A divindade grega do vinho, do êxtase e da folia, Dionísio, ou para alguns mitólogos Dioniso, há muito tempo chama a atenção das pessoas. Vamos nos aprofundar nas muitas facetas de Dionísio neste texto e examinar seu significado na mitologia grega clássica, com um olhar junguiano como possibilidade do mito nas nossas vidas. Nisso o que as ideias psicológicas da psicologia analítica de Carl Jung iluminam o arquétipo de Dionísio, dando-nos uma melhor compreensão do simbolismo e significado do deus na mente humana. Dionísio era um deus da mitologia grega ligado ao vinho, à fertilidade e ao prazer espiritual. Ele era conhecido como o “deus nascido duas vezes”, e pensava-se que ele era filho do poderoso Zeus e da mortal Sêmele. Dionísio é um personagem difícil e fascinante porque incorpora os traços contraditórios tanto do sagrado quanto do mortal, dualidade presente nas nossas vidas.
Do ponto de vista analítico junguiano, a ideia do arquétipo dionisíaco lança mais luz sobre as características de Dionísio e seu significado na psicologia humana. De acordo com Jung, os arquétipos são padrões ou símbolos primordiais herdados que existem no inconsciente coletivo da humanidade. Eles aparecem em todas as culturas e épocas e são universais e repetitivos. Como arquétipo, Dionísio representa os lados animalesco e irracional da natureza humana. Ele representa as forças selvagens, ferozes e caóticas que se escondem logo abaixo do nível da consciência humana. Esse arquétipo está frequentemente ligado à busca do prazer, da emancipação e da violação de tabus sociais. O impulso dionisíaco, que anseia por encontros eufóricos, autoexpressão desenfreada e conexão com a energia primordial, é representado por Dionísio.
O arquétipo apolíneo, que representa ordem, razão e lógica, pode ser considerado o contraponto do arquétipo dionisíaco de uma forma mais rasa. O arquétipo dionisíaco promove a investigação dos sentimentos, desejos e do inconsciente, enquanto o arquétipo apolíneo enfatiza a estrutura e o controle. As pessoas podem acessar seu potencial criativo, espontaneidade e conexão com seu eu interior, abraçando a energia dionisíaca. Essas partes intuitivas e ilógicas da experiência humana são fundamentais, como mostra a existência do arquétipo dionisíaco no inconsciente coletivo. Enfatiza como é crucial que as pessoas reconheçam e incorporem esses componentes dentro de si mesmas, a fim de alcançar a completude e o equilíbrio psicológico.
O arquétipo dionisíaco também tem a capacidade de transformar. As pessoas podem experimentar um tremendo crescimento pessoal e desenvolvimento espiritual explorando as partes caóticas e apaixonadas de sua psique. A energia dionisíaca fornece um caminho para a individuação, que é o processo de integração de toda a identidade, incluindo a própria sombra, para se tornar uma pessoa mais genuína e completa. Em geral, o arquétipo dionisíaco oferece uma estrutura para compreender os aspectos primitivos, absurdos e transformadores da natureza humana. As pessoas podem explorar e abraçar os lados selvagens, apaixonados e criativos de si mesmas ao estarem cientes e interagirem com esse arquétipo, o que acaba levando a uma maior compreensão da psique humana e a uma vida mais integrada e satisfatória.
Nesse ponto se falarmos sobre o arquétipo dionisíaco e a sombra, faz total sentido. Na psicologia junguiana, o termo “sombra” refere-se às facetas ocultas e frequentemente reprimidas do caráter de uma pessoa. Dionísio representa o arquétipo da escuridão por causa de seu temperamento selvagem e extravagante. Ele representa as inclinações e desejos reprimidos que a sociedade frequentemente vê como inaceitáveis. As pessoas são forçadas a enfrentar seus impulsos reprimidos por meio da representação de Dionísio, que as obriga a compreender e integrar seus lados mais sombrios.
Jung também introduziu a ideia de “individuação”, que descreve o processo de integração e harmonização das muitas facetas da psique. Como arquétipo, Dionísio é essencial para esse procedimento. As pessoas podem acessar seu potencial criativo e se sentir liberadas das restrições culturais ao abraçar a força dionisíaca interior. De acordo com a mitologia grega, os devotos de Dioniso participavam de folias selvagens e cerimônias extáticas conhecidas como “Mistérios Dionisíacos”. Esses ritos forneciam às pessoas oportunidades de mudança de vida para transcender o ego e se envolver profundamente com o divino. Da mesma forma, de acordo com a psicologia junguiana, o caminho para a individuação frequentemente envolve uma viagem ao inconsciente, onde as partes da sombra devem ser enfrentadas e integradas.
O arquétipo de Dionísio ainda tem uma forte presença na era contemporânea e assume muitas formas diferentes. Observamos um anseio por autoexpressão irrestrita, um desejo por encontros transcendentes e uma busca por um significado mais profundo além da razão e do controle na sociedade moderna. Mesmo nos campos da psiquiatria e da psicoterapia, onde se valoriza a investigação do inconsciente, o impacto de Dionísio pode ser sentido.
O misterioso deus grego Dionísio personifica a complexidade da alma humana. Podemos ver sua relevância como um arquétipo que incorpora os componentes instintivos, irracionais e transformacionais da natureza humana através do prisma da psicologia analítica junguiana. Podemos aceitar nossas próprias sombras, trilhar o caminho da individuação e liberar nosso potencial criativo investigando o arquétipo dionisíaco. Dessa forma, o simbolismo duradouro de Dionísio serve para nos motivar e nos direcionar enquanto buscamos o autoconhecimento e a totalidade. Já percebeu esse arquétipo na sua vida?
Referências
Jung, C. G. (2000). O homem e seus símbolos. Editora Nova Fronteira.
Jung, C. G. (2011). O eu e o inconsciente. Editora Vozes.
Vernant, J. P. (1990). Mito e pensamento entre os gregos. Editora Paz e Terra.
A luz do sol invade o vidro da porta, enquanto o reflexo forma outra porta menos nítida no chão, sob o qual a garota despeja o rosto. Por que o sol da tarde é tão brilhante?
Ela rasteja morosamente e olha para o teto somente para se dar conta do que jamais admitira:
“Nada é certo nessa casa…”
O forro de madeira se curva para o centro de cada cômodo em alturas desiguais. A frequência da cerca elétrica parece a de um relógio. O relógio de parede, muito bonito, nunca funcionou. Nem lhe botaram pilhas.
A garota revira seu olhar de tédio e raiva por tanta imperfeição.
E dá de cara o rodapé manchado de tinta. E a tinta da parede manchada pelas batidas dos três modelos de cadeiras que jazem na mesa. De plástico.
Seu celular certamente a livraria desses pensamentos improdutivos. A tela acende. Seis minutos. Somente seis minutos se passaram, o sol da tarde deve ter derretido o tempo. E esse foi o maior tempo que a garota já teve pra pensar sobre si.
Oprimida pelo ar quente, ela respira fundo enquanto é tomada por um vigor incontrolável. Ela levanta do chão, bate suas roupas.
Segundo Vygotsky o desenvolvimento cognitivo se dá por meio da interação social, interação esta que possibilita novas experiências e conhecimento. O conhecimento permite o desenvolvimento mental que se dá através da relação com o outro, é uma troca dialética. A importância do contato social na infância e na constituição do sujeito dá-se ao interagir. A subjetividade construída socialmente se manifesta, modificando ativamente a situação estimuladora como uma parte do processo de resposta a ela. (Coelho, 2012 apud Vygotsky, 1984.)
Para Vygotsky, o desenvolvimento depende da aprendizagem e é promovido pela convivência social e a maturação, que é onde se dão os processos mentais superiores. Vai depender da internalização dos conceitos e das atividades que primeiramente serão mediadas por outros para depois se tornarem autônomas. Quanto mais instrumentos o sujeito internaliza maior a gama de atividades que ele pode aprender e maior será seu desenvolvimento.
No filme Nell, percebe-se que o protagonista teve um modelo de aprendizagem diferente do modelo comum da sociedade, e este modelo que sua mãe lhe passou regeu o seu desenvolvimento, a sua forma de executar as coisas, a sua forma de se relacionar com o ambiente, com as pessoas. Por exemplo, Nell não saia de casa durante o dia, pois a sua mãe a ensinou que isso era perigoso, logo ela desenvolveu toda uma rotina que girava em torno de dormir durante o dia e realizar suas atividades durante a noite.
Isso exemplifica bem a questão da convivência social para a aprendizagem, a única convivência social de Nell era com sua mãe e irmã, as duas adoravam este padrão de rotina, então esta era a rotina que conhecia e reproduzia.
Fonte: encurtador.com.br/lsIN5
Segundo Vigotsky, linguagem e pensamento têm raízes genéticas diferentes, porém se cruzam no momento do desenvolvimento. O pensamento se realiza por meio das palavras e a linguagem auxilia no processo de internalização de conceitos. A linguagem se desenvolve primeiro socialmente/externamente para depois se converter internamente e a soma desta com o pensamento produz a capacidade de planejar, prever, de controlar ações e impulsos.
O desenvolvimento da linguagem da Nell foi a partir de uma linguagem diferente, mas isso não impediu que ela o desenvolvesse, inclusive ela desenvolveu bem a sua linguagem e apresentou ter todo o domínio esperado que a relação pensamento x linguagem propõe.
Mesmo sendo uma linguagem mais restrita, com menos palavras, cheia de expressões corporais e facial, a sua linguagem é uma mescla da linguagem verbal e não verbal, tendo visto que sua mãe tinha uma deficiência que comprometia a fala, então precisava se comunicar também com gestos e essa linguagem é evidente em Nell.
Pela análise do filme, Nell provavelmente não tem deficiência mental nem transtornos psiquiátricos, pode sim, ter um atraso mental, pelo fato que não teve interação com outras pessoas além da sua mãe por quem foi criada em uma floresta, que pode ser a resposta para determinados comportamentos, como o repertorio linguístico de Nell, no qual a prendeu com sua mãe que era deficiente, não era uma linguagem totalmente errada e sim diferente.
Fonte: encurtador.com.br/ginQ5
Mudanças de Nell
Nell não saia a noite porque sua mãe a ensinou que era perigoso, assim Nell só saia durante a noite, para nadar no lago. Após alguns reforços dados pelo Dr. Lovell, Nell passou a sair durante o dia e desfrutar das coisas que ela ainda não conhecia por não sair durante aquele horário. Nell não conversava com outras pessoas, tinha medo e preferia se esconder ou agredi-las. Após um convívio com o Dr. Lovell e a Dra. Olsen, Nell foi se acostumando com outras pessoas, chegando ao ponto de falar em público em um julgamento.
Mudanças dos amigos
O Dr. Lovell no começo não queria cuidar de Nell, mas logo depois de conhecer a história dela, passou a ter compaixão e curiosidade por Nell. Também não conhecia a linguagem de Nell e tinha dificuldades de entendê-la, assim como de entender as expressões físicas de Nell, mas após um convívio maior com Nell e o desempenho em querer compreendê-la, passou a entender sua linguagem.
Dra. Oslen que antes considerava que o melhor para Nell era interná-la em um hospital psiquiátrico, passou a ter outra visão quando conheceu a história de Nell.Diante dessas mudanças e de acordo com a teoria de Vygotsky podemos dizer que todos passaram por um processo de aprendizagem e desenvolvimento. Principalmente Nell, com todo esse seu contexto atual desenvolveu as suas funções psicológicas, passou a se comunicar mais e a ser menos agressiva. Dessa forma aprendemos que o desenvolvimento é mutável e não universal, ou seja, pode ser mudado de acordo com suas interações sociais.
A linguagem também teve um papel importante nessa história, pois o desenvolvimento na fala de Nell e a aprendizagem dessa linguagem pelo Dr. Lovell facilitou a interação ente os dois. Pois segundo a teoria de Vygotsky “a linguagem é um sistema de signos que possibilita o intercambio social entre indivíduos que compartilhem desse sistema de representação da realidade”. (REGO,1995, p.54)
FICHA TÉCNICA DO FILME:
NELL
Título Original: Nell
Direção: Michael Apted Elenco: Jodie Foster, Liam Neeson, Natasha Richardson País: EUA Ano:1994 Gênero: Drama
Referência
COELHO, Luana; PISON, Silene. Vygotsky: sua teoria e a influência na educação. 2012. Disponível em: <http://facos.edu.br/publicacoes/revistas/e-ped/agosto_2012/pdf/vygotsky_-_sua_teoria_e_a_influencia_na_educacao.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2019.
REGO, Teresa Cristina, Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ : Vozes, 1995.
MOREIRA, Marcos Antônio; Teorias da Aprendizagem, EPU, São Paulo, 1995.
Da janela observa-se tantas coisas… O céu nublado, ensolarado, estrelado também. Vê-se os pássaros, as plantas a balançar, as pessoas entre tantos haveres…
De dia, da janela eu ouço os pássaros, sinto o vento a tocar meu rosto, vejo a luz entrar, as nuvens passarem a cada instante de um jeito diferente até o cair da tarde quando a noite renasce, ainda posso admirar as estrelas.
Às vezes perdida em meus pensamentos, sorrindo ou chorando, de raiva ou de alegria, da janela eu sinto o turbilhão de sentimentos que faz morada na minha mente como se ali fosse sua casa, e de fato é!
Eu sinto tanto o mundo lá fora que muitas vezes me pego a sorrir diante das sensações que se alojam desesperadamente em cada ponto que marca a minha vida nesse lugar que chamam de globo terrestre que gira e gira sem parar.
Lá de fora pensam, riem, choram, lamentam, reclamam, agradecem entre tantos outros sentidos. Mas o que ninguém sabe é o que se passa dentro das janelas de cada um que compõem essa jornada.
Houve um tempo em que o respirar me parecia um sufoco, uma raiva que precisava ser contida e nas várias sensações e recordações de uma alma viva dentro de um corpo de ser humano.
Nas constantes transformações em que essa esfera se encontra, o que de fato o que se constrói? Eu sei que é muito importante sentir, difícil de entender para uns… às vezes eu também não entendo.
De dentro da janela subsiste a dor escondia, a palavra ocultada, silenciada, o riso forçado, o amanhecer deplorado, um entardecer sem sentido e uma noite que cai como uma folha seca de uma árvore qualquer, é muitos as vezes quem se compõe aqui.
Do lado de dentro quantas lembranças boas, quantas risadas, quantos choros e quantas dores marcam as essas almas?
Quantas pessoas estão conectadas na mesma sintonia? No mesmo choro, no mesmo sorriso ou imersa em sua solidão?
Várias escutando o mesmo som, amando, comendo ou odiando e vivendo em infinitas possibilidades.
Não sei, nunca saberei a realidade delas, me perco nas minhas próprias, mas lúcida estou e tenho certeza que nem muita gente tem a janela pra olhar por fora ou lá fora, mas com certeza entre os muros que as separam existem no íntimo tantas coisas que por dentro desses muros com janelas ou sem que o universo desconhece e que talvez nunca irá conhecer… Porém ruim ou bom encontram-se conectados na mesma reciprocidade dos seus sentidos.
Quando se quer entender as causas que levam a pessoa a cometer suicídio, é necessário analisar o estado emocional em que o indivíduo se encontrava antes de praticar tal ato. Ao analisar a pessoa, conseguimos identificar alguns aspectos que podem ter levado ao suicídio como: a solidão, a baixa autoestima e a não aceitação nos padrões da sociedade. A maioria desses aspectos é silencioso – nos quais serão abordados com mais ênfase ao longo do trabalho, juntamente com outros fatores que desencadeiam o suicídio. Quem está em volta só percebe quando tem um contato próximo com a vítima. O silêncio só ocorre no meio externo, internamente a pessoa está com pensamentos constantes e doentios, que muitas vezes levam a fazer o ato.
Segundo Émile Durkheim (1897, p. 360): “A tristeza não é inerente às coisas; ela não nos vem do mundo e pelo simples fato de o pensarmos. Ela é o produto de nosso próprio pensamento. Somos nós que a criamos integralmente, mas para isso é preciso que nosso pensamento seja anormal.” A solidão é um dos males que tem feito muitas pessoas desistirem de viver. A falta do afeto, dos amigos e da própria família leva muitos a tirarem suas vidas, para se livrarem do isolamento de alguma forma. Estas pessoas muitas vezes não estão só, elas podem estar rodeadas de amigos e parentes, entretanto, mesmo assim se sentem só e isoladas interiormente. Esse afastamento, sistematicamente nem notado, causa um estado de profunda tristeza, pois a pessoa só consegue enxergar seu estado de miséria. Durkheim explica esse estado de isolamento no seu livro O Suicídio (1897, p.358):
Quando, portanto, a consciência se individualiza além de um certo ponto, quando se separa muito radicalmente dos outros seres, homens ou coisas, ela já não se comunica com as próprias fontes em que normalmente deveriam se alimentar e não tem nada a mais que possa se aplicar. Produzindo o vazio em torno dela, produziu o vazio em si mesma e nada mais lhe resta sobre o que refletir a não ser sua própria miséria.
A solidão faz com que a pessoa viva um vazio intenso, além disso, ela ainda sofre com os padrões da sociedade, que muitas vezes são inalcançáveis, gerando nela uma baixa autoestima. Os indivíduos vivem fundamentados em diversos padrões, muitas vezes nem percebidos, a maioria da população não consegue seguir essas exigências, mas por causa da grande influência da mídia, a maioria acredita ser essencial buscar viver guiado por esses aspectos, nos quais as guiam de uma forma sutil. Essas exigências, que são muitas vezes não são alcançadas, provocam nas pessoas um sentimento de fracasso, gerando consequentemente uma baixa autoestima.
Fonte: http://zip.net/bntLwL
Como afirma Durkheim (1897, p. 322): “[…] Mas então suas próprias exigências tornam impossível satisfazê-las. As ambições superexcitadas vão sempre além dos resultados obtidos, sejam eles quais forem, pois elas não são advertidas de que não devem avançar mais. Nada as contenta, portanto, e toda essa agitação alimenta a si mesma, perpetuamente, sem conseguir saciar-se […]”.
Em toda e qualquer idade se vê o sofrimento por causa disso, porque para a maioria das pessoas o sentir-se bem significa ser aceito na comunidade, e a não aceitação gera um mal-estar. Qual seria a forma para diminuir a solidão, e estabilizar a autoestima das pessoas, sendo que a maioria sofre de alguma forma com esses aspectos, uns mais e outros menos? A resposta seria: O afeto. Porque através dele o indivíduo consegue se sentir acolhido, mais amparado, amado e aceito, gerando assim laços fortes que ajudam a diminuir esse mal estar que leva ao suicídio.
A importância da Sociedade na Minimização do Suicídio
É fácil notar que o ser humano não nasceu para viver isolado. Buscamos constantemente, até mesmo inconscientemente, nos sentir pertencentes a algum meio. Segundo o livro Amor e Sobrevivência de Dean Ornish, estar integrado a um meio íntimo e amoroso é fundamental para a nossa sobrevivência, pois por um lado pode evitar um ato suicida e por outro pode fortalecer nossa saúde física e psicológica.
Fonte: http://zip.net/bdtLZf
A sociedade em si tem um papel importantíssimo na minimização do suicídio. Por exemplo, umas das pesquisas mais importantes sobre o suicídio foi realizada pelo sociólogo Durkheim, no qual fala que a decisão de tirar a própria vida, sempre teria um fundamento social: “[…] a pesquisa de Durkheim o levou a concluir que o principal fator que afetava o índice de suicídios era o grau de interação social dos grupos. Verificou que o nível de integração de um indivíduo a um grupo determinava a maior ou menor probabilidade de esse indivíduo cometer suicídio” (ORNISH, 1998, p. 31).
Ou seja, quando as pessoas se sentem amadas e aceitas por um grupo, elas têm menos chances de cometer suicídio, apesar desse não ser o único fator. Logo, pesquisas exibidas no livro Amor e Sobrevivência de Dean Ornish, M.D, comparam pessoas que têm pouco ou nenhum envolvimento com a família, grupo de amizade sólido, até mesmo envolvimento em comunidades ou seitas religiosas, enfim, a sociedade em si, com pessoas que têm muito envolvimento com o corpo social e perceberam que os indivíduos que continham muita interação eram os mais saudáveis psicologicamente e fisicamente mesmo que estes se preocupassem menos com a saúde do que aqueles que tinham pouco envolvimento, mas praticavam exercícios físicos.
Portanto, podemos perceber que ter uma boa relação com o meio no qual estamos inseridos, implica diretamente na saúde física e psicológica e se o nosso físico e psicológico estão fortalecidos é mais difícil adquirir um quadro depressivo no qual no futuro poderia desencadear no suicídio. Concluindo, uma boa relação afetiva com o âmbito social pode evitar um impulso kamikaze.
Fonte: http://zip.net/bltKZK
Porém, se a anulação à sociedade pode gerar um mal-estar, a socialização demasiada também pode causar o mesmo efeito. Segundo o sociólogo Émile Durkheim no seu livro O Suicídio, quando o indivíduo está totalmente integrado à sociedade ele poderia tirar a própria vida em benefício de alguém ou de alguma crença, como, por exemplo, os mártires da igreja católica. Para esse tipo de suicídio Durkheim deu o nome de altruísta, no qual também definiu suas características: detém o sentimento de dever cumprido, entusiasmo místico e coragem tranquila. Eis os dois lados da sociedade e sua influência sobre o ato do suicídio e como o a importância do afeto como minimizador do atentado à própria vida.
A Importância da Família do Afeto
Uma base familiar sólida, com vínculo afetivo é de extrema importância para o desenvolvimento saudável do psíquico/emocional. Quando a criança não possui, ou seja, não recebe esta referência, a tendência de se tornar um adulto inseguro, carente e dependente de uma ligação afetiva, faz que com que ela crie vínculos superficiais, a fim de se defender de futuras decepções. Outro ponto relevante é a forma como o adulto trata a criança, os gestos, às expressões sobre como ela é, isso, se concretiza, podendo assim analisar sua personalidade. Esse cuidado é fundamental, pois o comportamento na infância repercutirá na vida adulta desse ser. Assim como diz Dean Ornish: ‘’[…] os pais são geralmente a fonte mais importante de amor, apoio social e intimidade em nossa vida’’ (ORNISH, 1998, p. 45).
Fonte: http://zip.net/bttL9B
Em se tratando da adolescência onde essa fase é cheia de conflitos, transformações biológicas, psicológicas e sociais, a família deve estar totalmente atenta, a fim de lidar com as inseguranças desse adolescente que se vê cheio de cobranças diante as tantas mudanças. De acordo com Dean Ornish: ‘’[…] o apoio emocional pode proporcionar uma sensação de finalidade, significado e de pertencer ao mundo que vive. Onde se encontra o importante papel da família.’’ (ORNISH, 1998, p. 35).
A fase adulta é onde a busca da realização profissional, formação da família, a chegada dos filhos e a independência financeira traz importantes responsabilidades, o que muda completamente a vida do ser humano, onde a maturidade emocional deve estar em perfeita harmonia. Ou seja, ‘’[…] se sua experiência familiar foi repleta de amor e carinho, você tem maior probabilidade de ser aberto em seus relacionamentos atuais’’ (ORNISH, 1998, p. 45).
Enfim, a família pode ajudar o depressivo, buscando ter um relacionamento íntimo e recíproco, ou seja, lhe dando carinho, respeito, proporcionando incentivos, permitir que o deprimido dialogue a respeito da vontade de tirar a própria vida e principalmente ser empático e responder com amor a essa conversa, ao ponto da pessoa se sentir acolhida, segura e amada. Não existem dúvidas de que a família deve buscar conhecimento sobre o assunto, se preparar, para então ajudar e dar o apoio necessário, porém, mais que isso é preciso estar atento ao comportamento do parente, estar disposto a se envolver e incentivar o deprimido para que o mesmo não abandone o tratamento. Outro fator relevante é buscar ajuda em grupos de apoio, onde todos abordarão sobre o mesmo assunto, no qual irá contribuir para o entendimento da depressão.
Fonte: http://zip.net/bbtLlw
Por fim, ‘’ […] depende de vários fatores, principalmente da forma como cada um de nós enfrenta o problema, o nível de informação de que dispomos (nós familiares e amigos) para lidar com ele, e as redes de assistência disponíveis’’ (TRIGUEIRO, 2000, p. 70). O fato é que varias hipóteses podem ser levantadas, porém nenhuma delas se pode generalizar, visto que cada ser humano tem suas particularidades quando o assunto é suicídio, e o mais importante não subestimar e nem menosprezar as atitudes suicida e o comportamento desse familiar.
A Solidão
A vida solitária passa a ser um problema quando causa sofrimento na pessoa, e esta começa a se isolar da sociedade entrando, em um quadro depressivo, pois, ela carrega consigo uma sensação de desesperança e incapacidade de sentir prazer e vontade, ou seja, nada vale a pena, nem mesmo a vida. ‘’Sou eu que preciso de ajuda ou o mundo se tornou mesmo um lugar estranho, sem graça?’’ (TRIGUEIRO, 2000, p.63).
Fonte: http://zip.net/bttL9C
Como visto no tópico sobre a importância da sociedade; estar totalmente ou parcialmente afastado da comunidade pode gerar um mal-estar na saúde e no psicológico das pessoas. Pesquisas expostas no livro Amor e Sobrevivência de Dean Ornish mostram claramente este argumento à respeito da saúde: ‘’Por exemplo, há mais de quarenta anos, observou-se que os índices mais altos de tuberculose são registrados em pessoas isoladas, com pouco apoio social, mesmo quando moram em bairros ricos’’(ORNISH, 1998, p. 38). Se o isolamento causa este tipo de doença física na pessoa, pode-se imaginar o que se causa no psicológico também. Por este motivo que é tão fácil uma pessoa apartada da sociedade, por vontade própria, cometer suicídio. O que se sabe é que depressão não tratada leva o indivíduo ao suicídio, pois quem sofre com esta doença acha que se matando irá acabar também como o seu sofrimento.
O apoio familiar é de suma importância, ao ponto de ser um bom ouvinte sem julgar sem querer dar conselhos ou opiniões, buscar conhecer esse sofrimento, levar em consideração tudo que se ouve, estar disponível a ajudar fazendo a ver o quão importante ela e sem fazer comparações, buscar ver a situação do ponto de vista que causa tanto sofrimento. ‘’Também reconhecida como transtorno do humor, a depressão se manifesta de diferentes maneiras ou graus de intensidade. Se imaginarmos uma alma de ferro que se desgasta de dor e enferrujam com a depressão leve, então a depressão severa e o assustador colapso de uma estrutura inteira” (TRIGUEIRO, 2000, p. 71).
Fonte: http://zip.net/bltKZL
O ser humano tem a necessidade de se sentir pertencente a algum grupo e necessita ver na sua vida alguma razão para a sua existência, isso faz com que nós experimentamos o bem estar. A solidão se agrava quando o indivíduo não tem essa perspectiva de que é importante e de que sua vida tem algum valor para a sociedade em geral, como afirma Émile Durkheim:
[…] é necessário que, não apenas de quando em quando, mas a cada instante de sua vida, o indivíduo possa perceber que o que ele faz tem um objetivo. Para que sua existência não lhe pareça vã, é preciso que ele a veja de modo constante, servir a um fim que lhe diga respeito imediatamente. Mas isso só é possível desde que um meio social mais simples e menos extenso o envolva de mais perto e ofereça um fim mais próximo à sua atividade (DURKHEIM, 2000, p. 489).
A solidão pode ser vivida mesmo a pessoa estando no meio da multidão, por isso o afeto desde a infância é algo extremamente necessário, a família precisa dar apoio desde as primeiras horas de vida até a velhice, para assim evitar futuros problemas emocionais que na maioria acarretam suicídio.
O Egoísmo
A primeira vez que um ser humano se juntou ao outro foi a partir da necessidade de procriação, e com isso o número da população foi crescendo aos poucos, tudo era feito em conjunto desde caçar, se alimentar, se proteger, entre outros aspectos que fizeram que a raça humana se perpetuasse. A sociedade aos poucos foi mudando e sempre que havia união entre as pessoas algo mudava no mundo.
Aquele velho ditado que diz que a união faz a força realmente tem muito sentido, desde revoluções a terríveis guerras, mesmo sendo algo tão destrutivo. Mas algo está mudando na vida das pessoas, uma peça chave está mudando todo conceito de unidade: o egoísmo. Na pós-modernidade o tempo acelerado tem feito as pessoas focarem mais em si, formando assim uma sociedade mais egoísta. Como exibido no livro Amor e Sobrevivência de Dean Ornish, a atenção, o amor, a dedicação muda muita coisa, podendo prevenir doenças e até mesmo o suicídio, que é o principal foco desse trabalho.
Fonte: http://zip.net/bgtLp6
O egoísmo tem mudado muitos aspectos pelo mundo, no qual altera inúmeras realidades, como diminuição do numero de natalidade, maiores casos de depressão, doenças cardíacas, aumentou os casos de suicídio, e a realidade de cada lugar do mundo mesmo que por muitas vezes sendo diferente, tem a mesma consequência. Quando o nós saiu de cena e entrou apenas o eu, é perceptível a mudança em um contexto geral. A individualidade, ou seja, não conseguem interagir mais socialmente, não interagindo com a família, amigos, entre outros grupos sociais existentes, não sentem mais aceitos no mundo, e surgem pensamentos melancólicos, como ninguém me aceita, ninguém gosta de mim, ninguém me entende, entre outros pensamentos negativos que vão deixando a pessoa cada vez mais pra baixo, chegando ao extremo de tirar própria vida.
Considerações Finais
O que fazer para mudar isso, como acabar com egoísmo e o suicídio, como perceber que uma pessoa precisa ser amada e aceita pela sociedade e pela família sem direcionar essa resposta levando a culpa para o governo ou para órgãos responsáveis? Não tirando de lado alguns erros causados pelos mesmos, mas a principal mudança precisa partir do eu para chegar ao nós. Se tirássemos as vendas dos olhos, seria bem possível ver que matamos pessoas, não diretamente, mas moralmente, por conta de agressões verbais, nas quais podem causar inúmeros problemas.
O amor seria uma forma de curar o mundo, pois o amor teria que começar principalmente no indivíduo, que seria o amor próprio, e depois ir para um todo, se assim fosse, os índices de suicídio diminuiriam de uma boa parte, pois nem tudo é causado por um único agente, como foi exposto neste trabalho, tem vários casos e fatores nos quais são muito subjetivas as causalidades que levam uma pessoa a tirar a própria vida. Entretanto, se tivesse união de verdade entre as pessoas, não seria por falta de amor que as pessoas morreriam no mundo.
Fonte: http://zip.net/bptL4K
Vale apena pensar se o que eu faço contribui apenas pra mim, ou pode ajudar uma pessoa, como dizia Newton em uma de suas leis tudo que fazemos tem uma consequência, então vale apena investir em coisas que ajudem a todos, às vezes conseguimos aquilo que queremos ajudando o outro, e muitas vezes mesmo querendo receber um abraço, dando um abraço em quem precisa mais de você é que se recebe a recompensa. “A percepção do amor… pode vir a ser um preventivo central biopsicossocial-espiritual, reduzindo o impacto negativo dos agentes estressantes e patogênicos e reforçando a função imunológica e a cura” (ORNISH, 1998, p. 40).
Nota: Ensaio elaborado como parte das atividades da disciplina de Filosofia do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra, sob supervisão do prof. Sonielson Sousa.
REFERÊNCIAS:
DURKHEIM, Émile. O suicídio: estudo de sociologia. 1. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000. 513 p., il.
MENDES, André Trigueiro. Viver é a melhor opção. 3. ed. São Bernardo do Campo, SP: Correio Fraterno, 2017. 190 p., il.
ORNISH, Dean. Amor & sobrevivência: a base científica para o poder curativo da intimidade. Rio de Janeiro: Rocco, 1998. 263 p., il.
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Nell: a aprendizagem e o desenvolvimento para Vygotsky
O filme Nell (Jodie Foster), inicia com a morte de uma senhora eremita, conhecida pela sociedade por aparentar possuir doença ou retardo mental. Até a sua morte, todos achavam que ela morava sozinha, em uma cabana, no meio da floresta. Porém, logo se descobre que nessa cabana há mais alguém. É Nell, filha da senhora eremita, com aproximadamente trinta anos de idade. Não demora muito para que Nell se torne “objeto” de estudiosos, pois percebe-se que ela morou a vida inteira na floresta, não tendo contato com o restante da sociedade, possuindo linguagem e cultura próprias, adquiridas com a convivência com sua mãe.
O caso chama a atenção dos doutores Jerry Lovell (Liam Neeson) e Paula Olsen (Natasha Richardson), que apresentam ideias diferentes sobre ele, e essa divergência vai à júri, sendo decidido que é preciso compreender o contexto e o modo de vida de Nell, para identificar se ela necessita de algum tipo de ajuda para sobreviver. Então, os dois iniciam uma jornada de observação da jovem eremita, colhendo informações sobre ela, cada um a seu modo e com alguns conflitos no começo.
Mas, passados alguns poucos meses, torna-se nítida a empatia que os doutores sentem por Nell, compreendendo, de certa forma, sua linguagem, modo de pensar e comportamentos. Porém, o cerco começa a se fechar, e ambos precisam dar uma resposta ao júri sobre o destino de Nell. Nesse tempo, ela começa a se tornar “atração” para a sociedade, devido seus modos totalmente diferentes de ser e de agir. Até então, todos se acham no direito de julgar e decidir por Nell.
Entretanto, quase no final do filme, Nell, no tribunal, dá uma demonstração de maturidade, autonomia e conhecimento da vida e dos sentimentos humanos, que surpreende à todos. Certamente, todos aprenderam muito com Nell, que mostrou saber mais do que os ditos cultos, no que tange a viver a vida de modo pleno, enaltecendo sua simplicidade e natureza. Ao final, Nell está de volta à floresta, comemorando seu aniversário com seus novos amigos.
Utilizando-se do método histórico-crítico, Vygotsky empreende um estudo original e profundo do desenvolvimento intelectual do homem, cujos resultados demonstram ser o desenvolvimento das funções psicointelectuais superiores um processo absolutamente único. Assim, do ponto de vista da aprendizagem, a importância dos estudos de Vygotsky é inquestionável, pois ele critica as teorias que separam a aprendizagem do desenvolvimento (GIUSTA, 1985 apud NEVES).
No filme, observa-se que Nell, mesmo separada da sociedade, aprendeu comportamentos e uma linguagem inerentes de sua mãe e, mesmo sendo estes diferentes da maioria, Nell se desenvolveu muito bem, sobrevivendo à seu modo. Portanto, aprendizagem e desenvolvimento ocorreram de forma mútua.
Para Vygotsky, pensamento e linguagem são processos interdependentes desde o início da vida. A aquisição da linguagem pela criança modifica as suas funções mentais superiores, dá forma definida ao pensamento, possibilita o aparecimento da imaginação, o uso da memória e o planeamento da ação. Neste sentido a linguagem sistematiza a experiência direta da criança e, por isso, adquire uma função central no seu desenvolvimento cognitivo, reorganizando os processos em desenvolvimento ao pensamento. Ou seja, ambos ocorrem de forma simultânea (BRITES e CÁSSIA, 2012).
Isso é nítido em Nell, quando mostrada sua forma de pensar. Essa está de acordo com sua linguagem, pois os símbolos e as palavras que ela usa representam aquilo que ela entende do mundo à sua volta, dos objetos, das pessoas, dos animais, da floresta, dos sentimentos, etc. Percebe-se que ela associou em seu pensamento os significados e a que se direcionam as palavras (neologismos) ensinadas por sua mãe.
Finalmente, cabe destacar que o pensamento não é o último plano analisável da linguagem. Podemos encontrar um último plano interior: a motivação do pensamento, a esfera motivacional de nossa consciência, que abrange nossas inclinações e necessidades, nossos interesses e impulsos, nossos afetos e emoções. Tudo isso vai refletir imensamente na nossa fala e no nosso pensamento (Vygotsky, 1998).
Dentro da aprendizagem de Nell, está a confiança que foi estabelecida com Jerry Lovell e Paula Olsen através da motivação do pensamento, onde Nell abriu espaço para suas necessidades, interesses, impulsos e emoções. Segundo (Vygotsky, 1998) todos esses aspectos refletem na fala e pensamento. Assim, em contato com uma nova cultura e linguagem, Nell, de certa maneira, introduziu essa nova realidade em sua vida, não modificando ela, mas compreendendo melhor aquilo que lhe é diferente. Desse modo, tem-se ao final do filme, uma “selvagem” que, ao seu modo, está socializando com outras pessoas, já suas amigas.
REFERÊNCIAS:
NEVES, R. A. DAMIANI, M. F. Vygotsky e as teorias da aprendizagem. UNIrevista – Vol. 1, n° 2 : (abril 2006).
RABELLO, E.T. e PASSOS, J. S. Vygotsky e o desenvolvimento humano. Disponível em: < http://www.josesilveira.com/artigos/vygotsky.pdf>. Acesso em: 25 de out, 2016.
BRITES, I. CÁSSIA, R. Vigotsky, L. S. (2005). Pensamento e linguagem. Rev. Lusófona de Educação, no.22, Lisboa, 2012.
“A sociedade do século XXI não é mais uma sociedade disciplinar, mas é uma sociedade da performance” Byung-Chul Han
O presente texto procura discutir o fenômeno da personalização da Natureza na pós-modernidade, com total sublimação de significado histórico, que passa a ser preenchido com as neuroses de performance da nossa época, em contraste com a visão clássica, onde havia a alusão a fecundidade presente em Gaia, a sensualidade em Afrodite e Inana, perpassando pelo santificado, com a Virgem Maria, até chegarmos à liquidez no pós-capitalismo.
A Natureza personifica nuances pseudo-humanos na pós-modernidade. Perde a aura de força e mistério para refletir imageticamente o discurso de quem a usa; deixa de ser cenário para ser personagem com papéis específicos que são modificados de acordo com o gosto do fotógrafo. Uma cachoeira, o mar, uma floresta agora são uma extensão da psique, formas de expressão pasteurizadas onde, teoricamente, a completude interna demonstra equilíbrio com algo maior e superior.
O paradoxo está na exposição e na mercantilização do ambiente “natural” em dois cenários, ambos com o mesmo propósito: retificar o propósito humano, através de ações performáticas, ao cenário que o cerca. Para exemplificação, primeiro temos “Largados e pelados”, um reality produzido pelo Canal Discovery que consiste em colocar pessoas em lugares inóspitos sem comida, roupas e água. A experiência é observar os métodos de sobrevivência que cada componente utilizará e como se dará as relações, por exemplo, de cooperação e empatia, que podem surgir ou não entre eles. Aqui, a Natureza perde seu popular aspecto materno, tão utilizado pelo discurso de massas, e se apresenta crua; existe, durante os vários episódios do programa, um choque entre o microcosmo humano e o macrocosmo natural (ressalto que ao utilizar tal palavra, remeto a total capacidade de incompreensão do homem pós-moderno do que seja natural quando inserido nesse cenário).
No extremo oposto, somos “presenteados” constantemente com imagens de todos os tipos e ângulos nas redes sociais de um “maravilhoso” por do sol, “a ternura” de um grupo de pássaros voando e “a beleza” das ondas do mar. Os adjetivos são limitados tal qual a frágil crença de felicidade a tudo que remete ao “natural”. Há uma confusão se aquele cenário é um objetivo em si ou uma extensão de uma expressão interna, isto por que aquele que compartilha a experiência nunca deixa de ser o personagem principal da imagem, ao contrário do que as hashtags e as legendas parecem querer demonstrar. O absurdo se dá quando a ferramenta que utilizo para materializar o momento além de uma lente é o próprio indivíduo, a disfarçar, em uma contemplação forjada, a mão que segura a câmera ou o pau de self. Nestas imagens há sabedoria, fecundidade, proteção, equilíbrio e, acima de tudo, beleza, – sem essa última, não há self – segundo a liquidez dos seus significados contemporâneos.
A problemática, além da “coisificação” da Natureza em sua essência, são as conexões que remetem ao feminino e aquilo que a significamos como tal, mas agora objeto, usado com fins de angariar audiência ou likes.
A NATUREZA COMO OBJETO DE EXPLORAÇÃO
No livro “A prostituta sagrada – A face eterna do feminino”, a analista junguiana Nancy Qualls-Corbett traz luz a um primevo arquétipo feminino, muitas vezes desconhecido pela sociedade moderna, até por aquelas que deveriam representá-la. Ao utilizar como referência sua obra, quis relacionar as características exaltadas pela autora com meios de significar a completude da psique da mulher e estendê-la à Natureza, relacionando-a aos arquétipos das civilizações antigas. Segundo a autora (1988, p. 21), “‘Natureza’ implica naquilo que é inato, real, não artificial; este é o significado que desejo dar quando falar da natureza psíquica do feminino.” É necessária a recuperação deste símbolo e, principalmente, um retorno ao seu significado primordial sem, como a própria autora ressalta, amarras moralistas para um esclarecimento e expansão da identidade feminina e suas possibilidades esquecidas. “Na verdade, o termo ‘prostituta sagrada’ representa um paradoxo para a nossa mente lógica, pois, como mencionei, não estamos propensos a associar o sexual com o que é consagrado aos deuses.” (QUALS-CORBETT, 1988, p. 16)
Ao citar a “mente lógica”, Corbet introduz o aspecto racional da nossa época, com raízes profundas em um sistema patriarcal, onde o logos se tornou o meio e o fim, a essência do progresso e do desenvolvimento. Não há meio termo e o resultado é visível em uma sociedade que fica a cada segundo mais a mercê de si própria, em uma insatisfação que a puxa como um ávido buraco negro, onde a motivação não passa de movimentos de reação ao coletivo.
Em contraposição ao arquétipo referente a anima, temos arraigado de maneira exacerbada sua face sacralizada e materna, formas moralistas do aspecto feminino diante do masculino. Por extensão, o conceito inconscientemente reproduz para todos os âmbitos sua incompletude. Assim, algumas linhas de pensamento conectam a Natureza à beleza, o equilíbrio e a fecundidade como a essência a ser mantida, enquanto Corbet procura resgatar o poder, a sedução e o mistério como alguma das características a serem experienciadas. Explica Qualls-Corbett (1988, p. 16)
“Sem essa imagem, homens e mulheres modernos continuam a viver desempenhando papeis típicos contemporâneos, sem jamais compreender a profundidade da emoção e a integridade de vida inerentes ao cunho de sentimento que envolve a imagem da prostituta sagrada.”
Porém, o que se observa é a psique fragmentada e refém, pois continua objeto de exploração do sistema patriarcal vigente. Ganha eco a obrigação da maternidade, estabilidade e equilíbrio do lar e a formosura e beleza no âmbito social. É inapropriado tudo que remete ao feio, violento e instável. Em um paradigma, podemos observar estas obrigações e deveres do feminino pelo sistema patriarcal – e quando falo sistema patriarcal ressalto a inclusão das mulheres na perpetuação desse modelo – com a conexão das mudanças de humores decorrentes de processos naturais do seu corpo, com os desastres naturais que acontecem constantemente no planeta. Ambos os acontecimentos trazem a idéia de descontrole, destruição e desequilíbrio com a solicitação de intervenções drásticas para manter a harmonia. Esse mesmo poder de uma sociedade patriarcalista é externalizado no programa Largados e Pelados, quando os seios de suas participantes são censurados. Sentencia Qualls-Corbett (1988, p. 18)
“Quando o feminino divino, a deusa, deixa de ser reverenciado, estruturas sociais e psíquicas tornam-se supermecanizadas, superpolitizadas e supermilitarizadas. O pensamento, o julgamento e a racionalidade tornam-se os fatores dominantes. Necessidades de relacionamento, afeto, carinho e respeito pela natureza permanecem negligenciadas. Não há equilíbrio nem harmonia, seja dentro de si mesmo, seja no mundo externo. Com o desprezo pela imagem arquetípica tão relacionada no amor apaixonado, ocorre na mente divisão de valores, unilateralidade. Como resultado, ficamos tristemente mutilados em nossa busca da integridade e da saúde.”
Com essa explanação não chega a ser uma ironia constatar que essa mesma sociedade que produz programas, documentários e fotografias “belíssimas” da Natureza seja a mesma que provoca sua deterioração.
NATUREZA E LOGOS
Essa busca utópica de representações de felicidade e paz com a Natureza acaba por se tornar uma extensão neurótica de uma sociedade patriarcalista viciada em controle e poder. O programa Largados e Pelados e as selfs são a materialidade da performance do expectador, e não uma conexão com o ambiente. Conectar-se seria reconhecer as fragilidades, adaptar-se e viver, sem apegos neste cenário. O filosofo coreano Byung- Chul Han esclarece esse pensamento:
“Na vida selvagem, o animal está obrigado a dividir sua atenção em diversas atividades. Por isso não é capaz de aprofundamento contemplativo – nem no comer nem no copular. O animal não pode mergulhar contemplativamente no que tem diante de si, pois tem de elaborar ao mesmo tempo o que tem atrás de si.” (HAN, 2015)
Em uma comparação, não estaríamos longe da nossa “natureza” nas selvas de pedras do nosso cotidiano. Para Han, estamos mais próximos dos seres selvagens, no entanto, sem o mecanismo de conexão e desconexão presentes nos animais que o permitem sobreviver de maneira integrada ao seu ambiente. Nosso diferencial seria o Eros, a simples contemplação, porém ao tentarmos sacralizar o cenário e o momento, cedemos ao Logos no instante que interferimos no processo de contemplação com a busca de ângulos para fotos e, irremediavelmente, na sua publicação nas redes sociais. O que deveria ser oferecido a Psique como uma manifestação de prazer e contentamento, cede diante das pressões do Ego. Talvez a forma mais íntegra de conexão nos moldes impostos pelas redes sociais, seria uma imagem, no seu melhor ângulo, de uma pessoa meditando sorridente diante de um Tsunami ou terremoto. Assim, estaria curvado diante do “poder do universo”, reconhecendo a incompletude ao ceder a essa força, e não torná-la escrava de uma forma.
As referências clássicas arquetípicas das deusas que temos estão ligadas ao poder, completude e entrega enquanto as imagens modernas reforçam uma conduta da reverência e controle com condescendência.
CONSCIÊNCIA NO VERDADEIRO SELF
O presente texto procurou refletir sobre o significado da Natureza quanto ao seu aspecto feminino tão popular desde épocas imemoriais e sua repercussão na pós-modernidade. Ainda é perceptível essa crença, no entanto, com outros significados. Ao cedermos a padrões performáticos e sua disseminação, por exemplo, nas redes sociais, estamos à mercê do logos, do animus, o patriarcado exercendo inconscientemente seu poder de apropriação e mercantilização. É necessária uma reflexão sobre a ação, e diferenciar entre os possíveis e reais efeitos desta dinâmica sobre a mente. A analista Qualls-Corbett (1988, p. 23) diz,
“Qualquer que seja sua origem individual, tal resistência possui fundamento que encaro com seriedade: nossa cultura excessivamente voltada PA o Logos. Esse tipo de atitude, para o qual somo todos mais ou menos propensos, leva-nos a dar valor muito maior ao fazer do que ao ser, ao alcançar do que ao vivenciar, ao pensar do que ao sentir.”
E continua,
“A imagem da prostituta sagrada, que estabelece relação entre essência da sexualidade e a da espiritualidade, podia ser discernida de várias maneiras, visto que ela estava presente no material inconsciente de cada indivíduo. Era interessante ver que, uma vez que a imagem se tornara consciente, percebia-se notável mudança nas atitudes da pessoa.” (QUALLS-CORBETT, 1988, p. 20)
A Natureza como meio de atingir a completude da Psique é possível; a transformação perpassa a alma e não é direcionada ao exterior. A experiência, aparentemente externa, rememora o que há de mais sagrado no ser humano: a possibilidade de conexão com o todo. A mudança é evanescente para as lentes de uma câmera, mas sensível para o verdadeiro self.
REFERÊNCIAS:
QUALLS-Corbett, Nancy. A prostituta sagrada – a face eterna do feminino. São Paulo: Paulus, 1988;
HAN, Byung-Chul. A sociedade do cansaço. São Paulo: Vozes, 2015.
16 de novembro de 2013 Sonielson Luciano de Sousa
Insight
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De acordo com alguns dos conceitos mais difundidos nos meios acadêmicos atualmente, dentro do escopo dos Fundamentos da Aprendizagem, o diálogo e a mediação são pontos chaves e se constituem como verdadeiras ferramentas de mudança do panorama educacional e também inter-relacional, com implicações positivas nas “trocas” subjetivas do dia-a-dia. A inobservância destes dois preceitos, acredita-se, e levando-se em conta recente entrevista da filósofa e psicanalista Viviane Mosé, para a revista Poder, estaria no cerne do “apagão” de líderes porque passa o país atualmente, situação que vem sendo debatida há pelo menos 10 anos.
Mestre e doutora em Filosofia, Viviane Mosé é conhecida por defender que, atualmente, o grande desafio das escolas é se adequarem às crianças que já vão para o ambiente formal de aprendizagem com uma ampla gama de conhecimentos, afinal “hoje [muitas delas] aprendem a ler sozinhas com um iPad e sabem coisas que aprenderam pesquisando no Google”. Sendo assim, destaca Mosé, não se pode fazê-las (as crianças) decorarem “um conteúdo que logo se tornará obsoleto. É preciso orientar essas pesquisas e oferecer uma educação crítica e reflexiva”.
Sendo assim, na medida em que um educador ou qualquer pessoa que esteja na condição de mediação diante de um grupo [pode ser, também, um(a) pai/mãe diante do(a) filho(a), por exemplo] amplia sua experiência relacional e procura não se manter no centro da discussão, surge daí uma prática que ganha respaldo nas teorias que defendem atuações interativas, em que todas as demandas apresentadas pelos envolvidos (na conversa, na aula, na reunião) ganham importância e significado. Neste processo, o mediador também está em desenvolvimento. Desta forma, especificamente falando sobre o papel dos professores e/ou pais, além de serem “mediadores”, em vez de meros reprodutores de conteúdos, os professores/pais também têm que se dedicarem à pesquisa, para ter elementos adequados e necessários no processo de mediação/abordagem com o grupo, tendo em vista que uma intervenção aparentemente sem sentido de um dos integrantes (filhos/alunos) pode, na verdade, representar novos significados – não menos importantes – para o objeto de estudo em questão.
Essa postura, longe de diminuir o papel do professor e do pai/mãe, os coloca numa posição de observadores de mecanismos de abordagens que estão em constante mutação, o que é bem típico nesta era da Informação. Agir desta forma também é importante para perceber que “as pessoas atuam sobre o mundo”, como defende Bakhtin (1992) e, assim, há a necessidade de o mediador reconhecer-se a si mesmo e ao outro “como seres em transição, em processo de ‘tornarem-se’”.
Como bem explicitado na matéria com Viviane Mosé, se não observado parâmetros que coloquem todos os envolvidos em um diálogo (e mais especificamente o aluno) como agentes partícipes do processo educacional, e não como meros receptores de conteúdos e de normas morais, há a possibilidade de não se desenvolver as características de líderes destas pessoas, o que acaba por colaborar com a temida e propalada falta de gestores no país.
“O excessivo poder dado ao professor [no decorrer da história] em sala de aula faz com que o aluno se transforme em repetidor. Se ele ler mais que o professor e der uma resposta mais elaborada, é eliminado – tanto quanto aquele que deu uma resposta errada. A escola brasileira elimina o fraco e o forte e sustenta o medíocre”, diz a filósofa, ao apontar que quem questiona, no atual modelo educacional, está fadado a ser “sufocado” pela dinâmica da aula. Isso também pode estar relacionado às vivências parentais, afinal a escola é, em alguma medida, o próprio reflexo da sociedade.
Interessante exortar que há um esforço em curso para que os atuais e futuros profissionais de educação não apenas direcionem as aulas, mas também se deixem direcionar. Isso ocorre quando se observa que “nossos atos são particulares e desenvolvidos com nossa vida, a partir de nossa história pessoal e experiência vivida. O mesmo ocorre com o aluno: suas respostas, suas formas de agir e reagir nessa ou naquela situação são expressões de sua vida até aquele momento” (UEA – Fundamentos da Aprendizagem, aula 6). Notar estas vozes, portanto, é abrir espaço para a mediação, para as interações que “podem ser transformadoras, ensinando novas formas de ver o mundo, de explicá-lo, de agir sobre ele”.
Especificamente sobre o mecanismo dialógico, Bakhtin (1992) sugere que o professor fique atento a como “um de nossos interlocutores está construindo seu conhecimento, posicionando-o em relação ao que estamos tratando e enfocando. Assim, podemos responder com um posicionamento mais claro, uma explicação, uma retomada, o que permitirá que todos os alunos sejam incluídos na aprendizagem” (idem).
Desta forma, há uma exortação à “negociação”, em que alunos e professor (pais e filhos) direcionam os conteúdos de forma a adequa-lo às suas vivências e, desta forma, constroem um grau de empatia que, de fato, possibilita uma adesão dos estudantes. “Esse direcionamento é ideológico e emocional, ou seja, adquire sentidos iniciais vivenciais, relacionados às vivências que cada um teve até o momento sobre o assunto” (idem). Como bem pontua Mosé na matéria, “a memória só guarda duas coisas: as úteis e as que dão prazer”.
Interessante observar que, por este mecanismo, a intersubjetividade decorrente das trocas (entre alunos e professor, entre pais e filhos) acaba por resultar num tipo de conhecimento em comum, conhecimento que não vem “do alto para baixo”, mas que é partilhado, costurado, (re)significado.
Em outro trecho de sua entrevista, Viviane Mosé diz que “pensar é colocar em questão e a escola precisa se abrir para esses questionamentos”. Há, neste e em todo o percurso da matéria, um viés com perspectiva progressista, e forte tom crítico a um suposto posicionamento conservador nas abordagens educativas. Mosé, no entanto, não deixa de apontar a corresponsabilidade dos pais neste processo: “hoje em dia, os pais acham que pagar uma boa escola é suficiente para garantir a educação de seus filhos, mas ela é só uma parte da desse processo, porque são eles [os pais] que devem assumir essa responsabilidade”. A educação, portanto, começa no cotidiano, no modo como os pais se alimentam, conversam, se são preconceituosos, se gritam… enfim, “o jeito de ser dos pais vai de alguma forma aparecer nos filhos”, diz Mosé.
Em súmula, um educador dialogista (e aqui se incluem professores e pais) não é aquela pessoa denunciada por Mosé, que oprime e que vê sua autoridade ameaçada caso os alunos/filhos tenham o hábito de questionar. Antes de tudo, o dialogista “busca oportunizar o engajamento na discussão e encoraja a curiosidade, a descoberta por meio de perguntas, considerando as contribuições dos alunos no planejamento, desenvolvimento e avaliação pedagógica” (UEA – Fundamentos da Aprendizagem, aula 7). Isso é perfeitamente coerente com o preceito de que o que se aprende é decorrente da compreensão, e não da simples reprodução (mecânica). Sendo assim, numa sala de aula com vários alunos ou num núcleo familiar, o professor/pai deve cultivar uma relação de aproximação com cada um, incentivando, inclusive, que cada estudante observe o que o colega tem a acrescentar sobre os temas abordados. A partir daí, construir um “discurso” que é decorrente das interações, mas que nem por isso deixa de está alinhado ao conteúdo que se deve trabalhar em sala, prescrito no Plano de Ensino. Na verdade, o que ocorre, é uma “interpenetração” de saberes, em que o saber cotidiano (prático) dialoga o tempo inteiro com o saber técnico (de cunho sistematizado e acadêmico). Está aí, neste esforço, um dos caminhos possíveis para a formação de jovens altivos e talentosos, futuros líderes do país.
Capa da Revista Poder número 66, de onde foram tiradas as assertivas apresentadas neste artigo
Páginas 68 e 69, da Revista Poder número 66: escola oprime o aluno questionador, diz Viviane Mosé