Take your Pills: a psicofarmacologia do TDAH

Compartilhe este conteúdo:

No documentário Take your pills é mostrado que os Estados Unidos são o país que mais diagnosticam jovens com TDAH, em média 11% deles são identificados com transtornos e a maioria faz tratamento por meio de medicação.

De repente você toma algo (medicamento, vitamina, energético), que melhora seu desempenho no trabalho, nos estudos, amplia suas habilidades no esporte e faz com que você seja bom em quase tudo que requer atenção ou foco. Esse é um dos efeitos da Ritalina, do Concerta e da Ritalina LA, medicamentos utilizados no Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH).

Sendo conhecidos como psicoestimulantes do Sistema Nervoso Central, e tendo como princípio ativo o Metilfenidado, a Ritalina pertence à família das anfetaminas, da qual são estimulantes mentais, assim são utilizadas para aumentar a concentração, a velocidade mental e a capacidade de execução das tarefas cotidianas.

Um dos processos cognitivos bastante utilizado pelo ser humano é a atenção, que pode ser definida segunda Lima (2005), como a capacidade do indivíduo responder a determinados estímulos que lhes são significativos sem prejudicar os demais. Dessa forma, o Sistema Nervoso é capaz de manter um contato seletivo com informações que chegam através de órgãos sensoriais, dirigindo atenção para aqueles estímulos relevantes e garantindo uma interação eficaz com o meio (BRANDÃO, 1995).

O processo de atenção é imprescindível para que o sujeito possa desenvolver a aprendizagem, bem como se relaciona com outros processos básicos como: inteligência, pensamento, memória, linguagem, sensação e percepção. Cuja função é fazer com que o indivíduo consiga identificar os estímulos dispostos no meio e possa ser capaz de se relacionar bem com ele, selecionando as informações, filtrando o que é pertinente e organizando as informações conforme a necessidade de serem utilizadas.

Fonte: encurtador.com.br/stD09

Logo, o ato de prestar atenção, independente da modalidade sensorial, aumenta a sensibilidade perceptual para discriminação do alvo, além de reduzir a interferência causada por estímulos distratores (PESSOA, et al, 2003).Em relação ao Transtorno de Déficit de Atenção (TDAH), as pessoas apresentam dificuldades em focar no objeto ou estímulo presente no ambiente, pois algumas áreas do cérebro são afetadas e consequentemente elas se comportam de modo distraído.

No documentário Take your pills é mostrado que os Estados Unidos são o país que mais diagnosticam jovens com TDAH, em média 11% deles são identificados com transtornos e a maioria faz tratamento por meio de medicação.

As medicações estimulantes como metilfenidato (MPH), um derivado anfetamínico, constituem-se nos agentes farmacológicos mais utilizados nos transtornos de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e podem propiciar alívio sintomático importante, com melhora comportamental e melhora de rendimento escolar (DAMIAN, DAMIAN, CASELLA, 2010).

O problema maior expresso no filme é o uso indiscriminado do remédio, pois alguns jovens possuem interesse em ter o transtorno, assim podem fazer uso da medicação e superar suas limitações e não apenas isso, eles acham interessante terem o desempenho melhorado com o uso dela, fazendo com que haja uma disputa, por exemplo, nas universidades. Não apenas para usufruir dos benefícios delas, mas principalmente pelo fato dela poder levá-los ao sucesso.

Outros estimulantes também são mostrados no documentário, como por exemplo a Benzendrina, também composta pela Anfetamina; no começo ela foi testada para ser utilizada como um Decongestionante Nasal, porém sua composição causava sentimentos de euforia, confiança, entre outras características. Depois de anos de estudo os cientistas perceberam o potencial do fármaco para outros problemas, empregando-o na Depressão e Obesidade; também criaram a Dexendrina para cuidar de modo mais profundo dessas enfermidades.

Fonte: encurtador.com.br/pqOS0

Na obra cinematográfica os profissionais falam de como funciona esses estimulantes enunciando que “os estimulantes são drogas que estimulam as pessoas, fazem elas sentirem animadas, despertas, e ficam alegres”. Eles ressaltam que existe dois tipos principais de estimulantes: a Anfetamina e o Metilfenidato, a primeira é o princípio ativo do Adderall e do Vyvanse, o segundo resulta na Ritalina e no Concerta.

Essas classes de estimulantes agem no Sistema Catecolamina do cérebro, apresentando -se em duas partes a Noraepinefrina (também conhecida como Adrenalina) e a Dopamina. Os dois agem liberando a Catecolamina ou bloqueia a recaptação delas, aumentando também a tolerância a dor. Isso faz com que os jovens passem mais tempo realizando coisas que consideram chatas, tomando mais consciência das coisas, selecionando estímulos mais adequados para seu contexto.

É importante ressaltar que o uso de medicamentos para auxiliar em um transtorno é algo válido, desde que a pessoa seja bem informada sobre como utilizar esses remédios, além dos benefícios como aumento da capacidade de concentração e melhoramento da performance em alguns aspectos da vida. É imprescindível que saibam também dos efeitos adversos como, dores de cabeça, taquicardias, insônia, aumento da pressão arterial, crises de ansiedade e até ataques de pânico.

No mais, tais medicamentos podem causar dependência química. Então é preciso orientar os pacientes sobre os efeitos da droga no Sistema Nervoso Central, como isso pode modificar de modo significativo o comportamento do indivíduo e pode também mudar a forma dele se relacionar com o mundo.

FICHA TÉCNICA: 

Take Your Pills

Título original: Take Your Pills
Ano produção: 2018
Direção: Alison Klayman
Gênero Documentário
País: Estados Unido

REFERÊNCIAS

BRANDÃO, M. L. (Org). 1995. Psicofisiologia. São Paulo: Atheneu.

DAMIAN, D. DAMIAN. D.; CASELLA. E. Hiperatividade e déficit de atenção – O tratamento prejudica o crescimento estatural?. Arq Bras Endocrinol Metab. 2010;54/3.

LIMA, R. F. Compreendendo os mecanismos atencionais. Ciências & Cognição 2005; Vol 06: 113-122.

PESSOA. L.; et al. (2003). Neuroimaging studies of attention: from modulations sensory processing to down control. J. Neurosci., 15 (10), 3990 – 3998.

Compartilhe este conteúdo:

“Farmacologia para psicologia” é tema de curso de curta duração no Ceulp

Compartilhe este conteúdo:

Ocorre no dia 14 de abril de 2018, das 8h às 18h no Ceulp/Ulbra

Acontecerá no dia 14 de abril de 2018, das 8h às 18h, no Ceulp, o curso de curta duração “Farmacologia para a Psicologia: O uso clínico dos antidepressivos e antipsicóticos na psiquiatria, implicações no tratamento psicológico”. Ministrado pelo professor doutor da instituição, Rodrigo Ventura, tem como público alvo acadêmicos de Psicologia e Psicólogos de todas as áreas clínicas.

A formação objetiva apresentar aos profissionais e estudantes o uso adequado dos antipsicóticos e antidepressivos em Psiquiatria, bem como as principais interações medicamentosas destes fármacos e discutir casos clínicos pertinentes ao uso correto destes medicamentos.

Com uma carga horária de 8h, o curso terá certificação pelo Ceulp/Ulbra – Ubratech Tocantins e necessitará de um investimento de R$ 110,00. A reserva de vagas está sendo realizada através do preenchimento do seguinte formulário: https://goo.gl/qvpFWV

Quem é Rodrigo Ventura no Ceulp?

Foto: arquivo pessoal

Docente nos cursos de Odontologia e de Psicologia no Ceulp, desenvolveu recentemente um projeto sobre “A avaliação da ansiedade e estresse durante a anestesia em pacientes das Clínicas de Odontologia” juntamente com seis alunos de odontologia, sendo um deles com bolsa do Ceulp e outro com bolsa PIBIC. E o estudo já está na fase de análise de resultados.

E no Programa de iniciação científica (PROICT) 2018 teve o projeto ”Perfil de utilização dos anestésicos locais nos consultórios de Palmas” aprovado e que contará com a participação de mais seis alunos do curso. Além disso, participa da Liga de Patologia da Odontologia e coordena o curso de pós em Odontologia Hospitalar.

Compartilhe este conteúdo:

Brasil: um país de “psicohipocondríacos”

Compartilhe este conteúdo:

Estamos vivendo uma época muito boa para a psicologia, onde a popularização das profissões psi estão em alta. Já não se tem mais tanto estigma em relação a profissão. Não enxergam mais como loucos aqueles que fazem terapia e a profissão deixou de ser elitizada, fazendo com que as massas possam ter acesso à ela.

Porém, em relação a isso, algo deve ser visto com preocupação. A popularização das profissões psi também trouxeram uma popularização das doenças mentais. Vejo com extrema preocupação o grande número de “doentes” mentais ou psicológicos.

Com frequência temos ouvido algo como:

“Tomo 2mg de Clonazepam (Rivotril)  e você?”

“O médico passou 2mg, mas estou tomando 4mg. Mas estou tomando também 10mg de Metilfenidato (Ritalina) “

“Rivotris” e “Ritalinas” surgem de bolsas, mochilas, armários e caixinhas de remédio com uma força cada vez maior. Dividem espaço com dipironas e Dorflex em nossas farmacinhas dentro de casa e são distribuídos aos parentes como se fossem água.

Fazer uso desses fármacos tem gerado uma condição de status.

“Eu tomo Rivotril e você não.”

Em 2010 o Brasil consumiu 2,1 toneladas de Clonazepam, a droga da paz já é a segunda droga mais consumida, perdendo apenas para o anticoncepcional Microvlar (Super Interessante – Julho 2010).

Esse grande consumo do benzodiazepínico é muito facilitado devido ao baixo preço do fármaco e a facilidade com que as receitas do tarja preta são conseguidas.

Creio que a popularização das profissões psi seja muito benéfica. Porém devemos tomar muito cuidado com o que isso pode acarretar. Não podemos passar de um país que teme e sataniza as doenças mentais e as profissões psi, para um que os idolatra e diviniza.

Estamos nos transformando em um país “psicohipocondríaco”. E pessoas que antes não tinham nenhum problema com isso, lotarão nossas clínicas devido essa forma de histeria coletiva que tem nos assolado.


Nota: Texto originalmente publicado em http://psicologia-ro.blogspot.com.br/2012/08/brasil-um-pais-de-psicohipocondriacos.html

Compartilhe este conteúdo: