Tudo em todo o lugar ao mesmo tempo e a simbologia Junguiana

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O filme lançado em 2022, “Tudo em Todo o Lugar ao Mesmo Tempo” conta a narrativa de uma mãe imigrante chinesa sobrecarregada (Michelle Yeoh) que se chama Evelyn, apesar da premissa dramática, o filme é do gênero da ficção científica e comédia. Junto com a situação de Evelyn, ela tem que lidar com conflitos familiares e com a lavanderia que comprou com o marido Waymond. Um dos principais conflitos é com sua filha, Joy, que é uma jovem lésbica que procura pela aprovação da mãe e do avô.

A premissa do filme gira em volta de um dia importante para Evelyn e Waymond que vão a receita federal conversar com uma auditora um tanto rígida, porém no elevador a caminho do escritório, Waymond muda completamente de comportamento e personalidade e a avisa que sua vida está em perigo e precisa entender como pode impedir um grande desastre. A partir daí Evelyn embarca em uma jornada confusa e incessável em que ela tem que viajar entre universos para parar a vilã Jobu Tupaki.

Durante a trama é revelado que Jobu é sua filha, Joy, de outro universo, um universo em que Evelyn era uma cientista e levou Joy para além de seus limites até que a mente dela tomou de conta de todos os universos e ela passou a vivenciar tudo em todo lugar ao mesmo tempo. Se tornando uma antagonista em busca de alguém que a entendesse e esse alguém era Evelyn. Ela é considerada vilã por ter criado um tipo de buraco negro representado por um donut escuro que suga mais do que a luz, Jobu diz que colocou todos seus sentimentos e tudo que aconteceu a ela nesse donut.

Fonte: Divulgação Prime Vídeo

Por outro lado, o dia a dia de Evelyn é interrompido a todo momento por olhos móveis de plástico que Waymond coloca em todos os lugares, segundo ele esses olhos deixam o ambiente que normalmente é carregado e estressante, mais leve e divertido. Waymond encara a vida de uma forma positiva em que mesmo em tempos difícieis e especialmente neles as pessoas precisam ser gentis umas com as outras.

O pensamento niilista de Jobu entra em choque com o pensamento otimista de Waymond, que influencia Evelyn a “vencer” Jobu e recuperar sua filha. A simbologia do buraco negro e do pensamento de Waymond são apresentadas a partir de um círculo preto com o centro branco e um círculo branco com o centro preto, demonstrando que mesmo na falta de esperança e acreditando que nada importa, Jobu ainda tem uma saída e mesmo enfrentando a vida com amor e gentileza, ainda existem momentos ruins.

Fonte: Divulgação Prime Vídeo

Tais conceitos refletem a simbologia de Yin/Yang, que são traduzidos como o princípio feminino e o princípio masculino. Visto que é a ideia de que os dois princípios são opostos, mas se complementam, no Yin existo um pouco do Yang e no Yang existe um pouco do Yin, no sentindo original o Yin é enxergado como nebuloso e sombrio, já o Yang é algo que brilha e ilumina (Wihelm, 2006).

Ao ter aspectos de um em outro, Evelyn e Jobu/Joy encontram um equilíbrio entre si que não se excluem, mas se integram de uma forma que o filme interpreta como a recuperação do vínculo entre mãe e filha apesar da resistência das duas.

Fonte: Imagem por rawpixel.com no Freepik

A forma que vemos essa dualidade na psicologia analítica é através dos arquétipos feminino e o masculino, a anima e o animus. O arquétipo é visto como um potencial inato de imaginação e comportamento que pode ser encontrado nos seres humanos em qualquer lugar, são conteúdos inconscientes.

REFERÊNCIAS

PEREIRA, Aline. O Verdadeiro Multiverso da Loucura. Adoro Cinema, 2022. Disponível em <Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo: Críticas AdoroCinema> Acesso em: 26/08/2022

Wilhelm, R. (2006). I ching: o livro das mutações. São Paulo: Pensamento.

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O primeiro natal da criança Melinda

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Melinda tinha apenas cinco anos quando vivenciou seu primeiro natal conscientemente. Ela, como uma criança típica, acreditava em fadas, princesas, mundo encantado, monstros etc., incluindo o Papai Noel e sua carruagem com presentes. Na véspera do natal, Melinda pediu aos seus pais um pedido inusitado. O pedido dela foi viajar com o Papai Noel entregando os presentes para as crianças.

Esse pedido comoveu seus pais, pois não estavam prontos para revelar a verdade e muito menos destruir sua inocência, como acreditariam que seria. Decidiram em conjunto tentar realizar esse pedido da filha. Pediram ajuda dos familiares e começaram a organizar o trenó com os alces e as vestimentas, mas tudo escondido da pequena Melinda.

Ao passar dos dias, quanto mais perto ficava da data, mais ansiosa Melinda se mostrava, pois temia que seu pedido pudesse não se realizar. Falou aos seus pais que poderia sumir mas que voltaria para a cama antes do dia 25 chegar, pois queria muito viajar com o Papai Noel e entregar os presentes às crianças.

Fonte: Imagem de Jill Wellington por Pixabay

Na escola, Melinda aprendeu que o Natal é um momento no qual se deve fazer ações de caridade, solidariedade e amor, como Jesus fazia. Logo, Melinda raciocinou que seu pedido fazia mais sentido ainda, pois não desejou ter nenhum brinquedo, presente caro ou jogos especiais, e percebeu que sua atitude era caridosa. Quando chegou em casa, disse isso aos seus pais e eles o elogiaram.

Quando finalmente chegou a véspera do natal, os pais de Melinda se fantasiaram, alugaram algumas carretas com enfeites de alces e compraram, com ajuda de seus familiares, vários presentes para distribuir em bairros carentes. Eles a despertaram tarde da noite e ela, feliz por ter seu pedido atendido, ficou eufórica. Seus pais, disfarçadamente, pediram a ela para entrar no carro que seus pais já sabiam do pedido.

Ela entrou muito entusiasmada e se encantou com cada detalhe do trenó, com os alces, com os brilhos em volta, com os presentes, e com a fantasia de seus pais. Depois, se direcionaram a um bairro carente e lá, eles desciam do trenó automatizado, e deixava um presente na porta ou no portão de cada casa. Depois, apertaram a campainha ou batiam forte no portão e falavam em alto e bom tom: PRESENTE DO PAPAI NOEL NA PORTA. FAVOR RETIRAR AGORA!  e saiam em disparada para o carro.

Fonte: Imagem de Jill Wellington por Pixabay

Melinda, que conhecia apenas o papai Noel tradicional, que voava pelo céu com seu trenó e alces, e que chegava à casa das crianças pela chaminé das casas, perguntou ao casal por que não era como os que mostravam na tv e nos livros. Eles responderam que esta é a última versão da fábrica da terra do papai Noel e que no Brasil era mais legal, porque tinha portão e poderia deixar na caixa de correios, do que ir pela chaminé e se machucar. Ela concordou e achou divertida a resposta.

Depois de distribuir tudo pelo bairro inteiro, voltaram exaustos para casa. Depois, Melinda dormiu a noite toda pesadamente. No dia seguinte, quando despertou, foi diretamente aos seus pais e relatou tudo a eles. Eles a ouviram atentamente e a acolheu. Depois, viu na TV, a alegria das crianças e suas reações ao receber os presentes. Quando as viu, disse aos seus pais que foi o melhor natal de todos, e foi o mais marcante, por ser o primeiro.

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Livro de poemas traz reflexão sobre conflitos do ser humano

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Reflexivo, imaginário e libertador. Esses são os sentimentos que a escritora Alexandra Vieira de Almeida deseja instigar nos leitores com o livro de poemas Oferta. Lançado em segunda edição, pela Editora Penalux, a obra reúne temas que podem ser considerados conflitantes, como, por exemplo, o amor, o erotismo, a poesia reflexiva e filosófica e a prosa poética de temática social, beirando o limite entre poesia e prosa.

Para a autora, o livro solta as vozes sábias do fazer poético e cria um espaço em que literatura e leitura se conjugam em toda sua essência. Alexandra classifica sua obra como presente da escrita do poeta para o mundo, como um voo imaginativo, salientando o aspecto libertário neste jogo que leva os leitores a refletirem sobre as questões do mundo.

Fonte: Arquivo Pessoal

– Caso pudesse extrair uma essência do livro, ou do título, e fosse representá-la com formas ou símbolos, pensaria na imagem do livro, onde estão as palavras que saem do seu interior e a figura de um pássaro com suas asas a nos levar aos voos da imaginação – comenta.

O prefácio é assinado pelo poeta, contista e crítico literário Luiz Otávio Oliani. Para ele, Alexandra “percorre três linhas básicas”. A primeira delas é a união entre poesia e prosa. Depois, cita a verve pictórica da poeta, lembrando o cinema. Por fim, o viés filosófico que se encontra no livro de poemas singular.

Fonte: Arquivo Pessoal

A contista Maria Joana Rodrigues Colin, responsável pelas orelhas do livro, diz que a poesia da autora faz com que a pessoa reflita de maneira profunda nos sentimentos. “Quando se vai a um poço não é o entorno, e sim o que existe no seu interior. É desse modo que o leitor vai se sentir ao ler o livro”.

Sobre a autora

Alexandra Vieira de Almeida é professora, poeta, contista, cronista, resenhista e ensaísta, além de ser Doutora em Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Publicou seis livros de poesia adulta, sendo o primeiro 40 poemas e o mais recente A negra cor das palavras. Também tem um livro ensaístico, Literatura, mito e identidade nacional (2008), e um infantil, para crianças de 6 a 10 anos, Xandrinha em: o jardim aberto (Penalux, 2017).

 

Livro: Oferta 

Autora: Alexandra Vieira de Almeida 

Formato: 14X21  

Páginas: 62 

Ano: 2020 

Preço: R$ R$38,00 

Gênero: Poesia 

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Matilda e os processos de aprendizagem e alfabetização

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‘’A inteligência não começa nem pelo conhecimento do eu nem pelo conhecimento das coisas enquanto tais, mas pelo conhecimento de sua interação e, orientando-se simultaneamente para os dois polos desta interação, a inteligência organiza o mundo, organizando-se a si mesma’’.

O filme Matilda é uma comédia lançada em 1996 interpretada pela atriz Mara Wilson que retrata uma criança com múltiplas inteligências. Desde pequena a menina foi mal compreendida pelos pais (Harry e Zinnia) e pelo irmão (Michel). Eles chegaram ao ponto de serem mal-educados e rudes com ela, pois eles nunca souberam trabalhar com as altas habilidades da filha, assim acabam mandando a pequena para uma escola que é coordenada por uma diretora (Agatha Trunchbull) altamente autoritária que não simpatiza com crianças.

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Desde pequena a personagem demonstrou a sua incrível capacidade de aprendizado, com isso acaba desenvolvendo seu senso de independência muito cedo por acabar ficando sozinha em casa todos os dias, pois seu pai trabalha, a mãe vai ao bingo e o irmão à escola. E para passar o tempo a personagem descobre o caminho até a biblioteca pública, onde lá pode se aventurar no fantástico mundo da leitura.

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Ao passar do tempo Matilda descobre que possui poderes psicocinéticos e acaba usando-os para ‘’acertar a conta’’ com todos aqueles que fizeram mal ou magoaram tanto ela quanto seus amigos. A criança é apoiada por sua professora (Srta. Honey) uma mulher que trata todos seus alunos com carinho e que adora mudar o ambiente de sua sala para que os alunos se sintam mais à vontade e que ela saia da posição de detentora do saber conquista a personagem principal a cada aula presente, pois era o sonho da mesma poder ir à escola.

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Entende-se que o processo de aquisição da linguagem falada se relaciona com diversos fatores e pode ser dinâmico, ou seja, tem influências culturais, costumes sociais, relacionamento com o outro, ambiente, etc. Para Piaget o desenvolvimento da inteligência surge por reorganizações mentais, para que se possa obter a maior possibilidade de assimilação, ocorrendo empiricamente e de maneira reflexiva, onde a criança entra no processo de pensar sobre o mundo e como ela age no mesmo.

Para entender o processo educativo de Matilda é necessário perceber que as inteligências múltiplas consistem em um potencial intelectual autônomo, nota-se que a personagem tem sede de conhecimento o que acaba contribuindo para uma alfabetização eficaz, pois ela não foi motivada nem pelos pais nem pela escola.

Embora Ana Teberoski e Emília Ferreiro (1985) acreditem que para o sujeito concluir o processo de alfabetização é necessário passar pelas quatro fases (pré-silábico, silábico, silábico-alfabético e alfabético) todo o processo de construção da aprendizagem da menina ocorreu de maneira rápida por causa de seu interesse e sua curiosidade, onde facilitou e acelerou os quesitos leitura e escrita.

Contudo deve-se respeitar o ritmo especial de cada criança durante os processos de aprendizagem e principalmente o de alfabetização, pois cada indivíduo tem um contexto particular e único que é formado por uma estrutura psicológica, social, cultural e biológica.

Danny Devito Bow GIF

FICHA TÉCNICA:

MATILDA

Direção: Danny DeVito
Elenco: Mara WilsonDanny DeVitoRhea Perlman
País: EUA
Ano: 1996
Gêneros: Comédia, Fantasia

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Livro brinca com o imaginário e o inconsciente do leitor

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Transportar o leitor a um estágio de êxtase poético a partir de imagens enigmáticas, inusitadas e inebriantes. Essa é a proposta do livro “40 Poemas”, da poeta Alexandra Vieira de Almeida, relançado pela editora Penalux. A obra traz textos mais herméticos e oníricos, que trafegam pelo imaginário e o inconsciente.

Por considerar a leitura como uma experiência arrebatadora que leva as pessoas aos mistérios do ser e do mundo, Alexandra faz questão de enfatizar essas características em sua obra com um conteúdo poético muito rico e extenso que brinca o tempo todo com a imaginação do público. “Meus poemas são caudalosos, transbordantes, como um rio que corre de forma vertiginosa. Quero embriagar o leitor com doses de vinhos num estado de sonho e fabulação”.

Segundo a autora, o trabalho recebeu grande influência de importantes épocas da literatura, como o Simbolismo e o Surrealismo. “As maiores inspirações vieram dos poetas Rimbaud e Murilo Mendes”.

Fonte: Divulgação

Ela comenta ainda que a poesia favorita é o “O pescador e o mar”, que consta na quarta-capa do livro. “É um dos poemas que minha mãe mais gosta. Mostra toda a relação do pescador com aquilo que o rodeia em sua atividade na água”.

Para o Doutor em Literatura Comparada pela UERJ Marcelo dos Santos, os poemas da obra de Alexandra são “ruídos de uma experiência que transita entre o sonho e o rito”. Segundo Santos, os textos levam o público para uma espécie de experiência que une sonhos e devaneios, ritualizando os versos como imagens malabaristas que introduzem os momentos de beleza como no estágio originário do mito.

Fonte: Divulgação

Sobre a autora

Nascida e criada no Rio de Janeiro, Alexandra Vieira de Almeida é professora, poeta, contista, cronista, resenhista e ensaísta, além de ser Doutora em Literatura Comparada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Já publicou cinco livros de poesia adulta, sendo o primeiro “40 poemas” e o mais recente “A serenidade do zero”. Também tem um livro ensaístico, “Literatura, mito e identidade nacional” (2008), e um infantil, para crianças de 6 a 10 anos, “Xandrinha em: o jardim aberto” (Penalux, 2017).

 

Ficha técnica:

Título: Livro “40 Poemas”

Editora: Penalux

Tamanho: 18 cm

Páginas: 78

Preço: 36,00

Link para comprar. 

Site pessoal.

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Marcel Caram: a arte é aliada na produção de saúde mental

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Em entrevista ao (En)Cena, Caram comenta que produz suas obras usando exclusivamente o suporte digital

O (En)Cena entrevista o artista surrealista Marcel Caram, que recebe influência de dois gênios da pintura, Salvador Dali e Chirico. Caram, assim, reverbera uma produção que dá eco a um universo paralelo, por vezes onírico, para além de construções racionais, e que se coloca como uma importante forma de acessar os conteúdos do inconsciente, que são sempre simbólicos.

De acordo com o site Obvious, recentemente a obra de Marcel Caram foi selecionada no SoJie 6, uma espécie de concurso cultural que reúne artistas de diferentes partes do mundo. A exposição, que ocorre em plataforma virtual (bem à moda do artista), reúnes grandes curadores globais e, além de conter arte digital, converge também produções em pintura convencional e fotografia. O festival é uma iniciativa da empresa australiana REDBUBBLE, que funciona como um mercado virtual, possibilitando que novos artistas exponham e vendam seus trabalhos.

En)Cena: O país passa por uma grande crise, crise esta que vai muito além de questões financeiras e que abala, inclusive, a capacidade de desenvolver a imaginação, já que o medo paralisa parte das pessoas. Em que medida o surrealismo poderia colaborar para quebrar estes grilhões?

Marcel Caram – Realmente vivemos momentos difíceis no Brasil e no Mundo. Problemas que vão, como você mencionou, além das questões financeiras. Acredito que o Surrealismo, como qualquer outro tipo de arte, pode ajudar as pessoas no sentido de fazê-las pensar, usar a imaginação. Sendo assim, a arte seria um estímulo para fazer as pessoas criarem.

Fonte: Marcel Caram

(En)Cena: Além de um movimento estético, o Surrealismo também poderia ser considerado um território de discussões políticas?

Marcel Caram – Claro que sim. Se esta for a intensão do artista. Não é o meu caso. Procuro fazer meus desenhos sem conotações políticas.

(En)Cena: Em sua opinião, o pintor René Magritte recebeu o devido valor, pela sua obra?

Marcel Caram – Acho que sim. Magritte é um mestre reconhecido do surreal na mesma grandeza de Dalí.

(En)Cena: A Psicologia, notadamente a partir do trabalho da Arteterapia e da Psicologia Analítica, se utiliza da arte como um dispositivo para ampliar a linguagem das pessoas e promover saúde mental. Já fez alguma intervenção neste sentido? O que acha desta proposta?

Marcel Caram – Não. Nunca fiz uma intervenção neste sentido. Acho a proposta interessante. Sabemos que envolver-se com a arte provoca um profundo estado de relaxamento, em geral, e isso traz saúde mental.

Fonte: Marcel Caram

(En)Cena: Nietzsche vaticinava que o mundo seria insuportavelmente triste sem a arte. De acordo com o seu ponto de vista, os brasileiros reconhecem este valor simbólico da arte? Em que pé estamos, se comparados a países próximos como a Argentina, o Chile e o Uruguai?

Marcel Caram – Não sei dizer se os brasileiros conscientemente reconhecem este valor simbólico da arte. O que eu sei dizer é que o povo brasileiro é muito criativo e produz arte de qualidade em todas as regiões do País. Nesse sentido, se comparado com nossos vizinhos regionais, acho que estamos um pouco na frente em matéria de produção artística.

(En)Cena: Seu trabalho é feito exclusivamente com mídia digital? Quais os benefícios e/ou eventuais gargalos desta escolha?

Marcel Caram – Sim. Meu trabalho é exclusivamente em mídia digital. Como benefício e posso citar a comodidade e a infinidade de recursos para criação. Como gargalo, eu posso citar o ainda pouco reconhecimento da arte digital pelo público em geral.

(En)Cena: Como é o seu processo de criação? É baseado em conteúdos oníricos, em associações livres, visualizações ativas ou algo do gênero?

Marcel Caram – Meu processo de criação é variado. As vezes tenho uma ideia e o desenho já vem pronto na mente. As vezes um objeto ou uma imagem me inspiram. As vezes uma cena corriqueira que eu vejo no dia-a-dia pode iniciar um processo de criação. Como disse, é variado.

(En)Cena: Imaginamos que, além de Magritte, o senhor recebeu influência do Dali. Poderia comentar um pouco sobre este percurso?

Marcel Caram – Acredito que eu tenha sofrido mais influência de Dalí e Chirico do que de Magritte. O percurso para o surrealismo foi natural. Desde criança os trabalhos surrealistas sempre chamaram minha atenção. Especificamente os de Dalí. Então desde que eu comecei a desenhar eu pratico o surrealismo espelhado em seus trabalhos.

(En)Cena: O que gostaria de acrescentar a esta entrevista?

Marcel Caram – Gostaria de acrescentar que eu faço impressões em Fine Art dos meus trabalhos para quadros decorativos e envio para todo o Brasil via Sedex. Quem estiver interessado por favor entre em contado pelo e-mail “marcarambh@yahoo.com.br” ou pelo Facebook @marcarambr. Obrigado! (Com informações do site Obvious)

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Surreal

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O surrealismo brinca com a imaginação de quem observa, o mistério, curiosidade ou até mesmo a excentricidade é o que me deixa fascinado. Os meus desenhos não possuem títulos, o que os deixam bem subjetivos, para que qualquer um atribua ou tente decifrar algum significado ou mensagem que possa ou não estar contido neles.

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Projeto Flórida: o mundo mágico da infância

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Concorre com 1 indicação ao Oscar:

Melhor ator coadjuvante (Willem Dafoe)

Verdadeiro e de partir o coração” foi como o crítico Tim Grierson definiu a mais nova obra do ousado Sean Baker, diretor de Tangerine, este conhecido por ter sido produzido em um aparelho celular. Agora, com mais recursos, Baker volta com Projeto Flórida, simples, mas cheio de detalhes que se complementam e prendem o espectador na trama, que com sua sequência cotidiana, denota um aspecto quase documental ao filme.

Situado na cidade de Orlando, na Flórida, o hotel Magic Castle é o pano de fundo principal do filme. Próximo ao parque Disney World, o hotel (barato) foi praticamente transformado em um conjunto habitacional por pessoas que não têm as melhores condições financeiras. Isso ocorre a contragosto do gerente Bobby (Willem Dafoe), que deseja alavancar seu negócio, mas também se mostra um homem compassivo e generoso com todos no estabelecimento, transmitindo um clima de vida em comunidade.

Fonte: https://goo.gl/RyBJny

Nesse ambiente (que Baker faz questão de atenuar cada detalhe, principalmente as cores vibrantes do hotel) logo nos deparamos com a sapeca Moonee (Brooklynn Prince), uma garotinha de seis anos que, junto de seus amigos Scooty (Christopher Rivera) e Jancey (Valeria Cotto) faz traquinagens deliberadamente pelo hotel, pelas ruas, pela sorveteria e em outro hotel abandonado (que de alguma forma acaba sendo incendiado…).

Ao conhecermos a mãe de Moonee, a jovem Halley (Bria Vinaite) logo percebemos que somente amor e carinho não são suficientes para uma boa educação de uma criança. Sem emprego e sem perspectivas para o futuro, Halley trata Moonee como irmã, sem impor limites em suas travessuras, o que certamente reflete na personalidade e atitudes da garota, que faz coisas como colocar um peixe morto na piscina e desligar o registro de energia do hotel só para ver o que acontece, tal como agir com certa petulância e desrespeito com as pessoas ao seu redor.

Fonte: https://goo.gl/2ky24q

Entretanto, essa liberdade e essa curiosidade de Moonee demonstram um aspecto inocente que encontramos apenas na infância, que fazem das crianças “pequenos cientistas” no intento de descobrir o que o mundo tem a oferecer. Jostein Gaarder, em seu livro “O mundo de Sofia” (1995), diz que para nos tornarmos bons filósofos precisamos unicamente da capacidade de nos surpreender, e atribui essa capacidade às crianças. A pequena Moonee representa muito bem esse trecho, sendo capaz de transformar coisas que geralmente passam despercebidas aos olhos de adultos em grandes acontecimentos por meio da imaginação, inclusive influenciando sua amiga Jancey a buscar o novo e o desconhecido.

Segundo Girardello (2011), a imaginação é para a criança um espaço de liberdade e de decolagem em direção ao possível, quer realizável ou não. A imaginação da criança move-se junto — comove-se — com o novo que ela vê por todo o lado no mundo. Sensível ao novo, a imaginação é também uma dimensão em que a criança vislumbra coisas novas, pressente ou esboça futuros possíveis.

Fonte: https://goo.gl/3MjuFs

Com isso, percebemos a importância em se preservar esse aspecto da infância. No que tange à situação de Moonee, a imaginação, a inocência e a curiosidade de sua tenra idade parecem lhe conferir um arsenal de defesas para as coisas “adultificadas” demais, como os problemas financeiros, a falta de moradia fixa e o desemprego da mãe, que para conseguir o mínimo de dinheiro, finda-se por se prostituir em seu quarto no Magic Castle, o que leva a assistência social a visita-las a fim de levar Moonee para novas e melhores condições.

Em um ímpeto de desespero, Moonee se desvencilha da assistência social e foge para a casa de Jancey, dando início a uma das cenas mais marcantes do filme, na qual Moonee apenas chora na frente de sua amiga (a pequena atriz foi brilhante e muito autêntica) e essa entende que ambas precisam fugir. E fogem para onde? Para Disney World, o mundo da magia.

Fonte: https://goo.gl/nNbpjL

Baker genialmente finaliza o filme dessa forma, com as duas crianças correndo em direção ao parque mais representativo da infância, o que pode levar o espectador a ter vários insights, mas, principalmente, entender ou até mesmo se lembrar da própria infância, período em que coisas simples são incríveis, em que o impossível não existe e em que correr para um mundo de magia e/ou imaginação é a solução para tudo.

FICHA TÉCNICA

PROJETO FLÓRIDA

Diretor: Sean Baker
Elenco: Brooklynn Prince, Willem Dafoe, Bria Vinaite
Gênero: Drama
Ano: 2018

Referências:

GAARDER, Jostein. O Mundo de Sofia. São Paulo; Cia. Das Letras, 1995. GILES, Thomas Ransom.

GIRARDELLO, Gilka. Imaginação: arte e ciência na infância. Pro-Posições, Campinas, v. 22, n. 2 (65), p. 75-92, maio/ago. 2011.

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“O Escafandro e a Borboleta” e a prisão de si

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Como realizado no caso da obra O Silêncio dos Inocentes a análise aqui proposta será dupla, ou seja, far-se-á uso tanto da versão fílmica como a literária de O Escafandro e a Borboleta, com o diferencial de se tratar, neste caso, de uma história embasada numa situação real do autor do livro e personagem central do filme. Esta escolha se deu pelo fato de a riqueza da projeção encontrar reflexo narrativo e representativo no escrito original, Le scaphandre et le papillon de 1997 feito pelo próprio personagem principal da cinebiografia.

No filme e livro acompanhamos as memórias, pensamentos e devaneios de Jean-Dominique Bauby editor-chefe da revista Elle na França. Após um derrame cerebral, Jean-Do, como é chamado pelos mais próximos, perde todos os movimentos de seu corpo, restando apenas o piscar de um dos olhos como possibilidade de comunicação com o mundo, situação esta que o acompanharia alguns meses até sua morte, pouco mais de um ano após o incidente.

Em ao menos três obras fílmicas podemos observar um paralelo com a condição de Bauby, como Christy Brown (1932-1981), e sua deficiência cognitiva, representado por Daniel Day-Lewis no filme My Left Foot (Meu Pé Esquerdo) de 1989; no filme Mar Adentro de 2004 Ramón Sampedro (1943 – 1998), vivido por Javier Bardem, enfrenta uma tetraplegia após um acidente no mar; e há também o filme Johnny Got His Gun (Johnny vai à Guerra) de 1971, baseado no livro homônimo de 1938 escrito por Dalton Trumbo, que narra a condição do soldado que perdeu pernas, braços e o próprio rosto na guerra, e tenta lidar com esta situação, trazendo um importante debate, também visto em Mar Adentro, sobre a eutanásia.

Como referência nacional há o interessante curta-metragem Trancado por Dentro de 1989 dirigido por Arthur Fontes e estrelado por Fernanda Montenegro e Paulo Gracindo. Pode-se ainda citar o conto episódico Locked in (Encarcerado) de 2009, presente na quinta temporada da série Dr. House, dentre outras adaptações e representações da síndrome do encarceramento ou de uma condição física de total incapacidade de locomoção e mobilidade.

Imersões oceânicas

A síndrome do encarceramento consiste em um estado físico no qual uma pessoa conscientemente se encontra limitada a qualquer atribuição motora do seu corpo, muitas vezes restando apenas o movimento dos olhos, ou menos que isto, como dilatação da pupila e movimentação da íris.

Fonte: https://goo.gl/iAygPf

No filme e livro O escafandro e a borboleta assistimos a um caso clássico desta síndrome, vivida por Jean-Do. O protagonista revela seu drama em alguns de seus pensamentos, narrados diretamente por ele no livro e pelo ator Mathieu Amalric como, por exemplo: “Minha vida é aqui, uma eterna repetição” em relação ao hospital, ou então nas seguintes passagens “Meu escafandro te arrasta comigo ao fundo do mar.” e “Jean-Do, não me incomoda que me arraste ao fundo do mar, porque você também é uma borboleta.” (fala da enfermeira, em um devaneio). Estas são passagens do filme, que existem também, com maior profundidade de detalhes, no livro:

Ta aí! “A panela de pressão”! Poderia ser o título de uma peça de teatro que eu talvez escreva um dia com base na minha experiência. Também pensei em intitular O olho e, evidentemente, O escafandro. Todos já conhecem o enredo e o cenário. O quarto de hospital onde o senhor L., pai de família na flor da idade, aprende a viver com uma locked-in syndrome, seqüela de grave acidente vascular cerebral. A peça conta as aventuras do senhor L. dentro do universo médico e a evolução de suas relações com a mulher, os filhos, os amigos e os sócios que tem na importante agência de publicidade da qual é um dos fundadores. Ambicioso e meio cínico, não tendo até então amargado nenhum fracasso, o senhor L. aprende o que é sofrimento, assiste à derrocada de todas as certezas de que se escudara e descobre que seus parentes são uns desconhecidos. Pode-se assistir de camarote a essa lenta mutação graças a uma voz em off, que reproduz o monólogo interior do senhor L. em todas as situações. Só falta escrever a peça. Já tenho a última cena. O cenário está mergulhado na penumbra, com exceção de um halo de luz que circunda o leito, no meio do palco. É noite, tudo dorme. De repente, o senhor L., inerte desde que a cortina subiu, afasta lençóis e cobertas, pula da cama e dá uma volta em cena, sob iluminação irreal. Aí, tudo fica escuro, e ouve-se pela última vez a voz em off, o monólogo interior do senhor L.: “Merda, era sonho.” (BAUBY, 1997, p. 24-25).

O que no filme ocorre por meio dos pensamentos narrados, ou nas imagens quentes dos sonhos e devaneios do personagem principal, no livro, temos com mais riqueza de detalhes, toda as nuanças de sua rotina de aprisionamento no próprio corpo, aumentando ainda mais a complexidade na maneira pela qual o mesmo encara suas vivências diárias: “Não conheço nada mais estúpido e desesperador que esse bip-bip lancinante que me rói os miolos. De lambuja, a transpiração descolou o esparadrapo que fecha minha pálpebra direita, e os cílios grudentos me pinicam dolorosamente a pupila. Finalmente, para coroar tudo, a ponta da sonda urinária se soltou. Fiquei completamente inundado.” (BAUBY, 1997, p. 26).

De igual modo, as projeções imagéticas, sígnicas, icônicas e simbólicas de Bauby só tomam corpo a partir do momento que é oferecido à ele uma forma de tradução linguística do alfabeto. É por meio desta técnica de transposição dos seus pensamentos, e das breves piscadas do seu único olho ainda em uso, que Jean-Do consegue manifestar-se para o mundo exterior, narrando e refletindo sobre cada um dos mínimos eventos que o afetam e rodeiam:

Afasto-me. Lenta mas decididamente. Assim como o marinheiro vê desaparecer a costa de onde zarpou para a travessia, eu sinto meu passado esvanecer-se. Minha antiga vida arde ainda em mim, mas vai-se reduzindo cada vez mais às cinzas das lembranças. Desde que fixei domicílio a bordo deste escafandro, fiz duas viagens-relâmpago a Paris, sempre por ambientes hospitalares, para ouvir pareceres de sumidades da medicina. Na primeira vez sucumbi à emoção quando por acaso a ambulância passou diante do prédio ultramoderno onde outrora exerci a condenável atividade de redator-chefe de um famoso semanário feminino. Da segunda vez que fui a Paris, quatro meses depois, fiquei quase indiferente. A rua já se vestira de julho, mas para mim continuávamos no inverno, e era um cenário de filme o que me projetavam por trás dos vidros da ambulância. No cinema dão a isso o nome de transparência: o carro do herói avança por uma rua que desfila numa parede do estúdio (BAUBY, 1997, p. 34).

 A titulação do filme e livro remonta a dialeticidade presente no personagem principal das obras, ou seja, o voo da borboleta almejado e nunca alcançado, por conta da limitação física, e por outro lado o aprisionamento do corpo, e parte da subjetividade, no interior do escafandro, quilos de metal, limitando o indivíduo às profundezas do seu próprio ser, o voo da borboleta simboliza, desta forma, o reverso do que vemos no em ambas as obras. Um dos termos utilizado por Bauby é que ele vive o seu dia-a-dia “enterrado vivo no próprio corpo”, devido a sua condicionalidade física e mental/emocional, a partir das quais ele nos conta seus fatos e relatos de tal condição:

Longe desse escarcéu, no silêncio reconquistado, posso ouvir as borboletas voando pela minha cabeça. É preciso muita atenção e até certo recolhimento, pois o seu adejar é quase imperceptível. Uma respiração mais forte basta para abafá- las. Aliás, é espantoso. Minha audição não melhora, mas eu as ouço cada vez mais. De fato, as borboletas devem dar-me ouvidos. (BAUBY, 1997, p. 41).

Preso ao escafandro do seu corpo, e liberto nas asas da borboleta de sua mente, Bauby realiza voos pelos quais almeja voltar a ser ou estar livre. Esta luta por uma forma de libertação, por meio da linguagem limitada de um único olho, é diametralmente oposta à posição de Ramón Sampedro em Mar Adentro, que luta pela morte, mesmo que o segundo esteja em uma condição clínica, menos abissal que o francês. A comunicação é, desta maneira, a ponte a partir da qual os meses de vida do personagem principal tomam um sentido novo de existência, mesmo que efêmero.

O imaginário transcendente

É possível afirmar que N’O escafrandro… há uma grande declaração em prol do poderio libertador da janela imaginativa e criativa do ser humano, apesar de haver uma singularidade que potencializa ao máximo este poder da imaginação: “Dei conta de que há duas coisas que não estão paralisadas além dos meus olhos… Minha imaginação e minha memória” e Bauby ainda completa esta máxima de sua vida reafirmando a alternativa do imaginário em sua vida, mais especificamente seu estado corporal: “São os únicos meios que me permitem sair do meu escafandro” (Bauby)

Fonte: https://goo.gl/9bDYNg

Se de início Bauby foi resistente à sua sobrevivência em seu escafandro corporal: “[…] que tipo de vegetal eu sou, uma cenoura, um pepino?” (Bauby), com o passar do tempo o mesmo começa a buscar alternativas para o ser de sua existência, agora transmutada em um limite físico novo e devastador. Esta representatividade ocorrerá, por exemplo, nas declarações de anseio por um meio possível de se libertar do escafandro, uma espera pelo voo da borboleta.

Com os cotovelos sobre a mesa rolante de fórmica que lhe serve de escrivaninha, Claude relê estes textos que vimos extraindo pacientemente do vazio todas as tardes, há dois meses. Sinto prazer em rever certas páginas. Já outras nos decepcionam. Juntando tudo dá um livro? Enquanto a ouço, fico observando seus cachos escuros, as faces muito pálidas que o sol e o vento pouco rosaram, as mãos engastadas de longas veias azuladas e a cena que se tornará imagem lembrança de um verão passado em estudos. O caderno azul, cujos rostos de folha ela vai preenchendo com uma caligrafia exuberante e conscienciosa, o estojo escolar cheio de esferográficas, a pilha de lenços de papel prontos para as piores expectorações e a bolsa de ráfia vermelha, de onde ela extrai, vez por outra, uma moeda para ir buscar café. Pelo zíper entreaberto da bolsinha, percebo uma chave de hotel, um bilhete de metrô e uma nota de cem francos dobrada em quatro, como se fossem objetos trazidos por uma sonda espacial enviada à Terra para estudar os tipos de hábitat, de transporte e de troca comercial em vigor entre os terráqueos. Esse espetáculo me deixa desamparado e pensativo. Haverá neste cosmo alguma chave para destrancar meu escafandro? Alguma linha de metrô sem ponto final? Alguma moeda suficientemente forte para resgatar minha liberdade? É preciso procurar em outro lugar. É para lá que vou (BAUBY, 1997, p. 56).

Segundo o próprio Bauby, em suas infindáveis horas de aprisionamento no leito que o mantém em sobrevida, o que lhe resta são as viagens, saídas e passeios pelos sonhos, nos momentos de entrega absoluta às projeções imaginárias do seu (in)consciente e, também, os devaneios diários e constantes sobre a realidade, objetos e pessoas que o cercam. Tanto no livro como no filme esta pulsão por manifestar suas representações sobre o mundo são notáveis, trazendo para o leitor e espectador uma imersão ímpar nos pensamentos, imagens, desejos dentro do corpo imóvel.

Jean-Do veio a falecer poucos meses após a publicação do livro com suas notas de pensamento, que serviria de base para a filmagem homônima. Pelas imagens descritas e filmadas podemos, ao menos por breves momentos, embarcar nas asas de sua imaginação e fugir do encarceramento de seu escafandro.

Fonte: https://goo.gl/NE331Z

FICHA TÉCNICA DO FILME:

O ESCAFANDRO E A BORBOLETA

Direção:  Julian Schnabel
Elenco:  Mathieu Amalric, Emmanuelle Seigner, Marie-Josée Croze, Anne Consignny;
País: EUA e França
Ano: 2008
Classificação: 10

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