Saúde Mental e Atenção Psicossocial: contexto de direitos e acesso

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Que saúde pública é o conjunto de medidas tomadas pelo estado para garantir o bem-estar físico e social da população, já se é sabido. Desde a instituição da Lei 10.216 de 2001, que determina a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, considerando o movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira, assim como as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), os municípios iniciam um movimento para a mudança do modelo assistencial previsto, que não estava funcional, procurando implantar serviços e organizar ações afirmando que novas normativas irão dar acesso e promoção aos direitos básicos da população.

A atenção à saúde em rede com diferentes pontos de atenção evidencia um conjunto de desafios constantes, dentre eles: a necessidade de efetiva articulação com todos os serviços de saúde em diferentes níveis de complexidade para o cuidado integral, qualificado e resolutivo, possibilitando o acesso e a promoção de direitos das pessoas.  (SARACENO, 1997)

Os transtornos mentais são agravos de saúde altamente prevalentes na sociedade atual. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), transtornos mentais como depressão, abuso de álcool, transtorno bipolar e esquizofrenia se encontram entre as 20 principais causas de incapacidade. A OMS estima que atualmente a depressão afeta cerca de 350 milhões de pessoas, sendo que a taxa de prevalência na maioria dos países varia entre 8% e 12%. É a principal causa de incapacitação dos indivíduos no mundo quando se considera o total de anos perdidos (8,3% dos anos para homens e 13,4% para mulheres) e a terceira principal causa da carga global de doenças em 2004. A previsão é de que subirá ao primeiro lugar até 2030. Existe análise de prevalência dos transtornos mentais em adultos na população brasileira que as taxas variam de 20 a 56%. (OMS, 2019)

Esses dados, em geral, têm como principal consequência as reivindicações por ampliação da disponibilidade de serviços de assistência aos sujeitos em sofrimento. Contudo, a gravidade do quadro tem repercutido relativamente pouco em estudos sobre as causas do aumento do adoecimento psíquico nos dias atuais, fazendo com que a relação entre sofrimento/adoecimento psíquico e condições de vida e trabalho seja ainda um tema de pouca visibilidade.

O SUS realizou quase 60 milhões de atendimentos psicossociais nos CAPS entre 2019 e 2021. O Sistema Único de Saúde (SUS) realizou, entre os anos de 2019 e 2021, quase 60 milhões de atendimentos em saúde mental nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de todo o Brasil.

A maioria dos brasileiros procura pelas unidades públicas quando apresenta algum problema de saúde. Pesquisa do Ministério da Saúde, realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 71,1% da população foram a estabelecimentos públicos de saúde para serem atendidos. Deste total, 47,9% apontaram as Unidades Básicas de Saúde como sua principal porta de entrada aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados também apontam que as políticas públicas cumprem papel fundamental no acesso a medicamentos. Do total de entrevistados, 33,2% conseguiram pelo menos um dos medicamentos no SUS e 21,9%, por meio do Programa Farmácia Popular.

A saúde no Brasil se divide hoje em pública e suplementar. A saúde pública está estruturada dentro do Sistema Único de Saúde, mais conhecido como SUS, já a saúde suplementar é a saúde privada, que compreende os planos de saúde. Atualmente, 75% dos brasileiros dependem exclusivamente do SUS, o restante da população utiliza a saúde privada. (ARANHA E SILVA, 1997)

Em suma, cerca de 19 milhões de pessoas sofrem com ansiedade e depressão. Pesquisa de empresa especializada em soluções de saúde digital aponta crescimento de 1.290% em consultas psiquiátricas e de psicologia em 2022, no Brasil. Caso haja investimentos voltados para promoção e prevenção de saúde mental, bem como políticas públicas que estejam voltadas à prevenção e promoção desta, haverá maior condições de tratamento que gerará benefícios para a sociedade.

Mesmo que algum cidadão opte por utilizar a saúde privada e adquira um plano de saúde, seja individualmente ou por convênio da empresa em que trabalha, ele não perde o direito de utilizar o SUS. Afinal, um de seus princípios é a universalidade, que significa que todos os brasileiros têm direito aos serviços de saúde.

A nova orientação do modelo impõe a implantação de uma rede de cuidados que necessita de estrutura e serviços comunitários, desta forma no campo psicossocial, que pressupõe ação integrada da equipe, o agente de saúde mental de formação superior ou média não compete, compõe; não rivaliza, solidariza; não controla, acolhe; não promove submissão, mas a cooperação; não se submete ou estabelece hierarquia, mas reflexão e colaboração na geração de saúde, porque crê que o usuário de serviço de saúde mental e psicossocial, tem necessidade produzida e imposta pelo próprio desenvolvimento das forças produtivas como: necessidade de ganhar dinheiro, viver dignamente, ter acesso a bens de consumo, ter uma vida afetiva e amorosa estável. Então, existe a possibilidade de desprendimento das contradições vividas na reforma Reforma Psiquiátrica: a) a ação de saúde produzida nas instituições asilares remanescentes; b) a ação de saúde produzida no processo de desospitalização que pode estar encampando uma iniciativa higiênica e c) a ação de saúde produzida nos serviços substitutivos que podem estar reproduzindo a lógica de dominação, sob a forma de relações mais democráticas sob o mesmo princípio das relações de dependência. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004)

SITES CONSULTADOS

https://bvsms.saude.gov.br/ 71-dos-brasileiros-tem-os-servicos-publicos-de-saude-como-referencia/

Ministério da Saúde (BR). Legislação em Saúde Mental 1990-2004. 4ª ed. Brasília (DF): MS; 2004.

Organização Mundial de Saúde. Relatório Mundial de Violência e Saúde. Genebra: OMS, 2002.

Saraceno B. Manual de saúde mental: guia básico para atenção primária. 2ª ed. São Paulo (SP): Hucitec; 1997.

Aranha e Silva AL. O Projeto Copiadora do CAPS: do trabalho de reproduzir coisas à produção de vida. [Dissertação] São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 1997.

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Tocantins alerta população sobre a importância da prevenção ao Suicídio

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O Sistema Único de Saúde tem uma Rede de Atenção Psicossocial que pode ser acessada discando 188, nas UBS e nos CAPS

O suicídio é uma junção de fatores psicológicos, sociais, emocionais, entre outros, sendo que prevenir é a única forma para evitá-lo e 10 de setembro é o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio. O Estado do Tocantins através da Rede Estadual de Atenção Psicossocial alerta a população sobre a necessidade da conscientização e prevenção.

“Neste mês de setembro, alusivo à prevenção do suicídio, a Gerência da Rede de Atenção Psicossocial (GRAPS), realiza apoio técnico, de maneira mais específica, aos serviços da rede, com vistas ao desenvolvimento de ações de prevenção e educação em saúde”, esclarece a técnica da GRAPS, Marluce Pilger.

Como forma de estruturar as ações ao longo dos anos em relação à violência autoprovocada e suicídio, o GRAPS está finalizando o Plano de Enfrentamento à Violência Autoprovocada do Estado do Tocantins, com ênfase na atenção integral à saúde.

Fonte: Imagem por Freepik

Prevenção

Ainda segundo Marluce Pilger, “as formas mais efetivas de prevenção e abordagem, é a escuta disponível e acolhedora, além da observação na alteração do comportamento, do humor, entre outros. Tais observações e escutas auxiliam na identificação de um possível sofrimento mental e busca de ajuda profissional que, este, poderá avaliar melhor e realizar o manejo e conduta”.

A servidora complementa que “a prevenção é de suma importância e envolve família, comunidade, educação, saúde, entre outros. Neste mês os Centros de Atenção Psicossocial estão mobilizados e desenvolvendo ações em alusão ao setembro amarelo” finaliza.

Dados de suicídio

Durante o período de 2017 a 2021, foram registrados no Tocantins 654 óbitos por suicídio, sendo destes 514 praticados por pessoas do sexo masculino.

Ajuda

No Tocantins, a população pode buscar ajuda através do número 188, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos 139 municípios e ainda nos 21 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), que dispõem de serviços de saúde voltados aos atendimentos de pessoas com sofrimento psíquico ou transtorno mental.  Nos CAPS também são realizados atendimentos a pessoas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras substâncias.

Os CAPS podem ser de tipo I, II, III, álcool e drogas (CAPS AD) e infanto-juvenil (CAPSi), sendo que o CAPS I é para atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes. O CAPS II atende o mesmo público do I, porém é instalado em cidade com pelo menos 70 mil habitantes, já o CAPS III é para população superior a 150 mil habitantes.

Fonte: encurtador.com.br/jtGO6 / CAPS – AD III de Palmas – TO

O CAPS AD é exclusivo para o público usuário de álcool e drogas, com atendimento a todas as faixas etárias, especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas. Já o CAPSi é especializado em atender crianças e adolescentes.

Veja as localizações dos CAPS no Tocantins:

Araguaína – CAPS i, CAPS II e CAPS AD III

Araguatins – CAPS I

Augustinópolis – CAPS AD

Buriti do Tocantins – CAPS I

Colinas do Tocantins – CAPS II e CAPS AD III

Dianópolis – CAPS II

Formoso do Araguaia – CAPS I

Gurupi – CAPS I e CAPS ADIII

Miracema do Tocantins – CAPS I

Palmas – CAPS II e CAPS ADIII

Paraíso do Tocantins – CAPS I

Pequizeiro – CAPS I

Porto Nacional – CAPS II

Sítio Novo do Tocantins – CAPS I

Taguatinga – CAPS I

Tocantinópolis – CAPS I

 

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Caos 2021: A importância de grupos de orientação familiar para usuários de álcool e outras drogas

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O minicurso “A importância de grupos de orientação familiar para usuários de álcool e outras drogas” acontecerá no dia 04 de novembro, será online via Google Meet no horário de 9h às 12h, na sala poderá ter até 100 participantes onde a convidada Maísa Carvalho Moreira irá compartilhar com os telespectadores a sua experiência com as famílias e os usuários de álcool e outras drogas, irá comentar também como funciona a mediação entre sujeito e a família e qual o objetivo e a importância da família no tratamento.

Existem fatores que contribuem para o uso de álcool e outras drogas, os gatilhos acionam comportamentos que levam o usuário a recair e ir em busca da substância de sua preferência. A dependência é uma patologia, não muito bem esclarecida para a sociedade que ainda fortalece o discurso onde o usuário pode sim escolher e manter a escolha de não usar. Ao ser marginalizado pela família e pela sociedade, o sujeito se afasta cada vez mais do tratamento.

Fonte: encurtador.com.br/jvAOQ

O CAPS – AD é uma instituição que acolhe todos os usuários que recorrem ao serviço. Por ser um local onde é de acesso a toda comunidade, além de atender os profissionais desenvolvem meios que informam a comunidade sobre o tema drogas e o que acarreta, fornecem novos meios e ferramentas para que o sujeito resgate sua autonomia. Tanto a comunidade quanto a família são catalisadores para que exista qualidade de vida para o usuário de álcool e outras drogas.

A rede de apoio é fundamental para que sejam percebidos os gatilhos que levam ao consumo maléfico de drogas em geral. A família também está adoecida e a ausência de conhecimento das formas que engatilham o usuário acaba mantendo todos os membros envolvidos adoecidos, vivendo em um sistema onde a melhora se torna ainda mais difícil. A interação desses membros promove qualidade de vida para o usuário.

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(En)Cena é parceiro do Dia Nacional da Luta Antimanicomial

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O Portal EnCena – a saúde mental em movimento – é parceiro da programação local do Dia Nacional da Luta Antimanicomial, promovido pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) de Palmas, em parceria com a Fundação Escola de Saúde Pública (FESP) e com o curso de Psicologia do Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA) irão realizar uma sequência de atividades que visam o fomento do protagonismo dos usuários e familiares, e a integração dos parceiros e serviços da RAPS, buscando a oferta de estratégias diversas, além de possibilitar o debate sobre Saúde Mental em outros territórios geográficos e existenciais. O evento ocorre de 09 a 25 de maio.

Durante a programação, irá ocorrer o projeto Cine na Praça, com a exibição dos filmes “Hotel da Loucura” e “Pedras, plantas e outros caminhos”, além do 1º Torneio Intersetorial de Saúde Mental (Complexo Poliesportivo Arno 51), bem como atividades recreativas e sociais, feiras solidárias e aconselhamento, dentre outros.

Para a coordenadora do curso de Psicologia, profa. Dra. Irenides Teixeira, a ação oportuniza que os acadêmicos tenham contato direto com a prática profissional, seja participando das ações do período, seja produzindo conteúdos para, na sequência, compartilhar com o público maior do Portal EnCena. (Com informações do evento)

PROGRAMAÇÃO:

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