29 de março de 2022 Josélia Martins Araújo da Silva Santos
Insight
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Estima-se que as pessoas buscam a felicidade e fazem escolhas de forma que contribuem para chegar a esse destino. Mas por que um casal que não consegue se dar bem insiste em continuar a relação? É comum que as pessoas próximas parem de perguntar se estão juntos ou separados, porque o vai e vem se torna tão rotineiro que quase ninguém mais leva a sério as dificuldades conjugais que o casal vivencia.
Nesse tipo de configuração de relacionamento algo pode estar faltando como o sentimento do amor, vínculo afetivo ou até mesmo um senso de dignidade. Pode se ter perdido a consciência do relacionamento e o equilíbrio que é necessário para manter ele. Outro ponto que pode também ocorrer é a perda da noção de identidade, pois suas personalidades podem se emaranhar uma com a outra 1.
Por vezes a irracionalidade toma conta do casal, que fica à mercê de suas particularidades ou disfunções. Assim ambos perdem sua conjuntura de indivíduos que têm poder sobre sua própria história, e permanecem em um estado de inconsciência sobre o seu relacionamento. Algumas vezes na relação pode alternar momentos de equilíbrio, no entanto esse período torna-se passageiro e logo volta a configuração de antes 2.
Alguns sujeitos que estão inseridos nesse tipo de relação, às vezes permanecem por considerar que fará bem ao seu parceiro, mesmo que se sinta desprezado por ele. A noção de que o rompimento pode ocasionar um grande sofrimento emocional pode ser uma grande influência no momento de não optar pelo término do relacionamento2.
Ainda assim, alguns especialistas acreditam que o principal motivo para evitar rompimentos é o medo de ficar sozinho. Muitas pessoas relutam em admitir que existem problemas insolúveis, ou preferem ignorar que seu parceiro é a verdadeira fonte de infortúnio. Outra razão pode ser que algumas pessoas pensam que, se terminarem o relacionamento, serão vistas como uns perdedores sociais, por não conseguir manter um relacionamento1.
Fonte: Pixabay
A separação em sua maioria vem seguida de sofrimento psíquico, mesmo que o sentimento do amor tenha acabado e não haja mais motivos para manter o relacionamento. É por isso que muitos casais insistem em tentar manter um relacionamento que acabam ficando juntos (as) porque, emocionalmente, não conseguem ficar sozinhos (as). É necessário o amadurecimento, mas passar por esse processo pode ser doloroso, e necessita de esforço1.
O benefício de manter a relação e que com isso não é necessário aplicar esforço devido ao processo de individualização que pode ser evitado. Renunciar um relacionamento é abrir mão de seus sonhos e planos com a outra pessoa. A viagem do ano que vem, a casa que vão comprar, o negócio que vão abrir depois da aposentadoria. Tudo desmorona quando a união declara seu fim. Para quem está separando, deve cancelar todos os planos para o futuro e recomeçar. Ter filhos é ainda mais difícil. Além de começar uma nova vida sozinho, você também deve conviver com seu ex-parceiro, além disso quando um dos parceiros depende economicamente do outro parceiro, tem se o medo de diminuir o padrão de vida 2.
Há muitas razões para permanecer em um relacionamento que terminou. No entanto, manter uma união sem sentimentos pode ter consequências negativas, a começar por viver em constante insatisfação. Compartilhar a vida, inclusive renunciar a alguns desejos, só é possível com sentimentos mútuos um para com outro e desejo de permanecer juntos. Viver juntos pode se tornar um sacrifício quando um relacionamento termina. A insatisfação afeta o relacionamento e a vida familiar. Se não for tratada, ambos ficam em sofrimento e afetam aqueles ao seu redor.
Por outro lado, é preciso avaliar se a relação realmente acabou. Se ainda há sentimentos, pode ser viável tentar encontrar uma solução. A distância que os casais constroem pode ser resultado de falta de comunicação, expectativas irreais um do outro e conflitos não resolvidos. Dê atenção especial a essas questões e, em alguns casos, pode ser possível reconstruir o relacionamento. O companheirismo e a amizade podem até sustentar um relacionamento. Mas depende de qual é a expectativa de vida de cada um que está inserido no relacionamento.
No entanto, se todas as tentativas de construir a felicidade e a convivência agradável falharem, talvez o melhor a fazer é enfrentar a mudança, apesar de o fim de um relacionamento ser em sua maioria um momento de sofrimento, posteriormente pode ser o recomeço de muitas de possibilidades, e se colocar como prioridade pode ser essencial.
Referências
JABLONSKI, B. Até que a vida nos separe: a crise do casamento contemporâneo. Rio de Janeiro: Agir, 1991.
KASLOW, F.; SCHWARTZ, L. As dinâmicas do divórcio: uma perspectiva do ciclo vital. Campinas: Editora Psy, 1995.
A sociedade da informação, caracterizada pelos grandes avanços tecnológicos na microeletrônica e telecomunicações, causa transformações na economia e na sociedade, e também em suas relações. Todas as relações incluídas na sociedade da informação, sendo complexas ou não, passam a ser implementadas em formatos diferentes devido à conectividade. A população passa cada vez mais a utilizar a internet para trabalhar, se relacionar, e fazer atividades cotidianas sem a necessidade de estar presente fisicamente (WERTHEIN, 2000). Porém, em uma situação em que são necessárias restrições e distanciamento social podem ser percebidos impactos na saúde mental dos indivíduos.
Em uma era marcada pelo acesso à informação e a facilidade de iniciar novas relações através das redes sociais, novos parceiros amorosos e novas amizades surgem a todo momento. Apesar disso, durante a pandemia da COVID-19 foi possível identificar efeitos negativos à saúde mental da população devido a privação do contato social. Foram percebidos em estudos, sentimentos de medo, tristeza, solidão, e também, o aumento do nível de estresse, ansiedade, e em alguns casos o surgimento da depressão e de ideação suicida (QUEIROZ; SOBREIRA; JESUS, 2020).
Para Bauman (2004), as relações desenvolvidas durante a contemporaneidade são volúveis e construídas sem profundidade ou intimidade, e logo, tendem a se desfazerem, criando a necessidade da busca constante por novas relações, estas sendo cada vez mais rasas. Transmitindo a partir disso um sentimento de insegurança, que ocorre devido a dúvida “será que ao me aprofundar em um relacionamento presente posso estar deixando de viver relacionamentos mais especiais, mais satisfatórios ou mais incríveis?”. Logo a dúvida acaba por cessar a vivência de tais relacionamentos, sendo que a busca incessante estará sempre presente.
Segundo Pires e Gomes (2014), a sociedade da informação demonstra certo estresse na vida moderna ou contemporânea ligado a necessidade de obter melhor qualidade de vida. O indivíduo contemporâneo deseja estar presente, interagindo e fazendo parte do seu núcleo familiar, das suas relações de amizade, das relações profissionais e amorosas, como meio de alcançar a autoestima e a auto realização. Para isso, entretanto, são necessárias interações humanas mais qualitativas que quantitativas.
O isolamento social como medida preventiva para diminuição da incidência de casos da COVID-19, traz o questionamento se as redes sociais realmente conseguem conectar as pessoas de forma real ocasionando em relações de confiança e apoio emocional mútuo ou geram apenas relacionamentos líquidos como exposto por Bauman. Visto que mesmo com o amparo dos smartphones trazendo a possibilidade de se conectar e manter relações distantes fisicamente, será que o “conectar” se torna equivalente ao “relacionar”?
REFERÊNCIAS
BAUMAN, Zygmunt. Amor líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Ed., 2004.
PIRES, Cristina Maria dos Santos Nunes; GOMES, Caramelo. Tecnologias de informação e comunicação versus isolamento social/individual: causa ou consequência-questões antigas e novas realidades. Sebentas d’Arquitectura, n. 4, p. 11-21, 2014. Disponível em:<http://revistas.lis.ulusiada.pt/index.php/sa/article/view/1813>. Acesso em 17 junho de 2021.
WERTHEIN, Jorge. A sociedade da informação e seus desafios. Ciência da informação, v. 29, n. 2, p. 71-77, 2000. Disponível em:<https://www.scielo.br/j/ci/a/rmmLFLLbYsjPrkNrbkrK7VF/?lang=pt>. Acesso em 17 junho de 2021.
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“This Is Us”: conteúdos psicológicos da premiada série americana
A série americana “This Is Us”, de Dan Fogelman, disponível no Brasil pela Amazon Prime Video e preimada com o Emmy de 2017, é um drama adulto melancólico focado, especialmente, nos sintomas psicológicos e nas relações intersubjetivas da família Pearson.
No elenco estão Mandy Moore (Red Band Society), Milo Ventimiglia (Gilmore Girls), Sterling K. Brown (Pantera Negra), Justin Hartley (Revenge), Chrissy Metz (Superação: O Milagre da Fé), Susan Kelechi Watson (Louie), Chris Sullivan (The Knick) e Ron Cephas Jones (Luke Cage).
Os protagonistas são três irmãos de 36 anos, dentre eles dois gêmeos (Keven e Kate) e um adotivo (Randall) nascidos em Pitsburg, na mesma data do aniversário do pai (Jack). Além deles, destacam-se a mãe da família Rebecca, seu segundo marido Miguel, os cônjuges e filhos dos irmãos Pearson: Tobe (marido de Kate); Sophie e Madison (ligadas a Keven) e Beth, Tess, Annie e Deja (esposa e filhas de Randall).
A série apresenta a história da família em épocas diferentes, alternando entre o presente e a infância dos três irmãos. No curso das temporadas, o público assiste o bem-sucedido empresário e pai Randall buscar informações sobre seus pais biológicos, Kate encontrar amor e a autoaceitação enquanto luta contra a obesidade, e Kevin enfrentar o alcoolismo e tentar seguir uma carreira mais significativa para ele.
Em This Is US, os personagens lidam com problemas realistas ligados a temas de família, paternidade, autoimagem, saúde mental e encontrar um propósito na vida de meia-idade. E, ainda, ilustram o casos de sofrimento emocional e os problemas de ordem psicológica decorrentes: de interações familiares, do lugar das pessoas na família, de questões intergeracionais e de conteúdos inicialmente inconscientes aos personagens que depois vão sendo esclarecidos ao longo do ir e vir da série.
Como exemplo, tem-se o sofrimento intergeracional causado pelo alcoolismo na família Pearson. Como o uso abusivo de álcool, o pai de Jack torna-se uma pessoa de comportamento grosseiro e violento, o que torna difícil a vida da esposa e dos filhos. Apesar do esforço que faz para adotar comportamento distinto do pai, nas relações familiares, o alcoolismo do pai, negado por Jack, acaba reaparecendo como sintoma de angústia nele mesmo, quando adulto, do irmão dele Nick, que torna-se adicto durante a guerra do Vietnã e do filho Keven que usa compulsivamente bebidas e medicamentos para dor como apoio emocional.
Um outro exemplo interessante das repercussões psicológicas das relações de família, são as constantes brigas entre a mãe (Rebecca) e a filha (Kate), a partir do início da adolescência da garota. Por ter uma relação muito próxima ao pai, Kate disputava com a mãe a atenção dele e, por não conseguir, ser parecida fisicamente com ela projeta sua raiva de modo a fazer o espectador acreditar, por bastante tempo, que era a mãe que não gostava dela. Nesse sentido, vale lembrar que a mesma Rebecca Pearson, enquanto filha, enfrentava grandes dificuldades com a própria mãe, super rígida e controladora e que, por outro lado, também assumia o papel de Kate ao ser sempre superprotegida pelo pai.
Ainda falando sobre Kate, desde criança a personagem apresenta sinais de compulsão alimentar, tendo seu comportamento repreendido pela mãe e incentivado pelo pai. Ela associava o prazer de comer guloseimas, como sorvete e pudim de banana, aos longos passeios em que tinha toda a atenção do pai para si. Com isso, no futuro como adulta, enfrenta problemas de saúde e dificuldades para engravidar e manter a gestação decorrentes do excesso de peso.
Destaque-se que, Kate só conseguiu iniciar um namoro saudável e conseguiu começar a agir para minimizar os efeitos da compulsão alimentar, quando pôde associar os conteúdos inconscientes que colaboravam para a formação do sintoma: a relação com o pai e a culpa pela morte dele. Jack havia falecido 19 anos antes por parada cardíaca após ter inalado muita fumaça tentando salvar o cachorro da filha num incêndio na casa da família.
A morte de Jack e os diferentes olhares sobre este luto são conteúdo presente em praticamente todos os episódios da série a partir da segunda temporada.
Sobre o terceiro filho, Randall, a série oferece conteúdo para diversas análises à luz da psicologia. Inicialmente, é preciso destacar o trauma do menino abandonado ao nascer na porta do Corpo de Bombeiros que passa a vida toda procurando os pais biológicos e tem o bombeiro como grande herói. A devoção pelo “bombeiro” que o resgatou leva Randall a assumir por muitos anos a postura de “salvar” as pessoas de seus problemas.
Além disso, a história de Randall apresenta alguns pontos do sofrimento emocional vivido por pessoas discriminadas por racismo nos Estados Unidos. Isso porque, ele é uma criança negra criada por pais brancos, numa comunidade majoritariamente branca e de cultura separatista.
A soma de situações tais como ser a única criança negra na escola ou o único negro da família Pearson, o reaparecimento e a morte prematura do seu pai biológico (Willian Hill) colaboraram para deixar o personagem confuso quanto a sua identidade, gerando a necessidade de ele aprender e experiencia mais a cultura afro-americana.
Isso se verifica, também, quando a personagem, deixa a terapia que estava desenvolvendo com êxito alegando que precisava de um analista que fosse negro para que este pudesse compreender determinados aspectos do seu sofrimento.
O tema da adoção é amplamente abordado na série. Desde a experiência inicial com Randall, adotado no hospital no dia do nascimento dos irmãos gêmeos, com função inicial de tamponar a falta do terceiro gêmeo (Kyle) que morreu durante o parto.
Passando por Deja, a garota que foi adotada com 12 anos, vinda de uma família com problemas financeiros e de relacionamento e acumulando várias passagens por lares de curta permanência. A adoção tardia ilustrada na série trazia os episódios de revolta e ataques de raiva por parte da adolescente, que indicaria as dificuldades de lidar com adaptação à nova família e, especialmente, o sofrimento gerado pelo luto da perda de suas expectativas pela idealização da sua família de origem.
Por fim, na última temporada, é possível acompanhar o esforço dos personagens Tobe e Kate para lidar com a ansiedade de acompanhar a gravidez de uma criança que poderia ser dada a eles em adoção.
Durante todo o percurso da série o olhar atento do espectador interessado em psicologia, verá por várias vezes as histórias de vida dos personagens se cruzarem e apresentarem maneiras distintas de percepção do mesmo fato ou momento de vida. Com esta proposta o público consegue identificar sob os diferentes pontos de vista de cada personagem as dores subjetivas causadas a cada um deles, as quais seguiriam imperceptíveis na visão dos demais.
Outro ponto interessante da série, em termos psicológicos, é que a temporada 5 se passa durante a pandemia. Nela é possível encontrar os personagens usando máscaras, mantendo cuidados de higiene, distanciamento social, lidando com as consequências emocionais do medo e da angústia trazidos pela calamidade da COVID 19.
Relacionar-se é a capacidade de conviver com outras pessoas. As interações acontecem em contextos diversos, nas organizações e em casa. Ao conviver com o outro há uma troca de afeto e responsabilidades. Ainda na psicologia clássica, a ideia que nós nos conhecemos através dos outros eclodiu.
Geragogia é a educação para velhos. É o estudo de como se dá a aprendizagem de velhos, com o objetivo de proporcionar uma velhice consciente e produtiva. Willis e Schaie (1981) listaram 5 objetivos para a educação de pessoas velhas/antigas. A primeira é ajudar na compreensão corporal e de comportamentos que são manifestados na velhice. O segundo é proporcionar compreensão das mudanças tecnológicas do mundo contemporâneo. A terceira é torná-los capaz de desenvolver capacidade para de defender. A quarta é o adquirir novas aptidões a partir do que foi supracitado. E o quinto é proporcionar aos velhos um bom desenvolvimento, assim como proporcionar a descoberta de novos e diferentes papéis pessoais (OLIVEIRA, 2006).
Para Skinner, o comportamento é resultado de alguma alteração no ambiente, e este também altera o ambiente. Logo, as relações indivíduo-ambiente são controladas pelas consequências. A depender da consequência, tal comportamento irá aumentar ou diminuir, podendo resultar em reforço positivo e negativo. Caso a consequência seja desagradável a frequência tende a diminuir, resultando em estímulo aversivo/punitivo.
Afeto e comportamento social na educação gerontológica
A educação gerontológica deve levar em conta, à priori, a personalidade, comportamentos e o ambiente que se inserem os adultos seniores. Para tanto, o Psicólogo Educacional das pessoas velhas deve ser capaz de entender, classificar, e intervir nos comportamentos, e desse modo, promover não apenas a remediação de situações já existentes, mas de forma interdimensional, preveni-las da maneira possível (BARROS-OLIVEIRA, 2006).
Porém, cada idoso tem suas experiências de vida, positivas ou negativas, em contextos diversos. Destarte, é necessária uma educação diferencial e contextual, com características individualizadas. O método de ensino/aprendizagem também é diversificado: deve-se recorrer mais às experiências acumuladas do que fornecer novos conhecimentos, desencadeando novas compreensões do que já existe para os educandos, dar a luz a novas interpretações, promover a auto-educação (BARROS-OLIVEIRA, 2006).
Via de regra na educação convencional, busca-se o desenvolvimento de habilidades e recursos cognitivos sofisticados nos educandos, porém, para uma condição de aprendizagem satisfatória, gerontológica ou não, espera-se que os aprendentes se sintam implicados e que haja satisfação pessoal quando o aprendido seja executado.
Fonte: https://bit.ly/2DmfnOO
Logo, as análises sobre a satisfação em aprender e a afetividade envolvida no processo estão intimamente ligadas ao papel das consequências dos comportamentos envolvidos na aprendizagem. Esse fenômeno tem sido discutido na abordagem Análise do Comportamento, que teve como expoente B. F. Skinner (BENVENUTI; OLIVEIRA; LYLE, 2017).
Reconhecer que quem está no processo de aprendizagem está ativo e transformando seu ambiente leva à possibilidade do manejo das consequências desses comportamentos. Pode-se manipular as consequências a quem se comportou de modo que os comportamentos esperados se repitam no futuro. As consequências mais importantes no contexto da aprendizagem são aquelas advindas de outras pessoas, os chamados reforçadores sociais. De maneira simplificada, podem ocorrer em expressões faciais, elogios, contato físico, sorriso, entre outros. Essa classe de reforçadores contribuem para o fortalecimento de vínculos com todos os envolvidos no processo de aprender (BENVENUTI; OLIVEIRA; LYLE, 2017).
Entre outros aspectos, alguns determinantes para a velhice bem sucedida envolvem a saúde, a manutenção do nível de funcionamento cognitivo e físico e a manutenção da participação social. Esses marcadores abrangem as dimensões física, psíquica e social, sendo a social composta por elementos de comunicação, convivência, sentimento de pertença, entre outros aspectos (BARROS-OLIVEIRA, 2006).
Fonte: https://bit.ly/2Dmg8Ya
Um dos benefícios da expansão da dimensão social, é em partes o autoconhecimento e o estabelecimento de novos significados para a própria existência em relação ao outro. Para Leite (1997), a representação que o outro nos dá de nós mesmos, funciona como o efeito de um espelho, pois, as imagens que temos de nós são sucessivas imagens que os outros nos dão de nós. Caso contrário, não poderíamos saber quem somos. Nas palavras de J. P. Sartre, “o outro guarda um segredo: o segredo do que eu sou”.
Para tanto, o valor da aproximação com outras pessoas depende que o comportamento aproximativo e a manifestação de afetividade seja seguido de consequências reforçadoras. Ainda que essas consequências sejam extrínsecas por serem arranjadas por outros, elas são relacionadas com motivação intrínsecas à medida que a interação social é um dos objetivos da educação (BENVENUTI; OLIVEIRA; LYLE, 2017).
Desse modo, os Psicólogos Educacionais dos idosos devem encorajar o entusiasmo, estar atentos aos estímulos que podem provocar consequências reforçadoras às pessoas velhas, considerando suas características de vida, suas histórias, seus conhecimentos prévios e suas redes afetivas.
Antes de assumir qualquer posição de saber, o psicólogo que se debruça sobre a Geragogia deve compreender que com sua vasta sabedoria, as pessoas velhas podem educar através da experiência, enquanto os mais novos devem se dispor a aprender mais (BARROS-OLIVEIRA, 2006).
Fonte: https://bit.ly/2zaFh4X
Portanto, o afeto, a análise do comportamento e as relações interpessoais apresentam-se como ferramentas para a ressignificação e flexibilização do vasto conhecimento já existente nos idosos, promovendo assim, mais saúde e qualidade de vida.
Princípios Básicos da Análise Experimental do Comportamento aplicados à Geragogia
A perspectiva Analista comportamental, traz a noção de que o comportamento sofre influências do meio, isto é, há uma interação entre organismo-ambiente. Dessa forma, dentro de um conjunto de contingências, é possível a separação do que se apresenta como Estímulo (alteração no ambiente que produz uma alteração no indivíduo) e do que se apresenta como Resposta (alteração no indivíduo causada pelo o estímulo).
Logo, o comportamento para Skinner é entendido como a relação entre vários estímulos, dentre eles: público; privado; histórico; imediato social e não social, uma relação entre o organismo e o ambiente,se apresentando como um processo que muda ao longo do tempo.
A partir da perspectiva supracitada, comportamentos são estudados basicamente por dois tipos de relações, tanto os respondentes como os operantes. No caso dos respondentes as respostas de um comportamento são emitidas pelo estímulo antecedente apresentado, os comportamentos operantes são influenciados pela consequência conforme o contexto apresentado (HENKLAIN 2013).
Analisando essas variáveis, é possível a identificação de estímulos reforçadores e/ou punitivos, o que Skinner mais a frente denominou como aprendizagem pelas consequências de modo reforçador (aumento da frequência da resposta)e/ou por controle de estímulos aversivos (diminuição da frequência da resposta).
B. F. Skinner. Fonte: https://bit.ly/2RRqV0h
Portanto, para se começar a entender como a Análise do Comportamento enxerga o “aprender” do idoso, é necessário enfatizar que cada idoso possui um vasto repertório de vida, e que todo o processo de ampliação e ressignificação desse repertório, parte de um processo contingencial individualizante e interacionista, concomitantemente, os comportamentos possuem características funcionais no ambiente e não podem partir de uma análise unilateral, considerando que determinado comportamento só é possível a partir da interação indivíduo-ambiente.
Segundo Farias (2017) os indivíduos que pertencem a grupos nos extremos desse “contínuo desenvolvimento humano”, passam por transformações biológicas e comportamentais significativas, e como consequência, necessitam de programações especiais de contingência para produzir compensações comportamentais e ambientais.
O que Barros-Oliveira (2006) descreve que os métodos de ensino/aprendizagem para os velhos também devem ser diversificados, utilizando os princípios básicos da análise experimental do comportamento, como por exemplo, averiguar os estímulos respondentes e operantes, para obter um melhor resultado no desempenho do processo da Geragogia.
Ao ensinar pessoas idosas devemos principalmente desencadear uma nova integração aos estudos, analisando os efeitos da interação entre os velhos e o ambiente, como descreve Henklain (2013 p. 712) “[…] o tipo da tarefa que o professor requisita às consequências que o aluno produz com a realização da tarefa, a clareza da tarefa ou das instruções para a sua realização etc.” utilizando os reforçadores que estimulam a melhor compreensão do conteúdo ministrado.
Fonte: https://bit.ly/2qL9uTx
Outro fator capaz de explicar o comportamento, é reconhecer o indivíduo nas suas facilidades e dificuldades de aprendizagem. Cada velho deverá passar por uma avaliação onde será feita uma análise sobre a sua história de aprendizagem, as condições sob as quais se comportam e as consequências que produz. Portanto, o planejamento de ensino, deverá ser aplicável a realidade e flexível para atender às necessidades demandadas (HENKLAIN 2013).
Salientando a importância desse processo, pois assim, os idosos podem se beneficiar de práticas culturais que evitam a exagerada limitação de seu repertório comportamental e do estabelecimento de comportamentos voltados à saúde, de modo a manter as funções orgânicas satisfatórias por um período de tempo maior (FARIAS 2017).
A educação das pessoas velhas é necessária, visando a construção de uma sociedade com participação de todos, independente da fase do ciclo vital. Visto que na atualidade, pessoas antigas representam uma boa parte da população. Logo se faz necessário dar vez e voz a estas pessoas, para que se tenha uma sociedade e uma geração bem resolvida e satisfatória. Para isto, vimos que o estabelecimento boas relações interpessoais ajudam neste processo, visto que o indivíduo influencia e é influenciado pelo outro em seu meio social. Assim, uma relação de simpatia entre professor-aluno ajuda no processo de fortalecimento, adaptação e desenvolvimento de novos papéis.
REFERÊNCIAS:
BARROS-OLIVEIRA, José. EDUCAÇÃO DAS PESSOAS IDOSAS. Psicologia, Educação e Cultura: Revista do Colégio Internato dos Carvalhos, Pedroso, Portugal, v. 2, n. 10, p.267-309, dez. 2006. Semestral.
BENVENUTI, Marcelo Frota Lobato; OLIVEIRA, Thais Porlan de; LYLE, Leticia Albernaz Guimarães. Afeto e comportamento social no planejamento do ensino: a importância das consequências do comportamento. Psicologia USP, v. 28, n. 3, p. 368-377, 2017.
DE-FARIAS, Ana Karina CR; FONSECA, Flávia Nunes; NERY, Lorena Bezerra. Teoria e Formulação de Casos em Análise Comportamental Clínica. Artmed Editora, 2017.
HENKLAIN, Marcelo Henrique Oliveira. CARMO, João dos Santos.Contribuições da análise do comportamento à educação: um convite ao diálogo. Cad. Pesqui. [online]. 2013, vol.43, n.149, pp.704-723. ISSN 0100-1574. Acesso em 30 de out de 2018, disponível em :< http://dx.doi.org/10.1590/S0100-15742013000200016>.
LEITE, Dante Moreira. Educação e relações interpessoais. In: PATTO, Maria Helena Souza. Introdução à Psicologia Escolar. 3. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997. Cap. 1. p. 301-328.
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V Seminário de Habilidades Sociais acontece em agosto na cidade de Pirenópolis
O evento tem por objetivo divulgar as pesquisas e intervenções relacionadas à temática relações interpessoais, competência social e habilidades sociais
Em sua V edição o Seminário Internacional de Habilidades Sociais e Relações interpessoais (V SIHS) traz como tema: interfaces conceituais, metodológicas e aplicadas. O evento acontece de 11 a 14 de agosto de 2015 na Pousada dos Pireneus Resort em Pirenópolis.
O Seminario que ocorre bianualmente é proposto e organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) – Relações Interpessoais e Competência Social, articulado à Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP). Esse ano conta com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Clínica e Cultura (PPGPsicc) da Universidade de Brasília e do Programa de Pós-Graduação em Psicologia (PPGPsi) da Universidade Federal de São Carlos.
Para intensificar o intercâmbio entre estudantes, profissionais e pesquisadores nacionais e internacionais atuantes em diversas áreas, como a clínica, a saúde, a organizacional, a comunitária e a educacional serão utilizadas diferentes perspectivas teóricas e metodológicas.
O V Seminário Internacional de Habilidades Sociais ofertará 9 cursos durante o evento: 5 cursos na quarta-feira e 4 cursos na quinta-feira, com duração de 2 horas. Cada participante inscrito poderá assistir a 2 cursos sem qualquer custo adicional. Não haverá inscrição prévia. Basta escolher o curso e ir para o local no horário correto. Vagas disponíveis até completar a capacidade da sala.
Veja os cursos:
Curso 1. A COMPETÊNCIA SOCIAL NOS PROGRAMAS VIVENCIAIS DE HABILIDADES SOCIAIS – Almir Del Prette e Zilda A. P. Del Prette (Universidade Federal de São Carlos)
Curso 2. O PAPEL DA EMPATIA NA SAÚDE E NAS RELAÇÕES SOCIAIS – Eliane Mary De Oliveira Falcone (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Curso 3. RELACIONAMENTOS INTERPESSOAIS E HABILIDADES SOCIAIS EM ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS: ASPECTOS TEÓRICOS E PRÁTICOS – Adriana Benevides Soares (Universidade Salgado de Oliveira e Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Curso 4. O QUE É NECESSÁRIO SABER PARA DESENVOLVER COMPETÊNCIA SOCIAL COMO PARTE DAS HABILIDADES DE LIDERANÇA DE PROFISSIONAIS QUE OCUPAM POSTOS DIRETIVOS – Marilsa de Sá Rodrigues e Maria Júlia Ferreira Xavier Ribeiro (Universidade de Taubaté)
Curso 5. TÉCNICAS DE TREINAMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS E SUA APLICABILIDADE NA PRÁTICA CLÍNICA – Antônio Paulo Angélico (Universidade Federal de São João Del-Rei, MG)
Curso 6. PROGRAMAS DE HABILIDADES SOCIAIS NA ESCOLA: INTERVENÇÕES COM OS DIFERENTES ATORES DESTE CONTEXTO – Bárbara Carvalho Ferreira (Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Campus Diamantina) Talita Pereira Dias e Daniele Carolina Lopes (Centro Universitário de Votuporanga – UNIFEV; Universidade Federal de São Carlos – UFSCar)
Curso 7. AVALIAÇÃO DE HABILIDADES SOCIAIS DE CRIANÇAS UTILIZANDO O SSRS-BR2: QUESTÕES PSICOMÉTRICAS E PRÁTICAS – Lucas Cordeiro Freitas (Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil).
Curso 8. HABILIDADES SOCIAIS DE FAMILIARES CUIDADORES DE PACIENTES PSIQUIÁTRICOS E SUA RELAÇÃO COM A SOBRECARGA – Marina Bandeira (Universidade Federal de São João Del Rei)
Curso 9. MEDIDAS DE SAÚDE MENTAL E RELAÇÕES COM HABILIDADES SOCIAIS EM PROFISSIONAIS DE SAÚDE – Sonia Regina Loureiro e Karina Pereira Lima (Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-USP)
Para fazer inscrição ou verificar programação completa acesse aqui.
V Seminário Internacional de Habilidades Sociais acontecerá em agosto, em Pirenópolis (GO)
Divulgar as pesquisas e intervenções relacionadas à temática das relações interpessoais, competência e habilidades sociais. Além de intensificar o intercâmbio entre estudantes, profissionais e pesquisadores, este é o objetivo do V Seminário Internacional de Habilidades Sociais que será realizado entre os dias 11 e 14 de agosto de 2015, em Pirenópolis (GO).
Na programação estão inseridos cursos, simpósios, workshops, discussões em mesa-redonda, painéis, lançamento de livros, palestras e conferências, entre outras atividades. O evento também terá espaço para apresentação de trabalhos de profissionais graduados, professores, pesquisadores e estudantes do campo das habilidades sociais.
Para a submissão de trabalhos é preciso ficar atento aos critérios: cada participante inscrito poderá submeter três trabalhos como autor principal em diferentes modalidades (simpósio, mesa redonda e painel, por exemplo); a inscrição de trabalho deve ser precedida da inscrição no evento; e será condicionante à participação a aceitação da apresentação do trabalho no dia e horários definidos pela comissão organizadora; além disto, as propostas deverão se apresentadas em formato de resumo conforme normas estabelecidas pela organização. O período para inscrever trabalhos vai até 31 de abril de 2015.
As inscrições para o evento têm valores diferenciados de acordo com a da data e a categoria em que o inscrito se inserir. As informações completas quanto à programação, custos e atividades estão disponíveis no www.sihs.ufscar.br.
O V Seminário Internacional de Habilidades Sociais é um evento bienal organizado pelo Grupo de Trabalho (GT) – Relações Interpessoais e Competência Social, vinculado à Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP).