COVID-19: população Indígena em contextos excludentes

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O cenário da pandemia COVID-19 exige a reorganização das formas de atenção e cuidado, pautada pela definição dos objetivos e ações prioritárias.

É realmente triste ver como as epidemias deixam cicatrizes duradouras nas comunidades, especialmente nas populações indígenas. A pandemia de Covid-19 trouxe à tona não apenas desafios de saúde imediatos, mas também ressuscitou memórias dolorosas do passado. A vulnerabilidade dessas populações a doenças infecciosas é um reflexo das disparidades históricas e sociais. É crucial aprender com essas experiências e trabalhar para fortalecer os sistemas de saúde e promover a equidade. O respeito às comunidades indígenas, suas tradições e conhecimentos é essencial para construir abordagens mais eficazes na prevenção e resposta a futuras crises de saúde. (CARDOSO, 2010.)

A população indígena durante a pandemia de Covid-19 enfrentou desafios específicos devido a fatores sociais, econômicos e de saúde que ampliaram as disparidades existentes. Aqui estão algumas das questões enfrentadas pelos povos indígenas durante a pandemia:

  • Vulnerabilidade à Infecção: Povos indígenas frequentemente vivem em comunidades remotas, com acesso limitado a serviços de saúde. Isso pode tornar difícil a detecção e o tratamento precoce da COVID-19.
  • Barreiras de Acesso à Saúde: Algumas comunidades indígenas enfrentam barreiras significativas no acesso a serviços de saúde, incluindo falta de infraestrutura, transporte precário e distâncias geográficas consideráveis até os centros de atendimento médico.
  • Condições de Saúde Pré-existentes: Algumas populações indígenas podem ter taxas mais altas de condições de saúde pré-existentes, como diabetes e doenças respiratórias, o que as torna mais vulneráveis às complicações da COVID-19.
  • Impacto Econômico: Muitas comunidades indígenas dependem de atividades econômicas específicas, como o turismo cultural, que foram drasticamente afetadas pelas restrições impostas pela pandemia. Isso pode levar a dificuldades econômicas e falta de recursos para enfrentar a crise de saúde.
  • Desigualdade Social: As disparidades sociais enfrentadas pelos povos indígenas, como o acesso limitado à educação e emprego, podem ser exacerbadas durante crises, incluindo pandemias.
  • Respeito às Práticas Culturais: É crucial respeitar as práticas culturais e os sistemas de crenças das comunidades indígenas ao implementar medidas de saúde pública. Isso inclui envolver líderes comunitários e respeitar os protocolos locais.

A colaboração efetiva entre os governos, organizações de saúde e comunidades indígenas é crucial para superar esses desafios. A abordagem sensível à cultura não apenas promove uma melhor compreensão das necessidades específicas de cada comunidade, mas também constrói confiança, o que é fundamental para o sucesso de qualquer programa de saúde pública. (VALENTE, 2017.)

A disparidade na cobertura vacinal é realmente preocupante e destaca a importância de abordar as barreiras específicas que as comunidades indígenas enfrentam. Isso inclui a criação de estratégias de vacinação que levem em consideração a logística em áreas remotas, além de esforços para combater a desinformação e promover a educação em saúde.

O fato de que apenas 48,7% da população indígena tem o esquema vacinal completo, em comparação com 74,8% entre os não-indígenas, destaca a necessidade de esforços adicionais para garantir uma distribuição equitativa das vacinas e para superar os obstáculos específicos enfrentados pelas comunidades indígenas. (FIOCRUZ, 2020.)

É particularmente preocupante que a região Norte, que abriga a maior proporção de população indígena, tenha uma cobertura vacinal ainda mais baixa, em torno de 40,3%. Isso ressalta a importância de estratégias direcionadas para melhorar a acessibilidade e a aceitação da vacinação nessas áreas.

A colaboração entre instituições de saúde, governos locais e organizações indígenas pode desempenhar um papel crucial na elaboração e implementação de estratégias eficazes para aumentar a cobertura vacinal e abordar as desigualdades na resposta à pandemia.

O conceito de “fato social total” foi introduzido por Émile Durkheim, um dos fundadores da sociologia. Segundo Durkheim, um “fato social total” é um fenômeno que abrange todos os aspectos da vida social e que não pode ser compreendido apenas por meio de uma análise parcial, exigindo uma abordagem holística. (ABRASCO & ABA, 2020.)

A pandemia de COVID-19 entre os povos indígenas no Brasil pode ser considerada um exemplo de “fato social total”. Isso porque a pandemia não afeta apenas a saúde física das pessoas, mas também tem implicações abrangentes em várias dimensões da vida dessas comunidades.

Frente a essa situação de extrema vulnerabilidade, os idosos foram bastante atingidos. E como os povos indígenas costumam enfatizar, a perda destes conhecedores acaba ameaçando conjuntos de saberes, que são transmitidos de geração em geração

Portanto, analisar a pandemia de COVID-19 entre os povos indígenas no Brasil como um “fato social total” requer uma abordagem que leve em consideração não apenas os aspectos de saúde, mas também os aspectos sociais, culturais, econômicos e políticos. Essa abordagem holística é crucial para entender a complexidade e a interconexão dos desafios enfrentados por essas comunidades durante a pandemia.

Além disso, é fundamental considerar e respeitar as práticas culturais e as perspectivas das comunidades indígenas ao desenvolver estratégias de saúde, garantindo que as intervenções sejam culturalmente sensíveis e adequadas às necessidades específicas dessas populações.

Em reconhecimento a esses problemas, medidas tomadas:

  • Evitar que pessoas infectadas, incluindo assintomáticas, entrem nas aldeias, já que tanto indígenas quanto não indígenas circulam nas aldeias e seu entorno, ampliando a possibilidade de transmissão da doença, atuação feita FUNAI. povos.
  • Os povos indígenas já são prioritários na vacinação anual contra influenza. Foi solicitado antecipação do calendário vacinal;
  • Foi solicitado implementação de ações com foco em controle e combate da COVID –19.
  • Foi afirmado a necessidade grande articulação dos funcionários SASI-SUS, junto às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde, a fim de garantir acesso à informação da situação epidemiológica e das ações que estão sendo realizadas em cada local.

O reconhecimento pelo Estado Brasileiro das necessidades de saúde desses povos levou a criação do Subsistema de Atenção à Saúde Indigena (SASI-SUS) que se torna responsável pela provisão de atenção primária em territórios indígenas, representando a linha de frente de prevenção e cuidado com os doentes e, que necessita ser fortalecido para ser eficaz e eficiente.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE SAÚDE COLETIVA (ABRASCO) & ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA (ABA). A Covid-19 e os povos indígenas: desafios e medidas para controle do seu avanço. Nota Técnica. Rio de Janeiro, 21 mar. 2020. Disponível em: . Acesso em: 27 out. 2023.

CARDOSO, A. M. A persistência das infecções respiratórias agudas como problema de Saúde Pública. Cadernos de Saúde Pública, 26(7): 1.270-1.271, 2010.

FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (FIOCRUZ). Info Gripe. Monitoramento de casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag) notificados no Sivep Gripe. Disponível em: . Acesso em: 26 out. 2023.

Núcleo de Métodos Analíticos de Vigilância Epidemiológica do Programa de Computação

Científica, Fundação Oswaldo Cruz e Escola de Matemática Aplicada, Fundação Getúlio

Vargas; Grupo de Trabalho sobre Vulnerabilidade Sociodemográfica e Epidemiológica dos Povos Indígenas no Brasil à Pandemia de COVID-19. Risco de espalhamento da COVID-19 em populações indígenas: considerações preliminares sobre vulnerabilidade geográfica e sociodemográfica. 4o relatório – segunda edição.

https://gitlab.procc.fiocruz.br/mave/repo/-/blob/master/Relat%C3%B3rios%20t%C3%A9cnic

os%20-%20COVID-19/procc-emap-enspcovid-19-report4_20200506-indigenas.pdf(acessado em 12/11/2023).

Valente R. Os fuzis e as flechas: história de sangue e resistência indígena na ditadura. São Paulo: Companhia das Letras; 2017.

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Povos Indígenas lutam pela Derrubada do Marco Temporal PL 490/21 no STF

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Desde 2016 a votação da PL 490 vem sendo inúmeras vezes adiadas, querendo assim que os Povos Originários se cansem, nós somos conhecidos como um povo de luta e jamais desistimos, essa PL vem pra deixar nossos direitos fragilizados fazendo com que os fazendeiros, garimpeiros, grileiros e madeireiro invadam nossas terras, estamos lutando pelos territórios que ainda não estão demarcadas pelo governo e também as terras já demarcadas que correm sérios riscos de serem invadidas, e permitindo assim a invasão de territórios.

Cerca de 6.000 indígenas esteve em Brasília no mês de Agosto pelo Movimento “Luta Pela Vida” a maior mobilização indígena que já teve nesses últimos anos, e ainda estão acampados cerca de 4.000 indígenas, 150 povos estão para o Movimento “II Marcha das Mulheres”, e também estarão acompanhando o julgamento do Marco Temporal, sabemos o quanto é importante unirmos forças contra o retrocesso, nossa história começou antes de 1500, o contexto histórico se contra diz escritos nos livros de histórias de escolas.

Fonte: encurtador.com.br/GHMY1

Estamos lutando pelo futuro de nossas gerações, lutando pela vida, lutando pela terra, lutando pela sobrevivência dos animais, estamos lutando pela existência mundial, o pulmão do mundo está no Brasil e são as nossas matas, as nossas riquezas naturais, os nossos biomas, a nossa cultura, a nossa ancestralidade, nós indígenas desde o descobrimento de nossas terras, fomos dizimados, massacrados, explorados e quase extintos, somos um povo de resistência e por isso somos existência.

Se caso for aprovado no STF a PL 490, estarão não só aprovando um projeto de lei, mas estarão aprovando a entrada e a legalização destes fazendeiros, madeireiros, grileiros e garimpeiros se apossem e explorem de nossos territórios, por isso é de suma a importância e que a decisão do STF seja favorável aos Povos Originários, nosso futuro está na decisão do poder judiciário, que se faça cumprir a lei a ordem da Constituição Federal.

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Indígenas nos espaços urbanos e seus impactos

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Ser indígena hoje em dia tem sido completamente difícil, exige muita resistência, principalmente quando se trata de ocupar espaços urbanos. Há ainda forte preconceito e discriminação para aqueles que buscam um espaço diante da sociedade, ou melhor, para aqueles que buscam estabilidade social. Diante desse texto venho expressar meus mais sinceros sentimentos de tristezas à essa sociedade que diz apoiar nossas lutas, porém, superficialmente.

Por muito tempo me deparei com comentários ofensivos disfarçado de “brincadeira”, como: “indígenas não tem direito de falar”, “você só conseguiu entrar na faculdade porque é indígena”, “índio tem dinheiro, porque é bancado pela Funai”, “é indígena mas tem iPhone”, “índio é bicho preguiçoso”, “nem parece indígena, você é bonita” e entre outros inúmeros comentários completamente maldosos. Até quando teremos que passar o pano diante de uma realidade completamente prejudicial à nossa saúde mental?

Fonte: encurtador.com.br/moBKU

Até quando precisamos normalizar atitudes ofensivas levando na esportiva por serem ditas por pessoas próximas? Talvez você não tenha se encaixado diante desse contexto, mas eu te convido a refletir de que forma você tem agido diante dessas circunstâncias. Ser indígena em espaço urbano não necessariamente é abrir mão de sua cultura e costumes, mas sim abrir mão de seus medos, traumas, preconceitos e estando disposto a enfrentar a desvalorização cultural. Que a partir do momento que você lê esse texto, você possa se sensibilizar ao ponto de abraçar nossas causas indígenas, buscando respeitar nossos espaços e direitos, inclusive constitucionais.

Diante disso, para nós indígenas é de grande importância ocuparmos esses espaços, não apenas por buscar reconhecimento, mas sim em busca de recursos que possa nos qualificar, por exemplo à educação que instrumentaliza o indivíduo a ser um profissional qualificado e ético, que contribui não apenas para a nossa comunidade indígena como para a comunidade urbana. Enfim, a cidade também deve ser um local de afirmação dos direitos indígenas de forma que sejamos tratados com respeito em qualquer espaço que desejamos permanecer.

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O Sistema de cotas nas Universidade Públicas

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O sistema nacional de cotas indígenas do Governo Federal, tem em seu bojo três programas, o acesso, procedimentos para ser discente nas universidades, a permanência, bolsas para custeio das necessidades primarias e o sucesso que é formar dentro do tempo exigido dos cursos oferecidos com qualidade. Mas para que nossas universidades públicas cumpram verdadeiramente sua função republicana de Estado Nacional pluriétnico e multicultural, deverão refletir as porcentagens de brancos, negros e indígenas no país em todos os graus da hierarquia acadêmica: na graduação, no mestrado, no doutorado, na carreira de docente e na carreira de pesquisador. A implantação do sistema de cotas representou um avanço na promoção de uma maior equidade no acesso de estudantes indígenas. Sendo assim são poucas políticas efetivas de ações afirmativas para o sucesso dos acadêmicos indígenas. Hoje a política está centralizada apenas ao acesso à universidade e a permanência.

A política de acesso às cotas, chamadas políticas afirmativas reivindicadas pelo movimento indígena, e cedidas pelo governo Federal aos grupos discriminados e excluídos, é um reconhecimento para compensar as desvantagens devido à sua situação ao longo da história de etino discriminação e de outras formas preconceituosas sobre os povos tradicionais brasileiros. O acesso se realiza através dos seguintes procedimentos: notas do ENEM, efetivação da matrícula e entrega de documentos comprovando seu pertencimento étnico, após isso homologa-se o pedido do auxílio que é oferecido pelo MEC.

Fonte: encurtador.com.br/sEMZ5

A política de permanência, são programa de bolsas permanência-PBP/MEC, foi instituído pela Portaria nº 389 criado em maio de 2013, trata-se de um auxílio financeiro que tem por finalidade reduzir as desigualdades sociais, étnicas e contribuir para a permanência e a diplomação dos estudantes de graduação em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Política do Governo Federal em atenção aos indígenas e quilombolas, porém na universidade segue se uma lógica de coeficiente de rendimento, visto que em boa parte dos programas existentes na universidade o estudante só poderá concorrer à bolsa caso obtenha boas notas. Segue-se assim uma lógica meritocracia, a qual deixa de levar em conta a personalidade e as condições intrínsecas tradicionais dos estudantes de origem indígena, muitos não consegue acompanhar o modelo funcionalista da universidade.

A política de sucesso, almeja alunos formados dentro do prazo institucional, porém o sucesso dos discentes indígenas fica comprometido, pois há uma necessidade do programa de ação afirmativa para os discentes indígenas, em seu respectivo curso, para combater a evasão valorando os aspectos sui generis desde segmento. Outrora, não havia apoio é muitos discentes indígenas desistiram, devido não ter renda para se manter na cidade, somado a complexidade de sentir como se estivessem em um outro mundo vivendo uma outra realidade, sem apoio de adequar a exigência da realidade da sociedade. Os estudantes indígenas têm uma história de luta até conseguir adentrar a universidade. História que está tendo continuidade enfrentando os desafios que é a permanência e o sucesso destes estudantes na universidade. Vivendo em cidades, convivendo com pessoas de costume ou tradições diferentes, estes vêm resistindo pela força de luta.

Deve propor e construir ações que visem garantir o sucesso do aluno na instituição até a conclusão do curso. Neste sentido, a adoção de políticas voltadas para a assistência destes cotistas, como a concessão de bolsas de estudos, apoio psicopedagógico, alimentação e transporte, moradia tornam-se imprescindíveis. É necessário, ainda, desenvolver ações que visem o acompanhamento desses estudantes desde o seu ingresso até a conclusão do curso, de modo aperfeiçoar as políticas de ações afirmativas na instituição. Destaco a inobservância do Princípio da Dignidade da pessoa humana na produção de normas administrativa nos programas sócias para o referido segmento que resultem atender as reais necessidades no mundo fático dos discentes indígenas nas universidades públicas e nos demais espaços públicos.

Fonte: encurtador.com.br/jqGOX
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O Estudante Indígena e a Universidade Pública

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Para falar do tema, precisamos observar alguns aspectos muito importante, começamos pela universidade pública, quem é, pra quem serve, qual a função da universidade pública para formação dos estudantes, por fim, quem são os estudantes indígenas, de onde veio e porque veio. Para tanto, estudamos alguns autores que falam do ensino público superior no brasil e contamos com a nossa própria experiência de como é o acesso à universidade, de como é a permanência e os motivos das evasões do estudante indígena.

A UNIVERSIDADE PÚBLICA NO BRASIL: sua criação, função e para quem se destina.

Em 1920, pelo Decreto nº 14.343, foi criada a primeira universidade do Brasil, a Universidade do Rio de Janeiro, segundo alguns estudiosos, a razão principal da Universidade teria sido a necessidade diplomática de conceder o título de doutor honoris causas ao rei da Bélgica em visita ao país (SOUZA, p. 51). Com a união da Escola Politécnica, a Escola de Medicina e a Faculdade de Direito, houve a estruturação da universidade, embora as instituições funcionassem de forma isolada, sem integração entre suas áreas. A Universidade do Rio de Janeiro era voltada mais ao ensino do que pesquisa, tendo caráter elitista (OLIVEN, 2002).

Podemos observar que a Universidade nasce para favorecer a um rei, não era a preocupação de dar uma educação superior aos brasileiros. Por isso, a finalidade destas instituições é favorecer a elite como podemos observar até nos dias de hoje. Vemos isto nas Universidades de hoje, onde quem estuda em escolas particulares tem maioria absoluta de aprovação nos vestibulares das Universidades públicas no Brasil.

Um aspecto que vale ser ressaltado em relação a criação da Universidade do Rio de Janeiro foi o destaque dado a sua criação, ganhando notoriedade via Associação Brasileira de Educação (ABE) e Associação Brasileira de Ciência (ABC). Os principais pontos enfatizados por essas entidades foram os conceitos e as funções desempenhadas pelas Universidades brasileiras, sua autonomia e o modelo de Ensino Superior a ser seguido em âmbito nacional (FÁVERO, 2006).

É uma universidade que é de propriedade pública ou recebe fundos públicos significativos por meio de um governo nacional ou subnacional (de estados, municípios etc), em oposição a uma universidade privada. No Brasil, existem algumas universidades públicas financiadas pelo governo federal (Wikipédia, a enciclopédia livre).

Observamos que as universidades públicas se mantem com verbas financeira da união, ou seja, é uma verba extraída dos autos imposto pagos pelo povo brasileiro, desde quem compra ou faz algum tipo de transação financeira, incluindo os consumidores até aos grandes empresários.

A Universidade pública tem a função de incluir toda a sociedade, seja em seu ensino ou em suas iniciativas de extensão e pesquisa. No ensino, é preciso pensar em uma modelo que seja inclusivo, garantindo o direito constitucional pela educação a brasileiros de todas as classes sociais.

Ainda a universidade deve oferecer um retorno imediato para a sociedade, seja convidando-a a ocupar este espaço tão importante, seja desenvolvendo inovação e criando as novas tecnologias que vão garantir do desenvolvimento econômico do país (EDUCAÇÃO. Universidades públicas. O que são, importância e lista de instituições).

Vemos que a universidade pública tem a função de incluir todo e qualquer cidadão e cidadã dentro de sua proposta de ensino superior, pesquisa e extensão, porém, foi preciso que uma Lei fosse aprovada para que de fato houvesse tal inclusão. A Lei 12.711, de 29 de agosto de 2012, diz que todas as universidades e institutos federais reservem 50% de vagas de cada curso para estudantes que concluírem o ensino médio em escolas públicas, é ai que entra o estudante indígenas e quilombola e demais estudantes pobres.

A atividade de ensino, responsável pela formação de profissionais de nível superior, é função exclusiva da universidade e de outras instituições de ensino superior, as denominadas IES. Promover ensino de qualidade afinado com os desafios da sociedade contemporânea é imprescindível (ASSOLINI 2015). A Entendo que estes desafios são diversos inclusive para a formação de seres humanos nos direitos humanos, não tão somente voltado para a competitividade.

Fonte: encurtador.com.br/hkwFO

QUEM SÃO E O QUE BUSCAM OS ESTUDANTE INDÍGENAS

Dentro deste contexto está o estudante indígena, quem vem desde o seu nascimento vivendo em comunidade, tudo que se tem é compartilhado, o que produz é para o bem de todos, onde não há o mais rico e o mais pobre, onde não há competitividade. Vindo de uma sociedade que os costumes são diferentes, culturas diferentes e línguas diferentes pois aprendem falar primeiro a língua materna a verdadeira língua brasileira para depois aprender a falar o português, chega na universidade e se depara com um mundo totalmente diferente do seu, onde o português é técnico e que ele demora um longo tempo para assimilar a nova linguagem e que muitas vezes não é compreendido na comunidade acadêmica e pelos professores.

Como todo e qualquer outro estudante, busca se qualificar em um curso de graduação e seguir em sua vida acadêmica, se profissionalizar, e todos que se formam de uma maneira ou outra ajudam seu povo com o conhecimento técnico e vivencia prática em suas aldeias, quer seja na área da educação, quer seja na área da saúde ou em outras áreas a fins.

Fonte: encurtador.com.br/emKX3

DO ACESSO E DOS PRECONCEITOS AOS ESTUDANTE INDÍGENA

O acesso do estudante indígena na maioria deles é através das cotas, não que ele não tenha a capacidade de competir na cota universal, más pelo direito que lhes dá a Leia 12.711 e também seria o mínimo para reparação da divida histórica que o Brasil tem para com os povos indígenas olhando o contexto geral desde a invasão dos portugueses em 1500. Porém, este acesso não lhes garante a permanência na universidade uma vez que as instituições ainda não têm claro e definido uma política de ações que afirme a garanta sua permanência. O que temos são algumas ações de apoio mitigatória que não sustenta o estudante indígena até o final do seu curso. A bolsa MEC no valor de RS 900,00 não é o suficiente para uma pessoa se manter na cidade.

Além de todas as dificuldades já sofridas por estes estudantes, ainda são discriminados, tem que provar todos os dias para a comunidade acadêmica inclusive para alguns professores que estão ali porque tem capacidade de estudar e se formar. O estudante indígena não é visto na universidade, não pode errar, pois ele é observado pelos estudantes não índios principalmente por ter entrado pelas cotas e por isso são acusados de ter tomado a vaga de alguém. Professores que simplesmente jogam a disciplinas no colo do estudante indígena e diz “se vira”, sendo que o professor está ali para orientar o estudante na hora que ele precisar. Todas essas dificuldades que passam os estudantes indígenas fazem com que muitos deles desistam do seu curso e voltam para suas aldeias, muito não aguentam a pressão que vem de todos os lados dentro da universidade.

É visível o sofrimento para quem fica e enfrenta essas dificuldades e isso é também o motivo dos mais dolorosos e que faz com que muitos ultrapassem o tempo regular de sua formação, fica parecendo que é falta de interesse de estudar e que muitas vezes se ouve esta frase “eles vieram, mas não querem estudar”, e isso acaba abalando o psicológico destes estudantes e acaba prejudicando em seus estudos.

Fonte: encurtador.com.br/ikmtN

Referências:

ASSOLINI, Aline. A universidade e suas funções. Disponível em:. https://www.revide.com.br/blog/elaine-assolini/universidade-e-suas-funcoes. Acesso em 8 de setembro de 2021.

Breve Histórico acerca da criação das universidades no Brasil. Disponível em: https://educacaopublica.cecierj.edu.br/artigos/19/5/breve-historico-acerca-da-criacao-das-universidades-no-brasil. Acesso em 31 de agosto de 2021.

EDUCAÇÃO. Universidades públicas. O que são, importância e lista de instituições. Disponível em: https://fia.com.br/blog/universidades-publicas/. Acesso em 1 de setembro 2021.

Universidade Pública. Wikipédia, a enciclopédia livre. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_p%C3%BAblica. Acesso em 31 de agosto de 2021.

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Pintura corporal revela a identidade dos nossos povos ancestrais

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Os traços adotados nos rostos e corpos identificam etnias, famílias, status social e são essenciais durante as festas e rituais.

Arte na pele, a pintura corporal não é apenas uma questão estética, ou apenas para proteção contra insetos e raios solares. Cada povo retrata sua identidade cultural por meio de traços que revelam toda uma simbologia. Há pinturas específicas para festividades, para identificação das famílias, para apontar o estado civil ou status social. É possível identificar os povos do Tocantins somente pela observação das pinturas.

De acordo com a antropóloga e professora da Universidade Federal do Pará, Jane Beltrão, a pintura ritualística é uma forma de expressar os mais delicados valores culturais. “A arte indígena é um sofisticado meio de comunicação estética, que informa aos demais sobre a diferença da qual emana força, autenticidade e valores das nações indígenas”, diz, enfatizando que exibir marcas tribais é uma forma de resistência.

Dia de festa: jovens Apinajé, pintados e ornamentados
Arquivo Secom/Governo do Tocantins

Em sua dissertação sobre a ressignificação das tradições culturais do povo Xerente e o protagonismo indígena no Facebook, o jornalista Élvio Marques ressalta a característica de diferenciação dos clãs por meio da pintura corporal, uma tradição ensinada de geração em geração, totalizando seis pinturas distintas, com traços e círculos, para seis clãs, usadas principalmente durante a realização de rituais e para diferenciar os dois times de corrida de tora ou outras disputas esportivas.

Além de privilegiar traços geométricos, a pintura corporal pode representar figuras simbólicas de animais como pássaros, peixes e répteis. É o caso do povo Iny (Karajá, Javaé, Xambioá).

Criança Avá-Canoeiro: pintura do rosto levou este povo a ser conhecido como Cara Preta
Arquivo/Governo do Tocantins

Juntamente com as pinturas corporais, geralmente feitas com tintura natural extraída de plantas como como urucum e o jenipapo, além de carvão misturado à resina de algumas árvores, há uma série de elementos agregados aos mais variados momentos e celebrações, como o corte de cabelo, o uso de enfeites de cabeça e a emplumação dos corpos.

Emplumar é colar penas diretamente no corpo, o que ocorre nas aldeias em situações festivas/ritualísticas. É uma tradição entre os povos indígenas brasileiros, com variações que identificam cada grupo étnico. Entre o povo Krahô, no Ketuwayê, as crianças têm seu primeiro contato com a ritualística do mundo adulto desta forma. Durante o ritual, as crianças são emplumadas e realizam um desfile em torno da aldeia, abatendo animais domésticos, para representar a primeira “caçada”.

Uso de traços e círculos distinguem os seis clãs do povo Xerente
Arquivo Secom/Governo do Tocantins
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