Robôs no cuidado a idosos: a empatia pode ser programada?

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Em 2013, o professor Jackson fez uma excelente síntese para o (En)Cena de algumas importantes pesquisas na área da robótica voltadas para questões de atenção à saúde (física e psicológica) [1]. Geralmente, as discussões que se seguem sobre esse tema vêm acompanhadas de sentimentos de incerteza, medo e angústia. O ser humano desde os tempos mais longínquos ama a tecnologia, mas também a teme, porque parece que quanto mais humanizada ela se torna (inclusive em seu formato), mais aqueles pesadelos gerados por alguns filmes/livros de ficção científica tendem a se tornar reais. Não vou me ater a esses medos, nem o que acho que eles significam. Nesta reflexão, baseada na matéria de Adam Satariano, Elian Peltier e Dmitry Kostyukov para o The New York Times (disponível em [2]), observo que a tecnologia está se tornando um meio inevitável para a criação de um amplo conjunto de serviços voltados para a atenção à saúde, e as pesquisas direcionadas para esse fim não podem estar de fora das discussões dos profissionais de saúde, nem das matrizes curriculares dos cursos de graduação nessa área.

Segundo [2], em quase todos os países, a população de pessoas mais velhas está aumentando. Assim, de acordo com uma pesquisa das Nações Unidas [2], o número de pessoas com mais de 60 anos vai mais que dobrar, para 2,1 bilhões, até 2050. E essas pesquisas são alguns dos fatores que fizeram com que grandes empresas de tecnologia robótica criassem propostas de valor que pudessem atender a esse tipo de necessidade do mercado a médio e longo prazo.

Foto de Dmitry Kostyukov

Em novembro de 2018, li uma matéria do NYTimes sobre o robô Zora [2], que até pode parecer um brinquedo (e, em alguns contextos, é), mas, nesta matéria, foi apresentado como tema central de um experimento científico em um hospital francês. Esse experimento está sendo realizado em um hospital que atende pacientes idosos com perda de função cerebral e que exigem atendimento 24 horas por dia. Com a pesquisa, eles tentam verificar como os pacientes reagem ao robô, ou seja, se Zora produz novos estímulos nesses pacientes e o quão esses estímulos são benéficos às suas condições. Para tanto, uma enfermeira do hospital supervisiona Zora, controlando-o por meio de um laptop. Assim, Zora pode estabelecer uma conversa com um paciente porque a enfermeira digita as palavras no laptop criando a fala do robô durante a conversação.

Para o pessoal do hospital, quando Zora chegou na enfermaria algo estranho começou a acontecer, “muitos pacientes desenvolveram uma ligação emocional, tratando-o como um bebê, segurando e exprimindo sentimentos de carinho e ternura, dando-lhe beijos na cabeça” [2]. O que mostra, mesmo sem uma análise dos dados da pesquisa, que no primeiro momento Zora pôde ser uma companhia diferente, ao invés de estar ali para cuidar deles, pelo seu tamanho e seu aspecto, parecia querer (e precisar) de seus cuidados. Alguns pacientes referem-se a Zora como “ela”, outros “ele”. Não foi citado na matéria se isso tem relação ao tipo de relação estabelecida, por exemplo, se o robô aciona lembranças do paciente relacionadas a seus filhos quando estes precisavam dos seus cuidados. De certa forma, a solidão tem várias camadas, talvez a pior delas, é aquela que te conduz à reflexão em relação à sua função no mundo.

Foto de Dmitry Kostyukov

Para alguns enfermeiros e outros profissionais do hospital, Zora é uma ferramenta supérflua, pois não pode executar as ações que um humano estaria habilitado, por exemplo, verificar a pressão arterial, trocar a roupa da cama, dar os remédios nos momentos certos. Para alguns deles, o robô apenas “mantém os pacientes ocupados”. Uma das enfermeiras enfatizou que “não deixaria um robô alimentar os pacientes, mesmo que estes pudessem, pois os humanos não devem delegar esses momentos íntimos às máquinas”, e acrescentou que “nada jamais substituirá o toque humano, o calor humano que nossos pacientes precisam” [2].

A robótica ainda tem um longo caminho para criar robôs com um grande conjunto de características humanas, inclusive com aparência humana, mas se nos voltarmos ao “manter os pacientes ocupados”, podemos ter outras reflexões: será que os pacientes deixaram Zora compartilhar suas vivências pois viram nele um tipo de companhia que não via nos profissionais do hospital ou mesmo em suas famílias? Ou será que estabelecer o contato com Zora lembrou-lhes um outro tipo de convivência, aquela que existia antes de serem apenas pacientes? Por exemplo, foi relatado na pesquisa que os pacientes contaram ao robô coisas sobre sua saúde que não compartilhavam com os médicos. Em uma dessas histórias, “uma mulher que tinha contusões nos braços e não contava à equipe do hospital o que havia acontecido, compartilhou com Zora que ela havia caído da cama enquanto dormia” [2].

Foto de Dmitry Kostyukov

Uma paciente que está no hospital há mais de um ano, uma senhora de 70 anos, disse que Zora “traz alguma alegria em nossas vidas aqui”. E acrescentou: “nós a amamos e sinto falta dela quando não a vejo. Eu realmente penso nela com bastante frequência” [2]. Sei que essas demonstrações de afeto para um robô, que está sendo guiado por alguém que observa à distância, pode parecer cenas de um futuro distópico, em que nosso afeto é repassado às máquinas por falta da proximidade entre humanos, ou pela solidão originada do abandono.

Ao mesmo tempo que essa ideia pode parecer uma potencial realidade melancólica e absurda em certos aspectos, o investimento em estudos relacionados a isso é real. Em algumas décadas, grande parte da população mundial estará envelhecida. Estamos vivendo mais e precisamos de cuidados por mais tempo. Assim, talvez seja correto presumir que não haverá tantos humanos interessados em fazer o papel de cuidador, ou mesmo que nem numericamente isso seja possível. Logo a evolução tecnológica nesse sentido parece ser inevitável (e necessária).

Foto de Dmitry Kostyukov

Mas, por enquanto, ainda penso em Zora e como este, ao final do dia, volta para sua caixa em um armário na sala de uma das secretárias do hospital. É meio assustador que um ser não vivo seja lembrado com carinho, seja aguardado com alegria, seja querido como se fosse uma criança, confidente como se fosse um amigo, amado como se fosse um filho. Li uma vez que no epitáfio do escritor americano Raymond Carver está escrito o seguinte diálogo: “ – E, afinal, você conseguiu o que queria dessa vida? – Consegui. – E o que você queria? – Considerar-me amado, me sentir amado nessa terra”. Parece-me cada vez mais que sentir-se amado está relacionado à capacidade de conseguir amar e, especialmente, de ser necessário a alguém. Neste sentido, entendo (e muito) os sentimentos que Zora produziu naquelas pessoas. E, novamente, volto a pensar na frase da enfermeira, de que o robô apenas ocupa o tempo dos pacientes. Talvez seja esse o tempo que nos falta, o tempo de convivência que permita às pessoas idosas e doentes ter novamente a possibilidade de sentir-se necessárias a alguém.

Referências:

[1] https://encenasaudemental.com/comportamento/insight/eu-um-robo-a-codificacao-da-empatia/

[2] https://www.nytimes.com/interactive/2018/11/23/technology/robot-nurse-zora.html

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Robô Victor, uma simples IA ou um futuro juiz?

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Um robô seria capaz de ditar sentenças de um caso?

Victor é uma inteligência artificial criada para agilizar os processos jurídicos no Supremo Tribunal Federal que custou cerca de R$ 1,6 milhões [2][5]. Recebeu esse nome em homenagem a Victor Nunes Leal, ministro do STF entre os anos de 1960 e 1969, autor da obra “Coronelismo, Enxada e Voto” de 1948 e principal responsável pela sistematização do STF, o que facilitou a implantação de uma inteligência artificial dentro do meio jurídico [3].

Victor, a Inteligência Artificial do Supremo Tribunal foi desenvolvida pela agência de tecnologia do STF em parceria com a Universidade de Brasília, como uma ferramenta para acelerar os processos que aguardam julgamento nos tribunais do país, uma solução hábil que garante ganhos de tempo para todos que a utilizam. Mas a pergunta que não quer calar, uma IA seria capaz de ditar uma sentença e substituir os juízes e advogados que fazem parte da Ordem dos Advogados do Brasil?

Calma, a pergunta será respondida. Mas qual a necessidade de implantar uma IA em uma ciência que tangencia inexoravelmente os valores morais que sustentam as sociedades humanas?

Com a crescente demanda de ações judiciais em todo o Brasil e com a necessidade de respostas rápidas e adequadas para os cidadãos que buscam prestação jurisdicional efetiva, o STF concentrou seus esforços para buscar meios eficientes que automatizassem a resolução de ações repetitivas. Isso foi feito com o devido amparo dos princípios constitucionais do processo legal e buscando a celeridade processual.

Victor não é uma máquina que dita sentenças ou decide sobre a vida de uma pessoa, isso é uma atividade humana. O robô utiliza um algoritmo baseado em Machine Learning (Aprendizado de Máquina) com a finalidade de analisar casos semelhantes e agilizar o processo de buscas por casos que podem ter a mesma avaliação judicial, para aumentar a velocidade dos trâmites dos processos e auxiliar o trabalho do STF.

Para obtenção de um bom desempenho da IA, foi realizada uma separação das peças de acordo com o tema de repercussão, com isso foi possível identificar cinco peças processuais: acórdão, recurso extraordinário, agravo de recurso extraordinário, despacho e sentença [4]. Através da separação das peças foi possível utilizar os conjuntos de dados a serem treinados para que o Victor pudesse reconhecer padrões na base de dados do STF e, consequentemente, encontrar as peças processuais semelhantes.

Machine Learning, segundo a IBM [1], é uma tecnologia que possibilita aos computadores aprenderem através da associação de respostas por meio de diferentes conjuntos de dados, podendo ser imagens, vídeos, números ou qualquer outro tipo de dados que o computador possa interpretar. Essa tecnologia permite que os computadores sejam treinados e melhorados à medida em que forem tendo experiências com os dados acessados. Após a etapa de treinamento o sistema baseado em Machine Learning será capaz de aprender sozinho, resultando em uma maior precisão dos resultados em um menor período de tempo.

É inegável que novas tecnologias têm ganhado espaço em todas as áreas do conhecimento. Para as ciências jurídicas não seria diferente, embora, esse fenômeno cibernético ainda seja controverso para o mundo jurídico. De um lado existem entusiastas da tecnologia no Direito, os quais acreditam que a Inteligência Artificial poderá revolucionar a área eliminando especialmente discordâncias e disparidades epistemológicas típicas de uma ciência humana e social. Nesse sentido, um robô seria capaz de ditar sentenças em um processo de modo absolutamente técnico e racional. Por outro lado, também há posicionamentos mais tradicionais sobre essa discussão. Para esse público, a possibilidade de uma máquina decidir os rumos de uma lide é absolutamente inconcebível. No entender destes tradicionalistas a “magia do Direito” se encontra no seu dinamismo, elemento esse que possibilita discordâncias ferozes, debates acalorados e mudanças de paradigmas que movimentam as ciências jurídicas intensamente.

Para aqueles que já possuem o famigerado poder de império, não parece razoável ver sua força decisória se esvaziar em favor de uma máquina ou programa de computador. Retomando o questionamento inicial deste ensaio, talvez não haja uma resposta correta, mas sim uma que seja possível em um dado tempo e espaço. Concretamente, tem-se que a utilização do robô Victor, no STF, assim como em outros tribunais brasileiros, não está programada para prolatar juízos terminativos ou definitivos, essa tecnologia visa apenas auxiliar na tramitação dos processos e aumentar a velocidade da avaliação judicial, separando e identificando as peças contidas nos documentos que chegam ao STF, a fim de facilitar a vida dos ministros.

Usar de recursos tecnológicos como robôs para auxiliar os trâmites processuais é uma jogada excepcional para área do conhecimento que, por vezes, ainda resiste às novas tecnologias e parece pouco interessada em reverter seu status quo.

Portanto, como fechamento desta reflexão fica o seguinte questionamento: pode haver um futuro juiz digital?

Referências

[1] https://www.ibm.com/br-pt/analytics/machine-learning

[2] https://cryptoid.com.br/banco-de-noticias/victor-e-o-nome-do-robo/

[3] https://portal.tce.go.gov.br/-/inteligencia-artificial-chegou-ao-stf-com-victor

[4] https://www.advogatech.com.br/blog/@NayaraAzevedo/victor-o-primeiro-projeto-de-inteligencia-artificial-do-stf-qs3oyyu

[5] https://bernardodeazevedo.com/.

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Conheça Robin, um robô criado para ajudar crianças em hospitais

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Robin é um robô com cerca de 1,20m de altura e é feito de bioplástico reciclável que pode ser facilmente esterilizado com luz ultravioleta ou outros desinfetantes para minimizar o risco de propagação de vírus. Foi desenvolvido pela Expper Technologies e chegou ao mundo para revolucionar a interação humana (KART, 2020).

Não é de hoje que as crianças gostam de tecnologias, imagina robôs então? Elas adoram! E crianças doentes agora podem se beneficiar com robôs no hospital. Um companheiro robô chamado Robin foi testado em uma clínica pediátrica na Armênia, onde interagiu com crianças doentes e pesquisadores relataram um aumento no apetite e na alegria de pacientes jovens após interações com o robô.

Robin é o primeiro robô a usar a interação entre pares para ajudar as crianças a superar estresse e ansiedade. Para tanto, utiliza tecnologia de ponta da  Expper Technologies, que é baseada em inteligência artificial. Ele consegue estabelecer interações emocionais entre pares com crianças

A tecnologia analisa as expressões faciais e o contexto das conversas. Ele se move com um sistema de rodas omnidirecional e usa sua “face” para exibir emoções com uma variedade de expressões. Tudo isso significa que o robô pode reagir naturalmente a situações e interações com crianças, diz seu criador. Karen Khachikyan, CEO e fundadora da Expper Technologies, disse: “Nosso objetivo é mudar a percepção das crianças sobre os tratamentos médicos, assim elas não se sentirão mais isoladas, solitárias e com medo”.

Quanto a “fazer as crianças se sentirem melhor”, Expper disse que um estudo piloto de dois meses envolvendo mais de 100 crianças na Clínica Wigmore, Hospital Nork Marash e Clínica Avanta (todas na Armênia) coletou dados relacionados aos seus comportamentos para verificar informações sobre níveis de estresse e dor, e os resultados foram satisfatórios.

Khachikyan disse em uma entrevista que “crianças que recebem tratamento longo e doloroso no hospital muitas vezes não têm apetite e algumas tendem a ser silenciosas e indiferentes”. A empresa pôde verificar com o acompanhamento das interações entre crianças e robô, que mais de 26% da felicidade dos entrevistados aumentou e seu estresse foi reduzido em 34% (KART, 2020). Acrescentou ainda que o ambiente em exposição foi muito bom e todas as crianças que interagiram com Robin demonstraram interesse em vê-lo novamente.

Fonte: Divulgação Expper Technologies

A equipe médica também gostou do resultado, pois afirmou que Robin poderia permitir que as crianças participassem de um ambiente cooperativo, melhorando a comunicação, permitindo que equipes hospitalares e clínicas concluíssem seu trabalho com mais facilidade e diminuindo a frustração.

Mas aí vem a pergunta: “Até onde Robin pode ir?” Atualmente, vivemos em uma pandemia global. As crianças estão (ou ficaram) isoladas por muito tempo em suas casas, e aquelas que tiveram necessidade de ficar em um hospital vivenciaram isso de forma ainda mais intensa. O número de atendimentos é limitado e a interação da equipe médica teve que ser reduzida, então o que aconteceu? “Os hospitais estão procurando soluções para ajudar as crianças a lidar com o isolamento, a solidão e o estresse”, diz o CEO da Expper. E Acrescentou que, “como Robin já provou sua eficácia na redução do estresse e ansiedade e no apoio às crianças, os hospitais agora podem fornecer melhor suporte emocional às crianças sem qualquer contato humano direto. Além disso, Robin está lá para as crianças 24 horas por dia, 7 dias por semana, para apoiar a qualquer hora”.

Khachikyan disse que esta tecnologia permite que Robin se comporte como um companheiro. Você pode jogar jogos interativos, contar histórias e piadas interessantes … e isso vai além! Ele é capaz de explicar procedimentos médicos complicados de forma simples, ajudando a acalmar as crianças.

Fonte: Divulgação Expper Technologies

O objetivo da Exper é lançar o Robin nos principais hospitais e clínicas odontológicas da Califórnia até o final do ano, permitindo que os locais usem o Robin por uma taxa de assinatura mensal, trazendo conforto para crianças e profissionais da área. Um PowerPoint apresentado em uma palestra sobre nosso amiguinho virtual, indicou que o mesmo poderá ser adquirido a uma taxa por unidade por mês para usá-lo, observando que a empresa espera alugar até 10 robôs por hospital (há mais de um Robin?! SIM!).

Robin, o pequeno “robô” feito de metais e plásticos refinados mostrou que é capaz de transmitir muito calor e afeto. Mais que uma ideia, Robin é uma necessidade, pois além de ser capaz de contar histórias e levar jogos interativos às crianças ao redor do globo, o mesmo ajuda na recuperação física e psicológica dos pacientes.

O “gigantesco” aglomerado de códigos de codinome Robin leva também a saudade, o carinho e a esperança de dias melhores aos pequenos frutos da humanidade, pois como dito por outro grande herói “a noite é sempre mais escura antes do amanhecer” (Batman, o cavaleiro das trevas). E Robin continua a trazer amanheceres à vida das pessoas.

Fonte: Divulgação Expper Technologies

REFERÊNCIAS

KART, J. Robin The Robot Comforts Kids In Hospitals, Can Help With Covid-19. Forbes, 2020.

ZAP. Chama-se Robin , é um robô e visita hospitais para ajudar as crianças a sentirem-se melhores. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=TuokwrCGBKc>. Acesso em: 20 nov. 2021.

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Eu, um robô? – A codificação da empatia

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O aumento do nível de expectativa de vida demonstra que as pessoas estão ficando mais velhas; consequentemente, aumenta-se a carga de trabalho e necessita-se de meios para proporcionar aos idosos uma vida mais digna. Uma das etapas deste processo é o cuidado com os idosos. Em termos de mercado, é um nicho repleto de oportunidades para especialistas em medicina, fisioterapia, educação física e psicologia, por exemplo. Entretanto, a realização de tarefas repetitivas tende a ser, cada vez menos, responsabilidade de pessoas. A utilização de robôs para tarefas de cuidados com idosos é uma realidade. A questão atual é como as pessoas vão interagir com estes robôs, ou seja, como será a interface homem-robô.

Figura: cena do filme “Robot & Frank” (Jake Schreier, 2012)

A pesquisadora Maja Mataric, do Centro de Robótica e Sistemas Embarcados da Universidade de Santa Clara, destaca alguns pontos neste contexto [1]:

  • Pessoas reagem a robôs de forma diferente a outra tecnologia. Fatores como tamanho, peso, voz e forma do corpo afetam diretamente a maneira como as pessoas interagem com robôs
  • A personalidade do robô é um fator determinante, porque pessoas tendem a interagir mais com outros que têm personalidade similar
  • Pessoas podem responder melhor a robôs do que a outras pessoas. Maja relata um caso em que uma mulher, vítima de um AVC, se sentiu mais encorajada pelo robô do que por seu marido. Ela também considera que crianças autistas possam interagir melhor com outras pessoas se houver um robô presente.
Uma pesquisa do Laboratório de Fatores Humanos e Envelhecimento [2], da Georgia Tech, demonstrou que idosos preferem robôs para algumas tarefas (como lavar roupa ou lembrar de tomar um remédio), enquanto preferem pessoas para outras (como comer, vestir-se ou ligar para a família e amigos). A pesquisa concluiu que o ajuste de preferências é um fator-chave para a eficácia de robôs assistentes. Outra conclusão é que idosos são considerados “late adopters” (demoram para adotar) de tecnologia e, por este motivo, podem ter dificuldade para se adaptar ao uso de robôs em tarefas que considerariam pessoais e sociais e realizadas por pessoas. Entretanto, a expectativa é que isso mude com o passar do tempo, já que a presença de robôs no ambiente social tende a aumentar e, com isso, a percepção da tecnologia, e a sua adoção, sejam realizadas mais cedo e perdurem até a fase da melhor idade.

Pesquisadores do Instituto de Ciências Cognitivas e Tecnologia, em Roma, Itália, desenvolveram um estudo que concluiu que a aceitação de robôs tem relação não apenas com os benefícios que proporcionam, mas com três fatores complexos: os componentes cognitivos, afetivos e emocionais das imagens que as pessoas formam sobre robôs. Ainda, a pesquisa destaca que a idade é um fator preponderante [3].

Se a relação entre humanos e robôs tem suas complicações no nível de trabalho, o que dizer das complicações no nível sentimental? O pesquisador Hooman Samani, da Universidade Nacional de Singapura, desenvolveu o termo “lovotics” e acredita que seja possível projetar o amor entre humanos e robôs. A pesquisa de Samani usa uma Inteligência Artificial complexa para simular os sistemas psicológicos e biológicos dos seres humanos que tem relação com o sentimento “amor”. Para fazer isso, os robôs são equipados com versões artificiais dos “hormônios do amor” – Ocitocina, Dopamina, Serotonina e Endorfina [4].

O pesquisador David Levy vai além disso, afirmando que o nível de aceitação de robôs tende a crescer tanto que um “casamento entre um humano e um robô” não será impossível [5]. Quando o prof. Levy fala de “casamento” usa o sentido estrito da palavra, o que inclui relações não apenas afetivas, mas também sexuais. Se a pesquisa do prof. Levy ainda deixa muita gente assustada com os avanços tecnológicos (eu sou um deles) isso, pelo menos, nos leva (ou deveria) a refletir sobre o significado de elementos humanos que têm perdido o sentido ultimamente. O que é o amor? O que é o sexo? O que é afeição?

Figura: Robôs Geminoid F, da Universidade de Kyoto

Entretanto, as pesquisas nesta área estão longe de um consenso. Há um paradoxo que os pesquisadores chamam de “uncanny valley” (algo como “vale misterioso”) que representa um lapso na forma como humanos concebem a interação com robôs que têm características humanas, que tem a ver com dois parâmetros: familiaridade psicológica e similaridade com humanos. Na medida que aumenta similaridade com humanos, aumenta também nossa familiaridade ou afeição. Entretanto, na medida que os robôs adquirem mais características parecidas com humanos, nossa afeição diminui e começamos a sentir medo e repulsa [6].

O problema do “uncanny valley” é, então, uma questão de balanceamento. Pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego (UCSD), utilizaram exames de fMRI (ressonância magnética funcional) para tentar descobrir o momento exato em que surge o “uncanny valley”. Testaram um grupo de pessoas, que olhavam três coisas diferentes: um humano, um robô mecânico e um robô similar a um humano. A pesquisa mostrou que há um problema entre duas atividades neuronais: reconhecer uma face similar a um humano e reconhecer diferentes tipos de movimentos. Esta falha cria uma sensação de repulsa similar à que a pessoa tem ao ver um filme de zumbis.

Figura: Robô iClub, que tem habilidades motoras avançadas que o permitem pegar e manipular objetos. Ele interage e aprende com o ambiente de forma semelhante a uma criança de dois anos de idade [7]

E se, ao invés de considerarmos robôs, considerarmos outros objetos, tecnológicos ou não, e a forma como lidamos com eles? Se você já usou um computador (smartphone, tablet etc.) antes de ler este texto ou o faz neste momento, tenho quase 100% de certeza que já conversou com o equipamento que está a sua frente como se fosse uma pessoa. “Ah, hoje você não quer cooperar, não é seu …”, ou “Ah, tudo bem, agora tenho que aguardar porque ele está pensando”. E se trocarmos esse “equipamento” por algo vivo, como uma planta, um animal de estimação ou até mesmo um bebê, que não entende coisa alguma dos milhares de gestos e grunhidos que você faz para chamar sua atenção?

Esta característica é a mesma que nos faz repetir este comportamento com outros objetos de valor sentimental. Tudo bem, há alguns destes objetos que você deixa na sala de jogos (joga lá e só vai lembrar 20 anos depois, se é que vai lembrar), bem como há aqueles objetos que nos despertam tamanha afeição que somente o fato de saber exatamente onde e em quais circunstâncias estão é que nos deixa satisfatoriamente calmos.

A característica que destaco é a empatia. Pode ser justamente o desenvolvimento da empatia (e é nisto que apostam os pesquisadores) o que vá fazer com que o “uncanny valley” possa ser atravessado de forma segura, representando maiores níveis de aceitação dos robôs. Níveis extremos de empatia levam ao ciúme, e isso é o que explica não apenas algumas DR entre casais mas também porque você escolhe não emprestar livros (talvez o mesmo valha para sua escova-de-dentes, mas há outros fatores envolvidos [também]).

Outro pesquisador de destaque no cenário da robótica é Rodney Brooks, do Laboratório de Ciência da Computação e Inteligência Artificial do MIT. Algumas considerações do prof. Brooks são [8]:

  • Robôs invadirão nossas vidas, e isto é fato e é inevitável.
  • Humanos temem robôs porque descobriram que não são especiais (afinal, há pesquisas que indicam que nós e outros animais compartilhamos a mesma árvore genealógica, bem como temos menos genes que uma batata).
  • Humanos estão tão dependentes da tecnologia que caminham na direção de se tornarem seres com características de robôs (no sentido do uso de hardware ou software utilizado para apoiar tarefas humanas).
  • O maior desafio da pesquisa atual na robótica é a HRI (Human-Robotics Interface, ou interação homem-robô), pois, sendo inevitável a presença de robôs, a questão agora é como criar interfaces que permitam que pessoas possam interagir com robôs de formas apropriadas.
Figura: Baxter, um robô industrial criado para trabalhar com humanos [9]

Um dos resultados das pesquisas do prof. Brooks é Baxter, um robô criado para quebrar o paradigma de robôs industriais como grandes, pesados e, possivelmente, perigosos. Baxter trabalha junto com uma pessoa, responde a ações dela, não a machuca e aprende com o que a pessoa quiser lhe mostrar (dentro de suas limitações, obviamente).

Recentemente, algumas áreas de pesquisa começaram a surgir no campo da robótica que seriam, há alguns anos, pouco usuais ou, no mínimo, coisa de cinema. Com base em técnicas avançadas de psicologia e neurociência, o Instituto para Tecnologias Criativas, da Universidade do Sul da Califórnia, criou o “terapeuta virtual”. Segundo o prof. Skip Rizzo, o software não é um substituto para um atendente real, mas pode ajudar a preencher lacunas e ajudar pessoas a obter o tratamento que necessitam [10]. A psicologia humana pode ser ensinada utilizando robôs, por meio do desenvolvimento computacional de modelos psicológicos e cognitivos, é o que afirma o prof. Todd Guericks, da Universidade de Nova York [11]. A psicologia de robôs é estudada por pesquisadores como Andrea Kuszewski, da Syntience, em São Francisco. Andrea desenvolveu a ideia da “robopsicologia” depois de estudar crianças com autismo (e fazer humanos se sentirem menos como robôs) e afirma que paradigmas de aprendizagem que funcionam com humanos também se aplicam a robôs [12].

Se a preocupação com a interação homem-robô é uma verdade, então é também a forma como se lida com robôs, ou seja, a chamada “roboética” [13]. A grande questão desta área é como, em um futuro próximo, lidaremos com questões éticas e morais a respeito do uso de robôs. Aí você se pergunta: mas eles não são apenas máquinas frias e sem coração?

Retornando à pesquisa de David Levy, sua justificativa para afirmar o “casamento” entre homem e robô parte de uma premissa antiga e fundamental na computação e na robótica: o Teste de Turing. O britânico Alan Turing (considerado o “pai” da computação inteligente) desenvolveu um teste para validar a inteligência de um equipamento: coloca-se uma pessoa e um equipamento, cada um, em uma sala; os dois devem desenvolver um diálogo. O nível de inteligência do equipamento é proporcional à percepção da pessoa de que do outro lado da sala se encontra, também, uma pessoa.

A questão do prof. Levy seria, então: se os robôs expressam habilidades e características humanas e a afeição das pessoas por eles cresce continuamente, por que não considerar tais elementos como além de máquinas e melhorar nossa habilidade de relacionamento com aquilo que é, por si mesmo, uma criação, uma réplica, uma imagem de nós mesmos? Se você não tiver se dado por satisfeito com esta questão, pode-se deduzir, da pesquisa do prof. Levy, que outra questão é: o que nos torna humanos e o que nos faz nos considerar como tais?

Em uma palestra intitulada “Living machines: can robots become human?” (máquinas vivas: robôs podem se tornar humanos?) [14], o prof. Brooks e a profa. Rosalind Picard (também do MIT, que desenvolve pesquisas na área de Computação Afetiva) discutem sobre o tema da robótica na sociedade. Como já apresentei o ponto-de-vista do prof. Brooks, a profa. Picard destaca que:

  • A definição de “humano”, inclusive a que se encontra em dicionários, é falha em inúmeros aspectos, como, por exemplo, considerar apenas a questão funcional e mensurável de atributos e fatores humanos.
  • A certo ponto contradizendo o Teste de Turing, uma lista de atributos funcionais não torna um robô uma pessoa, o que também questiona o que consideramos por “inteligência”.
  • Além da recriação da “imagem e semelhança”, uma pessoa tem, além da parte física, a parte espiritual, conforme imagem e semelhança do seu Criador.
  • Em todas as pesquisas da computação afetiva, há ainda uma distância muito grande para o que seria considerado ideal de representação de emoções (mesmo com os mais recentes avanços da psicologia em mapear e reproduzir padrões de comportamento) e há fatores que não se sabe ao certo se são possíveis de reproduzir.

 

Figura: o mais famoso dos “smiles” (carinhas)

Ao olhar para a figura anterior sua primeira impressão é de que o símbolo representa alegria, certo? Afinal, estão presentes ali todas as características de expressão de alegria, como um sorriso e os olhos levemente alongados. Entretanto, o que garante que a imagem expressa realmente um sorriso? Então você se lembrou que há o tal do sarcasmo, do cinismo e da mentira? Segundo a profa. Picard, estamos muito longe de conseguir mapear estas características.

Não vou entrar na questão do medo do robô substituir a força de trabalho, embora esse seja um assunto também pertinente e suficiente para um texto só para si, então, se quiser ler mais sobre isso, recomendo começar daqui: http://www.wired.com/gadgetlab/2012/12/ff-robots-will-take-our-jobs/all/.

Até aqui falamos, praticamente, da robótica em seu nível físico, embora todo o trabalho de computação afetiva e interação homem-robô não tenha em mente apenas aspectos desta natureza. Entretanto, outro fator a considerar são os robôs de software. Pode ser que você tenha vindo parar aqui depois de uma pesquisa na internet, aliás, sejamos sinceros, como mais de 80% das pessoas que fazem esta atividade, você ter usado o Google. Então, você já se perguntou como seria sua vida sem uma ferramenta de busca na internet como o Google? De forma bem básica, uma ferramenta de busca “varre” a internet e indexa seu conteúdo, armazenando dados e informações estatísticas para que sua busca seja mais rápida e mais precisa, conforme os termos que você utilizar para pesquisar. Esta varredura é realizada por um software que, por causa das suas características, que incluem autonomia, é chamado de “robô” (ou simplesmente “bot”).

Isso tudo é muito interessante. Você mesmo deveria fazer esta tarefa. Deveria manter um registro de sites que acessa, quais as páginas que eles têm e de quais assuntos cada um trata. Entretanto, esta é uma tarefa cansativa e tediosa, não é? Então é melhor deixar isso para um robô. Você, como eu, usa mais da robótica do que pensa. E, não tenho dúvidas, está mais acostumado com isso do que poderia imaginar.

Ao fazer a pesquisa no Google, então, não apenas os resultados da pesquisa são resultados de uma atividade de um robô, bem como os anúncios patrocinados se apresentam, cada vez mais, conforme as suas preferências.

Preferências? Ok, talvez você não tenha preenchido algum questionário informando do que você gosta, mas você, que faz uma busca no Google, muito provavelmente usa o Gmail, certo? Também deve utilizar um smartphone, não é? Da mesma forma, é bem provável que tenha uma conta no Facebook ou no Twitter, correto? Bom, a computação evoluiu ao ponto de melhorar bastante a interface homem-computador. Não é necessário um formulário para coletar suas preferências. Basta que você tenha uma conta online, e que a utilize, para que uma empresa possa utilizar algum mecanismo para descobrir informações sobre você. Seus gostos, suas preferências, e as preferências e gostos das pessoas ao redor de você, que também têm uma conta online. Assustador? Bom, você e eu já fazemos isso há tempos.

Uma área de pesquisa da computação que não é nova, mas tem crescido bastante, principalmente quando integrada ao Marketing e Mídias Sociais, é a de Sistemas de Recomendação. É um algoritmo, um software, que decide tanto a ordem dos resultados em uma pesquisa quanto de quais amigos você recebe notificações na rede social.

A filosofia (e não só isso) por trás da necessidade de robôs ou de humanos-robôs é bastante extensa. Não seria um texto curto (!) como este que conseguiria se aproximar do necessário para um conjunto suficientemente grande de informações a respeito deste assunto. Entretanto, gostaria de concluir com algumas considerações

“Para que serve o coração, senão uma mola; os nervos, senão outras tantas cordas; as juntas senão outras tantas rodas, imprimindo movimento ao corpo todo”
(Thomas Hobbes, 1588 – 1679)

Figura: Wall-E e EVE, em cena da animação “Wall-E” (Pixar, 2008)

Gosto muito (mesmo) de um filme de animação da Pixar chamado Wall-E (Andrew Stanton, 2008). Na história, a humanidade precisa abandonar a Terra porque o ambiente se tornou hostil. Depois de um tempo, um robô (Wall-E) encontra uma planta, bem como, quase ao mesmo tempo, se apaixona por Eve, um robô enviado à terra para tarefas de reconhecimento. Wall-E é então levado para a espaçonave Axiom, que abriga a humanidade (ou o que restou dela) e, depois de uma série de eventos, consegue que a planta chegue até um receptáculo que, processado por um computador, indica o momento de a humanidade retornar à Terra. Como é um filme sobre robôs, nada mais apropriado do que ser abordado em um texto que fala sobre robôs. Entretanto, se você chegou até aqui pensando que o objetivo do texto é falar sobre robôs, bem como o filme, permita-me esclarecer: não é sobre robôs, é sobre pessoas. Entre os muitos assuntos que o filme trata, esta é exatamente a percepção: destacar características de pessoas que têm se perdido com o tempo e que precisam de um robô (uma imagem do humano) para lembrar do que realmente importa.

Figura: Maria e João, personagens do filme Wall-E (Pixar, 2008)

E o que importa? Bom, neste texto falamos sobre vários assuntos: pessoas que precisam de ajuda e outras que precisam ajudar; pessoas que precisam de carinho e afeto, bem como pessoas que precisam aprender o que isso significa; pessoas que precisam entender quem são e o que as torna o que são. Maria e João, personagens de Wall-E retratam e destacam a caricatura de humanidade que vivia em Axiom. Extremamente consumistas e apegados à tecnologia, não enxergam quem está ao lado a não ser que seja por meio de equipamentos tecnológicos. Você já observou um grupo de jovens ou um casal em um restaurante ou em uma lanchonete? Necessitamos de telas para sobreviver. Necessitamos de telas para nos relacionar. Necessitamos de máquinas para nos tornar mais espertos, fortes e ágeis. A grande pergunta é: até que ponto isso, realmente, nos torna pessoas melhores? Chegaremos ao ponto de, como no filme, levarmos um “puxão de orelha” de um robô para nos lembrar de que somos humanos, demasiado humanos?

 

Referências: 

[1] http://futureblogger.net/futureblogger/show/1329-socially-assistive-robots-the-psychology-of-robotic-helpers

[2] http://www.redorbit.com/news/technology/1112731852/robot-assistant-interview-smarr/

[3] http://dl.acm.org/citation.cfm?id=1104628

[4] http://www.extremetech.com/extreme/88740-lovotics-the-new-science-of-human-robot-love

[5] http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/casamento_entre_humanos_e_robos__uma_entrevista_com_david_levy.html

[6] http://www.telegraph.co.uk/technology/10472967/Robots-the-uncanny-valley-and-learning-to-love-the-alien.html

[7] http://www.theguardian.com/technology/2013/sep/15/robot-almost-human-icub

[8] http://www.ted.com/talks/rodney_brooks_on_robots.html

[9] http://www.wired.com/gadgetlab/2012/12/ff-robots-will-take-our-jobs/all/

[10] http://saude.ig.com.br/minhasaude/2013-05-29/universidade-americana-cria-psicologo-virtual.html

[11] http://gureckislab.org/blog/?p=3121

[12] http://blogs.discovermagazine.com/crux/2012/02/07/i-robopsychologist-part-1-why-robots-need-psychologists

[13] http://portalcienciaevida.uol.com.br/esfi/Edicoes/62/artigo227439-1.asp

[14] http://www.veritas.org/talks/living-machines-can-robots-become-human/

 

Saiba mais:

http://faculty.washington.edu/pkahn/articles/495_kahn.pdf

http://www.vsdesign.org/publications/pdf/407_kahn.pdf

http://web.mit.edu/zoz/Public/libin%20-%20pri.pdf

http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.97.7638&rep=rep1&type=pdf

http://www.theconnectivist.com/2013/05/manipulative-machines-why-we-love-robots/

http://informatics.indiana.edu/course/i400/Main.html

http://listverse.com/2013/06/02/10-psychological-theories-that-prove-were-mindless-robots/

http://super.abril.com.br/tecnologia/internet-esconde-voce-647363.shtml

http://www.asimovonline.com/oldsite/future_of_humanity.html

http://www.robothalloffame.org

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