Medo Líquido: os fantasmas contemporâneos

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O PAVOR DA MORTE

O que é a morte? Para muitos o fim, para outros o apenas o começo. O fato é que ela é inevitável para todos, independentemente da espécie, povos, línguas ou classe social. Ela não se importa, em como, os indivíduos se comportam. Se são bons, ou ruim, se são “puros” ou “impuros”. O “fim” faz parte da regra do jogo, e não há nada que o ser humano possa fazer para detê-la. “Só a morte significa que nada acontecerá daqui por diante, nada acontecerá com você, ou seja: nada que você possa ver, ouvir, tocar, cheirar, usufruir ou lamentar. É por essa razão que a morte tende a permanecer incompreensível para os vivos” (BAUMAN, 2008, p. 44).

O autor considera que o medo da morte é um processo inato ou original de todas as pessoas. A morte é um conteúdo acessível a consciência, e constantemente se faz presente na vida de todos da espécie humana, causando em alguns um medo incontrolável. “[…] o medo que se origina, não da morte batendo a porta, mas de nosso conhecimento de que isso certamente ocorrerá, mais cedo ou mais tarde […] (BAUMAN, 2008, p. 46).

Fonte: http://zip.net/brtMZW

A morte pode ser descrita de forma diferente através do processo cultural e das crenças, pois alguns, tendem a vê-la como apenas uma passagem, no qual somente o corpo físico morre e, a alma é imortal, ou seja, vive para toda a eternidade. “[…] não vão deixar o único mundo que existe para se dissolver e desaparecer no submundo da não existência, apenas se mudarão para outro mundo, onde continuarão existindo […]” (BAUMAN, 2008, p. 46). Para estes o medo pode não existir ou pode ser menor. Para outros o medo do desconhecido a incerteza do que poderá ou não acontecer após a morte.

Segundo Simonetti (2003, p. 14) “A imortalidade é algo intuitivo na criatura humana. No entanto, muitos têm medo, porque desconhecem inteiramente o processo e o que os espera na espiritualidade”. Durante todo o ciclo vital relações são estabelecidas e vínculos são criados. Com a chegada da morte de algum ente querido esses laços físicos são desfeitos, porém podem nunca serem esquecidos, pois quem morre levará consigo “parte” de pessoas e consequentemente deixará também “partes” suas, para outros. Assim os que sobrevivem vão ressignificando ou não suas vidas.

O medo pode provocar diversas reações físicas e psicológicas e também ser descritos de várias maneiras, no entanto o autor o descreve como:

Os medos que disseminam são incuráveis e, na verdade, inextirpáveis: chegaram para ficar-podendo ser suspensos ou esquecidos (reprimidos) por algum tempo, mas não exorcizados. Para esses medos não se encontrou nenhum antídoto nem é provável que se venham a inventar algum. Eles penetram e saturam a vida como um todo, alcançam todos os recantos e frestas do corpo e da mente, e transformam o processo da vida num ininterrupto e infinito jogo de “esconde-esconde” (BAUMAN, 2008, p. 44).

Fonte: http://zip.net/bwtMw8

O MEDO E O MAL

As formulações para o conceito do que seria o “mal” têm sido feitas no decorrer dos tempos. Bauman (2008) pontua as variações do termo, relacionando-o a condutas perversas. No entanto, aponta que não é possível explicá-lo totalmente, tampouco evitá-lo. Considerando algumas catástrofes naturais como manifestações do “mal”, destaca-se seu caráter imprevisível, reforçando sua inevitabilidade e imprevisibilidade. No entanto, questiona-se o mal advindo do humano, em termos de prenúncio e consequências.

O sociólogo polonês enfatiza a análise de Hannah Arendt quanto à banalização do mal. Quanto mais as práticas cotidianas são racionalizadas, maior a tendência de não pensar acerca da natureza das tais. E nesse ponto a opinião de Bauman é ratificada, pois salienta que há condições apropriadas ao surgimento de condutas inclinadas ao mal. Observando-se tais circunstâncias, chega-se a um ponto crucial: em vista da sua inevitabilidade, há que se reconhecer que não apenas a natureza, mas o humano pode dobrar-se ao mal.

Ainda que não se discuta ou se reconheça a maldade como intrínseca ao ser humano (HOBBES, 2008 apud SOUSA, 2013), Bauman relata a possibilidade evidente de que mesmo o mais “normal” incorra em atos perversos. Para Correia (2005, p. 87-88), Pode optar por isso

Na busca por identificar o fundamento da propensão para o mal no homem, Kant se vê diante da dificuldade de ter de conciliar natureza e liberdade. Com efeito, se se compreende o mal como decorrente de algum condicionamento natural, ainda que seja uma fraqueza, necessariamente o homem seria inimputável, pois não poderia ser considerado efetivamente responsável (na medida em que não seria livre) pelas ações que desencadeasse. Kant, por razões óbvias, busca evitar uma tal compreensão, sustentando que a propensão para o mal “é uma tendência deliberativa e, como tal, completamente distinta de um impulso natural ou algo assim”.

Fonte: http://zip.net/bqtNZb

Entende-se, portanto, que o medo constante na contemporaneidade cerca o fato de que ninguém pode receber confiança. Uma vez que a configuração atual é instável, acrescente-se a possibilidade de alguém poder, deliberadamente, inclinar-se ao mal. E a despeito das consequências dramáticas do “mal” da natureza, Bauman enfatiza que o produto do mal humano pode ser tão catastrófico quanto o anterior.

O HORROR DO INADMINISTRÁVEL

Bauman inicia o terceiro capítulo de sua obra referenciando ideias de Jean-Pierre Dupuy, importante filosofo moderno e ao desenrolar deste capítulo, Bauman reforça a ideia de que a humanidade está doente e a beira de um colapso, enfatizando que “A humanidade tem agora todas as armas necessárias para cometer o suicídio coletivo, seja por vontade própria ou falha – para aniquilar a si mesma, levando o resto do planeta à perdição” (BAUMAN, 2008, p. 97-99).

A corrida contra o tempo, disputas de poder, busca por status, longas distâncias e pouco tempo, excesso de trabalho e sobrecarga emocional se debruçam sobre a vida do homem moderno com o rótulo de globalização, sobretudo esse evento e sub-eventos trazidos pela globalização se chocam com os valores morais carregados de maneira intrínseca por cada um, e Bauman de maneira esplendida reforça que: “a civilização deve seu potencial mórbido (ou mesmo suicida) às mesmíssimas qualidades de que extrai sua grandeza e seu glamour: a aversão inata à autolimitação, a transgressividade inerente e o ressentimento e desrespeito em relação a todas as fronteiras e limites” (BAUMAN, 2008, p. 100-101).

Ou seja, de onde os homens extraem sua couraça de poder terreno é também a fonte de seus demônios doentios que afetam e contaminam a humanidade, como uma dialética onde de um lado encontram-se os prazeres e ganhos como dinheiro, conforto, luxo, status, reconhecimento social e poder, em contrapartida temos a fadiga, avareza, ganancia, esgotamento psicológico entre outros fatores e agravantes negativos, como uma dialética grega de apolíneo e dionisíaco.

Fonte: http://zip.net/bftMZz

Para manter a retroalimentação entre as partes, Bauman (2008) traz nesse capítulo o termo detours que significa desvio, ele também aborda o significado deste termo dentro da modernização, que segundo ele tem a ideia de uma satisfação ou recompensa temporária, ou seja, para evitar o esgotamento total ou um impacto extremamente negativo em si mesmo ou no outro, há uma breve e temporária satisfação, acontece um momento de compensação para aquele provável dano, então a partir dessas breves recompensas, a humanidade se compra e se vende para uma recompensa ilusória e breve.

Ao decorrer do capítulo, Bauman (2008) traz impasses que denunciam até que ponto o homem é capaz de se submeter, e traz referencias de obras de outros autores acerca disso, mostrando-nos de forma objetiva e clara como a persuasão e a busca por controle, poder e domínio conduzem a vida da humanidade.

O TERROR GLOBAL

Bauman afirma que com a globalização, surgiram aspectos negativos que resultaram em medos, inseguranças e incertezas na sociedade. A  “abertura” da sociedade, expressão de Karl Popper como coloca Bauman (2008 p.126), teve como efeito colateral a “globalização negativa” que demonstra um cenário de irregularidades e anormalidades que se tornam regras. O autor descreve que a globalização é altamente seletiva do comércio  e do capital, da vigilância e da informação, da coerção e das armas, do crime e do terrorismo, todos esses desdenham a soberania nacional e desrespeitam quaisquer fronteiras entre os Estados.

O planeta globalizado, comenta Bauman (2008, p.127), ‘habitado por sociedades forçosamente ”abertas” a segurança não pode ser obtida”, o autor acrescenta que consequentemente a “globalização negativa” seria a causa da própria injustiça e as origens dos nossos medos estão relacionadas com a ordem política e a ética. Convivemos com incertezas e com medo em nossos dias.

Fonte: http://zip.net/bhtNbY

Costa (1998) apud Santos (2003) coloca que o medo seria fronteiriço entre sensações e sentimentos: “angústia, mal-estar, desconforto são eventos afetivos que podem ser descritos como sentimentos ou como sensações, dependendo de critérios adicionais como maior ou menor reflexividade, maior ou menor modificação dos estados físicos dos sujeitos etc.”

Conforme coloca Frattari (2008), “ não  há a possibilidade sequer de se falar em termos de ‘riscos’, uma vez que estes podem, de acordo com sua definição ser calculados e, assim, minimizados ou evitados”.  Bauman (2008,p.129) fala que riscos são importantes desde que continuem calculáveis e passíveis de uma análise de custo-benefício, a preocupação aos planejadores da ação são os que podem afetar os resultados, numa perspectiva relativamente curta de espaço e tempo.

O grande desafio do século atual, segundo Bauman (2008 p.166), é a aproximação do poder e a política de forma global. Com a globalização negativa, o poder e a política se desenvolveram em direções opostas. As ações não podem ser locais e sim globais.

Bauman (2008 p.167) afirma que: “…o medo é um dos aspectos mais representativos nas sociedades abertas atualmente, com isso a insegurança e a incerteza nos tornam frágeis e com um sentimento de impotência”. Esse sentimento de impotência persisti, porque não percebemos estar no controle, seja sozinhos, grupos ou coletivamente dos assuntos que são pertinentes a nós, como da mesma forma em relação ao controle de assuntos do planeta. Bauman acrescenta que é preciso criar ferramentas que ajudem a solucionar os males globais e assim recuperar o controle de nossas forças.

Fonte: http://zip.net/bctMGz

TRAZENDO OS MEDOS À TONA

Segundo autor, em sua busca por saber sobre os medos advindos da modernidade líquida, surgidos da insegurança e consequentemente nutridos por ela, sugere que os países desenvolvidos traz uma expectativa de segurança, de estarem protegidos,  nessa parte desenvolvida, os mesmos são considerado o povoado mais seguro, se empregando de meios eficazes de se protegerem, concomitantemente, estão usufruindo de todas as três fachadas em que se agarram os combates em conservação da existência: em oposição a potência da natureza, em oposição ao enfraquecimento inato de nossos corpos e em oposição às ameaças da violência imediatas dos indivíduos.

Contrariando o supracitado, é neste cenário de conforto que o caos se instala, a obsessão por segurança é inevitável, o medo toma conta dessas pessoas, e os torna deslumbrados por tudo que envolve segurança e proteção.  (BAUMAN, 2008).

A promessa moderna de evitar ou derrotar uma a uma todas as ameaças à segurança humana foi até certo ponto cumprida – embora não a promessa reconhecidamente exagerada, altamente ambiciosa e com toda probabilidade impossível de cumprir, de acabar com elas de uma vez por todas. O que, no entanto, flagrantemente de se materializar é a expectativa de liberdade em relação aos medos nascidos da insegurança e por esta alimentados (BAUMAN, 2008, p.169).

Fonte: http://zip.net/bmtMVX

O medo por sua vez, traz na sua raiz a insegurança, a sociedade vive no mais completo desespero, uma busca desenfreada por tudo que possa garantir sua segurança, ou seja, o pânico se instalou na contemporaneidade. Cabe ressaltar que os seres humanos não são isentos de suas responsabilidades, a formas egocêntricas e desumana de ser traz consigo uma participação nesse quadro alarmante de medos sucedidos das incertezas. (BAUMAN, 2008).

Podemos dizer que a variedade moderna de insegurança é marcada pelo medo principalmente da maleficência humana e dos malfeitores humanos. Castel atribui à individualização moderna a principal responsabilidade por esse estado de coisas (BAUMAN, 2008, p. 171).

A humanidade está em volta de seus próprios interesses, a individualidade se instala em maior grau na sociedade moderna.

[…] em nossa sociedade, por trás do medo e da violência, há, na verdade, uma profunda insegurança em relação às transformações que a modernidade trouxe em seu bojo: individualismo, competitividade, perda do status social, perda dos referenciais comunitários, instabilidade emocional e material, desencantamento religioso e, em última instância, as consequências da globalização negativa. Nesse sentido, é importante definir e compreender o estágio atual da modernidade e os elementos que dela decorrem, obscurecendo nosso cotidiano e nossas vidas. (DAMIÃO, 2012, p .26).

O medo paralisa, faz crescer nossas defesas, o que é inevitável diante dos acontecimentos inerentes a espécie humana e dos adventos da contemporaneidade, consequentemente os medos vem à tona.

Fonte: http://zip.net/bvtNrz

O PENSAMENTO CONTRA O MEDO

Bauman termina o livro não fazendo um resumo do que foi disposto nos capítulos anteriores, ou mesmo se coloca alheio a situação, retirando sua responsabilidade do processo. Mas se coloca e também os demais produtores de reflexão social, definido por ele como os “intelectuais”. Em prática, o pensamento contra o medo é justamente usar do pensar para combater os medos que assolam a sociedade pós-moderna. Por isso a importância dos pesquisadores e produtores de conhecimento intelectual buscarem formas de idealizar novos modos positivos e esperançosos.

Para tanto é preciso que tomem consciência do poder que possuem. Em toda a história os sábios sempre davam os conselhos, porém não o executavam, sendo assim nunca tiveram o devido conhecimento e reconhecimento que tinham no processo.

Os intelectuais nunca confiaram realmente em seus poderes de transformar o mundo de carne e osso. Precisavam de alguém para empreender a tarefa que, insistiam, deveria ser realizada. Alguém com o poder real de fazer as coisas e assegurar que continuassem sendo feitas (o conhecimento não necessita do poder para mudar o mundo? Da mesma forma que o poder precisa do conhecimento para mudá-lo da maneira certa e com o propósito correto?). (BAUMAN, 2008, p. 210).

Sendo assim deve-se levar em conta a imensa responsabilidade no combate aos medos, assim como preconceitos, mentiras ou injustiças que assolam a vida dos sujeitos e das relações contemporâneas, não se mostrando assim indiferente a tais mazelas sociais afim de redesenhar a “possibilidade de um atalho para um mundo mais adequado à habitação humana que se perdeu de vista e parece mais irreal do que antes” (BAUMAN, 2008, p. 221).

Sendo assim, o que se espera é essa união entre os intelectuais e o povo, de modo a juntos caminharem em um processo terapêutico, e assim ressignificando a “humanidade e seu conjunto”.

REFERÊNCIAS

BAUMAN, Zygmunt. MEDO LÍQUIDO. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2008.

CORREIA, Adriano. O conceito de mal radical. Trans/Form/Ação, Marília, 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-31732005000200005&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 22 mai. 2017.

SOUSA.

DAMIÃO, Abraão Pustrelo. Modernidade, Medo e Violência: Reflexões Teóricas e o Caso de Marília/SP. 2012. Disponível em: <https://www.marilia.unesp.br/Home/Pos-Graduacao/CienciasSociais/Dissertacoes/DAMIAO_A_P_ME_2013.pdf.> Acesso em: 21 mai. 2017.

FRATTARI, Najla Franco. Insegurança e medo no mundo contemporâneo: uma leitura de Zygmunt Bauman. Sociedade e Cultura, v. 11, n. 2, 2008.

SANTOS, Luciana Oliveira. O Medo Contemporâneo: Abordando Diferentes Dimensões. Psicologia Ciência e Profissão, 2003, 23 (2), 48-55

SIMONETTI, Richard. Quem tem medo da Morte? 3a Edição – Ceac Editora -Bauru-SP Janeiro/2003 <http://bvespirita.com/Quem%20Tem%20Medo%20da%20Morte%20(Richard%20Simonetti).pdf.> Acesso em 20 mai. 2017.

SONIELSON L. Vamos falar da maldade? (En)Cena. Disponível em: <http://encenasaudemental.com/comportamento/insight/vamosfalar-da-maldade/>. Acesso em: 22 mai. 2017.

 

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It – Uma Obra-Prima do Medo: o palhaço e os medos da infância

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“Crianças, a ficção é a verdade dentro da mentira, e a verdade desta ficção é bem simples: a magia existe.”
Stephen King

Stephen King e a obra-prima do medo

Este escritor é, talvez, a maior referência mundial no gênero terror/terror psicológico. Suas obras fazem jus ao sobrenome que soa tão assustador hoje em dia. Agora, imagine aos 19 anos, quando começou sua carreira como autor. Inspirado em obras como Hobbit, de J. R. R. Tolkien, o jovem King tentou criar o seu próprio universo, ser diferente, não se prender ao que havia lido e aprendido, por mais fascinante que fosse.

Uma curiosidade é que parte de suas histórias são ambientadas ou tem algum tipo de ligação com o estado do Maine, Estados Unidos, local onde nasceu. Por exemplo, as adaptações como Conta Comigo (1986), Cemitério Maldito (1989) e It: Uma Obra Prima do Medo (1990) se passam, de alguma forma, nesta localidade. Ou seja, não são apenas universos, mas ninhos, como se tudo tivesse acontecido com o próprio Stephen King.

O autor também tem a “mania” de criar personagens que o representam nos contos. Em “It”, o personagem William Denbrough (Jonathan Brandis) é um garoto que escreve contos de terror e sonha ser escritor. Já tinha feito isso com Gordie Lancaster (Wil Wheaton), em “Conta Comigo”. É uma forma mais enfática de mostrar a todos como funcionam seus pensamentos, como ele reagiu ou reagiria às situações que apresenta.

Curiosidades à parte, Stephen King é conhecido não só pelo talento em criar sensações de medo nos leitores/espectadores, mas por dar vida ou poder às coisas. Pennywise, por exemplo, é fruto da aversão coletiva instaurada após John Wayne Gacy ter assassinado mais de 30 crianças, em Chicago, se fantasiando de palhaço para atraí-las. E o filme aborda bem isso, já que “A coisa” também é um tipo de espírito maligno que se aproveita da inocência de indefesos.

Com o iminente lançamento do remake de It, King foi alvo de inúmeras críticas de palhaços profissionais. Para eles, o filme afeta o julgamento do público quanto à profissão, denegrindo suas imagens e, por consequência, influencia nos negócios. Em resposta, em seu perfil oficial no Twitter, o escritor disse:

Os palhaços estão com raiva de mim. Desculpem, a maioria (deles) são ótimos. Mas… crianças sempre tiveram medo de palhaços. Não matem os mensageiros pela mensagem

Stephen King.

Se pararmos para pensar, o autor tem razão. Em algum momento de nossas vidas sentimos medo de coisas ou seres de aparência amigável e que não deveriam representar um tipo de ameaça. Então, por que ainda sentimos medo?

O medo e as respostas emocionais condicionadas

Algo certamente curioso são os motivos pelos quais as pessoas sentem emoções, nesse caso o medo e aversão. Segundo Moreira e Medeiros (2007), os reflexos e respostas emocionais inatos são uma forma mínima de preparação para interagirmos com o ambiente que nos cerca, em relação de valor com a sobrevivência. As emoções não surgem “do nada”, precisam de um determinado contexto e interagem com nossa fisiologia, sendo em grande parte relações entre estímulos e respostas (comportamentos respondentes, ou seja, não controláveis).

Com os estudos Ivan Pavlov sobre os reflexos, atualmente sabe-se que os organismos podem aprender novos reflexos, e a isso se deu o nome Condicionamento Pavloviano. Desse modo, se os organismos podem aprender novos reflexos, também podem aprender a sentir emoções que não estavam em seu repertório comportamental quando nasceram (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).

No filme, um grupo de amigos de infância é convidado a se reunir novamente em sua cidade natal, Derry, pelo único membro que permaneceu morando ali por todos esses anos, Mike Hanlon. Mike os convoca a cumprir uma promessa que fizeram quando crianças: regressar se “It” ou “A Coisa” voltasse a atacar. A partir desse ponto, o espectador passa a descobrir aos poucos quem é Pennywise e o que aconteceu em Derry.

Assim como ocorre naturalmente durante o desenvolvimento, Os Sete Sortudos (Lucky Seven originalmente) também aprenderam seus medos. O medo de cada um deles possuí características diferentes, que foram exploradas por Pennywise. Sobre o aprendizado do medo, no ano de 1920, James B. Watson (1878 – 1958) ficou conhecido com o caso do pequeno Albert e o rato. Watson tinha a intenção de verificar se o Condicionamento Pavloviano (aprendizagem de novos reflexos) teria utilidade no estudo de emoções.

Watson realizou seu experimento com Albert, um bebê de dez meses, para o qual foi apresentado um rato, do qual ele não apresentava medo (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).  Emparelhou-se então o estímulo do rato com um barulho alto, o que fazia com que Albert se assustasse e chorasse. Após emparelhamentos sucessivos, somente a presença do rato fazia com que Albert tivesse medo. Com isso, Watson provou que as emoções podem ser aprendidas e modeladas (MOREIRA; MEDEIROS, 2007).

Cada flashback para a infância dos personagens mostra ataques “personalizados” que Pennywise realizou: como o medo que Richie tinha de Lobisomens, devido a um filme de terror; o ataque contra Eddie nos chuveiros, envolvendo sua vergonha quanto ao seu corpo e biotipo; e a experiência que Bill teve com a perda de seu irmão, relembrada no ataque que sofreu. O medo e a aversão tanto de Albert, quanto das crianças do filme, possuem a mesma natureza: Experiências condicionantes.

Coulrofobia: o medo de palhaços

De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V), a Coulrofobia (fobia de palhaços) se encaixa na categoria de Fobias Especificas nos Transtornos de Ansiedade. A característica essencial das fobias específicas é medo ou ansiedade acentuados acerca do objeto ou situação (estímulo fóbico), nesse caso, envolvendo figuras que representem palhaços. “O medo, ansiedade ou esquiva causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo” (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014, p. 197).

Seu desenvolvimento pode ser ocasionado geralmente por eventos traumáticos, observação de outras pessoas que passam por um evento traumático, um ataque de pânico inesperado na situação que virá a ser temida ou ainda por transmissão de informações (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014). Dessa maneira, a polêmica envolvendo tanto o filme de Tommy Lee Wallace, quanto o livro de King, se deu pelo aumento de casos de Coulrofobia, principalmente nos Estados Unidos.

“Eu sou todo pesadelo que você já teve.”

 

Essa série de elementos aversivos para os personagens também têm um apelo para o espectador (vale aqui uma menção à cena do bueiro, por exemplo), somado à aparência e comportamento de Pennywise, incomodam em um horror diferente do convencional. Ao invés dos sustos sucessivos comuns nos filmes do gênero, IT tem o poder de literalmente perturbar e afligir a quem assiste, algo que seria um ponto interessante a ser explorado no reboot de 2017, que infelizmente não contará com a empolgante atuação de Tim Curry.

REFERÊNCIAS:

MOREIRA, Márcio Borges; DE MEDEIROS, Carlos Augusto. Princípios básicos de análise do comportamento. Artmed Editora, 2009.

AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-V). Trad. Márcia Inês Corrêa Nascimento et. al. 5. ed.  Artmed, 2014.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

IT – UMA OBRA-PRIMA DO MEDO

Diretor: Tommy Lee Wallace
Elenco: Tim Curry, Richard Thomas, Annette O’Toole, Jonathan Brandis, Brandon Crane;
País: EUA
Ano: 1990
Classificação: 16

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“Sexta-Feira 13” e as instâncias da personalidade em Freud

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Com todo, el grado em que este trabajo de cámara fuerza La identificación del espectador com el asesino sigue siendo uma cuestión abierta a debate.
Paul Duncan

Em 9 de maio de 1980, estreou nas salas de cinema americanas uma das mais prolíficas e improváveis séries de terror da história do cinema: Sexta-feira 13 (Friday the 13th). A história do assassino que persegue jovens em um acampamento aterrorizou multidões e lucrou com o medo: o primeiro longa custou míseros 500 mil dólares e teve o saldo final de cerca de 40 milhões.

No lado oposto, a crítica especializada da época nunca entendeu o desejo do público de ver e participar de uma chacina – por que ao contrário dos antecessores do gênero, em Sexta-feira 13 – e seus congêneres – o expectador observa tudo a partir da perspectiva do serial killer, com todos os detalhes sórdidos: o voyeurismo, a perseguição, o acuamento para, por fim, o assassinato. Logo, o público passou de mero expectador para cúmplice na história. Para Jonathan Penner

[…] no existe una respeuesta fácil al interrogante de por qué las películas gore gozan de tanta popularidad. […] lo que no puede negarse es que estas películas atraen a um público muy diverso em momentos muy distintos y por razones diferentes, y que continuarán generando acalorados debates em hogares, aulas y tribunales (JONATHAN PENNER, p. 26, 2008).

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No total, em três décadas, temos doze filmes acompanhando a saga do assassino mascarado e suas brutais e criativas formas de matar – que só as mentes sem limites dos roteiristas de Hollywood são capazes de conceber. O último capítulo, lançado em 2007, arrecadou, para surpresa de muitos, quase cem milhões de dólares ao redor do mundo. Feito invejável para uma franquia que consiste basicamente em jovens, drogas, sexo e morte. Mas o que há de tão especial nesse produto que se tornou objeto de culto? Porque as massas ainda respondem a essa experiência de encontrar a representação de um bicho-papão e sentir medo e terror associados à punição de comportamentos considerados subversivos na sociedade ocidental? Acredito que, literalmente, Freud explica!

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O Id, o Ego e o Superego – Juventude, a garota final e Jason

Na teoria psicanalítica, Freud desenvolveu uma topografia do aparelho psíquico necessária para estruturar e explanar os conteúdos mentais e sua atuação e dinâmica na personalidade do homem. O primeiro sistema, segundo Talaferro, consistiu em dividir a psique em três planos delimitados

[…] Deve-se considerar que são forças, investimentos energéticos que se deslocam de certa forma, que têm um tipo de vibração específico e que vão todas estruturar os três sistemas que Freud denominou e dividiu topograficamente em Inconsciente, Pré-consciente e Consciente, cada um deles com características determinadas (TALAFERRO, 1996, p. 38).

Mas o que nos importa aqui é sua segunda teoria, que trouxe a tona as três instâncias da psique: o id, o ego e o supergo.  A instauração dessa nova perspectiva, segundo Laplanche e Pontalis (2001, p 125) trouxe a possibilidade de novas orientações, ampliando a base psicanalítica da análise além do inconsciente, voltada para a análise do ego e dos mecanismos de defesa do superego. Essa dinâmica existente entre as três instâncias pode ser, analogamente, transportado para o universo presente nos dois primeiros filmes da série Sexta-feira 13; assim, talvez a psicanálise consiga explicar porque filmes do gênero até hoje atraem tanta audiência.

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O Id ou a geração “Sexo, Drogas e Rock & Roll”

O acampamento Cristal Lake é o local onde ocorrem os massacres de praticamente todos os filmes. E é bem apropriado: ele se restringe a algumas casas construídas a beira de um lago no meio da floresta para receber turistas e jovens nas férias. Essa peculiar característica será destrinchada em um artigo posterior, mas para facilitar a visualização, podemos identificar todo o cenário bucólico/selvagem, presente nas produções do gênero, como um reservatório de lembranças e impulsos recalcados ou latentes que encontrarão meios de vir à tona, geralmente, da maneira violenta. Mas para isso, o conteúdo precisa encontrar o espaço perfeito para agir, e a inserção de jovens sendo vigiados por outros jovens, sem qualquer interferência adulta, é a maneira perfeita para que o ID coloque em prática todas as suas vontades e desejos, em teoria, sem receios de repreensão ou punições. Para Zimerman

Do ponto de vista topográfico (…) o ID é fundamentalmente constituído pelas pulsões. Sob o ponto de vista econômico, o ID é a um só tempo um reservatório e uma fonte de energia psíquica. Do ponto de vista funcional, ele é regido pelo princípio do prazer  (ZIMERMAN, 1999, p. 83).

Aqui, então, teríamos a juventude como a representação perfeita das pulsões do Id. Para Zimerman a pulsão (1999 p. 117) é uma fonte de excitação que estimula o organismo a partir de necessidades vitais interiores e o impele a executar a descarga desta excitação para um determinado alvo. O corpo em Cristal Lake é sensorial, observamos em uma escala cada vez maior os jovens buscarem um direcionamento para suas necessidades. É visível que todos eles carregam uma grande carga de energia que precisa ser liberta. Para Laplanche e Póntalis (2001, p. 394) uma pulsão tem a sua fonte numa excitação corporal; o seu objetivo ou meta é suprimir o estado de tensão que reina na fonte pulsional. A chegada dos jovens ao acampamento leva a demonstrações eróticas subliminares, sua exposição não é apropriada, ainda, ao local e nem ao horário, pleno dia.

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Então temos o redirecionamento dessa energia, inicialmente, para o trabalho corporal, organização e manutenção do local, e, posteriormente, para objetos que cada vez mais dominam e desarmam as fortalezas do ego: comida, álcool e drogas. Tudo isso avançando em escala crescente enquanto o dia se esvai e a escuridão se aproxima. Esse investimento pulsional, para Zimerman (1999, p. 118) alude ao fato de que certa quantidade de energia psíquica esteja ligada a um objeto, tanto externo como ao seu representante interno, numa tentativa de reencontrar as experiências de satisfação que lhe estejam correlacionadas.

Assim, temos uma preparação do corpo, uma eroginização para na entrega total ocorrer a satisfação final. Mas existe um grande obstáculo perante o descarregamento indiscriminado da libido, que pode tanto intervir quanto proibir ou punir. O descontrole das pulsões do ID traz a tona aquele que será a lei e o juiz, a mãe e o pai, a instância psíquica que ditará os limites e as regras que devem ser seguidas para manter o equilíbrio em Cristal Lake, ou melhor, a homeostase psíquica.

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O Superego ou a sede de controle extremo de Jason Voorhees

Há aqui uma peculiaridade, que reforça o papel do vilão como uma faceta do Superego descrito por Freud: somente no segundo filme Jason ataca ferozmente os jovens em Cristal Lake. A “encarnação da morte” no primeiro capítulo é vivida por sua devotada e vingativa mãe, Pamela Voorhees (Betsy Palmer).

É coerente e, até, interessante analisarmos essa transferência de poderes de mãe para filho de acordo com a formação do superego (LAPLANCHE & PONTALIS, 2001, p. 498): “(…) a criança, renunciando à satisfação dos seus desejos edipianos marcados de interdição, transforma o seu investimento nos pais em identificação com os pais, interioriza a interdição.” Ter a mãe como a figura que se interpõe de maneira cruel diante excitações juvenis nos remete a condição do superego como agente de controle, por vezes, tirânico das pulsões do Id. Zimerman define supergo como

[…] uma estrutura composta por objetos internalizados, aos quais geralmente atribui-se um caráter persecutório, de intensidade maior ou menor e que, por meio de mandamentos, opõe-se às pulsões do Id, faz ameaças e um boicote às funções do ego, distorce a realidade exterior e, ao mesmo tempo, submete-se a ela, cumprindo as determinações sobre o que o sujeito deve e o que não deve fazer, o que sempre provoca nele um estado mental de culpas, acompanhado de medo e atitude defensiva (ZIMERMAN, 1999, p. 133).

Pamela em nenhum momento hesita ou demonstra culpa diante de seus atos, porém quando seu filho, Jason Voorhees assume o papel da mãe, como um baluarte sanguinário da moral e dos bons costumes, encontramos resquícios de piedade, mesmo que seja acessos de esquizofrenia onde a figura materna ainda mantém controle. Ao retirarmos as referências fantásticas que colocam Jason como uma “máquina invencível de matar” – às vezes com poderes paranormais – podemos afirmar que o verdadeiro mal, aquele que não remete a piedade ou arrependimentos, provem da mãe, Pamela, e sua ânsia incansável por vingança.

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Como regra clássica dos slashers movies da década de 80, drogas, sexo e, principalmente, o gênero feminino, remetem a morte. Não é somente a maconha ou a ânsia da cópula que trazem a fúria do superego nestes filmes, a presença feminina instiga a crueldade, reforça a perversidade sádica do supergo sobre o ego, decorrente das investidas do Id. Além de Sexta-feira 13 temos Halloween (1978) e O Massacre da Serra Elétrica (1974) com exemplos de personagens femininas que são mortas sem o uso de drogas ou a sugestão de sexo. Basta ter peitos!

Para o público, majoritariamente masculino, a mensagem poderia não ser clara, mas existia: o sexo feminino – com características de sedução e independência – não são aprovados. É preciso eliminar essa figura que demonstra poder e atitude e preservar somente a que traga a pureza e a inocência no seu caráter e a virgindade do corpo. Essa garota é a “final girl”, a última garota, a única que pode trazer o equilíbrio entre essas duas forças. Entre as pulsões do Id e os mandamentos do Superego, temos aquele que procura manter-se intacto nessa batalha: o Ego.

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O Ego ou a “Final Girls”

Observe a garota do centro, na foto acima. Entre os jovens, ela destoa – suas roupas têm cores neutras e cobrem todo o corpo e seu cabelo a deixa bem distante do arquétipo feminino que as outras personagens querem vender, beira a androginia. Alice (Adrienne King) é uma das monitoras do acampamento, ela é responsável, durona e mantém-se distante dos convites para o uso de drogas ou sexo que parecem pulular de forma convidativa por todos os cantos em Cristal Lake. Ela é a representação do Ego. Para Lanplanche e Pontalis (2001, p. 498), há uma relação de dependência do ego, do ponto de vista tópico, tanto para com as reinvidicações do id, como para com os imperativos do superego e exigências da realidade.

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Cada “final girl” da franquia representaria, assim, uma resolução desse conflito interno constante entre a pulsão e o controle. No primeiro capítulo, o ego, representado por Alice, deixa o superego interditar toda forma de expressão psíquica do id, de maneira gradual e silenciosa. Lanplanche e Pontalis ressaltam que a censura exercida pelo superego é inconsciente

[…] o sujeito que sofre de compulsões e interdições comporta-se como se estivesse dominado por um sentimento de culpa acerca do qual, porém, ignora tudo, de forma que podemos chamá-lo sentimento de culpa inconsciente, apesar da aparente contradição dos termos (LANPLANCHE E PONTALIS, 2001, p. 498).

Logo, as transgressões, impulsionadas pelo id, que observamos no desenvolvimento da história soariam mais emergentes do que o perigo de interdição encarnado pelo superego. Para Alice, a sobrevivência torna-se primordial quando percebe que o que está ocorrendo em Cristal Lake não é uma paz advinda pós-satisfação dos prazeres, mas sim de uma eliminação contínua de todos aqueles que resolvem não seguir “as regras da casa”. E isso, quando ocorre de maneira silenciosa, surge como ameaça a integridade do próprio ego. Assim, após a última garota escapar das investidas do id, cabe, como resolução, enfrentar a censura do superego.

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A franquia sem fim ou o eterno conflito

O intuito do texto foi identificar e analisar as instâncias das personalidades descritas por Freud presentes na franquia Sexta-feira 13. Esse mecanismo presente na construção dos roteiros, e repetido exaustivamente em continuações e outros filmes do gênero, parecem influenciar mais o inconsciente do expectador do que este possa imaginar. Em seu argumento simples podemos fazer correlações que, talvez, possam explicar porque tal “receita” permanece, praticamente, inalterada até hoje. É claro que o gênero conseguiu superar clichês e criar novos clássicos, do mesmo modo que a psicanálise ampliou seu conhecimento sobre a mente humana. Uma das características mais marcantes é a mudança radical da Final Girl para o desenvolvimento da história; esta ganhou mais complexidade, o que acaba impulsionando mudanças nas necessidades do id e nas exigências do superego. Há filmes em que a protagonista, ao final, se alia ao seu algoz e encontra sua paz nessa comunhão. Mas essa análise fica para outro texto.

REFERÊNCIAS:

DUNCAN, Paul. (Org). Cine de terror. Ed. Taschen. Espanha, 2008;

LAPLANCHE & PONTALIS. Vocabulário da Psicanálise. Ed. Martins Fontes. São Paulo, 2001;

TALAFERRO, Alexandre. Curso básico de psicanálise. Ed. Martins Fontes. São Paulo, 2001;

ZIMERMAN, David E. Fundamentos Psicanalíticos. Ed. Artmed. Porto Alegre, 1999.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

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SEXTA-FEIRA 13

Direção: Sean S. Cunninghan
 Elenco: Betsy Palmer, Adrienne King, Jeannine Taylor
País: EUA
Ano: 2009
Classificação: 18

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