Uma análise pessoal do livro “O Corpo Guarda as Marcas”

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Bessel Van Der Kolk é o autor do Livro O Corpo Guarda as Marcas: Cérebro, mente e corpo na cura do trauma, onde o assunto trauma e seus efeitos é exposto e investigado a partir de estudos dentro da neurociência. Ao colocar trauma como algo que todos experienciamos e muitas vezes não curamos, Kolk traz explicações físicas para o pós-trauma, o que muda, o que se mantém e o que fazer depois.

Kolk investiga as mudanças no cérebro de pessoas que passaram por traumas e fala sobre self, sobre cura, sobrevivência, amor e lembrança. Tudo que nos envolve é atingido pelo trauma, tudo que nós somos muda a partir dessas vivências, é preciso se redescobrir e se curar para ter uma percepção de self nova e para seguir em frente. Talvez essa seja a parte mais dolorosa, deixar que se é e se tornar outro, ainda sendo você.

Tendo uma abordagem direta que sempre lembra o leitor de que ele passou por isso, a minha percepção é de que Kolk vê uma forma quase combativa contra experiências traumáticas e constrói essa obra com diversos gatilhos do começo ao fim, e somente no fim, trazendo um caminho para a cura. Ao ler o livro revivemos o trauma e saímos com uma possível solução. Talvez seja o meu trauma digitando por mim, mas relembrar realmente dói, Bessel.

Ao que se refere a neurociência, ler que “Depois do trauma, o mundo é sentido com um sistema nervoso diferente. A energia da vítima concentra-se agora na supressão do caos interior, em vez de investir espontaneamente na própria vida.” Dá uma explicação para tudo que se é sentido depois disso, trazendo também aceitação. Sim, seu corpo mudou e sim, não tem como voltar atrás.

Apesar de ser um constante chute no peito, O Corpo Guarda as Marcas é uma obra importante para aqueles que estudam psicologia, a escuta que é feita dentro de uma sessão, na saúde pública ou em hospitais sempre passa por sofrimento e inevitavelmente, o trauma. Saber como lidar ou como explicar para alguém tudo que o trauma envolve e muda é extremamente importante para psicólogos.

REFERÊNCIAS

VAN DER KOLK, Bessel. O corpo guarda as marcas: Cérebro, mente e corpo na cura do trauma. Sextante, 2020.

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Como você tem se saído como gerente de sua mente?

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A forma de um indivíduo pensar é traduzida em suas diversas ações, em diferentes lugares, seja em casa, no ambiente de trabalho ou apenas em uma fila de supermercado. Já observou que, no último caso, sempre tem uma pessoa estressada que reclama o tempo todo, até chegar ao caixa para efetuar o pagamento. Mas, por que existem comportamentos tão diferentes? O psiquiatra e escritor, Augusto Cury (2015) explica que toda atitude, passa em primeiro lugar pelo campo da mente, e por isso é necessário a gestão de pensamentos.

Atualmente fala-se muito sobre gestão de tempo. No entanto, o que seria a gestão de pensamentos? Cury (2015) declara que o termo consiste na compreensão da formação do pensamento, ou seja, a busca pelo autoconhecimento sobre sua construção. Por isso, segundo o escritor, é imprescindível a produção do pensar positivo, em detrimento ao negativo.  “Critique, cada ideia pessimista e preocupação excessiva e capacite o seu eu” Cury (2015).

A preocupação excessiva vai ao encontro do volume de informação recebida diariamente. Desde cedo, a pessoa acorda e checa o celular para saber se recebeu algum tipo de informação, posteriormente verifica as redes sociais, e por fim liga a televisão. Antes mesmo de sair de casa, ela foi bombardeada por diferentes tipos de informações, que influenciarão na sua forma de pensar, no dia.  Burgos (2014) observa que todo aparato tecnológico deveria ser um meio para se crescer como pessoa, não como um fim em si; ou seja, a excesso de informação influencia na elaboração do pensamento acelerado.

Fonte: Freepik

Como solução Burgos (2014) aponta que a autoanálise, tomar consciência e o monitoramento dos hábitos são algumas das estratégias possíveis no processo de relação mais sadia com a tecnologia. “Creio que o uso moderado das ferramentas que temos à disposição – do smartphone às redes sociais – pode ser certamente mais enriquecedor que a negação total, e o tempo necessário para uma desaceleração pode variar bastante de pessoa pra pessoa” (BURGOS, 2014).

Nessa perspectiva Carr (2014) alerta sobre o mau uso da tecnologia, no dia a dia, como forte influenciador na produção de pensamentos, sem passar pelo autoconhecimento e análise. “Nossa tendência é usar tecnologias para facilitar nossa vida, não para dificultar e, com os computadores em rede, esse desejo por conveniência está tendo uma enorme influência sobre nossas vidas intelectuais, assim como em nas físicas. Acho que existem evidências de que essa tal facilidade pode obstruir nosso aprendizado e nossa memória, e talvez até mesmo nossa disposição para a empatia.” (Carr, 2011).

Carr (2011) explica que a dependência excessiva pelas tecnologias tem prejudicado o ser humano no processo de formação de ideias e do saber. Ou seja, as pessoas estão deixando de serem críticas, produtores de ideias e pensamentos, e estão absorvendo, sem nenhuma análise, o conteúdo exposto na internet.

Fonte: Freepik

Adorno (1971) destaca que a infância tem um papel primordial para a formação do pensamento do indivíduo, bem como acrescenta que a construção do caráter do mesmo acontece quando criança. Compactuando com a ideia de Adorno, que Cury (2015) relata que uma criança de sete anos possui mais informação do que tinha um imperador, na Roma antiga.  Nesse sentido, é preciso regular o tempo de uso das redes sociais, se a forma de pensar de um adulto é influenciada pelo consumo de conteúdo, como enfatizou Carr (2011), imagina uma criança que está em processo de formação do caráter.

A projeção de um adulto crítico, que não deixa se influenciar por tudo que está exposto, no universo da internet, inicia na infância, e como alertou Augusto Cury (2014) uma criança tem mais informação que uma pessoa da antiguidade.  Por isso, é necessário a gestão de tempo, das crianças com as mídias digitais, para futuramente ser uma pessoa que tenha uma gestão de pensamento. Ou seja, somos aquilo que pensamento e permitimos. E para que se tenha pensamentos saudáveis e saber impor limite ao outro sobre as relações interpessoais, começa na infância.

REFERÊNCIAS

Adorno, T W. Emancipação e Educação. Rio de Janeiro. Paz e Terra. 1971.

BURGOS, Pedro M. Conecte-se ao que importa: Um manual para a vida digita saudável. São Paulo: LeYa, 2014.

CARR, Nicholas. A geração superficial: o que a internet está fazendo com os nossos cérebros. 1ª Ed. Tradução de Mônica Gagliotti Fortunato Friaça. Rio de Janeiro: Agir, 2011.

Cury, A. Gestão da emoção: Técnicas de coaching emocional para gerenciar a ansiedade. 2015.

Cury, A. Ansiedade: como enfrentar o mal do século: a Síndrome do Pensamento Acelerado: como e porque a humanidade adoeceu coletivamente, das crianças aos adultos.  Primeira edição. Saraiva. 2014.

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Médico lança livro para desmistificar o TDAH

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Apesar do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) atingir entre 5% e 6% da população mundial infantil e entre 2% e 3% da adulta, no Brasil, o tema é pouco esclarecido e ainda gera muitos mitos. Pensando nisso, o pediatra e Neurologista Infantil Dr. Clay Brites lança o livro “Como lidar com mentes a mil por hora”, pela editora Gente. A proposta é levar informação baseada na ciência de forma simples para pais, profissionais das áreas de saúde e educação, além de interessados.

 

Segundo o autor, o TDAH é uma alteração de neurodesenvolvimento caracterizada por uma excessiva dificuldade em iniciar, manter e direcionar a atenção durante as atividades do cotidiano. Brites comenta que há muitas pessoas que tem o transtorno, mas que passam a vida sem saber o que acontece com elas, porque há uma série de mitos em volta, além de um alto índice de desconhecimento do diagnóstico entre educadores e até mesmo entre profissionais da saúde.

– Em mais de vinte anos atendendo pacientes com esses transtornos – e eu sendo um deles –, percebo que muitas pessoas não compreendem que há distúrbios e alterações reais não detectadas em exames de sangue ou de imagem – alerta.

Estresse e sentimento de culpa

Pesquisas já mostraram que pais de crianças com TDAH têm maior nível de estresse do que os pais de crianças com asma. Dr. Clay explica que isso acontece pelo fato de crianças com a síndrome comumente sofrem acidentes, enfrentam dificuldades e até reprovações na escola. “Muitas são excluídas de círculos de amizades, sentem imenso desamparo, além de terem problemas alimentares e de sono em frequência maior do que crianças sem o transtorno”.

 

Brites também diz que muitos pais chegam ao consultório se culpando, pois acham que os problemas da filha ou do filho vêm de algum tipo de erro deles na educação. “O livro pretende ser uma oportunidade desses cuidadores reencontrarem paz de espírito”.

Danos na fase adulta

Segundo o autor do prefácio do livro, Dr. Joseph A. Sergeant, Professor Emérito de Neuropsicologia Clínica Da Vrije Universiteit, Amsterdam (Países Baixos) e fundador e Coordenador da European Adhd Guidelines Group (Eagg), pais e professores precisam ser devidamente informados sobre o que a ciência diz do tema. “Não é uma tarefa fácil, uma vez que o TDAH, ao contrário de muitas outras condições, não se mantém estável com o desenvolvimento da criança e do adolescente até a idade adulta”.

Sergeant comenta que estudos recentes mostraram ainda que podem ocorrer casos nos quais indivíduos que não tiveram o transtorno na infância apresentam sintomas na idade adulta; e que o TDAH na infância, embora tenha gravidade reduzida – no que diz respeito ao número de sintomas – na idade adulta, continuam a se manifestar comportamentos emocional e sociopatológico significativos.

Dr. Clay Brites comenta que, na grande maioria dos casos, o TDAH chega à fase adulta e os prejuízos externos (que afetam o dia a dia) e internos (que afetam o emocional) levam a um aumento da vulnerabilidade do indivíduo, que sofre mais quando criança, continua mal na adolescência e chega destituído, emocional e fisicamente, na vida adulta. “São imensos – e ainda incalculáveis – os custos à vida individual e social, e também ao sistema de saúde”.

Entretanto, dois amplos e reconhecidos estudos populacionais realizados mais recentemente revelaram que as consequências do transtorno nos adultos também podem ser muito comprometedoras, como, por exemplo, aumento nos índices de desemprego, acidentes, comportamento criminoso, problemas com a justiça, pagamento recorrente de honorários a advogados, penas de prisão e outros tipos de sentenças, envolvimento com entorpecentes e crises que culminam em separação conjugal.

– A intenção de escrever este livro surgiu da vontade de materializar o conhecimento sobre TDAH com as devidas atualizações e amplificar determinados temas relacionados ao assunto que merecem maior atenção – conclui.

Sobre o autor

Dr. Clay Brites, MD, PhD, é Pediatra e Neurologista Infantil (Pediatrician and Child Neurologist); Doutor em Ciências Médicas/UNICAMP (PhD on Medical Science); Membro da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e Profissões Afins (ABENEPI-PR) e Sociedade Brasileira de Pediatria – SBP (Titular Member of Pediatric Brazilian Society); e cofundador do Instituto Neurosaber.

 

Serviço:

Livro: “Como lidar com mentes a mil por hora”

Autor: Dr. Clay Brites

Editora Gente

Páginas: 192

Dimensão: 23×16

Link para comprar:

https://www.amazon.com.br/Como-lidar-com-mentes-hora/dp/6555441496

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Diferenciação entre pessoas de “mente aberta” e as de “mente fechadas”

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Vivemos em um mundo em constante evolução, com a pandemia o uso e crescimento das tecnologias da informação ganharam força. Com isso, é nítido a necessidade de evoluirmos em relação a esse progresso ao qual o mundo passa. É normal sentirmos estranheza e desconforto em algumas circunstâncias que envolvem mudanças, fazendo-se necessário o ajustamento da forma em que pensamos a respeito das situações que estamos vivenciando, no caso de já termos uma opinião formada previamente onde possivelmente existe influências externas, poderá ser uma causa para que o processo de mudança ou flexibilidade de pensamento seja mais difícil de ocorrer.

De acordo com Marques (2021), para fazermos parte desse processo de evolução ao qual o mundo passa é necessário termos a mente aberta, pois isso poderá nos levar a níveis cada vez mais elevados, em todos os aspectos de nossas vidas. Mesmo sabendo disso, existe pessoas que possuem dificuldades em aceitar mudanças “São indivíduos considerados inflexíveis de mente fechada, que se sentem bem mal só de ver algo se transformando em sua rotina” (MARQUES, 2021).

Fonte: encurtador.com.br/qCK47

Com isso convido você a conhecer algumas entre as tantas características desses dois perfis de pessoas, as de mente aberta e as de mente fechada. Entre as peculiaridades existentes podemos encontrar:

  • Autoestima; as pessoas de mente fechada tendem a ser inseguras, demonstrando comportamentos próximos aos de autoritarismo, em busca de aceitação, sendo o oposto das pessoas que possuem mente aberta, tendo uma autoestima elevada, disposta à evolução e a um continuo aprendizado.
  • Falar e Ouvir; as de mente aberta dão preferencia para ouvir, são atenciosas e possuem uma observação aguçada, conseguido gerar uma maior conexão com as pessoas que estão ao seu redor; as pessoas de mente fechada, forçam as relações a ponto de serem importunas em um dialogo, querem a qualquer custo ser o centro das atenções e interrompem os demais que também estão conversando.
  • Humildade; é uma característica de fácil identificação, comumente as pessoas de mente fechada costumam procurar ter uma falsa fachada de que possui humildade. “Geralmente, quando vão emitir uma opinião, elas costumam começar a frase da seguinte maneira: “Posso estar errado, mas…” e logo dizem o que pensam.” (MARQUES, 2021). Sendo uma opinião considerada desnecessária por ser contraditória. Em contrapartida, as pessoas de mente aberta preferem se colocar no lugar de aprendizes, preferindo calar-se possibilitando uma oportunidade para quem realmente poderá favorecer.
  • Compreensão e entendimento, quem possui mente aberta não vive em busca de obrigar as pessoas a aprovarem sua forma de pensar, são compreensíveis, abertas ao diálogo, promovem respeito e discussão saudável. Referindo-se a pessoas de mente fechada, trata-se de alguém que se esforça para que todos que estão em torno de si o entenda, chegando a ser insistente e repetitivo a fim de convencer a outra pessoa para que concorde com o que está sendo dito.
  • Afirmar e Perguntar, são características que indicam que quem tem a mente fechada vivem fazendo fortes declarações sobre qualquer que seja o assunto, mesmo que não tenha propriedade no que está comunicando. “Trata-se de indivíduos que adoram opinar, porém não têm a menor paciência para ouvir a opinião dos outros.” (MARQUES, 2021). Já quem possui mente aberta, só opinam sobre algo quando verdadeiramente conhecem, pois primam pelo aprendizado com o outro.
  • Ideias desafiadas, as pessoas de mentes abertas, aceitam sem nenhum problema as ideias que as diferem de sua forma de pensar, diferente das de mente fechada que não concordam em ter suas ideias afrontadas. Pelo contrário, o que elas querem, na verdade, é que todos concordem com o que elas sugerem, sem questioná-las.

Dessa forma, “A mente é, hoje, até fácil de descrever em seus aspectos mais gerais, mas a função mental em cada circunstância específica de nossas vidas continua sendo um mistério” (IZQUIERDO, 2004, p. 07). Faz-se necessário que estejamos sempre atentos a que tipo de mentalidade que desenvolvemos: mentes limitadas ou mentes dispostas a expandir.

É necessários nos desafiarmos, a fim de que tenhamos mais proatividade e consciência de si mesmo, obtendo crescimento pessoal e profissional; para nos adaptarmos melhor com quem estar a nossa volta, tornando importante reconhecer se o outro possui uma mentalidade aberta ou fechada para um melhor relacionamento.

Referências

IZQUIERDO, Iván. A mente humana. Centro de Memória do Instituto de Pesquisas Biomédicas da PUC-RS, 3 de Out. de 2004. Porto Alegre (RS), Brasil. Disponível em: <https://www.ufmg.br/online/arquivos/IZQUIERDO.pdf >Acesso em: 17, Jul. de 2021.

MARQUES, José Roberto. Quais as principais diferenças entre pessoas de mente aberta e mente fechada?. Instituto brasileiro de coaching. 17 de Fev. de 2021. Disponível em: <https://www.ibccoaching.com.br/portal/mudanca-de-vida/quais-as-principais-diferencas-entre-pessoas-de-mente-aberta-e-mente-fechada/>. Acesso em: 17, Jul. de 2021.

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Dores físicas causadas pela mente: Psiquiatra discorre sobre a Psicossomática

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O aspecto principal de transtornos somatoformes é a apresentação repetida de sintomas físicos juntamente com solicitações persistentes de investigações médicas

A Psicossomática estuda as relações mente-corpo com ênfase na explicação psicológica da patologia somática, uma transcrição para a linguagem psicológica dos sintomas corporais (FREUD, 1913). A Psicanálise continua sendo uma psicologia em função do inconsciente, um método de investigação da mente e uma atividade terapêutica. O que constitui Freud um profissional engajado e percursor da interdisciplinaridade.

Além da doença psicossomática instalada por meio de um transtorno neurótico e uma lesão orgânica, existem considerações em base de sintomas de origem psicogênica estudados por meio de um grupo de neuroses dentro da classificação de transtornos mentais ou de comportamentos, conhecidos como transtornos somatoformes. O aspecto principal de transtornos somatoformes é a apresentação repetida de sintomas físicos juntamente com solicitações persistentes de investigações médicas, com repetidos achados negativos e de reasseguramentos pelos médicos de que os sintomas não tem base física. Estes transtornos são acompanhados de sintomas relacionados a qualquer parte de sistemas do corpo, comumente sensações gastrintestinais, cutâneas anormais, queixas sexuais e menstruais são também comuns como a depressão e a ansiedade. O curso do transtorno é crônico e flutuante e com frequência está associado a rompimento duradouro do comportamento social, interpessoal e familiar.

Para falar mais sobre o assunto, segue a entrevista com Camila Campitelli, que possui graduação em Medicina pelo Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos (ITPAC) e Residência Médica em psiquiatria pela Universidade de Brasília (UNB). Também tem especialização em Psiquiatria e em Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Camila trabalha atualmente nos Centro de Atenção Psicossocial (CAPS II) e Hospital Geral de Palmas. É também Supervisora do Programa de Residência Médica em Psiquiatria da Universidade Federal do Tocantins- UFT.

 

(En)Cena – Qual a diferença entre doença psicossomática e transtorno somatoforme?

Camila Campitelli – Existe uma associação, que habitualmente usamos quando falamos de doenças psicossomáticas e relacionamos com transtornos somatoformes. Nos transtornos somatoformes, por exemplo, tem-se uma dor, mas não se tem uma origem orgânica daquela dor. Tem-se uma perda de movimento, mas não se tem um correspondente neurológico para aquela perda de movimento. Ela se divide em algumas categorias que são os transtornos somatoformes que se classificam, conforme o CID 10: Transtorno de somatização somatoforme indiferenciado, transtorno hipocondríaco, transtorno neurovegetativo somatoforme, transtorno doloroso somatoforme persistente, outros transtornos somatoformes e transtornos somatoformes não especificados. Tem alguns critérios para diagnosticar um transtorno, sendo necessário um ou mais sintomas somáticos que sendo feito uma avaliação apropriada, os sintomas não são explicados por uma condição médica em geral, ou essa condição médica não é suficiente para explicar os sintomas e nem é explicado por outro transtornos, além de estar presente por 6 meses. Tem que ter a doença e o prejuízo em decorrente a essa relação.

 

(En)Cena – A angústia está relacionada à psicossomática, no entanto, existe alguma outra causa que leve a este transtorno?

Camila Campitelli – Costuma ter algumas situações de tensão, de estresse emocional ou algum outro fator mais desencadeante. Então se tem situações emocionais onde a pessoa não consegue lidar com aquilo e tem que achar um correspondente no corpo. É diferente quando falamos de transtorno fictício, por exemplo, onde a pessoa provoca uma lesão em busca de um cuidado médico, geralmente é uma ferida que a pessoa manipula, ou um sangue que é colocado na urina, o intuito é psicológico, o benefício é estar doente e o cuidado e toda relação que se tem em estar doente. E ele é provocado, teve um paciente que pegava um pedra e batia no tórax e chegava no hospital com dor. Procurou-se a causa, mas nada era condizente com aquela patologia. Depois de um tempo, conhecendo melhor o paciente e dialogando com ela, a paciente afirmou que batia com a pedra no seu tórax. Já no transtorno somatoforme a pessoa sente uma dor (se fala em dor, pois é mais comum), não necessariamente ela provoca aquilo, só que a equipe médica não consegue identificar algo orgânica para aquela dor. Nesse caso, o próximo passo é a estrutura emocional, o diálogo com perguntas do tipo: Como está a relação em casa?  Aconteceu alguma coisa marcante? Quando que dói mais? Dói mais se está em casa? Piora quando tem mais pessoas ou quando não pessoas? Em que local dói mais? Procura saber como é o manejo desta pessoa que está sofrendo, mas muitas vezes, não consegue falar e por isso usa o adoecer do corpo para que equipe medica consiga representar.

 

(En)Cena – E sobre o diagnóstico e o prognóstico do paciente? Quem ou qual o grupo de pessoas que estariam mais vulneráveis a ter doenças psicossomáticas?

Camila Campitelli – É basicamente um diagnóstico clínico, usam-se exames para excluir a organicidade naquela questão. Se investiga aquela patologia, procura toda uma correlação onde deveria estar aquela alteração, mas não se consegue identificar.  Geralmente são pessoas que, para se fechar um diagnóstico, geram custos altos para o serviço de saúde pública e para a família, pois ela acessa o serviço diversas vezes devido as queixas e as dores, fazendo exames cada vez mais caros para se identificar a causa, submetendo-se até as cirurgias, muito comum em dores abdominais. Aí aparece outra questão que é a sequela desses procedimentos. São tipos de pacientes que quando percebem que aquela equipe médica está chegando ao diagnóstico de doença psicossomática, ela procura outras unidades e setores de saúde. Por isso é importante a comunicação e a relação estreita com a psicologia para ajudar a entender toda a dinâmica do paciente e não ficar centrado apenas na dor orgânica.

 

(En)Cena – Quais as principais Comorbidades?

Camila Campitelli – De forma geral são mais sintomas depressivos e quadros ansiosos.

 

(En)Cena – Sobre tratamento, o que poderia dizer que tem maior resultado atualmente?

Camila Campitelli – A psicoterapia para a pessoa entender toda essa dinâmica, para que ela consiga entender essa doença.  Não tem como dizer que a pessoa não tem nada, pois ela sente a dor. Ela não tem nada orgânico, mas tem toda uma demanda psicológica que ela precisa de ajuda para compreender do que se trata e conseguir lidar com aquilo e não se submeter a outros tratamentos como a cirurgia, por exemplo, que pode trazer consequências muito mais graves que aquela dor que ela está sentindo no momento. Também é muito importante o suporte da família.

 

(En)Cena – No dia a dia da sua atuação, tem se deparado com muitos pacientes com doenças psicossomáticas? Conhece dados que mensuram o aumento dos números de casos nos últimos anos? E qual a faixa etária predominante?

Camila Campitelli – Não tenho números exatos, mas esses casos são muito mais comuns dentro de hospital geral ou ambulatorial do que em consultórios particulares, pois a procura é pelo cuidado físico.  Há uma maior prevalência entre as mulheres. Não é apenas a faixa adulta que sofre com doenças psicossomáticas.  Há casos de crianças que, por exemplo, foram vítimas de violência. Geralmente casos mais graves começam com vômitos e dores.

 

(En)Cena – Como o paciente reage quando percebe que é uma doença psicossomática?

Camila Campitelli – Geralmente é um diagnóstico difícil, é um diagnóstico por exclusão através de exames e até cirurgias, até se chegar ao transtorno somatoforme. Tem que haver um cuidado ao relatar isso para o paciente, explicar bem como se chegou até esse diagnóstico e como se dará o tratamento. Por isso, é tão importante o trabalho em equipe e o suporte psicoterápico.

 

(En)Cena – Gostaria de comentar sobre algum caso em especial, que foi mais difícil, mais angustiante ou mais intenso de cuidar?

Camila Campitelli – Teve duas pacientes que chamaram bastante atenção. Uma chegou a fazer três a quatro cirurgias por dores abdominais e mais tarde foi diagnosticada com transtorno somatoforme e o outro caso foi transtorno fictício, o paciente procurou o hospital várias vezes, sempre com sintomas diferentes, mas acabou confessando que se machucava com uma pedra.

 

*Entrevista realizada como requisito da disciplina de Psicologia da Saúde do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra sob a orientação da Profa Me Izabela Almeida Querido.

 

REFERÊNCIAS:

DE MELLO FILHO, JULIO ; BURD, MIRIAM. Psicossomática hoje. SÃO PAULO: Artmed Editora S.A., 2010.

FONTES NETO, Paulo T. L. et al . A dermatite atópica na criança: uma visão psicossomática. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul,  Porto Alegre ,  v. 28, n. 1, p. 78-82,  Apr.  2006 .   Availablefrom<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-81082006000100010&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 21 maio 2019.  http://dx.doi.org/10.1590/S0101-81082006000100010.

MOAL, M. Le. Psicossomática (doença). In: DORON, Roland ; PAROT, Françoise. Dicionário de Psicologia. PessesUniversitaires de France: CLIMEPSI EDITORES, 1991.

RIECHELMANN, José Carlos et al. Medicina Psicossomática e Psicologia da Saúde: Veredas Interdisciplinares em Busca do “Elo Perdido”. In: ANGERAMI, Valdemar Augusto et alPsicologia da Saúde. Câmara Brasileira do Livro: Pioneira Thomson Learning, 2000.

SARTORIUS, N. AT AL. F45 Transtornos somatoformes. In: WORLD HEALTH ORGANIZATION. Classificação de Transtornos Mentais e de Comportamento da CID-10. Porto Alegre – RS: ARTMED EDITORA S.A., 1993.

www.escavador.com/sobre/6122818/camila-campitelli-fernandes. Acesso em: 30 de maio de 2019.

www.escavador.com/sobre/1163217/genildo-ferreira-nunes. Acesso em: 30 de maio de 2019.

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A eletroconvulsoterapia em pauta: o cérebro como fetiche

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Dias atrás, no meu percurso cotidiano, passei em frente a uma banca de jornal e notei algo que não havia notado até então: uma fileira de 12 revistas expostas, todas se referindo ao tema cérebro e, quase todas, expunham na capa uma imagem do cérebro. Imediatamente me veio à memória o que aquela mesma banca expunha há cerca de 20 anos atrás: os corpos nus das mulheres. Reflito então: o que aconteceu nos últimos 20 anos que fez com que o cérebro fosse exibido nesse lugar de fetiche?

Não é novidade a tentativa de encontrar uma relação direta entre nossa psique e a estrutura ou funcionamento do cérebro. O tema já aparecia nas discussões filosóficas de Platão e Hipócrates, mas que no século XIX que surge uma ciência do cérebro, o marco teria ocorrido em 1810, com o médico anatomista e fisiologista Franz-Josef Gall e sua cranioscopia: um método de investigação que concebia uma correspondência direta entre protuberâncias e depressões do crânio e do cérebro. Tal método abre o caminho para a frenologia, uma teoria que supunha ser possível analisar as faculdades mentais de um indivíduo por meio da inspeção do seu crânio. No auge desta teoria, o frenologista Alexandre David afirma ter descoberto no desenho da cabeça de Descartes todas as faculdades intelectuais, perceptivas e individuais responsáveis pela filosofia do pensador.

Temos assim, que a procura por compreender o cérebro e ser capaz de relacioná-lo com nosso componente psicológico não é nova, todavia, os aparatos tecnológicos capazes de tornar o cérebro vivo um objeto da ciência, só surgem nas últimas décadas. O termo neurocientista, por exemplo, se estabelece na década de 1990, que é, inclusive, chamada de “década do cérebro”, e se caracteriza por grande investimento em pesquisas nesse âmbito. O surgimento das tecnologias de exames por imagens alimentaram a fantasia de que observar o cérebro pensando, seria o mesmo que alcançar o pensamento em si, como se o pensamento fosse uma espécie de secreção do cérebro.

Fonte: https://bit.ly/2RXCmTO

Chegamos assim ao sujeito contemporâneo, o “sujeito cerebral”, a figura antropológica que incorpora a ideia de que o ser humano é essencialmente reduzível a seu cérebro. Já o termo “neurocultura” é cunhado para explicar o impacto social que o desenvolvimento das neurociências provocou na ciência, na filosofia, na medicina, na educação, na mídia, nas políticas públicas, na arte, ou seja, em todos os campos da cultura, dando ao cérebro um lugar privilegiado.

Um bom exemplo da proporção que essa neurocultura alcançou é notado num programa vespertino de TV da Rede Globo – Encontro com Fátima Bernardes – no qual participa diariamente um médico neurocientista e neurocirurgião, que se dispõe a explicar ou abordar, qualquer tema ali tratado, sob a ótica das dinâmicas neuroquímicas e cerebrais. Numa delas, por exemplo, “o doutor” se dispõe a explicar as fases de um relacionamento amoroso e possíveis modos de fazê-lo “dar certo”, utilizando explicações neuroquímicas. Sob tal ótica, o cérebro não é um órgão objeto da ciência biológica, mas num ator, um agente social, o que torna possível tratar dos entraves das relações amorosas por meio de explicações do funcionamento cerebral. Em última análise, nossos cérebros é que amam ou não amam.

Assim, a cerebralidade parece ser um resultado natural do progresso da ciência e das tecnologias utilizadas para pesquisar o cérebro, no entanto, é preciso compreender o quanto ela pactua com uma ideologia individualista de saúde mental, muito própria da contemporaneidade, no qual tratar-se significa se tornar uma espécie de empreendedor de si mesmo. A popularização das terapêuticas comportamentais e das ferramentas coaching, por exemplo, seguem nessa direção. Apartados de uma noção de coletividade, mergulhados num individualismo narcisista e numa política econômica neoliberal, que defende e valoriza a meritocracia, adotar a ideia de que qualquer fracasso ou dificuldade que uma pessoa enfrente possa ser localizado em seu cérebro, cumpre duas funções ideológicas importantes: oferta respostas individuais para problemas que seriam do laço e do contexto social, e promete, com mais presteza, rapidez e eficiência, indicar os reparos necessários ao cérebro-sujeito.

Fonte: encurtador.com.br/IJKS9

Obviamente, que essas duas concepções, quando associadas, abrem um mercado consumidor importante para as terapias do cérebro. A multiplicação de diagnósticos e medicamentos psiquiátricos se alimenta de tal lógica, mas há outras que também se dispõem a atuar na estrutura ou bioquímica cerebral, tal como a eletroconvulsoterapia, estratégia que tomou à cena nas últimas semanas depois de ser citada, numa nota técnica, como recurso terapêutico indicado dentro das novas diretrizes da política de saúde mental.

O eletrochoque no Brasil – o nome originário dessa terapêutica – se tornou um método historicamente condenado, com o advento dos movimentos para garantia de direitos dos doentes mentais e o fim dos manicômios, atrelados ao movimento da reforma psiquiátrica e a luta antimanicomial. No entanto, tais procedimentos, animados pelo avanço das neurociências, ressurgem com novas denominações, uma roupagem mais humanizada e critérios de indicação mais rigorosos.  A promessa é intervir diretamente no cérebro, a fim de tratar sintomas psiquiátricos graves, persistentes e refratários a outros recursos terapêuticos.

Sem entrar da discussão da eficiência ou não de tal ferramenta em alguns casos pontuais e específicos, onde o risco seja menor que o dano, o mais importante é perguntar: em se tratando de política pública, qual o real impacto que uma tecnologia tão restrita dessas trará para o campo da política de saúde mental? Quem compreende a lógica do SUS e da medicina sanitária que lhe respalda, sabe que investir em tecnologias mais básicas e de maior amplitude de alcance, são muito mais eficazes do que investir nas tecnologias mais complexas e especializadas, além de serem muito mais baratas e de produzirem efeito em cadeia e de longo prazo, pela mudança de cultura e pela formação de compromisso com o coletivo. Nessa lógica, investir em grupos de orientação e em programas de atividade física para hipertensos, por exemplo, é muito mais eficaz do que equipar hospitais para realizar cirurgias cardíacas, e ainda, quanto mais investimos no trabalho de atenção comunitária, tanto menos unidades especializadas em emergência cardíaca serão necessárias.

Fonte; https://bit.ly/2tlW7KY

Sendo assim, resgatar a eletroconvulsoterapia dentro da política pública de saúde mental sem uma discussão ampla – um método historicamente comprometido com as atrocidades de um passado manicomial que ainda tem feridas abertas – já seria controverso apenas por um motivo: por desrespeito ao movimento de luta antimanicomial, um movimento de trabalhadores, usuários e familiares de saúde mental que desconstruiu o modelo desumano dos manicômios, abrindo outro modo de olhar para a doença mental. Além disso, trata-se de uma tecnologia muito especializada que não trará nenhum impacto realmente importante para o campo da saúde mental, nenhum efeito de saúde coletiva, nem de mudança de cultura, ou de aprendizagem social. A eletroconvulsoterapia é apenas resultado desse nosso fetiche pelo cérebro, que produz um tipo de política de saúde mental que não  se interessa por pela promoção de saúde comunitária, pelo cuidado psicossocial, pela inserção social, pela a redução de estigmas ou pelo apoio as famílias.

A grande sacada da política não manicomial – e isso não significou apenas desconstruir o manicômio – foi entender a doença mental como uma questão de responsabilidade coletiva, partilhada, como algo que se instala no laço entre as pessoas e não dentro delas. Tanto é assim, que uma característica peculiar da doença mental é que ela precisa do outro pra existir. Sem o outro, o sintoma do doente mental não seria identificado, por isso, a recusa social e o isolamento é sempre uma constante nesses casos, especialmente nos mais graves. Sob a ótica psicossocial, a doença mental é uma ferida do laço que nos une aos outros, é um desencontro de linguagem, é uma deficiência de afeto. Nesse caso, as terapêuticas que atuam na organicidade dos sujeitos são apenas coadjuvantes no processo de tratamento, o mais importante será restaurar o laço e a comunicação do sujeito com aquilo que ele ama ou deseja. Uma política de saúde mental não manicomial é aquela compreende que uma pessoa adoecida não tem um cérebro doente, ela está com seus laços e vínculos doentes; seu cérebro pode sofrer os efeitos disso, mas não é o local onde se atua terapeuticamente.

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Heal: o poder da mente para a autocura

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Para o documentário, o poder que cria o corpo, cura o corpo

Cada homem e cada mulher são os arquitetos de sua própria cura e de seu próprio destino (Buda)

Heal – O Poder da Mente’ (2017) é um documentário que apresenta histórias reais de pessoas que alcançaram a cura através do poder da mente. Existe uma inteligência que nos dá a vida, que mantém o coração batendo e que digere nossa comida. Segundo o documentário, para que isso seja possível é necessário primeiramente entrar em contato com a inteligência existente dentro de nós: uma mente superior interna que sabe como trazer a curar para o nosso corpo. Em um segundo momento, é necessário fazer o alinhamento do pensamento, que é o início do nosso querer, ter persistência para mentalizar e recomeçar todas as vezes que desconcentramos.

Existe uma conexão entre o corpo e mente, cada órgão do corpo humano tem uma habilidade de se curar sozinho dentro de um ambiente favorável e até mesmo órgãos do corpo que poderíamos pensar que não podem ser curados tais como a medula espinhal e o tecido cerebral, com o poder da mente e dentro das condições e ambientes corretos, tornam isso possível.

Fonte: Documentário do Netflix

Dentro da Terapia Cognitivo Comportamental (TCC), que se refere a uma abordagem que se baseia em dois princípios fundamentais – a cognição, que tem uma intervenção controladora sobre nossas emoções e o comportamento, que é a maneira como agimos ou nos comportamos –, é necessário ficarmos alertas para os nossos padrões de pensamentos e nossas emoções. O desenvolvimento de um estilo de pensamento saudável pode reduzir a angústia ou dar maior sensação de bem-estar.

Os processos cognitivos conscientes têm um papel primordial na existência humano e segundo Dalai Lama (1999), se pudermos reorientar nossos pensamentos e emoções e reorganizar nosso comportamento, então poderemos não só aprender a lidar com o sofrimento mais facilmente, mas, sobretudo, até nos anteciparmos antes que ele surja.

Fonte: Documentário do Netflix

Logo, o documentário relaciona o estresse emocional que vem através de tragédias familiares, perdas materiais e físicas com a perda de equilíbrio do corpo. O estresse é quando o ser humano percebe que está de frente com uma ameaça e o organismo prepara-se para lutar ou para fugir. Um ponto a considerar é que o processo de estresse será despertado e desenvolvido de maneira diferente em cada pessoa, considerando que a análise de cada acontecimento como aversivo ou não dependerá de como cada um aprendeu a percebê-la.

Entretanto, nem sempre é possível correr dos fatores estressores externos (contas para pagar, sentimentos etc.). Quando isso ocorre, há liberação de cortisol, adrenalina e noradrenalina no sistema, que pode acarretar o enfraquecimento e a quase exaustão da pessoa ao ponto dela não conseguir adaptar-se ou resistir ao estressor e às doenças físicas que podem vir a surgir, conduzindo-a a um enfraquecimento das respostas psicológicas e fisiológicas.

Fonte: Documentário do Netflix

Existem forças invisíveis que não são levadas em conta pela medicina ocidental e que se transformam nas forças primárias que controlam tudo, incluindo a mente, sendo a consciência que faz a retomada do controle com o que é supremo sobre nossa biologia e que está contextualizada no nosso pensamento. Há energia invisível em nossa mente, que não molda apenas nosso corpo, mas nossa relação com o mundo em que fazemos parte.

O documentário apresenta vários depoimentos de pessoas diagnosticadas com doenças gravíssimas e que utilizaram o poder da mente para conseguir a cura e restaurar o corpo ao seu funcionamento normal. Umas das coisas que essas pessoas têm em comum é a mudança radical de seus hábitos alimentares, uso de ervas medicinais, consciência do seu estado de saúde, seguimento de suas intuições, liberação de emoções reprimidas, aumento das emoções positivas, aceitação do apoio social, aprofundamento da conexão com a espiritualidade e uma forte razão para viver.

Fonte: Documentário do Netflix

Os bloqueios emocionais podem levar a bloqueios físicos. É necessário liberar esses bloqueios, seja através de aulas de Zumba, visita a um xamã, regressão etc.; a descoberta de sua libertação é um caminho amplo e repleto de opções. Para algumas pessoas fazer psicoterapia dá certo, para outras, fazer uma atividade física é mais adequado. Ou os dois. O canto e a meditação são atividades válidas desde que auxilie o abandono do ressentimento, o luto ou o trauma e permita libertar a raiva interna e os sentimentos reprimidos. Ademais, dentro da psicologia, a TCC enfatiza a importância de reconhecer e modificar pensamentos que vem automáticos e que podem influenciar nos esquemas do processamento de informações.

O ser humano está constantemente avaliando a relevância dos acontecimentos internamente que fazem parte de seu contexto e a Terapia Cognitiva Comportamental pode auxiliar pessoas através da cognição, emoção e comportamento.

Conforme o documentário, quando temos uma emoção dentro de nós, essa emoção manda um sinal ao nosso cérebro e a qualidade daquele sinal determina o que o cérebro fará em resposta as emoções. Sentimentos negativos ficam dentro de nós e o que pensamos a seu respeito afeta o templo do corpo e a química do corpo. É preciso, pois, estar alerta para esta dinâmica e, assim, construir uma vida mais saudável e significativa.

FICHA TÉCNICA DO FILME:

HEAL – O PODER DA MENTE

Título Original: Heal
Direção: Kelly Noonan
Elenco: Kelly Noonam, Deepak Chopra, Michael Beckwith, Joe Dsipenza, Dr. Jeffrey Thompson
Ano: 2017
País: EUA
Gênero: Filmes biográficos, Documentários

Referências:

BUENO, Gina Nolêto. Tempos Modernos Versus Ansiedade – Aprenda a Controlar sua Ansiedade. In: BUENO, Gina Nolêto; RIBEIRO, Angeluci Reis Branquinho; OLIVEIRA, Iran Johnathan Silva. Tempos Modernos Versus Ansiedade – Aprenda a Controlar sua Ansiedade. Goias: Goiás, 2007. p. 1-16.

WRIGHT, Jesse H.; R.BASCO, Monica; THASE, Michael E. APRENDENDO A TERAPIA COGNITIVO COMPORTAMENTAL. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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Roger Scruton defende em “A alma do mundo” a experiência do sagrado frente aos ateísmos contemporâneos

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No livro, o escritor levanta uma série de discussões sobre arte, mente, música e política para mostrar o que está em risco nos debates atuais a respeito da natureza e do fundamento da crença religiosa

Um dos mais respeitados nomes do conservadorismo britânico, Roger Scruton evita defender a prática ou doutrina de uma fé em especial.  No entanto, em seu novo livro, “A alma do mundo”, o filósofo lança seu olhar sobre uma visão religiosa do mundo, que, a seu ver, não pode ser captada pelas lentes dos materialistas e dos naturalistas.

Longe de apresentar uma defesa da existência de Deus, Scruton argumenta que, independentemente do significado evolucionista que possa ser atribuído à crença religiosa e seu papel na seleção natural, há uma função fundamental que ela representa, referente à manutenção da vida humana:

 “As religiões dão foco e ampliam o senso moral; elas cercam aqueles aspectos da vida nas quais as responsabilidades pessoais estão enraizadas, notavelmente, o sexo, a família, o território e a lei. Elas alimentam as emoções distintamente humanas, como esperança e caridade, que nos elevam acima dos motivos que regem a vida dos outros animais e nos levam a viver pela cultura, não pelo instinto”, conclui.

O autor afirma que as discussões atualmente em voga sobre as crenças religiosas estão relacionadas ao confronto entre o cristianismo e a ciência moderna e aos ataques terroristas do 11 de setembro, que aumentaram a tensão entre o Islã e o mundo ocidental.  No entanto, Scruton reforça que os embates têm origens diferentes. Sendo o primeiro intelectual e o segundo emocional.

“A alma do mundo” propõe uma reflexão sobre a importância do sagrado no mundo e o que seu esvaziamento pode significar.

Trecho:

“Se há alguma mensagem a ser extraída dos meus raciocínios é que a ideia de salvação — de uma relação correta com o criador — precisa aceitar a morte, no sentido de que, diante dela, encontramos o nosso criador, a quem devemos prestar contas das nossas falhas. Retornamos ao lugar de onde surgimos, à espera de sermos bem recebidos ali. Este é um pensamento místico e não há como traduzi-lo no idioma da ciência natural, que fala do antes e do depois, não sobre o tempo e sobre a eternidade. A religião, tal como eu a considero, não descreve o mundo natural, mas o Lebenswelt, o mundo dos sujeitos, com o uso de alegorias e de mitos para nos lembrar, no nosso nível mais profundo, quem e o que somos nós. E Deus é o sujeito que tudo conhece e que nos recepciona assim que atravessarmos para o outro domínio, além do véu da natureza. Abordar a morte dessa maneira é, portanto, se aproximar de Deus: nos tornamos, por meio das nossas obras de amor e de sacrifício, uma parte da ordem eterna; realizamos a ‘travessia’ para aquele outro lugar, para que a morte não se torne mais uma ameaça para nós. A vida da oração nos resgata da Queda e nos prepara para uma morte que podemos significativamente ver como uma redenção, pois ela nos une à alma do mundo.”

Roger Scruton foi professor de Estética na Birkbeck College, Londres, e professor da Universidade de Boston. Escreve regularmente para The Times, The Telegraph e The Spectator. É auto de diversos livros, entre eles,  Como ser um conservador, também publicado pela Record.

Fonte: goo.gl/J5Vygf

A ALMA DO MUNDO
Autor:
Roger Scruton
Tradução: Martim Vasques da Cunha
Preço: R$ 44,90
Editora: Editora Record

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Estamirize-se! (Estamira e Esquizoanálise)

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1, 2 Intervenção no real radar…

Cheiro forte, restos, descuidos, Sol agredindo uma pele envelhecida, inúmeras armadilhas, risos descontidos, brados ao trovão(rá), neologismos, música

Produzir uma torção nos aforismos de uma conjunção de linhas desviantes de forças chamada Estamira Gomes de Sousa.

Desfigurar uma imagem e produzir um duplo completamente dessemelhante, decerto aquém da multiplicidade de cores que circulam esta singular existência

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Retirado de: cadaumtemasua.com.br

Bradando sua inquestionável onisciência, Estamira experimentou jogar mentiras na cara daqueles que produzem silenciamento ao que ultrapassa a curva da razão: espertos-ao-contrário!

Ela não é comum (a não ser o seu formato-carne, sanguíneo, par), ela é Estamira, a visão de cada um!

Ela não “foi”, pois a morte é o começo de tudo! Ela “é” e sempre “será”, pois existe/existirá como força de afirmação esquizopoiética de existências que não se prostram diante dos microfascismos de uma máquina capitalística de produção de trocadilos

Trocadilos como manifestação de toda forma de aprisionamento, subjugação, controle e violência (Trocadilo-homem, trocadilo-religião, trocadilo-ciência)

Sua lúcida loucura agenciou a criação da onipotência de uma mulher que tinha tudo para esgueirar-se numa vida sofrida, calada, negada, anulada

Torceu suas certezas e produziu linhas de fuga que a permitiram suportar uma realidade devastada por diversos trocadilos

Apontou o controle remoto que ordena os corpos, coadunando nas entrelinhas com as palavras de Artaud ao declarar guerra aos órgãos

Povoada por diversos astros positivos, fez-se a beira do mundo, posto que está em todos os lugares, sobretudo no que vai além da borda, o que trans-borda: o além dos além (lugar onde nossa razão nos impede de ir)

Sua fala é eminentemente política, pois seu delírio poético produz desvios nas verdades sobre DEUS, o homem, a Psiquiatria, a loucura, o lixo, sobre você no que concerne a resistência dos biopoderes produzidos em diversas línguas e nos atravessam cotidianamente

Num eloquente agenciamento coletivo de enunciação, de d’enunciação da opressão e violência, do status quo e das verdades absolutas, devolte tratos antes tragados a contragosto!

Estamira sentiu na pele os manicômios, físicos e mentais que atravessam os médicos-deuses, os remédios-dopantes e até a família.

Estamira desafia DEUS para resistir ao revir do seu devir reativo.

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Retirado de: menos1lixo.virgula.uol.com.br

Exclama o potencial microrrevolucionário do devir minoritário, quebrando molaridades e zombando das falas instituídas.

“A doutora passou remédio pra raiva” Risos!

Num transbordo “além dos além“, povoado de forças desconhecidas, vive a atualização das virtualidades reais num imaginário que tem, existe e é!

Delirar para Estamira talvez seja inventar o esquecimento, experimentar o intempestivo presente no Transbordo-do-Fora, o qual nós seres humanos comuns não temos condições, em virtude da nossa insana razão

É preciso experimentar a lúcida loucura de Estamira para subverter a homogeneização do retorno do mesmo, da cela do passado, do fato, feito, fadado ao fim da vida

Estamirizar é diferir, divergir, esfregar nas caras a existência e permanência de um trocadilo que é o próprio microfascismo que está em nós

Estamira não é uma mulher, Estamira é uma força!

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