Comemorado no dia 10 de dezembro, o Dia Internacional dos Direitos Humanos completa 73 anos de história, que começou após a Segunda Guerra Mundial. A data celebra também a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), de 1948, que contou com participação e assinatura de 48 países, incluindo o Brasil. A dignidade da pessoa humana é o fundamento basilar dos direitos humanos destacados na declaração, por meio da universalização dos direitos. Ou seja, todo indivíduo é detentor de direitos humanos.
A Constituição Federal (CF – 1988) em seu artigo 4º afirma que o Brasil se rege em suas relações internacionais, pelo princípio da dignidade humana confirmando assim, a importância da DUDH, na valorização de cada pessoa, independente de raça, cor, origem e gênero. Diante disso, vale destacar que a CF foi elaborada após o fim da Ditadura Militar, de 1964, que violou vários direitos, em especial, o da liberdade de expressão, em que os militares que estavam no poder não admitiam opositores.
Infelizmente muitos direitos humanos no Brasil ainda são desrespeitados, em especial de mulheres, negros, indígenas e da comunidade LGBTQI, considerados minorias, bem como as principais vítimas de violência, por conta da intolerância social. Em relação ao assunto, o Atlas da Violência 2020 informou que houve um aumento de mais de 15% de violência contra a população negra, e entre os principais motivos está o racismo. Ademais, diariamente são retratados pelas mídias, situações de racismo em relação à população negra no Brasil.
Fonte: freepick
Sobre a internacionalização dos direitos humanos, Rocha (1999) explica que “à proporção que o direito internacional foi se desenvolvendo, sua preocupação com o homem foi aumentando, e o ser humano passou a adquirir, a cada dia, maior relevância no cenário internacional.” Diante disso, é importante destacar sobre o papel da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIADH), a qual permite que todo cidadão possa denunciar o Estado, caso haja algum tipo de negligência e falta de lei para assunto relacionado aos direitos humanos.
No Brasil, temos o exemplo da Lei Maria da Penha, que foi o resultado de uma denúncia feita na CIADH, pela farmacêutica Maria da Penha, que sofreu inúmeras agressões, como consequência passou a ser cadeirante, após tomar um tiro. A Lei 11.340, foi publicada em 2006, uma vitória para as mulheres que já sofreram algum tipo de violência doméstica e familiar. Somente no ano de 2020, foram feitas mais de 100 mil denúncias de violência contra a mulher pelo canal de atendimento 180, informou o Ministério da Família e dos Direitos Humanos.
A discussão sobre a importância dos direitos humanos precisa ir além das escolas e universidades, precisa adentrar as estruturas do Congresso Nacional, para a elaboração de leis mais duras sobre o assunto. Racismo, homofobia e machismo são considerados crimes, por isso é preciso denunciar. Para isso, poderá ligar no 197, número geral das delegacias ou realizar boletim de ocorrência. A intolerância não pode ser tolerada, o respeito e amor ao próximo precisam prevalecer, e por isso se faz necessário relembrar sobre a importância dos direitos humanos para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
O documentário “Crip Camp: Revolução pela Inclusão” foi produzido nos Estados Unidos em 2020 e disponibilizado na plataforma Netflix neste mesmo ano. Este documentário traz uma série de memórias audiovisuais da década de 1970, sob a produção e direção de Nicole Newnham e James Lebrecht, um cadeirante que se utilizou de suas recordações de um acampamento de verão exclusivo para pessoas com deficiência, e mais tarde como este acampamento influenciou o movimento pela luta política em defesa dos direitos civis.
O acampamento Jened era o único naquele período destinado a esses jovens e adultos com necessidades especiais, se iniciando na década de 50 e em 1977, fechado em decorrência de questões financeiras. Lebrecht inicia o documentário falando da sua deficiência e das barreiras encontradas durante o seu crescimento, em termos de escola e sociedade, e o momento em que descobriu e participou pela primeira vez de Jened, deixando claro como “este campo mudou o mundo e ninguém sabe a sua história”, que é contada no decorrer do documentário.
De acordo com Barbosa e Moreira (2009), “quando se trata de pessoas com deficiência, os processos excludentes são ainda mais perversos.” Esse pressuposto fica bastante evidente no documentário, quando Lebrecht entrevista os campistas no acampamento, e estes retratam suas deficiências e os modos excludentes da sociedade naquela época que até então não existiam leis que garantissem a inclusão, como acesso a escolas, rampas nas ruas e acesso aos ônibus.
Durante o documentário e o relato dos participantes sobre o acampamento, eles colocavam que ali era um lugar onde não existia mundo externo, que era uma oportunidade para fazer coisas diferentes, que os adolescentes pudessem ser adolescentes sem os estereótipos e rótulos existentes. E que lá eles perceberam que o problema não era com as pessoas que possuem deficiência, mas sim as que não possuem.
Fonte: encurtador.com.br/glwW9
Na primeira parte do documentário são mostrados fotos e vídeos do campus bem como a história de vida de alguns campistas, e acima de tudo a vivência desses jovens sem a presença de seus pais ou responsáveis durante os dias de acampamento, o ciclo de amizades, descobertas e sexualidade, numa dinâmica onde poderiam fazer o que quisessem tornando o documentário muito além do que “pessoas que necessitavam de piedade”, mas de um grupo de jovens que possuem sentimentos, inseguranças e que são otimistas, como todos da sociedade naquela época em que predominava o contexto político e de guerra.
Outro ponto bastante retratado era referente à educação, no qual cita a vontade em cursar escolas como as outras crianças, no entanto algumas questões eram levadas em consideração , seja pelo uso de cadeira de rodas (que algumas instituições não aceitavam) e dessa forma eram ensinadas em casa pelas mães, e em outros casos, pelas vagas limitadas em escolas especiais, e estas eram localizadas no porão das instituições escolares. Um campista em um de seus relatos diz: “as crianças normais eram chamadas de ‘crianças de cima’ pois ficavam sempre acima de nós”. Trazendo um pouco para o nosso contexto aqui no Brasil, a educação inclusiva, segundo Mantoan (2000), (…) inicia-se no século 19, quando os serviços dedicados a esse segmento de nossa população, inspirados por experiências norte-americanas e européias, foram trazidos por alguns brasileiros que se dispunham a organizar e a implementar ações isoladas e particulares para atender a pessoas com deficiências físicas, mentais e sensoriais. (MANTOAN, 2000).
Fonte: encurtador.com.br/exRW5
Izabel Maria (2010), secretária Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, no livro “História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil”, coloca que o que despertou nas pessoas com deficiência estabelecerem grupos e promoverem uma forte mobilização de participação política no âmbito do processo de redemocratização do Brasil foi elas serem vistas por muitos anos com desconsideração e afronta quanto aos seus direitos.
Podemos ver isso bem claro nos Estados Unidos, explícito no documentário, onde não eram aceitos em escolas, tinham dificuldades em vários acessos, e quando iniciaram o Movimento das Pessoas com Deficiência, achavam que por meio de ameaças eles iriam desistir do que queriam, era só virar as costas que ninguém insistiria.
Algumas falas feitas no documentário deixam clara a colocação do parágrafo anterior, como a questão de quando crescem com deficiência eles não são considerados um homem ou uma mulher, e que é difícil começar qualquer tipo de relação pelo fato de ser visto como um deficiente e não como uma pessoa com deficiência, e segundo filmes que começaram a serem lançados na época e programas de televisão os deficientes eram colocados como pessoas que deveríamos sentir pena e medo.
A segunda parte do documentário mostrou um pouco sobre a história do movimento político das pessoas com deficiência física e como o acampamento Jened com toda a sua flexibilidade e integração influenciou na busca pelos direitos, já que alguns campistas estavam à frente das manifestações.
Fonte: encurtador.com.br/ahJK8
Judy Heumann (1977), na manifestação no qual invadiram o gabinete quando a lei foi ignorada porque não queriam ter gastos com o projeto de reabilitação e antidiscriminação, coloca que pessoas com deficiência sentem todos os dias que o mundo não nos quer por perto. Sempre vivemos com essa realidade, pensando se vamos sobreviver se vamos revidar e lutar para estar aqui, essa é a verdade. Se quiser chamar de raiva, eu chamo de motivação, é preciso estar disposto, se não vai conseguir. (HEUMANN,1977).
No Brasil no fim da década de 70 também houve movimentos políticos em prol dos direitos das pessoas com deficiência, sendo o maior deles intitulado “Nada sobre nós, sem nós”. Segundo Sassaki, (2011), o lema “Nada sobre nós, sem nós” comunica a idéia de que política alguma deveria ser decidida por nenhum representante sem a plena e direta participação dos membros do grupo atingido por essa política. Assim, na essência do lema está presente o conceito de participação plena das pessoas com deficiência.
O movimento político das pessoas com deficiência no Brasil aos poucos foi ganhando força e teve grande motivação após a ONU em 1981 proclamar aquele sendo o Ano Internacional das Pessoas Deficientes. Vale lembrar que o país ainda estava em tempos de ditadura militar no qual se prevalecia à censura e falta de liberdade no país, sendo assim havia um movimento não só das pessoas com deficiência, mas da maioria populacional do Brasil.
Segundo Junior (2010), os movimentos sociais, antes silenciados pelo autoritarismo, ressurgiram como forças políticas. Vários setores da sociedade gritaram com sede e com fome de participação: negros, mulheres, índios, trabalhadores, sem-teto, sem-terra e, também, as pessoas com deficiência. Esse processo se reflete na Constituição Federal promulgada em 1988. A Assembléia Nacional Constituinte (1987-1988), envolvida no espírito dos novos movimentos sociais, foi a mais democrática da história do Brasil, com canais abertos e legítimos de participação popular.
Fonte: encurtador.com.br/sSY79
A Constituição Federal de 1988 é denominada como Constituição Cidadã e é ela que rege todo o ordenamento Jurídico do Brasil, sendo assim trouxe também um princípio de proteção às pessoas com deficiência. A partir da nova Constituição vale destacar a Lei 7.853/89 na qual garante o direito ao trabalho, à educação e garantia dos mesmos direitos civis para pessoas com deficiência desde 1989, sendo assim tal lei vem com intuito de igualdade na qual tem como objetivo a não descriminalização dessas pessoas, tendo no parágrafo c) a promoção de ações eficazes que propiciem a inserção, nos setores públicos e privado, de pessoas portadoras de deficiência.
A mais recente Lei que institui o Estatuto da Pessoa com Deficiência é a lei 13.146 de Julho de 2015, destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. (Brasil 2015).
Em meio a tudo isso, pode-se dizer que houve um grande avanço em relação à forma legislativa na qual eram tratadas as pessoas com deficiência, porém, como qualquer constituição e leis, estas demandam de aprimoramento constante.
Fonte: encurtador.com.br/cfCDP
Vale ressaltar aqui o que essas Leis e avanços têm se mostrado na prática, visto que há uma questão fortemente apontada e criticada em relação à eficácia da inclusão, pois, na prática, o que ainda se tem visto em grande escala é a integração social. Segundo Sassaki (2004), o paradigma da integração social consiste em adaptarmos às pessoas com deficiência aos sistemas sociais comuns e, em caso de incapacidade por parte de algumas dessas pessoas, criarmos sistemas especiais separados para elas. Neste sentido, temos batalhado por políticas, programas, serviços e bens que garantissem a melhor adaptação possível das pessoas com deficiência para que elas pudessem fazer parte da sociedade. (SASSAKI, 2004).
Enquanto o ideal seria uma inclusão social, onde Sassaki (2004) conclui que “o paradigma da inclusão social consiste em tornarmos a sociedade um lugar viável para a convivência entre pessoas de todos os tipos e condições na realização de seus direitos, necessidades e potencialidades.” Assim são denominados os inclusivistas que estão à frente das mudanças, seja dos bens, tecnologias ou estruturas sociais de bem comum.
Durante o documentário em vários diálogos é perceptível que só a integração não basta, embora tenha sido um modelo inicial, não é o modelo ideal, visto que o que as pessoas com deficiência buscam vai, além disso, de banheiros com assentos para deficientes e rampas de acesso, deve-se pensar também na equidade já que tal princípio é um grande norteador dos Direitos Humanos Universais.
FICHA TÉCNICA
CRIP CAMP: REVOLUÇÃO PELA INCLUSÃO
Título Original: Crip Camp: A Disability Revolution Direção: James Lebrecht, Nicole Newnham Elenco: Larry Allison, Judith Heumann, James LeBrecht, Denise Sherer Jacobson e Stephen Hofmann. Ano:2020 País: EUA Gênero:Documentário
REFERÊNCIAS
BARBOSA, A. J. G.; MOREIRA, P. de S. Deficiência mental e inclusão escolar: produção científica em Educação e Psicologia. Revista Brasileira de Educação Especial, Marília, v. 15, n. 2, p. 337-352, maio/ago. 2009.
BRAGA, Mariana Moron Saes; SCHUMACHER, Aluisio Almeida. Direito e inclusão da pessoa com deficiência: uma análise orientada pela teoria do reconhecimento social de Axel Honneth. Soc. estado., Brasília , v. 28, n. 2, p. 375-392, Aug. 2013. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69922013000200010. Acesso em 20 de Abril de 2020.
BRASIL. Lei. 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Diário Oficial da União, Brasília, DF, 07 de jul.2015. Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/diarios/DOU/2015/07/07Acesso em 20 de Abril de 2020.
JÚNIOR, Mário Cléber. História do Movimento Político das Pessoas com Deficiência no Brasil. Brasília: Secretaria de Direitos Humanos. Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência. 2010.
MANTOAN, Maria. Teresa. Eglér. Análise do documento – Parâmetros Curriculares Nacionais – Incluindo os excluídos da escola. FE/UNICAMP: 2000.
Todo ser humano deveria ter direito, desde o berçário, à moradia, à alimentação, à saúde, aos estudos, à segurança e ao transporte. Ninguém é livre morando nas ruas, pois mendigar não é liberdade. Para quem não tem nada, emprego é tudo. Emprego e salário justo são os pilares de sustentação de uma vida digna e livre. E o estudo é o alicerce dessa liberdade. Ver alguém escolher entre se sustentar e estudar é desumano. Estudo deveria ser sempre um direito, nunca um sonho.
Mas se o emprego é o pilar de sustentação de uma pessoa, o desemprego é o temporal que derruba esse alicerce. O desemprego rouba a autoestima, destrói famílias e coloca as conquistas de alguém em leilões, onde os ganhos de uns são perdas de outros.
O desemprego também pode ser uma oportunidade para se reinventar, mas quando ele assombra milhões de pessoas, deixando-as na miséria, há pouco espaço para reinvenção. Para quem nunca viveu o desespero de ver uma montanha de contas vencidas destruindo uma vida, o desemprego é só uma estatística, mas para quem o conhece, ele é um pesadelo.
Fonte: encurtador.com.br/gxJQ8
A liberdade também não combina com endividamento. Bom salário comprometido com dívidas penhora a carta de alforria de alguém no banco, e instituições financeiras não alforriam por compaixão
Outra coisa que combina com a liberdade é a coragem. Pessoas valentes podem ser muito diferentes entre si, mas têm algumas características em comum: não culpam ninguém por seus fracassos, encaram a realidade e batalham por seus sonhos, podendo adiá-los e reinventá-los, sem jamais abandoná-los. Por outro lado, pessoas que se queixam da vida e acusam outras por seus fracassos tendem a fugir da verdade e a se refugiar na ilusão da mentira. Só é livre quem não teme a verdade e sabe conviver com a realidade.
Um caminho seguro para a verdade é a leitura. Ler é uma bússola que nos aponta o Norte. A leitura pode não nos dar liberdade, mas certamente libertará nossa mente. Não somos livres para mudar certas realidades, apenas somos livres para escolher como lidar com elas.
Fonte: encurtador.com.br/cfvET
Nesta gangorra chamada vida, que ora nos leva para cima, mostrando as belezas lá do alto, e ora nos arremessa para baixo, nos ferindo com as pancadas, surgirão bifurcações. O caminho escolhido diante de uma bifurcação é que vai distanciar vitoriosos de perdedores. Perdedores perdem tempo reclamando e vitoriosos ganham tempo agindo.
Mas se a única garantia que vencedores e perdedores têm nesta vida, tão bela e efêmera como a flor de lótus, é a não garantia do minuto seguinte, devemos lutar ferozmente cada segundo vivo para escrevermos a história que sonhamos, porque a verdadeira comunhão com a liberdade é a vida.
Sem vida, não há luta.
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(En)Cena presente no 4º Fórum Direitos Humanos e Saúde Mental
20 de junho de 2019 Sonielson Luciano de Sousa
Notícias
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O Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental acontece em Salvador- Bahia.
A acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra e estagiária do (En)Cena, Ester Cabral, participa do 4o. Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental, em Salvador- Bahia. O evento é promovido pela Associação Brasileira de Saúde Mental e ocorre de 21 a 22/06, no campus da UFBA. O tema escolhido deste ano foi “Racismos, desigualdades e injustiças sociais”.
Ester participou sob a forma de Comunicação Oral com o tema“Cuidado e promoção de saúde mental e direitos humanos a partir do portal (En)Cena”. A produção também contou com a participação dos professores Irenides Teixeira, Parcilene Rodrigues, Renata Bandeira e Sonielson Sousa.
Fonte: Arquivo Pessoal
A pesquisa abordou a atuação transdisciplinar do (En)Cena, que produz conteúdo cujos temas são o cuidado e atenção psicossocial, saúde e loucura. O Portal é fruto de uma parceria iniciada há oito anos pelos cursos de Psicologia, Comunicação Social e Sistemas de Informação do CEULP/ULBRA, com mais de 2.700 publicações.
Este ano o Fórum de Direitos Humanos e Saúde Mental recebeu centenas de propostas e mais de 900 trabalhos foram aprovados na soma geral de todas as modalidades. O evento é um dos maiores do Brasil, na área, e contou com a participação de profissionais de diferentes áreas de atuação.
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Psicologia do Ceulp apoia campanha do Sistema Conselhos sobre direitos humanos
29 de outubro de 2018 Sonielson Luciano de Sousa
Notícias
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A campanha desse ano foi criada levando considerando o cenário brasileiro de diversas violações de direitos fundamentais.
A coordenação do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra apoia a campanha nacional em defesa dos direitos humanos referendada pelo Sistema Conselhos em Psicologia, e lançada pelo Conselho Federal de Psicologia – CFP, na segunda metade deste mês de outubro.
O lançamento da ação foi transmitido ao vivo pelos canais do CFP nas redes sociais, e todo o conteúdo se encontra disponível para ampla a irrestrita divulgação. Os conteúdos da campanha possuem a hashtag #ÓdioNão, cujo objetivo é unificar os materiais e facilitar o filtro para ampliar o acesso aos vídeos, imagens e textos produzidos para a campanha.
Fonte: https://goo.gl/FGfVrw
De acordo com informações do CFP, a cada ano as Comissões de Direitos Humanos do Sistema Conselhos de Psicologia (CDHs-CRPs e CFP) produzem campanhas nacionais para enfrentar as diversas formas de opressões e violências estruturantes da sociedade brasileira. A proposta é reafirmar o compromisso ético-político da Psicologia na promoção de transformações sociais, para garantia do direito de todas as pessoas à vida digna. Na campanha em questão, as minorias historicamente oprimidas no Brasil – como povos tradicionais, população em situação de rua, população negra, população LGBT, usuários de drogas, mulheres, usuários de serviços de saúde mental, crianças e adolescentes vulnerabilizados e pessoas privadas de liberdade – foram destacados na campanha. O objetivo é fazer contraponto aos discursos de ódio contra populações vulnerabilizadas e estimular o respeito e ações humanizadas e humanizadoras.
Fonte: https://goo.gl/q3aGqp
Para a coordenadora do curso de Psicologia do Ceulp, profa. Dra. Irenides Teixeira, ‘não se pode falar em Psicologia sem, em igual medida, falar e defender os aspectos éticos e os direitos humanos. Afinal, a razão de ser da Psicologia é a diminuição do sofrimento humano e a melhoria da qualidade de vida de todos. É necessário que todas as pessoas, sobretudo as que sofrem preconceitos cotidianos, tenham direito a estes preceitos fundamentais para a dignidade humana’.
A campanha deste ano foi criada considerando o cenário brasileiro de diversas violações de direitos fundamentais, que reflete as condições históricas, culturais, simbólicas e materiais que produzem certo ideal de humanidade no qual alguns são dignos de direitos e outros não. –Com informações do CFP.
Esses dias me perguntei qual a visão do acadêmico/profissional de Psicologia sobre esse tema? Será que o acadêmico/profissional tem obrigações sociais para com a escolha do nosso futuro governo? Ou isso não tem nada a ver com o fazer da Psicologia? Somos apenas cidadão, ou cidadão e Psicólogo?
Dia 7 de outubro, exatamente a daqui 23 dias, acontecerão as eleições de 2018. Os nervos já estão à flor da pele há alguns dias. Tanto na vida real, quanto na virtual (“É minha rede social e eu coloco nela o que eu quiser…” , assim falam a maioria dos sujeitos, inclusive alguns psicólogos.).
Mas até onde vai essa liberdade do cidadão Psicólogo de falar o que quiser? Será essa atitude, ética, para com o nosso papel profissional? Será essa atitude de acordo com aquilo que sabemos e praticamos dentro do fazer da Psicologia?
Fonte: encurtador.com.br/bwX27
O Código de Ética da profissão traz 7 princípios fundamentais que o Psicólogo deve seguir, sendo eles:
I- O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
II- O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
III- O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural.
IV- O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática.
V- O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão.
VI- O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo aviltada.
VII- O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios deste Código.
Ao observarmos os princípios trazidos acima, é nítido que o Psicólogo tem sim, uma responsabilidade social, que implica na sua postura em relação às suas escolhas de governo. Portanto, você caro acadêmico/profissional de Psicologia, é um cidadão e um Psicólogo. Não se esqueça disso, para que atitudes incoerentes com o seu fazer profissional não sejam tomadas.
Hipocrisia não é um dos princípios do nosso Código de Ètica. Boas eleições a todos nós Psicólogos.
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Nova professora tem experiência em Direitos Humanos
23 de fevereiro de 2018 Fernanda Karoline Bonfim
Notícias
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Ruth Cabral é Mestre em Direitos Humanos pela UFG
O curso de Psicologia do Ceulp conta com mais uma Psicóloga para fazer parte da equipe de docentes. Ruth do Prado Cabral é Psicóloga (PUC), Mestre em Direitos Humanos (UFG) e doutoranda em Psicologia. Atuou como psicóloga no sistema prisional no decorrer de quatro anos, desenvolvendo projetos de atendimento clínico e avaliação psicológica na extinta Secretaria de Segurança Pública (GO). Desde 2007 atua como psicóloga, tendo como orientação a Terapia Analítico Comportamental, e ainda, atuava na área de avaliação psicológica e avaliação psicossocial. Suas áreas de interesse englobam suas áreas de formação: clínica (também na perspectiva social), feminismo e diversidade sexual.
Profa Me. Ruth do Prado Cabral – Foto: Arquivo pessoal
As disciplinas que estarão responsáveis pela professora são relacionadas com medidas psicológicas: Fundamentos das medidas psicológicas/ Métodos e Técnicas de Avaliação Psicológica I e II e Estágio IV – Avalaiação Psicológica, bem como, na coordenação do LAMAP.
Ao ser questionada pelo o que espera da Ulbra, Ruth coloca:´´Espero que a Ulbra seja um espaço de construção coletiva. Espero que possamos construir junt@s uma psicologia pautada na ética e no compromisso social”.
O curso de Psicologia lhe dá boas vindas pautada no desejo de que possamos juntos construir grandes e fortes laços de parceria e compartilhamento de conhecimento.
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Curso de Psicologia do Ceulp é contrário a mudanças na política de saúde mental
15 de dezembro de 2017 Sonielson Luciano de Sousa
Mural
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Decisão representa retrocesso na condição dos tratamentos
Clamor na internet e entre as entidades que defendem uma política de saúde mental fora dos moldes dos antigos hospitais psiquiátricos, a notícia de que o governo Temer, numa canetada, abriu precedentes para a volta do antigo sistema de internação dos usuários de serviços de saúde mental mobilizou o curso de Psicologia do Ceulp.
Para a coordenadora do curso, profa. Dra. Irenides Teixeira, a ação preocupa porque enfraquece a política baseada nos Centros de Atenção Psicossocial, que têm enfoque multidisciplinar e humanizado, a partir do movimento mundial antimanicomial.
No mesmo sentido, entidades como o Conselho Federal de Psicologia (CFP), a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e a Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos (PFDC), se manifestaram contra. De acordo com eles, a portaria impõe sérios retrocessos no tratamento de pacientes com transtornos mentais e a usuários de álcool e drogas. Todos temem, sobretudo, o retorno da internação de pessoas com transtornos em hospitais psiquiátricos, cujo passado no Brasil é de um histórico lamentável.
“O Portal(En)Cenajáentrevistou a jornalista nacionalmente reconhecida Daniela Arbex, que escreveu o livro-reportagem ‘Holocausto Brasileiro’, sobre as atrocidades que foram cometidas num hospital psiquiátrico em Barbacena, no século passado. Os métodos cruéis a que os seres humanos eram submetidos têm que ser denunciados e, mais, tem que ser afastadas as possibilidades de tal prática voltar a ocorrer”, defende Irenides Teixeira.
Para o psiquiatra Leon Garcia, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da USP, esta “é a maior ameaça à política de saúde mental desde 1990 [quando começaram as discussões sobre a reforma psiquiátrica]”. Para ele, além de dar aval a hospitais psiquiátricos, a medida traz o risco de desfinanciamento de outros serviços.
A procuradoria, por sua vez, alegou que “as mudanças afrontam os direitos humanos e a reforma psiquiátrica antimanicomial adotada no país, pois limitam os recursos para unidades que trabalham com a reinserção psicossocial de pessoas, como serviços residenciais terapêuticos, ao passo que aumentam o custeio de hospitais psiquiátricos”.
Também em nota, o Conselho Federal de Psicologia disse ser contrário à proposta do Ministério da Saúde de mudança na política de saúde mental. O conselho destaca que, na semana passada, foi concluído encontro com dezenas de instituições que marcou os 30 anos de mobilização em defesa do fim dos manicômios. Nele, foi aprovada a Carta de Bauru, que reafirma que “uma sociedade sem manicômios é uma sociedade democrática” (Com informações da Revista Fórum).
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Os vestígios humanos pelo olhar de Cristiano Mascaro
Cristiano Mascaro, Paulista da cidade de Catanduva, nasceu em 1944. Graduou-se em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU-USP em 1968, mesmo ano que iniciou carreira de fotógrafo na revista Veja, onde ficou mais quatro anos até atuar de forma independente. Obteve o título de Mestre com a dissertação O Uso da Fotografia na Interpretação do Espaço Urbano em 1986 e de Doutor, com a tese Fotografia e Arquitetura, em 1995.
Fonte: http://googleshortener.com/BTEXi8D
A obra fotográfica de Mascaro se fundamenta na arquitetura das cidades e na paisagem urbana. Obra essa que traz um cenário que rastreia os vestígios humanos do dia a dia. Preocupa-se em denunciar os espaços ocupados e desocupados pelas pessoas, o cotidiano onde a vida acontece, sua preocupação é iluminar essa realidade, é fazê-la mais bela ao ponto de se tornar arte. Foi sua leitura do cotidiano, por meio do cotidiano, que o proporcionou a conquista de diversos prêmios nacionais e internacionais, dentre eles, o premio internacional de fotografia Eugene Atget (Paris) em 1984 e o Prêmio Abril de Jornalismo em 1991 (VASQUEZ, 2017).
O prêmio Eugene Atget, recebeu o nome do fotógrafo que inaugurou a fotografia urbana, o qual procurava fotografar o real. Considerado um dos mais importantes fotógrafos surrealistas, um artista a frente de seu tempo. Nascido na França em 1857, Atget foi primeiro a retratar o vazio das cidades, objetos comuns, o real, o primeiro fotógrafo tirar o ser humano do centro da fotografia.
Fonte: http://googleshortener.com/LkYW
Nesse contexto, vale dizer que o surrealismo foi o movimento literário que nasceu em Paris na década de 1920 e que teve influência direta da obra freudiana, visto que o papel do inconsciente na atividade artística marca as obras do surrealismo. André Breton foi seu representante quando em 1924 assinou a Manifesto do Surrealismo, propondo mudança na linguagem artística dominada pelo racionalismo. Foi um mergulho no inconsciente, daí a influência de Freud no campo das artes. Mascaro (2016) ao descrever a fotografia, a considera como a arte que toca o invisível das pessoas. Para ele “o olhar do fotógrafo tem que provir da sua sensibilidade”. O olhar como um sentido humano. O fotógrafo ainda complementa, que é como, extrair um prazer físico no ato de olhar.
Fonte: http://googleshortener.com/VjXr3K
O despertar pela fotografia se deu para Mascaro, ao ver uma foto de Henri Cartier – Bresson, a quem considera um gênio por reunir em seu trabalho a essência da fotografia destacando o momento decisivo, que segundo Bresson trata-se do momento exato de tirar a foto em que reúne o alinhamento entre “cabeça – olho – coração”. Outro ponto a destacar da obra bressoniana é a qualidade da luz como um elemento primordial que aparece como um ponto marcante em suas fotografias. Esse desenhar com a luz é percebido na obra de Mascaro.
Fonte: http://googleshortener.com/xub1Lxen
Cristiano Mascaro ao mergulhar na linguagem fotográfica, descobriu um universo fascinante. Percebe-se em seus registros que, para ele, o ato de fotografar é uma forma de fixar a vida, ele não só observada, mas sente os lugares por onde passa, sua intenção é um impulso pessoal sem pretensão de dar forma ou desvendar alguma coisa para as pessoas. Para ele o ato fotográfico é “um ato de liberdade e felicidade” poder “retratar os vestígios humanos” na concepção dele “é aí que a vida se fixa” (MASCARO, 2009).
MASCARO, Cristiano. Sobre o autor.: Disponível em: http://www.cristianomascaro.com.br/sobre. Acesso em: 08/02/2017.Rastreando cidades. Entrevista com Cristiano Mascaro> Acesso em: 08/02/2017.VASQUEZ, Pedro. Biografia de Cristiano Mascaro.
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Brasil, memória das artes. Disponível em: http://www.funarte.gov.br/brasilmemoriadasartes/acervo/infoto/biografia-de-cristiano-mascaro/. Acesso em: 08/02/2017.