junto a isso originam-se as chamadas “expectativas catastróficas”, que em muitas situações são não-racionais, fruto da imaginação do cliente (e que não devem ser menosprezadas) em que ele acredita firmemente que todas as situações novas que vivenciar terá consequências negativas para sua vida, influenciando para que mantenha o seu “status quo”. Mais conhecida como a zona de conforto, o sujeito permanece estático pelo medo de correr riscos, impedindo o homem de ser, lidar com o desconhecido, ultrapassar barreiras e vencer obstáculos e, por isso, continua no mesmo lugar, pois não consegue lidar com a vida sozinho, o que propicia o surgimento de ansiedades e a frequente fobia a dor (PERLS, 1977). Segundo Stevens (1966, p. 36) “No contexto seguro da situação terapêutica o neurótico descobre que o mundo não cai em se ele ficar com fome, com raiva, doente”.
Fonte: encurtador.com.br/fquNR
Retornando ao objetivo do vigente trabalho. Na verdade, o próprio Fritz Perls (1977) afirma que o conceito de impasse é imprescindível, já que ele considera o ponto central no qual o crescimento humano ocorre. Contraditoriamente, é também quando o indivíduo perde o apoio originado do meio externo e ainda não desenvolveu o seu próprio apoio interno, o self support. Seguindo esta ótica, é, então, o período no qual o cliente começa a manipular o meio, inclusive o terapeuta, representando falsos papéis, buscando sempre alguém que diga o que é necessário que ele faça. Na psicoterapia, por conseguinte, o terapeuta precisa ser habilidosamente acolhedor e ao mesmo tempo frustrar o cliente todas as vezes em que este não conseguir reconhecer suas capacidades, jogando a responsabilidade de valorização a um outro, inclusive o amor.
Muito importante também é desempenhar o papel de desamparado: ” Não posso fazer nada por mim. Pobre de mim. Você tem que me ajudar. Você sabe tanta coisa, tem tantos recursos, tenho certeza que pode me ajudar”. Toda vez que você desempenha o papel de desamparado, você cria uma dependência. Em outras palavras, nos tornamos a nós mesmos escravos. Principalmente se esta dependência for uma dependência da nossa autoestima. Se você necessita que todos lhe deem elogios encorajadores, tapinhas nas costas, então está fazendo de todo mundo o seu juiz (PERLS, F. 1977, p. 56).
Nesse ínterim, citando caso análogo, uma criança, por exemplo, depende dos seus cuidadores para satisfazer suas necessidades quando ainda é recém-nascida. No entanto, com o tempo e de maneira progressiva esta aprende a caminhar sozinho, entra em contato com os objetos e consegue segurar-se com as próprias pernas, este é o ponto em que a criança está amadurecendo, mesmo que necessite do meio para o fechamento de gestalts, e, então auto regular-se, já que o indivíduo não é ser isolado e está em constante interação com o meio, concebido como um ser holístico. Lembra das religiões e filosofias orientais taoístas? Pois é, para o gestalt terapeuta, assim como estas, às partes mais significativas são aquelas vistas e percebidas a partir do próprio contexto do cliente, em relação ao meio social e cultural, não como eventos isolados (PERLS, GOODMAN E HEFFERLINE, 1997).
Fonte: encurtador.com.br/DFMT2
Dessa forma, o objetivo da terapia é buscar propiciar ao consulente experiências no campo vivencial para que ele se perceba enquanto um sujeito autônomo e capaz de realizar infinitas coisas em um campo repleto de possibilidades para criar, se reinventar, crescer e se constituir. Além disso, visando com que esse cliente utilize seus próprios recursos internos para lidar com as mais variadas situações que perpassam sua vida, sem tornar-se dependente de um outro (PERLS, 1977).
Perls (1997, p. 49) afirma que: “[…] amadurecer é transcender ao apoio ambiental para o auto-apoio”. Mas para que este amadurecimento aconteça é necessário, por conseguinte, que o cliente passe por frustrações, e, por isso, na prática clínica esta incumbência é atribuída ao psicoterapeuta, mas esta precisa saber como, em que momento fazê-lo, percebendo o outro em sua total alteridade. Sendo assim, o terapeuta deve influenciar, então, para que o cliente entre em contato consigo mesmo e reconheça, por si, o seu projeto de vir-a-ser. Além disso, propicia a tomada de consciência do cliente, no aqui e agora.
Os terapeutas, em geral, têm experiências em que ficam envolvidos demais com as técnicas manipulatórias de seus pacientes; não compreendem a natureza tremendamente sutil das técnicas manipulatórias do paciente. Nestes casos, a terapia pode ser malsucedida. Pois para conseguir a mudança de apoio externo para auto-apoio o terapeuta deve frustrar as tentativas do paciente de conseguir apoio ambiental” (PERLS, 1988, p. 117 apud VAVASSORI, 2018 p.197).
A psicoterapia deve, portanto, propiciar transformação, percebendo e concebendo o cliente como possuidor de instrumentos e recursos para se auto ajudar. Assim sendo, escolher o que é melhor para si mesmo. O terapeuta não pode decidir nada pelo cliente, mas pode ir ao encontro deste de maneira empática, com uma postura dialógica e segura, auxiliando-o a reconhecer-se no mundo como o sujeito livre, responsável e humano (RIBEIRO, 2009).
Referências:
EVANGELISTA, P, E, R, A. Psicologia fenomenológica existencial, a prática psicológica à luz de Heidegger. Curitiba, 2016.
PERLS, F. Gestalt-Terapia explicada. 1977.
PERLS, F, S., HEFFERLINE, R., GOODMAN, P. Gestalt-terapia. 1997.
RODRIGUES, H.L Introdução à Gestalt-terapia: conversando sobre os fundamentos da abordagem gestáltica. Editora Vozes, 2011.
RIBEIRO, W, F, R, P. Gestalt-Terapia no Brasil: recontando a nossa história. 2007 Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1809-686720070#1sqq00200010
RIBEIRO, J.P. Gestalt terapia de curta duração. 2009.
STEVENS. J,O. Isto é Gestalt. 1966.
JÚNIOR, F,A, B, M. Da teoria à terapia: o jeito de ser da Gestalt. Disponível em:
https://revistainterdisciplinar.uninovafapi.edu.br/revistainterdisciplinar/v3n1/reflex/refl3-v3n1.pdf
VAVASSORI, M, B. Postura Dialógica e Frustração Habilidosa: tramas da Terapia Gestáltica. Florianópolis, 2018. http://pepsic.bvsalud.org/pdf/igt/v14n27/v14n27a04.pdf
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Seminário clínico conta com caso na visão da Gestalt-terapia
25 de maio de 2019 Maria Eduarda Oliveira
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As estratégias utilizadas por Pedro Brito foi a abordagem dialógica, que exige um terapeuta carinhosa(o), atenciosa(o) e aberta(o)
No dia 24 de maio, dentro da programação do CAOS (Congresso Acadêmico de Saberes em Psicologia) com a temática Psicologia & sexualidade: corpo, conhecimento e liberdade, foi ofertado seminários clínicos a partir das 14 horas, para compreensão de diferentes abordagens em estudos de casos feitos por egressos ou alunos do curso.
Eles trouxeram um recorte de suas experiências clínicas, mostrando desde dificuldades e superações dentro da proposta do SEPSI (Serviço Escola de Psicologia), assim como nos evidenciaram o tipo de abordagem utilizada a partir do conteúdo denso da atuação conjunta a supervisão de um professor.
A partir das 15 horas, dentro da programação, fora previsto a apresentação ministrada por Pedro Brito de Almeida Neto, acadêmico de psicologia da instituição, com o auxílio de sua supervisora, professora do curso e Psicóloga Rosangela Veloso (CRP 23/976), com a temática “A experiência do contato com a criança dentro da abordagem Gestalt-terapia”.
Em sua apresentação mostrou o perfil de seu cliente, sendo do sexo masculino, estudante, solteiro, do ensino fundamental com vínculos familiares rompidos e/ou fragilizados. A demanda apresentada foi de abuso sexual e relações conflituosas com os pais, cuja queixa inicial foi a agressividade, sendo esse um encaminhamento da instituição de ensino da criança, com intuito de diminuir o comportamento indesejado.
As estratégias utilizadas por Pedro Brito foi a abordagem dialógica, que exige um terapeuta carinhosa(o), atenciosa(o) e aberta(o), cujo objetivo é acolher as pessoas em suas dimensões biopsicossociais; o lúdico também foi usado, cujo o ajustamento criativo tinha como objetivo acessar a criança, dando a possibilidade de compreender as relações familiares assim como as violências vivenciadas, já que não havia uma abertura. Dentro da terapia o cliente apresentou-se arredio a perguntas e questionamentos do acadêmico/estagiário.
Nesta condição, no processo terapêutico, houve com o tempo o fortalecimento de vínculo, feito com a ideia principal do ‘não saber’, trazer à tona o ouvir com a experiência da relação, abraçando as demandas ao invés de criar estratégias com a falha ideia da compreensão. No momento do aqui e do agora, a partir da faceta da atenção é possível tirar as verdades do próprio indivíduo ao invés de se posicionar como detentor do saber. A partir disso, houve descobertas, dando a oportunidade do indivíduo legitimar sua fala, podendo trabalhar enfim com o momento de conflito vivenciado. O objetivo da terapia nesse estudo de caso, a partir da abordagem da Gestalt-terapia, foi trazer à tona a compreensão da capacidade do cliente de descobrir-se como enfrentador de ambientes estressantes.
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Teresa Amorim: as pessoas devem ser estimuladas a superar seus medos e responsabilizar-se pela vida
Uma das Gestalt-terapeutas mais conhecidas do Brasil fala ao (En)Cena sobre o panorama da abordagem na atualidade
A Gestalt-terapia é, atualmente, uma das terapêuticas mais usadas com base humanista e fenomenológica. Ainda assim, possui uma gênese centrada na psicanálise e nas filosofias orientais, no entanto, avança sobre estes sistemas de interpretação do mundo e foca nas potencialidades humanas, a partir do reconhecimento de que todo ser humano já dispõe de condições para gerir e curar-se a si próprio. Neste sentido, este conjunto de técnicas e teorias aponta para uma forma de estar no mundo, onde a dimensão do presente é valorizada e o passado só é requisitado na exata medida em que se busca conhecer um ponto de partida. Assim, os gestalt-terapeutas desestimulam veementemente que os clientes ‘façam morada no passado’.
Historicamente, os baluartes da Gestalt-terapia foram o psiquiatra Fritzs Perls, a psicóloga Laura Perls e o sociólogo Paul Goodman. Mais á frente, a abordagem passa a ser estruturada a partir de duas correntes, uma teórica/epistemológica – conduzida por Laura – e outra mais focada no desenvolvimento pessoal prático – a partir das contribuições de Fritzs Perls.
Atualmente a abordagem é uma referência mundial, com vários institutos presentes em cidades globais, além de ser alvo de um crescente interesse do meio acadêmico. No Brasil, um dos mais profícuos institutos de Gestalt-terapia fica no Rio de Janeiro – o Instituto Carioca de Gestalt-terapia – e é conduzido pela psicóloga Teresa Amorim, que tem mestrado em Psicossociologia de Comunidades e Ecologia Social pela UFRJ (2011) e especialização em Filosofia Contemporânea pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2007).
Teresa Amorin, numa entrevista exclusiva para o EnCena, destaca o panorama da Gestalt-terapia no Brasil, além de abordar temas como o ‘self-falso’, o narcisismo, a Teoria Organísmica e a neurose, dentre outros temas. Confira, abaixo, a entrevista na íntegra.
(En)Cena – Hoje provavelmente a senhora é uma das psicólogas mais ativas na Gestalt-terapia, em todo o Brasil. Pelo seu olhar, a que se deve a crescente procura por esta abordagem?
Teresa Amorin – Possivelmente pelo fato de ser uma abordagem com uma linguagem simples, direta, onde a postura do terapeuta precisa ser ativa e acolhedora. Outra grande razão pode ser o fato de a Gestalt-Terapia estar a cada dia mais presente nas universidades e consequentemente com mais visibilidade.
(En)Cena – A Gestalt-terapia tem como uma de suas bases teóricas a Fenomenologia Existencial, com forte ênfase no fenômeno que se apresenta no momento presente. É possível associar as técnicas da Gestalt com o Mindifulness, por exemplo? De que forma?
Teresa Amorin – A Gestalt-Terapia tem como pressupostos filosóficos a Fenomenologia e o Existencialismo, além disso trabalha com o Método Fenomenológico, ou seja, está atenta aos fenômenos que se revelam na sessão terapêutica. Penso que a Gestalt-terapia possui uma variedade de experimentos que tem como objetivo colocar o cliente em contato com a sua questão existencial, que muitas vezes é evitada no processo de “falar sobre”. Nosso convite é para o cliente sair da evitação de contato e “falar com” sua gestalt aberta, por exemplo. A abordagem gestáltica trabalha sempre voltada para o aqui e agora e a conscientização do processo. Gostaria de registrar que não conheço bem a Mindifulness, mas acredito que a Gestalt-terapia não precisa dessa técnica pelo fato de já desenvolver a conscientização e concentração em todo o processo terapêutico.
(En)Cena – A sociedade atual, de acordo com muitos sociólogos, apresenta-se com fortes traços de narcisismo. De que forma esta demanda se manifesta na clínica, sob o prisma dos distúrbios de fronteira?
Teresa Amorin – A partir desse evento, podemos aqui sinalizar a questão do self-falso em nossa sociedade que eventualmente surge em nossos consultórios. Muitos desses sujeitos não gostam de frequentar o espaço terapêutico, provavelmente pelo receio de revelar a sua existência frágil. O processo psicoterapêutico desses clientes inclui um mergulho em si mesmo, e por certo, a deflação interna – um grande vazio infértil, em contraste com a inflação – a grandiosidade narcísica que tenta apresentar diante do mundo.
(En)Cena – A senhora faz um profícuo trabalho de divulgação da Psicologia tanto pela televisão quanto pelas redes sociais. Que conselho daria para estudantes e psicólogos que ainda têm resistência em utilizar a internet como aliada profissional?
Teresa Amorin – A internet, redes sociais, novas mídias são dispositivos tecnológicos disponíveis em nossa sociedade contemporânea e inegavelmente fazem parte de uma nova realidade de contato e comunicação. O atendimento online, a saber, faz parte dessa nova forma de contato e prestação de serviço. Precisamos ultrapassar e utilizar essas novas ferramentas.
(En)Cena – Qual a contribuição da Teoria Organísmica dentro da Gestalt-terapia?
Teresa Amorin – Pode-se dizer que a questão central da Teoria Organísmica é pensar que o sintoma do nosso cliente precisa ser visto como um todo, ou seja, o que afeta uma parte afeta todo o organismo do sujeito. Em outras palavras, o gestalt-terapeuta observa o cliente como um todo em seu processo terapêutico. O conceito de ‘autorregulação organísmica’ nos ajuda a compreender os mecanismos do nosso cliente para lidar com a sua vida e as dores emocionais.
(En)Cena – A patologia tem um sentido diferente dentro da Gestalt-terapia. Poderia falar mais sobre o tema?
Teresa Amorin – Dentro desta perspectiva, podemos afirmar que a Gestalt-terapia entende a patologia como um processo, nosso diagnóstico é processual, uma vez que entendemos que o sintoma patológico é uma autorregulação organísmica/ neurótica para lidar com o meio, muitas vezes ameaçador.
(En)Cena – É um erro considerar que a Gestalt-terapia não leva em conta o passado do sujeito. Mas, afinal, em que medida este passado é trabalhado no setting terapêutico? Há um limite para abordar o passado?
Teresa Amorin – Sim, é um erro. Talvez seja conveniente ressaltar que a Gestalt-terapia é uma abordagem que trabalha o passado do cliente no aqui e agora, entendemos que muitas vezes nosso cliente narra alguma ‘gestalt aberta’, e neste momento, ele está falando de alguma situação inacabada, um passado que se faz presente no aqui e agora. Podemos trabalhar de diversas formas, inclusive com experimentos que tem como objetivo auxiliar o cliente a entrar em contato com o ‘negócio inacabado’ e fechar a gestalt.
(En)Cena – Qual o impacto da neurose no âmbito da Gestalt-terapia?
Teresa Amorin – Mais especificamente podemos pensar que a neurose é uma evitação de contato, muitas vezes acompanhada de um comportamento fóbico, o sujeito evita o contato com a dor emocional. O que podemos observar é uma estagnação no desenvolvimento, e o sujeito aprende a manipular o ambiente para conseguir sobreviver. Um aspecto interessante da neurose é que basicamente ela se apresenta como um conflito entre a autorregulação organísmica (necessidades internas) versus a regulação externa (exigências da sociedade). Assim, para melhor entendê-la podemos afirmar que o neurótico não consegue perceber as suas necessidades, cria expectativas em relação aos outros, tem medo de arriscar e assumir responsabilidade pela sua existência.
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Entendendo a Teoria Organísmica à luz da Fenomenologia Existencial
Para Goldstain não existe um ser humano dividido, mas sim, um indivíduo que embora com partes que são “divididas” estão inteiramente interligadas afetando-se mutuamente e se auto regulando
A teoria organísmica foi desenvolvida por Kurt Goldstain, que era um neurologista e psiquiatra. Ele criou uma teoria holística do organismo, com base na teoria da Gestalt que influenciou profundamente o desenvolvimento da Gestalt-terapia. Goldstein realizou seus estudos em pacientes com lesões cerebrais causadas por ferimentos de guerra, e após investigação percebeu que mesmo as lesões sendo em áreas específicas do cérebro, estas modificaram e afetaram outras partes do corpo.
Um exemplo citado é de uma lesão na área motora que afetava não somente a estrutura cerebral, mas também os movimentos físicos e a forma de pensar e se relacionar com as outras pessoas. Então, observou que estas “transformações” ocorriam de forma holística, ou seja, os indivíduos haviam modificado não somente a estrutura cerebral, mas também o físico, e os processos de relacionamento pessoal e interpessoal. Para ele, era como se houvesse uma reorganização no campo cerebral ou neuronal, com a função de acomodar se a esta nova realidade.
Fonte: https://bit.ly/2U82lc6
Para Goldstain não existe um ser humano dividido, mas sim, um indivíduo que embora com partes que são “divididas” estão inteiramente interligadas afetando-se mutuamente e se auto regulando, numa espécie de auto realização que o organismo faz, com a função de acomodar-se a esta nova realidade, função essa ligada a auto-realização, ou seja, uma tendência criativa da natureza humana, que pode ser entendido como o ‘princípio orgânico pelo qual o organismo se torna mais desenvolvido e mais completo’.
Para Goldstain qualquer necessidade é um estado de déficit que motiva o organismo a supri-lo, de acordo com as potencialidades individuais e inatas diferentes, que dão forma aos seus fins e dirigem as linhas do seu desenvolvimento individual. No entanto a teoria organísmica enfatiza a unidade, a integração, a consistência e a coerência da personalidade normal, ou seja a organização é o estado natural do organismo.
É natural de o organismo selecionar aspectos do ambiente os quais ele mesmo irá reagir, exceto em circunstâncias raras e anormais, o ambiente não pode forçar o indivíduo a se comportar de maneira inapropriada a sua natureza, logo se o organismo não consegue controlar o ambiente, ele tentará se adaptar à ele, portanto é mais valoroso um estudo compreensivo de uma pessoa do que uma investigação extensiva de uma função psicológica observada em muitos indivíduos. Atrelado a isso a teoria organísmica e a Psicologia da Gestalt assemelham-se na forma como ambas tendem a “ver” e perceber o ser humano de modo unificado e não como um conjunto de partes separadas.
Fonte: https://bit.ly/2GbQS7M
A teoria organísmica tem como principais conceitos (PORTAL EDUCAÇÃO, 2012):
➔ O organismo tende a estar organizado; é um estado natural do organismo. A desorganização, por sua vez, pode ser considerada patológica e, frequentemente, é consequência do impacto do meio ambiente.
➔ Os teóricos organísmicos creem ser impossível compreender o todo estudando as partes de forma isolada.
➔ O organismo age motivado por um impulso dominante, o de auto realização, e não por vários impulsos. Isto quer dizer que o homem luta continuamente para realizar suas potencialidades inerentes.
➔ Crê que as potencialidades do indivíduo lhe permitem desenvolver-se de forma ordenada, em um meio apropriado. Nada é naturalmente mau no organismo, faz-se mau por interferência de um meio ambiente inadequado, lembrando as ideias de Jacques Rousseau, de que todo homem é naturalmente bom, mas pode ser corrompido por um meio que lhe negue oportunidade de atuar conforme sua natureza.
➔ O estudo sobre as percepções e a aprendizagem do organismo constitui a base para a compreensão do organismo total.
➔ Afirma que pode aprender mais com o estudo compreensivo da pessoa do que em uma investigação extensiva de uma função psicológica específica e isolada do indivíduo.
Relação com a Gestalt
A Gestalt-Terapia é uma abordagem psicológica que dá ênfase e estuda o papel dos processos de criatividade como uma das ferramentas para a auto-regulação organísmica. Esta noção de auto-regulação, é advinda da Teoria Organísmica, pois Kurt Goldstein foi médico assistente de Fritz Perls, sendo este muito influenciado pelas teorias de Goldstein devido os pacientes em estado de readaptação após a guerra que ambos tratavam. As ideias dos dois com este trabalho resultaram em um livro que apresenta as premissas da teoria organísmica.
Fonte: https://bit.ly/2Gck3ru
A Gestalt-Terapia compartilha do mesmo da Teoria Organísmica de que a repetição de padrões de comportamentos, a não exposição a novas situações, é uma esquiva para evitar situações de ansiedade gerada pelo desconhecido. Para a Gestalt isso seria um estado neurótico de comportamento que limita a vida do sujeito, pois para ambos o neurótico desistia muitas vezes da satisfação devido suas experiências negativas. Na Teoria Organísmica, Goldstein deu importância ao papel da criatividade para o indivíduo se auto-regular, evitando assim a ansiedade, e estimulando este indivíduo a ir em busca da novidade.
Nesta quarta-feira, 02 de maio, os acadêmicos da disciplina de TTP3, ministrada pela professora Me. Carolina Cótica incorporaram o papel de vendedores de livros por um dia.
Fonte: encurtador.com.br/eA125
A proposta era apresentar o livro à turma, de maneira dinâmica e interessante, a fim de convencer ao público que a obra literária de cunho psicológico valia a pena ser comprada.
Os livros apresentados foramDescobrindo Criançasda autora Violet Oaklander, e o livroGestalt-Terapia com Criançasda autora Luciana Aguiar.
Fonte: encurtador.com.br/eA125
As apresentações contaram com mesa de autógrafos, técnicas de relaxamento e presentificação, além de todo um cenário específico dentro da própria sala de aula.