Erika Hilton: a força e a representatividade da mulher trans e negra

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Deputada Federal, Mulher negra e Transexual, com uma oratória que marca sua presença; filha de uma mãe evangélica que a expulsou de casa e depois a acolheu por amor.

Erika Hilton fez história ao se tornar a primeira Deputada Federal negra e trans eleita no Brasil. Sua expressiva conquista de 256.903 votos em São Paulo ressalta seu impacto. Já em 2020, ela se destacou como a vereadora mais votada do país e ocupou, durante dois anos consecutivos, a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de São Paulo. Sua trajetória é marcada por uma luta incansável por representatividade e direitos humanos, tornando-se um símbolo inspirador de progresso e mudança.

Nascida no interior de São Paulo, de família religiosa e matriarcal como a mesma já citou em entrevistas, Erika viu na educação o caminho para sair da prostituição compulsória que se viu, após ser expulsa de casa, situação essa gatilhada pelo radicalismo religioso que sua família estava envolta, entretanto Erika não vê a religião como rival, hoje defende o direito de expressão de fé, alinhado com os Direitos Humanos e com foco nas minorias, cabendo destacar que se posiciona contra o uso da religião como mecanismo de invalidação de pessoas lgbtqia+, por ser uma mulher transexual em um ambiente de maioria masculina tem que lidar com a transfobia, racismo, sexismo e situações afins a crimes.

Em entrevista por meio de podcast ao jornalista Reinaldo Azevedo, Erika narrou sua vida, e iniciou citando Carolina de Jesus “O que levou a onde levou, não era sorte, era audácia e coragem”, assim a Deputada Federal também se definiu. Em continuação, Erika conta da infância, e de como saiu de sua cidade natal, e foi encaminhada para outra cidade, retirada do convívio de seus amigos e origens em Franco da Rocha – SP, após sua mãe se ver pressionada pelo sentimento de culpa por não ter “corrigido” sua sexualidade não normativa já existente, conta ela que isso se deu através do fundamentalismo religioso que afetou sua família, e destaca que nada disso teve haver com fé, é possível captar em suas falas o respeito pela diversidade religiosa, citando a mãe como referência.

Com 15 anos de idade se vê sem alternativas e sai de casa, ficando exposta às ruas, onde se encontra com as mazelas da prostituição, mas também se recorda da educação que teve na infância, pois já na escola sofria preconceito por não peformar o esperado, encontrou nos estudos a fuga das violências que era alvo, por volta de seus 20 anos sua mãe à busca nas ruas, Erika narra a mãe como sendo atravessada pela religiosidade, mas que à resgatou não por discurso ideológico ou religioso, mas por amor e questionamento, com isso ela vai para a faculdade incentivada pela mãe, cursou Gerontologia e Pedagogia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde além de começar a questionar a elite acadêmica, abre um cursinho para travestis e transexuais e por conta de ter seu nome social recusado em uma passagem de ônibus, ingressa de vez junto aos movimentos estudantis no ativismo que hoje a levou para a carreira política como Deputada Federal.

(Fonte:https://www.youtube.com/watch?v=aT57A2FWlKc&t=159s)

Em entrevista no Podcast ReConversa. Erika Hilton fala sobre sua história e seu papel na Câmara dos Deputados

 

Cabe aqui destacar que no cenário brasileiro, travestis e mulheres trans, incluindo muitas de origem negra, têm se engajado em movimentos organizados e, nos últimos tempos, vêm ocupando cada vez mais espaços em ambientes universitários e pesquisas acadêmicas. Esse engajamento tem promovido a visibilidade do feminismo transexual, cujo objetivo é expor os impactos da transfobia, do racismo, do sexismo e do heteropatriarcado na vida das pessoas que se identificam como trans femininas. Além do mais, essa abordagem busca ressaltar a importância central das dinâmicas de construção e desconstrução de gênero no contexto das pessoas trans.

Diante dessa observação, Erika se destaca e personifica em (Oliveira, 2022) “quando se fala em travesti, muita gente escuta “perigosa, piranha, puta, criminosa, vulgar” e outros adjetivos negativos, que eu faço questão de demarcar e lembrar a essas pessoas que eu posso ser tudo isso, mas sou doutora e professora universitária, pesquisadora. Essa categoria precisa passar por um processo de ressignificação. […] Eu me recuso a pedir licença para ocupar o mundo, eu chego chegando, porque é assim que tem que ser”.

Fonte:https://revistaafirmativa.com.br/peticao-criada-por-erika-hilton-pela-cassacao-de-nikolas-ferreira-e-assinada-por-mais-de-200-mil-pessoas-em-24-horas/ )

Erika cria petição pela cassação de Nikolas Ferreira, após esse proferir comentários transfóbicos no plenário da Câmara.

Sua oratória, parece ser construída para sustentar respostas de todos os lados dentro da câmara dos Deputados Federais, além de contribuir com a acessibilidade ao conteúdo acadêmica para quem não tem acesso a ele, além de ser digna do questionamento provocador de Letícia Carolina Nascimento (2021), “Quem pode se tornar mulher?”.

A deputada por meio de seu ativismo, concisão nos discursos e coligações passíveis de diálogos, vem alcançando expressivos números de eleitores, mas não só isso, a sua existência vem quantificar e respaldar o básico na vida da comunidade lgbtqia+, além de buscar frear a violação de Direitos humanos básico, como o direito de ir e vir sem ser molestado, pois visto que ao tempo que se tem incerta informação de que o Brasil é o país que mais mata, informação essa vinda por meio do Dossiê dos Assassinatos e da Violência Contra Pessoas Trans Brasileiras da -Associação Nacional de Travestis e Transexuais- (Antra) percebesse que a figuras como Erika se faz necessário de quantificar e destacar, para que não seja mais necessário contabilizar mortes mas sim lugares na sociedade, e ao pontuar o números de mortes de pessoas travestis e transexuais como incerto é na certeza de que se não importar quantificar e qualificar em vida, irá importar menos ainda em morte.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:

Nascimento, S. de S.. (2022). EPISTEMOLOGIAS TRANSFEMINISTAS NEGRAS: PERSPECTIVAS E DESAFIOS PARA MULHERIDADES MÚLTIPLAS. Estudos Históricos (rio De Janeiro), 35(77), 548–573. https://www.scielo.br/j/eh/a/DGJb8snh5xr44yXVwvgRDSB/

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Joana Amaral: Com brancos e negros no mesmo ambiente, se algo der errado, a culpa será do negro

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O (En)Cena entrevista a senhora Joana Pereira Amaral Neta, profissional com o curso Normal Superior, pós-graduada em Prestação Jurisdicional, educadora, serventuária do poder Judiciário Tocantinense. Joana argumenta que o povo brasileiro é racista e dissimulado, e isso fica perceptível nas situações mais corriqueiras da vida, “presente nas brincadeiras, recheadas de dizeres racistas, sendo que evoluem para as oportunidades sociais, nos estudos,  no trabalho”.

A servidora pública argumenta ainda que “para alcançarmos um lugar ao sol, nosso trabalho e esforço é muito maior que o dos outros. A cor da pele é como uma punição, antes mesmo de nascer”. Confira estes e outros temas na entrevista a seguir.

 

(En) Cena – Não a questionarei quanto à raça em virtude de crer que a palavra raça, já possui uma conotação racista, pois, somos uma única raça, a raça humana, assim sendo, como você se classifica na nossa sociedade quanto à sua cor de pele?

Joana: Sou uma mulher preta. Assim me defino, seja com choro ou glórias e, exijo respeito. Sou humana igual aos outros que assim se definem.

(En) Cena – Você sabe o que é o racismo?

Joana: Sim, como mulher preta e pertencente geneticamente a esse grupo, o racismo é uma prática em anular um ser em detrimento de outro, com base na cor da pele, como se esta definisse a superioridade ou inferioridade de um indivíduo.

Créditos da entrevistada- acervo pessoal.

(En) Cena – Você acredita que o Brasil é um país racista? Se sim, como manifesta?

Joana: Sim, o povo brasileiro é racista e dissimulado, perceptível nas situações mais corriqueiras da vida, presente nas brincadeiras, recheadas de dizeres racistas, sendo que evoluem para as oportunidades sociais, nos estudos,  no trabalho, na diferença salarial entre pessoas negras e brancas e nas diferentes formas de tratamento socialmente e perante a lei, os julgadores são sempre mais severos  quando trata de uma pessoa negra.

(En) Cena – Tu crês que o racismo é nato ou ensina-se?

Joana: Então, acredito que ninguém nasce racista, as crianças são ensinadas e o ciclo gira, não há ruptura, crianças ensinadas hoje, adultos racistas de amanhã.

 

(En) Cena – Como você identifica uma atitude racista?

Joana: Uma atitude racista pode ser facilmente percebida quando alguém é impedido de exercer e ter seus direitos reconhecidos, que denotam exclusão social, profissional seja através de demonstração de que a pessoa não é bem-vinda em determinado local devido à sua “raça” ou descendência. Negar o ato sofrido, e ainda tentar justifica-lo como sendo natural por ser a nossa cultura social.

(En) Cena – Quais são os principais desafios de uma mulher negra serventuária do Poder Judiciário, majoritariamente branco?

Joana: Os principais desafios de uma mulher negra, serventuária do Poder Judiciário, é o mesmo de qualquer trabalhadora de outra repartição, empresa ou outro trabalho, resta-lhe trabalhar no espaço e acima de tudo observar as intensões maledicentes que às vezes são ditas em tom de brincadeira mas, que são atitudes racistas. Brancos e negros no mesmo ambiente, se algo der errado, a culpa será do negro, este tem que trabalhar como se pisando em ovos, e isso é estressante. O norte do negro, ainda não o encontramos. Para alcançarmos um lugar ao sol, nosso trabalho e esforço é muito maior que o dos outros. A cor da pele é como uma punição, antes mesmo de nascer.

 (En) Cena – Onde você trabalha, há várias pessoas negras trabalhando e exercendo função de chefia?

Joana: Não, somente duas pessoas.

(En) Cena – Tu acreditas na igualdade de oportunidades entre as pessoas de cor da pele negra e branca?

Joana: Não, esse conceito continua a ser trabalhado.

Créditos da entrevistada- acervo pessoal.

(En) Cena – Em seu ambiente de trabalho, você sofreu e/ou percebeu alguma situação racista por parte de seus gestores?

Joana: Não.

 (En) Cena – Você experienciou e/ou identificou alguma situação racista com o público externo?

Joana: Sim, para as pessoas brancas, o negro deverá ser sempre o seu prestador de serviços. Eles não pedem, mandam como nos tempos de senzala.

(En) Cena – Você acredita que o racismo pode causar danos emocionais à pessoa que seja alvo dessa atitude, levando-a a um quadro de depressão? Se sim, de qual forma?

Joana: Sim, podemos ver esses danos nas pessoas através de sentimentos de inferioridade, com baixa autoestima, sentimentos de vergonha, medo, angústia, ansiedade, perda da identidade, insegurança e desesperança em lutar e não ver mudanças em sua vida e na de seus descendentes.

(En) Cena – Tu acreditas que algum dia a nossa sociedade evoluirá para banir o racismo?

Joana: Não acredito, sempre terá a raiz no processo de escravidão no país, assim como a libertação dos escravos, temos e teremos apenas um verniz, um disfarce de mudanças. Quem está no topo do poder, são os brancos e não há interesse destes para uma sociedade de iguais direitos entre brancos e pretos.

(En) Cena – Como trabalhar a sociedade brasileira para eliminar e/ou dirimir o racismo?

Joana: Essa é luta diária e permanente, de toda forma, realizar diagnóstico dentro das instituições públicas  e empresas de maneira a identificar o perfil, e estabelecer e promover a diversidade racial como um critério, uma forma de promover e propiciar  igualdade de oportunidades para todos.

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“Parece que não sou digna de amor”: a solidão afetiva de mulheres negras

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A solidão afetiva da mulher negra é uma realidade dolorosa e frequentemente invisibilizada, impactando suas conexões íntimas e amorosas.

“Mais que qualquer grupo de mulheres nesta sociedade, as negras têm sido consideradas “só corpo, sem mente”

Iniciando-se falando sobre a solidão, podemos dizer que a  solidão é um estado emocional e subjetivo caracterizado pela sensação de estar sozinho, isolado e ausente de cuidado de conexões com outras pessoas. É uma experiência comum que pode afetar qualquer indivíduo, independentemente de estar fisicamente sozinho ou cercado por outras pessoas. A solidão é frequentemente descrita como uma sensação de vazio, tristeza e desconexão.

A solidão pode surgir por diversos motivos, como a falta de relacionamentos íntimos, a ausência de apoio social, a perda de entes queridos, a separação de um parceiro, a mudança para um novo local ou até mesmo a sensação de não ser compreendido pelos outros .

É importante destacar que a solidão não está diretamente relacionada com a quantidade de pensamentos sociais que uma pessoa possui, mas sim com a qualidade dessas. Uma pessoa pode estar cercada de outras pessoas e ainda assim sentir-se solitária se essas conexões não forem expressivas, autônomas e satisfatórias.

A solidão, segundo Weiss (1973), pode ser entendida como uma resposta à falta de um tipo específico de relacionamento ou à ausência de um determinado provimento relacional. Em muitos casos, é uma resposta à falta de uma conexão íntima e pessoalmente próxima, mas também pode ser uma resposta à falta de amizades, relacionamentos colegiais ou outros vínculos com uma comunidade coesa. Com base nessas situações, o autor mencionado sugere que a solidão é uma resposta à deficiência relacional e, apesar das diferenças em cada experiência de solidão , existem sintomas comuns, o que permite considerar a solidão como uma condição singular.

Dentro do contexto da solidão, como foi dito, ela pode estar presente em diferentes âmbitos da nossa vida, então é válido falar sobre a solidão afetiva, sendo essa um tipo de solidão que pode estar relacionada a ausência ou a não completude nos aspectos emocionais e afetivos de um sujeito. Elas podem vir como sentimento de vazio, desconexão emocional e a falta de intimidade em relacionamentos pessoais, ou até mesmo a falta dessas relações.

Pontuando que a solidão é um fenômeno de caráter subjetivo e perpetua em vários aspectos do sujeito, faz-se necessário falar sobre suas dimensões dentro da vivência das mulheres negras, principalmente no que diz respeito à solidão afetiva das mesmas. As mulheres negras muitas vezes enfrentam desafios adicionais em relação à solidão afetiva devido às interseções de opressão racial e de gênero. Elas podem enfrentar estereótipos negativos, detectar raciais e dificuldades em encontrar relacionamentos íntimos e experimentar que levem em conta sua identidade racial e experiências específicas

Fonte: Alex Green/Pexels

A solidão afetiva tem efeitos profundos na vida das mulheres negras, afetando sua autoestima, saúde mental e emocional

No trabalho de Pacheco (2013), são discutidos os fatores presentes na sociedade, que foram historicamente moldados pela construção sociocultural decorrente do colonialismo no Brasil. Esses fatores incluem o racismo, sexismo e cisheteropatriarcado, que atuam como sistemas reguladores na sociedade, influenciando não apenas as relações sociais, mas também as subjetividades individuais e a expressão da afetividade sexual.

Durante o período colonial no Brasil, os senhores de escravos tinham o direito de propriedade sobre o corpo de suas escravas. Devido às restrições morais da época, que proibiam os senhores de sanar seus desejos sexuais com suas esposas brancas, eles escolhiam as mulheres negras para realizar seus desejos sexuais. Na literatura da época, as personagens negras eram frequentemente retratadas de forma estereotipada como anti-heroínas, e representadas de forma sensual, exibicionistas, moralmente depravadas, corpulentas e voluptuosas. Esses estereótipos racistas construídos de forma estrutural, foram capazes de criar uma imagem coletiva da mulher negra como sendo um objeto apenas para prazer e satisfação, despertando pouca confiança e, portanto, não sendo consideradas para o casamento, pois eram vistas como infiéis e estavam fora dos padrões de beleza certos pela branquitude (OLIVEIRA & SANTOS, 2018).

No trabalho de Pacheco (2013), são discutidos os fatores estruturais presentes na sociedade, que têm sido historicamente moldados pela construção sociocultural baseada no histórico colonialismo brasileiro. Esses fatores estruturais, como o racismo, sexismo e cisheteropatriarcado, atuam como reguladores na sociedade, influenciando não apenas as relações sociais, mas também as subjetividades individuais e a expressão afetiva. Essas estruturas se manifestam de forma tangível nas preferências afetivas dos indivíduos, resultando em repercussões em relação às preferências afetivas e ao acesso ao afeto. Isso indica quem tem o direito de fazer escolhas afetivas e quem é privado desse direito com base na questão da raça (VIEIRA, 2020.).

Nesse aspecto, a exclusão de certos grupos de mulheres como potenciais parceiras afetivo-sexuais é construída por meio da racialização da negritude em contraste com a não-racialização da branquitude. Essa diferença surge na vivência interseccional de raça e gênero em outros grupos femininos nesse contexto, destacando como as mulheres brancas são predominantemente preferidas nesses relacionamentos, o que contribui para a solidão das mulheres negras (PACHECO, 2013).

Fonte: Olayinka Babalola/Unsplash

A falta de um suporte sólido pode dificultar a superação desses obstáculos e levar a um sentimento de exaustão emocional.

A nossa sociedade é estruturada a partir de uma história escravocrata, sendo assim o racismo estrutural é presente e conceitua-se no sentido relacional e com isso, a sociedade julga quem é digo ou não de amor. Embora as escolhas afetivas parecem ser feitas apenas por preferências pessoais, a estrutura social também contribui para essas escolhas (OLIVEIRA & SANTOS, 2018).  Então, a afetividade é como se fosse direito apenas às pessoas brancas, já que ela é bastante vivenciada, enquanto pessoas negras estão existindo dentro de uma negação por conta da opressão racista dentro do campo afetivo-relacional, e assim podendo ser fator adoecedor. E a negação de amor para com pessoas pretas em detrimento da branquitude, pode afetar diretamente na autoestima dessas pessoas (VIEIRA, 2020).

E dentro desse contexto, as mulheres negras, são submetidas as várias dimensões sociais intersecionais, sendo obrigadas a enfrentarem os sentimentos de aversão a si mesma e solidão em detrimento do racismo estrutural (VIEIRA, 2020). E nisso, o corpo negro também é alvo disso, sendo concomitante para escolhas afetivas, nisso a forma como a estética do corpo da mulher negra é percebida, principalmente por meio de características fenotípicas, é atravessada por diferentes representações sociais que perpetuam conceitos e estereótipos racistas e machistas. Existe uma idealização do outro como belo, agradável e desejável, que se baseia nos padrões estabelecidos pela branquitude (SOUZA, 1983).

Discutir sobre mulheres já é abordar tópicos frequentemente negligenciados, porém, ao direcionar a atenção para as mulheres negras, percebe-se que a dívida histórica é ainda mais profunda do que se pode imaginar. A história revela uma triste realidade de estigmatização e marginalização das mulheres negras, nas quais sua humanidade e individualidade foram negadas e suas experiências afetivas diminuídas.

 

Referência:

OLIVEIRA, Ilzver de Matos; SANTOS, Nayara Cristina Santana. Solidão tem cor? Uma análise sobre a afetividade das mulheres negras. 2018. Disponível em: <https://www.lareferencia.info/vufind/Record/BR_34bb4dcb1c269c2a1c23385965008d37> Acesso em 30, de maio, 2023.

PACHECO, Ana Claudia Lemos. Mulher negra: afetividade e solidão. Edufba, 2013

SOUZA, Neusa Santos. Tornar-se negro, ou, As vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social . Graal, 1983.

VIEIRA, Camilla Gabrielle Gomes. Experiências de solidão da mulher negra como repercussão do racismo estrutural brasileiro. Pretextos-Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, v. 5, n. 10, p. 291-311, 2020. Disponível em: <http://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/article/view/22458> Acesso em 31, de maio, 2023.

WEISS, Robert Stuart. Loneliness: The experience of emotional and social isolation. Cambridge MIT Press, 1973. 263.

 

 

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Negra Borboleta

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O que você sabe sobre os feminismos?

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O feminismo, de modo geral, é um movimento não apenas social, mas também político de caráter intelectual e filosófico que prega a igualdade de direitos entre homens e mulheres.  Seu objetivo é uma sociedade sem hierarquia de gênero, isto é, o gênero não sendo utilizado para conceder privilégios ou legitimar opressões (RIBEIRO, 2014). Há um consenso geral de que o feminismo, na dita primeira onda, teve início formal no século XIX, quando mulheres lutaram pelo direito ao voto e à vida pública, benefício conhecido como sufrágio.

Fonte: encurtador.com.br/qNW09

A segunda onda do feminismo se consolida nos anos 1970, na busca pela valorização do trabalho, pelo direito ao prazer e contra a violência sexual. No Brasil, além desses aspectos, as mulheres também lutaram contra a ditadura militar. Em 1972, foi formado o primeiro grupo de feministas encabeçado por professoras universitárias. Ainda no mesmo ano foi lançado o jornal Brasil Mulher, que circulou até meados de 1980 (RIBEIRO, 2014).

A terceira onda do feminismo data dos anos 1990 e teve como premissa a análise histórica do que se tinha como definição do movimento até então. Foram discutidas novas formas de combate à opressão de gênero e, para além, colocadas em xeque ideias de comunhão de causas. Neste momento, são reconhecidas as lutas plurais dentro do movimento como um todo, que reivindicam as idiossincrasias de cada grupo de mulheres e procura tirar da invisibilidade os discursos de mulheres negras, indígenas, lésbicas, dentre outras.

Fonte: encurtador.com.br/HKPR1

Apesar de muitas mulheres lutarem por causas específicas desde muito antes, ainda não exerciam protagonismo, fato este que a terceira onda buscou minimizar, sendo influenciada por uma concepção pré-estruturalista, refletindo sobre abordagens micropolíticas preocupadas em responder o que é e o que não é bom para cada mulher (GASPARETTO JUNIOR, 2013). Protagonizam neste contexto e com maior impacto, as vertentes do feminismo, que são uma alternativa ao feminismo hegemônico, constituído por mulheres brancas, de classe média, cisgênero e que não abarca as especificidades de outros grupos.

As críticas trazidas por algumas feministas dessa terceira onda […] vêm no sentido de mostrar que o discurso universal é excludente porque as opressões atingem as mulheres de modos diferentes, seria necessário discutir gênero com recorte de classe e raça, levar em conta as especificidades das mulheres. Por exemplo, trabalhar fora sem a autorização do marido, jamais foi uma reivindicação das mulheres negras/pobres, assim como a universalização da categoria mulheres tendo em vista a representação política, foi feita tendo como base a mulher branca, de classe média. Além disso, propõe, como era feito até então, a desconstrução da teorias feministas e representações que pensam a categoria de gênero de modo binário, masculino/feminino (RIBEIRO, 2014).

Fonte: encurtador.com.br/AP078

Há quem diga que levantar bandeiras dentro do feminismo torna o movimento enfraquecido. Mas a verdade é que um movimento tão plural não pode ser contemplado por apenas uma perspectiva. A multiplicidade de mulheres e suas distintas necessidades devem ser observadas, reconhecidas e sanadas. Cabe dizer então, que não falamos de um feminismo singular. Falamos de feminismos, múltiplos e complexos, que convergem na necessidade de emancipação da mulher e podem divergir no que se refere aos meios para alcançá-la.

Atualmente, os movimentos mais populares são: feminismo liberal, radical, interseccional  e negro. Também abordaremos o feminismo indígena, que invisibilizado por questões culturais e sociais, requer ser conhecido e estudado.

FEMINISMO LIBERAL: é fortemente influenciado pelo neoliberalismo e por ideais empreendedores. Defende a autonomia e individualidade. Sendo uma das principais portas de entrada de mulheres no feminismo, afirma que a sociedade é feita de indivíduos e a mudança parte de cada um deles em particular. Desta maneira, se mudo meus ideais e luto por eles, posso fazer diferença na sociedade. É um dos principais responsáveis pelo uso recorrente da palavra empoderamento. O empoderamento é o processo de dar-se o poder, munir-se de poder para enfrentar o status quo. Este feminismo vê o machismo como opressão de gênero. Apoia as questões QUEER e LGBTQIA+ e pede pela igualdade de gênero. O feminismo liberal não é anticapitalista. Deseja assegurar a igualdade por meio de reformas legais e políticas e inclui homens na luta pela igualdade de gênero.

Fonte: encurtador.com.br/ivwKX

FEMINISMO RADICAL: é fortemente influenciado pelo materialismo dialético marxista. Dessa forma, fundamenta sua teoria e luta numa análise estrutural da sociedade. Portanto, para essa vertente, o empoderamento individual não vai alterar a sociedade que estava aqui, antes que cada uma de nós nascêssemos. Ao nascer numa sociedade patriarcal, os indivíduos já são moldados por ela antes que comecem a perguntar e se questionar o porquê de tantas diferenças entre os sexos. Nesta vertente, entende-se o pessoal como político, visto que cada atitude do ser humano é moldada pelo coletivo.

O feminismo radical entende que a opressão exercida pelo patriarcado é baseada no sexo e não na identidade de gênero. Luta não pela igualdade de gênero, mas pela abolição deste. Uma de suas maiores expoentes é Simone de Beauvoir, com o famoso livro “ O segundo sexo” (1949). O feminismo radical é famoso por entender a prostituição como violência e não como exercício de autonomia. De acordo com Sheila Jeffreys, em Unpacking Queer Politics:

Os gêneros continuam dois. A abordagem queer que celebra a “performance” de gênero e sua diversidade, necessariamente mantém os dois gêneros em circulação. Invés de eliminar comportamentos dominante e submissos, ela os reproduz (2003, p. 44, tradução nossa).

Fonte: encurtador.com.br/erzH1

Logo, o feminismo radical difere de outras vertentes, e com mais acentuada diferença, do feminismo liberal, ao descartar a noção de identidade de gênero como fundamental para a luta contra a opressão patriarcal.

FEMINISMO NEGRO: ganha força nas décadas de 1960 e 1980, com a fundação da organização National Black Feminist, nos Estados Unidos da América, em 1973. Neste momento, as mulheres negras começaram a escrever sobre o tema, criando uma literatura feminista negra. A premissa dessa vertente, é a luta contra o sexismo dentro do próprio movimento negro, onde homens negros oprimiam as mulheres negras, além da luta anti-racista e a busca por melhoria na qualidade de vida, equiparação salarial, direito à saúde, escolarização dos filhos e contra o genocídio da população negra, além da violência policial e também sexual. No Brasil, o feminismo negro toma forma  no fim da década de 1970 e início da década de 1980 e para além dos aspectos acima citados, luta contra a ditadura e na busca de afirmação da mulher negra como sujeito político (RIBEIRO, 2014).

Fonte: encurtador.com.br/flK18

O problema da mulher negra se encontrava na falta de representação pelos movimentos sociais hegemônicos. Enquanto as mulheres brancas buscavam equiparar direitos civis com os homens brancos, mulheres negras carregavam nas costas o peso da escravatura, ainda relegadas à posição de subordinadas; porém, essa subordinação não se limitava à figura masculina, pois a mulher negra também estava em posição servil perante a mulher branca. A partir dessa percepção, a conscientização a respeito das diferenças femininas foi ganhando cada vez mais corpo (GELEDÉS: INSTITUTO MULHER NEGRA, 2016).

É importante afirmar que dentro dessa vertente, existe a luta contra  a intolerância religiosa, visto que a cultura negra tem em suas bases, religiões de matriz africana, como o candomblé e a umbanda, assunto este que não é abordado em outros feminismos e que causa grande impacto na vida de pessoas negras seguidoras. Debates mais profundos acerca das questões de gênero, raça e classe são primazia dentro do feminismo negro.

FEMINISMO INTERSECCIONAL: a principal característica desse movimento é a tentativa de conciliação das questões de gênero com as demandas de outras minorias, como por exemplo, classe social, raça, deficiência física, dentre outras. Existe grande receptividade no que se refere à participação masculina, aspecto que o feminismo radical condena veementemente por crer que o homem por si só, é naturalmente opressor. Dentro dessa vertente, fazem parte o Transfeminismo, que lida com as questões de sofridas pelas mulheres trans, o Feminismo Lésbico, o Feminismo Negro, dentre outros movimentos.

Fonte: encurtador.com.br/fhzN3

FEMINISMO INDÍGENA: tem origem entre as décadas de 1970 e 1980 com a fundação da Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (AMARN) e a Associação de Mulheres Indígenas do Distrito de Taracuá, Rio Uaupés e Tiguié (AMITRUT). Nesta vertente, é preconizado o direito à terra, a luta contra a violência policial dos latifundiários e o genocídio da população indígena em conflitos, além da luta contra a violência sexual e a busca pela emancipação feminina dentro das aldeias. Além dessas questões, também existem as violências externas que foram incorporadas nas aldeias, como o abuso do álcool e a violência doméstica que muitas vezes decorre disto (GELEDÉS: INSTITUTO MULHER NEGRA, 2017).

Não bastassem as violações de direito que são frutos das intervenções da sociedade sobre o modo de vida dessas populações, também precisamos refletir sobre a violência sofrida pelas mulheres indígenas no seio de suas próprias comunidades. As indígenas reconhecem e  denunciam inúmeras práticas discriminatórias que sofrem: casamentos forçados, violência doméstica, estupros, limitações de acesso à terra, limitações para organização e participação política e outras formas de dificuldade enfrentadas em consequência do patriarcalismo presente em suas comunidades. Embora esse seja um campo delicado de tratar, devido ao enfoque específico e multicultural que precisa ser dado, é necessário ouvir o que as organizações de mulheres indígenas estão reivindicando (MELO, 2011).

Fonte: encurtador.com.br/elxBP

As mulheres indígenas são as que mais sofrem com as mudanças climáticas e pelo modelo de desenvolvimento econômico imposto no Brasil, visto que quando a comunidade perde o acesso à terra e recursos naturais, as mulheres arcam com as penalizações pela falta de alimento, pois geralmente ficam encarregadas dessa tarefa nas comunidades. Portanto, a luta da mulher indígena sempre existiu, o que não há é a visibilidade às suas causas e a afirmação dos seus direitos dentro e fora de suas aldeias.

 

REFERÊNCIAS:

GASPARETTO JUNIOR, Antonio. Terceira Onda Feminista. 2013. Disponível em: <http://www.infoescola.com/historia/terceira-onda-feminista/>. Acesso em: 04 out. 2017.

GELEDÉS: INSTITUTO MULHER NEGRA (Brasil). Conheça um pouco sobre feminismo indígena no Brasil e sua importância. 2017. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/conheca-um-pouco-sobre-feminismo-indigena-no-brasil-e-sua-importancia/>. Acesso em: 04 out. 2017.

GELEDÉS: INSTITUTO MULHER NEGRA (Brasil). Feminismo Negro: sobre minorias dentro da minoria. 2016. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/feminismo-negro-sobre-minorias-dentro-da-minoria/>. Acesso em: 04 out. 2017.

JEFFREYS, Sheila. Unpacking Queer Politics: A lesbian feminist perspective. Malden: Polity Press, 2003.

MELO, Mayara. Mulheres Indígenas: violência, opressão e resistência. 2011. Disponível em: <https://mayroses.wordpress.com/2011/11/25/mulheres-indigenas-violencia-opressao-e-resistencia/>. Acesso em: 05 out. 2017.

RIBEIRO, Djamila. As diversas ondas do feminismo acadêmico. 2014. Disponível em: <https://www.cartacapital.com.br/blogs/escritorio-feminista/feminismo-academico-9622.html>. Acesso em: 05 out. 2017.

 

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Viola Davis: uma nova perspectiva sobre o cinema e a Mulher Negra

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“[…] o que eu tenho em mim – meu corpo, meu rosto, minha idade – é suficiente.”

Viola Davis fez história na premiação do Oscar que chegou a sua 89ª edição ocorrida em 2017. É a primeira vez nas premiações do Oscar, que uma mulher negra chega a marca de três indicações. Viola foi premiada com o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante com o filme “Fences”, em português “Um Limite Entre Nós” e soma o Globo de Ouro com o longa, além de levar o Tony Awards em 2001 com King Hedley II e em 2010 com sua atuação na Broadway em “Fences”. Em 2009 foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante com o filme “Dúvida”, além da indicação ao Oscar de Melhor Atriz com o filme “Histórias Cruzadas”.

Viola Davis no filme "Um Limite Entre Nós".
Viola Davis no filme “Um Limite Entre Nós”.

Seu reconhecimento em massa veio em sua atuação como Annalise Keating, uma advogada de renome na série produzida por Shonda Rhimes “How To Get Away With Murder”, em português “Como Defender um Assassino”. Essa personagem lhe rendeu o Emmy de Melhor Atriz em Série de Drama. A primeira mulher negra a receber o prêmio. Ao receber o Emmy, o Tony Awards e o Oscar, Viola entra para a lista de apenas 23 nomes que receberam a Tríplice Coroa de Atuação.

Em um de seus discursos mais famosos na entrega do Emmy em 2015, Viola levantou debate sobre a dificuldade que as mulheres negras enfrentam nos mais diversos campos. Ela afirma que “A única coisa que diferencia as mulheres negras de qualquer outra é a oportunidade. Você não pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem”. Uma problemática que vem tomando os espaços de debate e traz reflexões como a Bei Hooks, importante nome dentro do feminismo negro nos Estados Unidos.

"Obrigada por nos levar além dessa linha." Fonte: http://zip.net/bqtGS3
“Obrigada por nos levar além dessa linha.”
Fonte: http://zip.net/bqtGS3

Para nós negras é necessário enfrentar esta questão não apenas porque a dominação patriarcal conforma relações de poder nas esferas pessoal interpessoal e mesmo íntimas, mas também porque o patriarcado repousa em bases ideológicas semelhantes às que permitem a existência do racismo, a crença na dominação construída com base em noções de inferioridade e superioridades. (HOOKS, 1989, p.23).

Sobre os espaços conquistados dentro da Academia, Viola ressalta que existiram mulheres negras que abriram as possibilidades de valorização no campo das artes. Taraji P. Hanson, Kelly Washington, Halle Berry, Nicole Beharie, Meagan Good e Gabrielle Union foram citadas por ela como sendo precursoras na luta em busca da valorização e reconhecimento das mulheres negras no cinema.

Em seus discursos, a atriz reafirma sua gratidão a diretores que quebraram os padrões ao proporem novos espaços de atuação para as mulheres negras, como o exemplo de Shonda Rhimes que descreve Annalise Keating na trama de “How To Get Away With Murder” como sendo uma mulher independente, bem sucedida, que dá aulas de Direito em uma universidade renomada. O filme “Estrelas Além do Tempo” reafirma os novos tempos não apenas no campo cinematográfico, mas que ultrapassa fronteiras e mobiliza ações em todo o mundo.

Annalise Keating, de "How To Get Away With Murder".
Annalise Keating, de “How To Get Away With Murder”.

Angela Davis, filósofa e ativista afro americana, em seu discurso na Marcha das Mulheres (2017) afirma que a marcha “representa a promessa de um feminismo contra o pernicioso poder da violência do Estado. É um feminismo inclusivo e interseccional que convoca todos nós a resistência contra o racismo, a islamofobia, ao anti-semitismo, a misoginia e a exploração capitalista. O pensamento feminista negro, então é um conjunto de experiências e ideias compartilhadas por mulheres afro americanas – mas não somente – que oferecem um ângulo particular de visão de eu, da comunidade e da sociedade. Ele envolve interpretações teóricas da realidade de mulheres negras por aquelas que realmente a vivem (COLLINS, 1989).

Viola Davis está construindo espaços de reconhecimento e empoderamento de mulheres negras e esse novo cenário no campo cinematográfico reverbera em novos modos de ser e agir na sociedade. Ao falar sobre as diferenças entre mulheres brancas e negras e os problemas de classe, Davis amplia as possibilidades de discussão. Em seus discursos o assunto paira e traz à tona, temáticas de domínio do feminismo negro, como o legado de uma história de luta, a natureza interligada de raça gênero e classe, o combate aos estereótipos ou imagens de controle, a atuação como mães professoras e líderes comunitárias e a política sexual. (COLLINS, 1991).

Viola Davis em seu discurso no Oscar 2017. Fonte: http://zip.net/bqtGS5
Viola em seu discurso no Oscar 2017. Fonte: http://zip.net/bqtGS5

As lutas em busca de equidade entre mulheres brancas e negras não terminam aqui, porém quanto mais houver a abertura de espaços de maior alcance para a discussão e conscientização desses temas, maior será a mobilização social, pois “o que as mulheres compartilham não e a mesma opressão, mas a luta para acabar com o sexismo, ou seja, pelo fim das relações baseadas em diferenças de gênero socialmente construídas.” (HOOKS, 1989).

O combate às desigualdades de direitos entre homens e mulheres no campo profissional, nas relações cotidianas, nos relacionamentos e nas oportunidades deve permanecer, e como Viola Davis defende na entrega do Globo de Ouro 2017 para atriz Meryl Streep, nós viemos para “viver em voz alta” e lutar em prol da diminuição dessas disparidades é fundamental na busca de uma sociedade mais tolerante, igualitária e principalmente, mais sensível ao outro, mais humana.

REFERÊNCIAS:

BORGES, Juliana. O Discurso de Angela Davis na Women’s March. 2017. Disponível em: <https://cronicasnabelavista.wordpress.com/2017/01/22/brevissimas-do-facebook-o-discurso-de-angela-davis-na-womens-march/>. Acesso em: 06 mar. 2017.

COLLINS, Patricia Hill. Black Feminist Thought: Knowledge Consciousness and Polifics of Empowerment. Nova Iorque: Routledge, 1991.

HOOKS, Bei. Talking Back: Thinking Feminist Thinking Black. Boston: South End Press, 1989.

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