O equilíbrio entre razão e emoção está na capacidade de reconhecer e avaliar os sentimentos

Compartilhe este conteúdo:

A busca pela inteligência emocional tem tido novos adeptos; cansadas de terem o emocional como uma pedra de tropeço, em suas relações interpessoais, as pessoas têm procurado ajuda, para vencer este tipo de barreira, que se torna um conflito eterno. E para quem ainda não conhece sobre o assunto, a inteligência emocional é a capacidade do indivíduo em lidar com suas emoções diariamente. Goleman, Macke e Boyatzis (2018), explicam que a inteligência emocional pode ser entendida como “ser inteligente em suas emoções”. Ou seja, é preciso ter o controle de suas emoções para o desenvolvimento emocional saudável e colaborativo.

Os autores supracitados apontam que a inteligência emocional deveria ser cultivada na fase da infância, não somente dentro de casa, mas também nas escolas. “A educação deveria também incluir habilidades de inteligência emocional que incentivam a ressonância”. Para ele, quanto mais pessoas buscarem habilidades emocionais, maior será o ganho social, ou seja, uma haverá uma diminuição dos males sociais, e como consequência a redução da violência e do consumo de drogas. “As comunidades seriam beneficiadas por níveis mais altos de tolerância, bondade e responsabilidade pessoal.” Goleman, Macke e Boyatzis (2002).

Mayer e Salovey (1997) definem a inteligência emocional como a capacidade de perceber e avaliar, bem como gerar emoções facilitadoras de pensamentos, que possibilitam o seu controle para o desenvolvimento emocional e intelectual. Clareza emocional, conhecimento emocional e percepções das emoções são algumas das características que o indivíduo com inteligência emocional detém. (Mayer e Salovey, 1990).  Para os pesquisadores, as pessoas emocionalmente inteligentes escolhem melhor o caminho de suas ações quando inseridas em encontros sociais, justamente por saberem guiarem suas emoções. “Saber gerenciar as emoções pode ajudar as pessoas a nutrirem afetos positivos, e enfrentar o estresse.” (Mayer e Salovey, 1997)

Fonte: encurtador.com.br/eqA26

Goleman (2011) aponta que a inteligência emocional está relacionada com o autodomínio de suas emoções, e enfatiza que as pessoas quando bem humoradas possuem uma capacidade de reposta mais inteligente, por usarem uma parte do cérebro que auxilia nas boas tomadas de decisões.  Esse ponto de vista é fácil de observar, já que são nos momentos de estresse e nervosismo, que muitas decisões são tomadas de forma errônea, justamente pelo fato do indivíduo usar o calor do momento, ou seja as emoções afloradas de uma forma negativa. Por isso, ele enfatiza o estado do bom humor para estimular decisões assertivas. 

Por estar presente a maior parte do tempo na vida das pessoas, o trabalho ocupa um espaço significativo na existência de cada um, e por ser fonte de sustento, a atividade profissional precisa ser levada em consideração, para se tornar um momento prazeroso, apesar do estresse do cotidiano, que é inevitável. Nesse sentido, que Goleman (1999) aponta que além do conhecimento especializado, é imprescindível utilizar ferramentas que promovam a inteligência emocional, de uma forma, eficaz para obtenção do sucesso esperado, não somente em metas, mas também englobando o bem-estar interpessoal. 

Em sua obra Trabalhando com a Inteligência Emocional, Goleman (1999) narra que um executivo o contatou para que tivesse um atendimento de relacionamento à sua empresa, após conversa com o empresário, Goleman detectou que a feição ranzinza do empreendedor desmotivava os funcionários a darem resultados positivos, na empresa.  Ou seja, a mensagem que o empresário transmitia era de insatisfação com seus funcionários, fora que não havia um canal de comunicação saudável.  Ou seja, para ter bons resultados a transformação precisa começar, em quem deseja a mudança. Uma simples mudança, mudou toda a rotina da empresa, bem como melhorou a forma de tratamento. 

Fonte: encurtador.com.br/psAKR

Entre as características de um profissional de sucesso, Goleman (1999) destacou que a empatia é primordial, e por isso precisa ser trabalhada constantemente. Segundo ele, a inteligência emocional detém 12 características que são: autoconsciência emocional, autocontrole emocional, adaptabilidade, orientação ao sucesso, empatia, como mencionado, consciência organizacional, influência, orientação e tutoria, gestão de conflitos, trabalho em equipe e liderança inspiradora.  Espero que tenha se identificado com várias dessas habilidades.

Caso não tenha se identificado, não se desespere. Procure uma ajuda profissional que irá auxiliar no desenvolvimento da inteligência emocional, não somente no mercado de trabalho, mas para todas as áreas, que merecem atenção. Conforme Mayer e Caruso (2002), as pessoas com alto nível de inteligência emocional são capazes de terem relacionamentos, de uma forma mais profunda, bem como constituir uma rede social mais segura, além de desenvolver uma liderança mais coesa. 

Referências

Goleman, D; Macke, A e Boyatzis, R (2018). O poder da inteligência emocional. Como liderar com sensibilidade e eficiência. Tradução Berilo Vargas. Pág. 1 a 17. Disponível em < https://statics-shoptime.b2w.io/sherlock/books/firstChapter/133620801.pdf >. Acesso 14, de out, de 2021.

Mayer, JD. & Caruso D. 2002. The effective Leader: Understanding and applying emotional intelligence.

Mayer, J. D. & Salovey, P. 1997. What is emotional intelligence? Em P. Salovey & D. J. Sluyter (Orgs.), Emotional development and emotional intelligence: Implications for Educators

Goleman, D. O Cérebro e a Inteligência Emocional Novas perspectivas. (2011).

Salovey, P. & Mayer, J. D. 1990. Emotional intelligence. Imagination, Cognition and Personality.

Compartilhe este conteúdo:

Dependência Emocional: Você é capaz de perceber quando ela está presente nos relacionamentos interpessoais?

Compartilhe este conteúdo:

A expressão “amar demais”, aparentemente pode ser vista como algo positivo, em primeiro momento, no entanto a sua mensagem traz algo que muitas vezes é desconhecido para muitas pessoas, a dependência emocional. Um ciúme de cá, um ciúme de lá, uma desconfiança que vai além do normal, um sentimento de posse pelo outro, aquele desejo de atenção em tempo integral, são comportamentos que indicam sinais de dependência afetiva. É preciso levar em consideração esses sinais que não podem ser tidos como normais, apesar de todo romantismo que propagou-se em novelas brasileiras, no decorrer de décadas. Quando a mocinha sofria muito para conseguir a atenção do bem-amado.

Sentimentos que podem tornar-se destrutivos quando não tratados com um profissional da área da psicologia, aborda o psicólogo e escritor Walter Riso, em sua obra Amar ou Depender? Sobre as consequências da dependência emocional, as quais podem ser devastadoras.  Por isso, a importância do desenvolvimento do amor-próprio, o que difere de um vício, comportamento inadequado e prejudicial à saúde psíquica.

Fonte: encurtador.com.br/pCHK2

Sobre o tema, Martini (2012) refere-se que a insegurança e falta de confiança são causas inerentes a padrões comportamentais de pessoas com dependência. Segundo ela, estas ações são explicadas pela maneira que o indivíduo foi formado na sua infância, em especial, quando não teve um ambiente seguro familiar. Nesse sentido, ainda reforça que essa insegurança ainda na infância não favorece o desenvolvimento da capacidade de autonomia e tomada de decisões, o que acarretara um adulto com dificuldades de adquirir relações saudáveis, podendo se tornar alguém dependente. 

Bowlby (2002) observa que existe uma forte relação entre as experiências que o indivíduo vivenciou com sua família de origem e a forma como estabelecerá seus vínculos afetivos e relações sociais. Por isso, a importância de uma criança desenvolver sua identidade e valores em um lar saudável, suprida com o amor paterno e materno para ser um adulto completo, sem a necessidade de buscar no outro o preenchimento emocional, que foi negado na infância. 

Beattie (1987) compara a dependência emocional com a dependência química.  De acordo com a escritora, muitas mulheres são viciadas em relacionamentos destrutivos e acreditam que o sofrimento ao qual são inseridas é indispensável para conquistar a pessoa desejada. Para isso, será necessária uma mudança profunda para transformar o paradigma de relacionamento. Em sua concepção, a pessoa precisa entender que o problema está em si, e não no outrem para buscar a saúde emocional.

Fonte: encurtador.com.br/yLPS8

De acordo com Norwood (1989), pessoas oriundas de lares desajustados têm uma grande predisposição a desenvolver dependência emocional, pelas suas necessidades não terem sidos supridos na infância, como foi mencionado por Martini. Nesse contexto, muitas mulheres em busca de algo que não teve quando criança buscam em relacionamentos suprir suas ausências, quando tornam-se dependentes emocionais. Fazendo com que a ausência afetiva dos pais venha contribuir para esse tipo de comportamento, quando o vício em depender da presença de alguém é confundido com amor.

Baseado em sua obra Mulheres que Amam Demais, criou -se, no Brasil, o Mada, grupo de homônimo ao livro, o qual acolhe mulheres dependentes emocionais, que sofreram ao extremo por conta de relacionamentos tóxicos. Muitas vindas de relacionamentos abusivos, em que a violência doméstica fora presente. Para isso, o Mada reúne mulheres, as quais não precisam se identificar para contar sobre suas dores. O movimento vem ganhando força no Brasil, e tem se espalhado pelos estados.

Com o intuito de ajudar mulheres que amam demais o Mada realiza o programa de 12 passos para autorrecuperarão. Para se identificar com o grupo, é disponibilizado, uma lista com algumas características de uma dependente emocional. Ter medo de ser abandonada com o fim do relacionamento, está mais em contato com o sonho do que a realidade e habituada à falta de amor em relacionamentos interpessoais. São alguns aspectos da dependência. 

Referências

Beattie Melody. 1987. Co dependência Nunca Mais: Para de controlar os outros e cuide de você mesmo. 

Martini, Juliana. 2012. Dependência Emocional Familiar: possíveis manifestações nos filhos. Disponível em < file:///C:/Users/Daniel/Downloads/12430-Texto%20do%20artigo-46320-2-10-20121023.pdf>. Acesso 06. de Out. 2021.

Grupo de apoio Mulheres que Amam Demais (Mada). Disponível em: https://grupomadabrasil.com.br/ Acesso 06. de Out. 2021.

Riso, Walter. 2010. Amar ou Depender?. Tradução Marlova Assev. Porto Alegre. 

Norwood, Robin. 1989.  Mulheres que Amam Demais.

Compartilhe este conteúdo:

Inteligência Emocional e relações interpessoais significativas

Compartilhe este conteúdo:

As emoções têm um papel fundamental na vida humana. Elas determinam nossa qualidade de vida e permeiam todos os nossos relacionamentos (no trabalho, entre amigos, familiares e relacionamentos íntimos). Por vezes, as emoções começam de forma tão rápida que nosso consciente não consegue detectar o que ativou uma emoção em nossa mente naquele momento (EKMAN, 2011). Ainda de acordo com o autor, “Não temos muito controle a respeito do que nos deixa emocionados, mas é possível, embora não seja fácil, fazer algumas mudanças naquilo que ativa nossas emoções e em nosso comportamento quando nos emocionamos” (p.14).

Greenberg (2015), ao falar sobre esse assunto inicia trazendo o questionamento do motivo pelo qual as pessoas possuem emoções e o que precisam fazer com elas, e coloca como resposta que as emoções são de extrema importância para a sobrevivência, intercomunicação e resolução de dilemas.

Com isso Greenberg (2015) afirma que as emoções não são lacunas que  simplesmente acontecem ao longo da vida que  tendem a ser controladas,  pelo contrário, elas acontecem  pois fazem parte do processo do próprio sujeito e precisa ser atendida e compreendida. Vale entender que  não somente as emoções são significativas nesse processo, o autor relaciona um equilíbrio com a  razão  onde ajuda as pessoas tornarem-se efetivas em seus ambientes em constante mudança, ajudando-as adaptar-se ao mundo e facilitando a solução adaptativa e lavando a  autoconscientização  de problemas ocasionais.

Houve um desenvolvimento das emoções para que elas melhorem a adaptação, porém Greenberg (2015) traz que ainda encontram-se diversas formas na qual esse método é capaz de se modificar tornando-se desadaptativo.

Percebe-se que as emoções têm um papel importante na vida do ser humano, fazendo com que aconteça mudanças necessárias e  realize o despertar para a ação. Para afirmar sobre essa importância, o autor supracitado elenca alguns tópicos os quais ele cita que a emoção monitora o estado do relacionamento, a emoção avalia se as coisas estão no caminho certo, a emoção melhora o aprendizado. As emoções são consideradas então, como uma parte crucial que envolve tudo o que é considerado relevante para nós.

Ouviu-se sobre emoções adaptativas, mas há também as emoções que são consideradas como desadaptativas. Segundo Greenberg (2015), essas emoções podem se tornar desadaptativas por vários motivos, desde situações que possam evocar uma emoção inata à fatores temperamentais e orgânicos. Cabe avaliar a intensidade e a frequência com que essas emoções se alteram.

Fonte: encurtador.com.br/yzAI7

Um outro aspecto a ser considerado é sobre como essas emoções se manifestam fisiologicamente. Greenberg (2015), trata em seu livro sobre o elo entre a emoção e o corpo, isso significa que o corpo e as emoções estão conectados de forma inseparável. O autor ainda traz o sistema límbico como exemplo de como comandar boa parte das emoções, o que implica nos processos físicos, acarretando assim alterações de padrões e influenciando na saúde física. Goleman (2011) diz que: “A maior estimulação fisiológica pode dever-se à tentativa constante dos circuitos neurais de manter sentimentos positivos ou eliminar ou inibir os negativos” (p.111). Observações fisiológicas podem auxiliar na “verificação de como diferentes tipos de emoção preparam o corpo para diferentes tipos de resposta” (p.35). Um outro autor, Ekman (2011),  também afirma ligação entre corpo e emoção, afirmando que  as emoções produzem modificações na parte do cérebro que nos mobiliza a lidar com o que propagou a emoção, assim como mudanças  no sistema nervoso autônomo, o qual regula os batimentos cardíacos, a respiração e muitas outras alterações corporais,  preparando-nos para diversas ações. O autor ainda ressalta que as emoções enviam sinais como mudanças nas expressões, da face, na voz e na postura corporal, e elas simplesmente acontecem de maneira natural.

Através de Goleman (2011), entendemos que as manifestações fisiológicas podem ser uma reação pré-programada em nosso cérebro para que haja funcionamento adequado do nosso corpo e reação que assegure a sobrevivência. Entendemos também que há uma estreita relação entre razão e sentimento, devido o cérebro pensante ter se desenvolvido mediante as emoções.

As emoções, portanto, são importantes para a racionalidade. Na dança entre sentimento e pensamento, a faculdade emocional guia nossas decisões a cada momento, trabalhando de mãos dadas com a mente racional e capacitando — ou incapacitando — o próprio pensamento.  Do mesmo modo, o cérebro pensante desempenha uma função de administrador de nossas emoções — a não ser naqueles momentos em que elas lhe escapam ao controle e o cérebro emocional corre solto (GOLEMAN, 2011, p.59).

Segundo Greenberg (2015), para que as pessoas ajam de maneira inteligente no mundo social, estas precisam atentar-se às suas emoções e dar-lhes o status de pensamento e ação. Ou seja, a inteligência emocional requer a conscientização da experiência emocional atual incorporada, expressão apropriada, reflexão e regulação das emoções. A inteligência emocional, para o autor, possui quatro componentes: a capacidade de perceber emoções em si e nos outros (consciência emocional), a capacidade de acessar e / ou gerar sentimentos para facilitar o pensamento (utilização da emoção), a capacidade de entender emoções (conhecimento da emoção) e a capacidade de regular emoções para promover o crescimento (gerenciamento de emoções).

Goleman (2011) diz que, de certa maneira, temos dois cérebros, duas mentes e consequentemente dois tipos de inteligência (racional e emocional). É através desses dois tipos de inteligência, uma corroborando com a outra, que o nosso desempenho na vida é estabelecido; sendo o sucesso determinado através de um equilíbrio inteligente entre QI e emoção. Este autor fala que, apesar de atuarem em conjunto, cada uma dessas duas dimensões contribuem, isoladamente, para as qualidades de uma pessoa. Contudo, “é a inteligência emocional que contribui com um número muito maior das qualidades que nos tornam mais plenamente humanos” (p.76); “coloca as emoções no centro das aptidões para viver” (p.27). O autor ainda desenvolve sobre cinco componentes da inteligência emocional, que são: a autoconsciência, o autocontrole/autorregulação, a automotivação, a empatia e as habilidades sociais.

Fonte: encurtador.com.br/azFU7

Este trabalho tem por objetivo expor e descrever todas as chaves da inteligência emocional na visão de dois autores, sendo eles Leslie S. Greenberg e Daniel Goleman.

Possui uma importância acadêmica por se tratar de uma narrativa significativa para o estudo sobre inteligência emocional. Também possui relevância social pois viabiliza uma compreensão para a sociedade sobre a inteligência emocional. Além disso, Goleman (2011) menciona tomar conhecimento de que no Brasil há sinais que apontam para uma emergente alienação e pressão social que podem levar a crises graves na teia de relações sociais

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com objeto metodológico exploratório e descritivo, procedimento metodológico narrativo e natureza metodológica qualitativa com amostragem por conveniência.

 Dessa maneira  Köche (1997, p.122) afirma  que  o objetivo da pesquisa bibliográfica é “conhecer e analisar as principais contribuições teóricas existentes sobre um determinado tema ou problema, tornando-se instrumento indispensável a qualquer tipo de pesquisa”. Gil (1991) afirma também que, quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e atualmente com material disponibilizado na Internet. Quanto à pesquisa narrativa, constituem basicamente de análise da literatura publicada em livros, artigos de revistas impressas e/ou eletrônicas, na interpretação e análise crítica pessoal do autor. (ROTHER, 2007).

Tratando-se da pesquisa exploratória, sua finalidade envolve o desenvolvimento, o esclarecimento e a modificação de conceitos e ideias. Desenvolvidos objetivando uma visão geral sobre determinado fato, com o intuito de formular problemas mais acurados ou hipóteses para futuros estudos (GIL, 2008).

O autor supracitado traz como objetivo primordial a descrição das características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser classificados sob este título e uma de suas características mais significativas está na utilização de técnicas padronizadas de coleta de dados.

Quanto ao objetivo da pesquisa qualitativa pode ser definida como a que se fundamenta principalmente em análises qualitativas, caracterizando-se, em princípio, pela não utilização de instrumental estatístico na análise dos dados (VIEIRA; ZOUAIN, 2006; BARDIN, 2011). As técnicas qualitativas focalizam a experiência das pessoas e seu relativo significado, em semelhança a eventos, processos e estruturas, implantados em cenários sociais (SKINNER; TAGG; HOLLOWAY, 2000).

Gil (2008), afirma ser a amostragem por conveniência a menos rigorosa dentre os demais tipos. Pode ser aplicada em estudos exploratórios ou qualitativos, quando não é necessário alto nível de precisão. “O pesquisador seleciona os elementos a que tem acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo” (p.94).

Fonte: encurtador.com.br/zDHJ0

INTELIGÊNCIA EMOCIONAL

 A inteligência emocional é conhecida por envolver cabeça e coração, assim como também a conscientização da experiência emocional atual incorporada, expressão apropriada, reflexão e regulação das emoções na transformação. Tudo isso ocorre no presente sofrendo assim, influências do passado e do futuro, uma constante interligação de tempo. Para ressignificar é necessário experiência e reflexão durante o processo  das emoções (desadaptativas). A empatia para com as emoções das outras pessoas faz total diferença na compreensão e na vivência da inteligência emocional. A terapia focada nas emoções tem, então, como objetivo principal aumentar a inteligência emocional dos pacientes (GREENBERG, 2015).

2.1 COMPONENTES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SEGUNDO GREENBERG

2.1.1 Compreendendo as emoções – Consciência emocional

As emoções são uma maneira bem direta de vivenciar o momento em que as situações estão ocorrendo, elas enviam mensagens e apresentam problemas que precisam ser resolvidos pela razão. Assim, a cognição geralmente ajuda as pessoas a atingir objetivos afetivos; decisões precisam ser tomadas em relação à expressão e ação. Um outro ponto é que o pensamento também explica a dor; coloca em perspectiva; faz sentido; justifica e ou racionaliza; e ajuda a determinar um remédio, que poderá solucionar os problemas que foram apresentados inicialmente (GREENBERG, 2015).

 As emoções estão a todo tempo no nosso corpo, então é importante coordenar os esforços conscientes com o estímulo automático das emoções, ou seja, é necessário conhecê-las ao invés de evitá-las. Sabe-se que os seres humanos executam as suas ações de acordo como trabalham as emoções e no que fazem com elas. Raiva ou tristeza excessivamente controlada consomem energia, o que a literatura sugere é que a expressão de necessidades e divulgação de mágoas geralmente traz melhores resultados. O autor cita que para conseguir isso, as pessoas precisam aprender a integrar sua razão com a emoção, não sendo compelidas pela emoção nem afastadas dela. Para obter bons resultados é necessário integrar cabeça e coração (GREENBERG, 2015).

2.1.2 Utilização da emoção – Expressando essas emoções

Expressar as emoções de forma adequada ao contexto é uma habilidade complexa da inteligência emocional, esta envolve instruções biológicas e culturais. O que acontece é que as pessoas aprendem formas apropriadas de expressão para as mais diversas situações. O fator principal para Greenberg (2015) é aprender quando e como expressar uma emoção, mesmo em alguns momentos não conseguindo com a sua totalidade, tudo isto faz parte do desenvolvimento da inteligência emocional.

2.1.3 Conhecimento das emoções

Segundo Greenberg (2015) encontram-se dois modos pelos quais os sentimentos se manifestam e duas atitudes pelas quais os treinadores emocionais conseguem auxiliar os indivíduos a adquirir compreensão do que experienciam fundamentalmente. O primeiro tipo de sentimento é expressivo, evidentemente acessível e afetuoso. O segundo tipo de vivência acontece quando os seres humanos são capazes de experienciar alguma coisa em seus corpos, porém a emoção até então não está explícita.

As emoções geralmente indicam o modo sobre como as pessoas estão levando a vida. Em alguns momentos quando experimentam emoções desagradáveis, significa que há algo errado ao qual elas precisam dar assistência. O primeiro passo é reconhecer essa emoção e expressá-la, porém isso não será o suficiente para ajustar a situação, sendo assim, será necessário que as pessoas leiam as mensagens de suas próprias reações e comecem a agir com sensibilidade para corrigir a situação (GREENBERG, 2015).

2.1.4 Regulando emoção- Gerenciando emoção.

“Regular significa poder ter emoção quando você as deseja e não tê-la quando não o desejar. Ser capaz de adiar as respostas, saber o que são e refletir sobre elas são habilidades essencialmente humanas” (GREENBERG,2015, p.17). o mesmo autor afirma que, o sujeito precisa ser apto para dirigir o que escolhe expressar, ou suprime.  Ao em vez de suprimir as pessoas precisam discernir suas emoções em direção a ação construtivas ou transformá-las  em benefícios  ou modificá-la em ações que sejam mais favoráveis e úteis para solução de problemas (GREENBERG, 2015).

As pessoas devem ser movidas por suas emoções e está apta a acalmá-las e fazer uma reflexão sobre elas. Deve escutar a si mesmo, conscientizando  simbolicamente as emoções corporais , ressignificando e colocando  as ideias em um perspectiva  de maneira amplificada, uma vez que a emoção é acordada e reconhecida, são aspectos construtivos  importantes da inteligência emocional.(GREENBERG, 2015)

Fonte: encurtador.com.br/jJLQ4

2.2 COMPONENTES DA INTELIGÊNCIA EMOCIONAL SEGUNDO GOLEMAN

2.2.1 Conhecer as próprias emoções (autoconsciência)

A autoconsciência é a chave essencial da inteligência emocional. Se resume em reconhecer uma emoção no momento em que ela ocorre. É a permanente atenção ao que se está sentindo internamente; é consciência auto-reflexiva, cujo a mente volta-se para a observação e investigação do que está sendo vivenciado, inclusive em relação às emoções. A atenção, na autoconsciência, não reage de forma exagerada à emoção e nem amplifica a percepção da mesma; ela é neutra e, mesmo diante de emoções turbulentas, mantém-se auto-reflexiva (GOLEMAN, 2011).

2.2.2 Lidar com emoções (autocontrole/autorregulação)

Desde a época de Platão, a capacidade de manter o autocontrole diante do turbilhão emocional trazido pelo acaso é tido como uma virtude; uma forma inteligente, equilibrada e sábia de conduzir a vida, com temperança. O autocontrole está relacionado ao lidar com as emoções para que estas sejam apropriadas, sendo esta uma aptidão desenvolvida por meio da autoconsciência. É importante ressaltar que o reconhecimento das emoções propicia compreensão, logo, contribui com maior liberdade de escolhas; não apenas para não agir impulsivamente ou movido pelo sentimento, mas para se livrar ou não desta emoção (GOLEMAN, 2011).

O objetivo do autocontrole, ou autorregulação,  é encontrar o equilíbrio e não suprimir as emoções. É sentir a emoção proporcionalmente à circunstância, na medida certa. É fundamental para o bem-estar do sujeito que ele consiga manter o controle das emoções que o perturbam. “Os altos e baixos dão tempero à vida, mas precisam ser vividos de forma equilibrada. Na contabilidade do coração, é a proporção entre emoções positivas e negativas que determina a sensação de bem-estar” (GOLEMAN, 2011, p.89).  O autor ainda diz que não se trata de evitar sentimentos desagradáveis, mas de não deixar tais sentimentos invadirem todo o ser. E que a durabilidade, assim como a intensidade, não devem ultrapassar um limite razoável para não se tornarem perturbadores extremos.

2.2.3  Motivar-se (automotivação)

 Goleman (2011) expõe sobre as emoções negativas, onde excessivamente fortes deslocam a concentração para as aflições particulares, influenciando na tentativa de dedicação em qualquer outra coisa. Já a função da motivação positiva é a associação de emoções como satisfação e convicção na obtenção de uma meta.

 Tendo em vista que nossas sensações prejudicam ou complementam nossa habilidade de refletir e elaborar estratégias, de continuar aprendendo para atingir um propósito distante, resolver questões e coisas assim, elas também estabelecem os limites de nossa competência de utilizar nossas habilidades cognitivas inerentes, e desse modo designam como nos saímos na vivência. Uma vez que nós somos instigados por sensações de euforia e felicidade no que realizamos essas emoções nos conduzem ao resultado (GOLEMAN, 2011).

2.2.4  Reconhecer emoções nos outros (empatia)

 De acordo com Goleman (2011, p. 133), “a empatia é alimentada pelo autoconhecimento; quanto mais consciente estivermos acerca de nossas próprias emoções, mais facilmente poderemos entender o sentimento alheio”. Pessoas empáticas estão mais atentas a sutis sinais que indicam a necessidade dos outros. A incapacidade de reconhecer emoções nos outros sugere um grande déficit de inteligência emocional e tem influência em vários aspectos da vida, pois todo relacionamento vem de uma sintonia emocional. Além disso, deve-se entender que a forma de expressão das emoções é predominantemente não-verbal. Sendo assim, “a chave para que possamos entender os sentimentos dos outros está em nossa capacidade de interpretar canais não-verbais: o tom da voz, gestos, expressão facial e outros sinais” (p. 133).

2.2.5  Lidar com relacionamentos (habilidades sociais)

Goleman (2011) afirma que, “a forma como as pessoas expressam seus sentimentos constitui-se numa competência social muito importante” (p.153), pois de acordo com que é expressado gera impacto no outro. E deve se haver um cuidado ao se expressar, como por exemplo “mascarando” seus verdadeiros sentimentos para não constranger alguém, porém não precisa necessariamente mentir sobre o que sente, só basta ser menos ofensivo. E esses princípios precisam ser trilhados para que se haja bons relacionamentos sociais, pois o sentimento que é levado pelo outro reflete em outros sujeitos. Ir de encontro cautelosamente produz o impacto  ideal.

 Assim sendo, sempre que há sinais de interações, esses sinais afetam aqueles com quem convive. Quanto mais habilidade houver nas relações que mantém com o outro, mais eficaz serão os sinais emocionais que serão enviados. A maneira reservada que se procede a sociedade bem-educada e, por fim, apenas uma maneira de garantir que nenhum vazamento emocional perturbador vá debilitar os relacionamentos (GOLEMAN, 2011).

Vale ressaltar, que a força de envolvimento que os sujeitos vivenciam numa interação, representa a forma como os seus movimentos físicos são organizados enquanto dialogam entre si, facilitando o levar e o receber, os estados de espírito, como por exemplo afirma com a cabeça, e outro afirma também. Quanto mais fisicamente sincronizado, mais afinidade terão em seus estados de espírito. Sendo este a essência dos relacionamentos (GOLEMAN, 2011).

Fonte: encurtador.com.br/lsEP4

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considerou-se então, que as emoções possuem grandes relevâncias para a vida dos seres humanos, sendo necessário que eles consigam compreendê-las para que não existam empecilhos e que ocorra a vivência e controle desses sentimentos. Outro ponto que foi conceituado também foi sobre a interação das emoções com o corpo humano, e a influência que essa ligação possui na saúde do indivíduo.

Perpassou-se então até chegar nas chaves da Inteligência Emocional, que foi abordada pelos dois autores Leslie S. Greenberg e Daniel Goleman, onde trouxeram os componentes da inteligência emocional segundo as suas teorias.

Respondendo ao objetivo geral, este trabalho discorreu sobre cada uma das chaves, viabilizando uma maior compreensão sobre o tema, na visão de cada autor. Sugere-se então, que possa haver mais pesquisas a respeito do tema, para maior aprofundamento.

REFERÊNCIAS

EKMAN, P. A linguagem das emoções: Revolucione sua comunicação e seus relacionamentos reconhecendo todas as expressões das pessoas ao redor. Tradução Carlos Szlak. — São Paulo: LuadePapel, 2011.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 2008

GOLEMAN, D. Inteligência emocional [recurso eletrônico]; tradução Marcos Santarrita. – Rio de Janeiro : Objetiva, 2011. Recurso digital.

GREENBERG, L.S.. Emotional Focused Therapy: coaching clients to work through their feelings. Second edition. Washington: American Psychological Association, 2015.

KÖCHE, J. C. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e prática da pesquisa. 15. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997

VIEIRA, M. M. F.; ZOUAIN, D. M. Pesquisa qualitativa em administração. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2006

ROTHER, E. T. Revisão Sistemática X Revisão Narrativa. Acta paul. enferm. vol.20 no.2 São Paulo Apr./June 2007. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ape/v20n2/a01v20n2.pdf

TEIXEIRA, M. G.; ROGLIO, K. D. As Influências da Dinâmica de Lógicas Institucionais na Trajetória Organizacional: o Caso da Cooperativa Veiling Holambra. Brazilian Business Review, v. 12, nº 1, p. 1-37, 2015.

Compartilhe este conteúdo:

Outubro rosa e saúde emocional

Compartilhe este conteúdo:

Outubro Rosa é uma campanha com o objetivo de conscientizar sobre a importância da prevenção e diagnóstico precoce do câncer de mama. A doença também acomete homens, porém é raro, representando apenas 1% do total de casos. Já para as mulheres receber o diagnóstico pode ser devastador e impactar na parte emocional, já que os cabelos e seios tem valor simbólico de feminilidade.

Após o diagnóstico, é comum a mulher sentir ansiedade por causa das incertezas em relação ao tratamento. Algumas apresentam depressão por não verem saída para a situação e pelas incertezas em relação à doença. Outras desenvolvem transtorno do pânico, que é o medo exagerado. E como estamos em uma pandemia, elas têm medo de adquirir uma segunda patologia por ter um sistema imunológico mais fragilizado e se isolam.

Fonte: encurtador.com.br/opvGR

O isolamento é um sinal de alerta. Ela passa a não querer mais o convívio social, fica mais calada, fechada e entristecida. A família é fundamental nesse momento. É importante que eles não diminuam a dor. Deem espaço para ela falar e se disponibilizem a acompanhar durante o tratamento. A família dá o apoio emocional e assim ela se sente acolhida e segura.

Os grandes hospitais que trabalham com o tratamento de câncer disponibilizam psicólogos que a ajudam com as emoções e pensamentos, mostrando que não se deve deixar de planejar o futuro, e focando na recuperação da estabilidade emocional. É importante que o tratamento ocorra uma vez por semana com terapia. E se necessário utilizar medicamentos receitados pelo psiquiatra.

Com a perda dos cabelos a autoestima da mulher fica abalada e o profissional de saúde busca trazer confiança e amor próprio. Quando ela tem acompanhamento, a tendência é que a autoestima não diminua, pois existe uma ajuda para estabilizar o humor e lado emocional.

Compartilhe este conteúdo:

Instagram e saúde mental: uma questão de likes?

Compartilhe este conteúdo:

O uso de mídias sociais como Twitter, Facebook e Instagram é generalizado. As redes sociais permitem aos indivíduos construir perfis nos quais podem manter e criar redes de relacionamento, bem como circular detalhes sobre suas vidas diárias e responder às postagens de outros usuários (BERRY et al. 2018). Trata-se de fenômeno relativamente recente, sobre o qual várias áreas do conhecimento se debruçam tendo em vista diversas populações (LIRA et al. 2017). Para Firestone (2019), é experiência relativamente nova para a psiquê humana. Conforme Shirley Cramer, chefe executiva da Royal Society for Public Health, as redes sociais tornaram-se espaço de construção de relações, moldagem da autoidentidade, espaço de expressão e conhecimento do mundo à volta, logo,  intrinsecamente ligadas à saúde mental.

As mídias digitais, móveis e sociais tornaram-se parte indispensável da vida diária de pessoas no mundo todo. O relatório Digital 2020 mostra que, a nível mundial,  4,5 bilhões de pessoas usam internet, enquanto os usuários de redes sociais passam da marca de 3,8 bilhões. No contexto brasileiro, existem 140 milhões de usuários de mídias sociais ativos. Entre as redes mais utilizadas o Instagram tem posição especial, com 69 milhões de usuários brasileiros, figurando no quarto lugar a nível nacional, e em sexto a nível mundial (IMME, 2020). Como escreve Trifiro (2018), sendo aplicativo essencialmente criado para aparelhos móveis, seus usuários podem publicar fotos e vídeos. Em resposta, outros usuários curtem (ou gostam da) publicação, comentam-na, assim interagindo uns com outros.

Uma vez que o Instagram é relativamente novo, poucas pesquisas foram feitas, no que diz respeito aos efeitos específicos da rede social sobre a saúde mental dos usuários (TRIFIRO, 2018). Esta mesma autora, citando Vries et al. (2017) escreve que a rede social em questão difere muito de outras, especialmente do Facebook, devido à “centralidade de imagens”, ou seja, à prioridade dada às imagens em dentrimento dos textos. Ainda conforme a mesma autora, que cita Johnson e Knobloch-Westerwick (2016), redes sociais focadas em imagens têm efeitos comprovadamente diferentes sobre o humor dos usuários, em comparação com mídias que priorizam textos. Otero (2018), tratando sobre a rede social em questão, fala em “culto ao audiovisual”.

Fonte: encurtador.com.br/oqOUY

Numa breve perspectiva macrosocial, pode-se dizer que o Instagram alimenta-se de tendência contemporânea, onde a imagem técnica é meta de todo ato e o fotógrafo visa a eternizar-se por meio da fotografia. “Tudo, atualmente, tende para as imagens técnicas, são elas a memória eterna de todo empenho. Todo ato científico, artístico e político visa a eternizar-se em imagem técnica, visa a ser fotografado, filmado, videoteipado (FLUSSER, 2002, pg. 18). Todavia, o fenômeno entre usuários do Instagram e as imagens não é processo meramente motor, onde dedos e olhos trabalham e fica por isso mesmo. Ocorre também processo cognitivo que, por sua vez, é crucial para a relação entre usuários, e entre eles e a rede social como ferramenta. “Fotografias são imagens técnicas que transcodificam conceitos em superfícies. Decifrá-las é descobrir o que os conceitos significam.” (FLUSSER, 2002, p. 43).

Em que pese sua popularidade, o Instagram é a rede social mais nociva à saúde mental e bem-estar de jovens entre 14 e 24 anos, conforme relatório publicado pela Royal Society for Public Health. O impacto negativo atinge a imagem corporal e o sono, alimentando sentimentos de inadequação, ansiedade, depressão e solidão (FIRESTONE, 2019). Enquanto todas as redes sociais parecem ter impacto negativo na imagem corporal, o problema é especialmente prevalente no Instagram, onde há mais mulheres e jovens. Muitas fotografias carregadas têm perfeição irreal, uma vez que as fotos são cuidadosamente selecionadas ou mesmo editadas, a fim de esconder falhas. Trata-se de plataforma onde predominam postagens positivas, onde as pessoas tendem a expor os lados mais positivos delas mesmas e de suas vidas (DE VRIES et al., 2018).

Uma vez publicadas, recebem ou não curtidas (ou likes) bem como comentários acerca do conteúdo explícito na imagem. A experiência de receber um like na rede social  produz dopamina, neurotransmissor associado com o prazer. Quando um usuário vê que outro usuário curtiu sua postagem, é um pouco como tomar uma substância psicoativa. Quando se está prestes a publicar algo, não há garantia da obtenção de likes, tal imprevisibilidade torna o processo viciante. O problema no Instagram é que todos apresentam a melhor versão de suas vidas, cada um tem contato com os melhores aspectos da vida alheia. Logo, a comparação de um com o outro leva a conclusão de que há falta de algo que o outro aparentemente tem (ALTER, 2017).

Conforme De Vries et al. (2018), estudos se contradizem acerca dos efeitos das mídias sociais sobre a saúde mental dos usuários, e, citando Frison e Eggermont (2016), explica que tais efeitos dependem das atividades com as quais os usuários se envolvem na rede social. De todo modo, citando Lin e Utz (2015), parece claro que ver postagens positivas, rotineiras nas redes sociais, pode ter tanto consequências positivas quanto negativas para o humor do usuário. Segundo Chou e Edge (2012); Haferkamp e Krämer (2011); Sagioglou e Greitemeyer (2014); e Tandoc, Ferruci e Duffy (2015), navegar em postagens positivas de outros usuários tem efeitos negativos como inveja e sensação de que outros têm uma vida melhor.

Porém, outros estudos emergentes, a partir de uma perspectiva de contágio emocional, sugerem que postagens positivas de outros usuários evocam respostas emocionais positivas, à medida que os indivíduos adotam emoções agradáveis expressas por outros em suas publicações (FERRARA e YANG, 2015; HANCOCK, GEE, CIACCIO e LIN, 2008; KRAMER, GUILLORY e HANCOCK, 2014). Assim sendo, as perspectivas da comparação social e do contágio emocional predizem formas opostas que afetam os usuários de mídias sociais.

Fonte: encurtador.com.br/eyzCI

O Instagram provê informação sobre vasta quantidade de outras pessoas, sobre o que elas estão fazendo, como estão se sentindo. A partir disso, os usuários usam tais informações para aprenderem sobre sua própria situação, comparando-se a si próprios e suas vidas às dos outros, baseados na informação que recebem sobre estes (FESTINGER, 1954 apud DE VRIES et al. 2018). Desse processamento que mira o alvo de comparação, decidem se estão melhores ou piores que ele (DIJKSTRA et al., 2010; FESTINGER, 1954 apud DE VRIES et al. 2018,) resultando em entusiasmo, excitação (WATSON et al., 1988 apud DE VRIES 2018), sentimentos de alívio e orgulho ou frustração e ressentimento.

 Em ambos os casos, dos afetos positivos ou negativos, percebe-se uma questão de autoestima que motiva as publicações e também atua na forma de reagir dos usuários, seja através da interpretação dos conteúdos ou da comparação social no âmbito virtual. Martin (2003) apud Elena (2017) vê a autoestima como “um conceito, uma atitude, um sentimento, uma imagem”, sendo tais aspectos representados pelo comportamento. Também é tida como sentimento de apreço ou rejeição junta à avaliação global que um faz de si mesmo (ROJAS, 2008 apud ELENA, 2017).

Branden (1995) vê muito mais que o sentido inato do valor pessoal, isso seria a antessala da autoestima que, por sua vez, consumada, é a experiência fundamental da capacidade de levar uma vida significativa e de cumprir seus requisitos. Isso implica a capacidade de pensar, de enfrentar desafios básicos da vida, a confiança no direito de triunfar e ser feliz. Para Rojas (2016), a autoestima é fundamental para a sobrevivência psicológica, sendo o final da travessia de uma personalidade bem estruturada. Trata-se de juízo positivo de uma pessoa sobre ela própria, após conseguir personalidade onde elementos físicos, psicológicos, sociais, profissionais e culturais formam estrutura coerente, a qual o sujeito dá uma nota valiosa. Logo, conclui Elena (2017), a autoestima é fenômeno psicológico e social.

Em meados do ano 2019 o Instagram testou uma função que ocultou o número de curtidas das publicações, de modo que apenas os donos das contas tinham acesso a esses dados e, ao contrário do que ocorria antes, não seus seguidores, os quais poderiam ver a lista dos que curtiram, mas, teriam de contar manualmente se quisessem saber o total. Segundo a plataforma, a expectativa era entender se tal mudança poderia ajudar os usuários a focar menos em curtidas e mais em contar suas histórias. Além disso, a nova função baseou-se na questão de a contagem de likes ser negativamente ligada à saúde mental dos usuários (BARROS, 2019). Resta saber se a ideia deu certo, fica em aberto uma lacuna do conhecimento para profissionais da Psicologia, bem como estagiários, investigarem através da pesquisa.

Fonte: encurtador.com.br/oCGT7

Referências

ALTER, Adam. What happens to your brain when you get a like on Instagram.  Disponível em:<https://www.businessinsider.com/what-happens-to-your-brain-like-instagram-dopamine-2017-3>. Acesso em 05 de agosto de 2020.

BARROS, Larissa. Nada de Likes! Instagram testa função que esconde número de curtidas nos posts. Disponível em: <https://www.purebreak.com.br/noticias/instagram-sem-curtidas-entenda-por-que-os-likes-sumiram/88345 >. Acesso em 06 de agosto de 2020.

BERRY et al. Social media and its relationship with mood, self-steem and paranoia in psychosis. Disponível em: < https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/acps.12953 >. Acesso em 04 de agosto de 2020.

BRANDEN, Nathaniel. Los seis pilares de la autoestima. Barcelona: Paidós, 1995. Disponível em: < https://doku.pub/documents/los-seis-pilares-de-la-autoestima-nathaniel-branden-vel9pkmkxkqy>. Acesso em 06 de agosto de 2020.

DE VRIES, Dian et al. Social Comparison as the Thief of Joy: Emotional Consequences of Viewing Strangers’ Instagram Posts. Disponível em: < https://pure.uva.nl/ws/files/32306200/Social_comparison_as_the_thief.pdf >. Acesso em 06 de agosto de 2020.

DIGITAL 2020: BRAZIL. Disponível em: < https://datareportal.com/reports/digital-2020-brazil>. Acesso em 04 de agosto de 2020.

DIGITAL 2020: 3.8 BILLION PEOPLE USE SOCIAL MEDIA. Disponível em: <https://wearesocial.com/blog/2020/01/digital-2020-3-8-billion-people-use-social-media >. Acesso em 04 de agosto de 2020.

ELENA, Zenteno Duran María. La Autoestima y como mejorarla. Revista Ventana Cientifica. v. 8. Tarija, 2017. Disponível em: < http://www.revistasbolivianas.org.bo/scielo.php?pid=S2305-60102017000100007&script=sci_arttext&tlng=es >. Acesso em 06 de agosto de 2020.

FIRESTONE, Lena. Which is Worst for Your Mental Health: Instagram, Facebook or YouTube? Disponível em: <psychalive.org/worst-mental-health-instagram-facebook-youtube/>. Acesso em 05 de agosto de 2020.

FLUSSER, Vilém. Filosofia da Caixa Preta: Ensaios para uma futura filosofia da fotografia. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.

IMME, Amanda. Ranking das redes sociais: as mais usadas no Brasil e no mundo, insights e materiais gratuitos. Resultados Digitais. Disponível em: <https://resultadosdigitais.com.br/blog/redes-sociais-mais-usadas-no-brasil/ >. Acesso em 04 de agosto de 2020.

INSTAGRAM. Wikipedia. Disponível em: < https://en.wikipedia.org/wiki/Instagram >. Acesso em 04 de agosto de 2020.

LIRA et al. Uso de redes sociais, influência da mídia e insatisfação com a imagem corporal de adolescentes brasileiras. Disponível em: <https://www.scielo.br/pdf/jbpsiq/v66n3/0047-2085-jbpsiq-66-3-0164.pdf >. Acesso em 04 de agosto de 2020.

OTERO, Ana de Luis. Instagram: la autoestima comprometida. Disponível em: < https://periodistas-es.com/instagram-la-autoestima-comprometida-108340 >. Acesso em 06 de agosto de 2020.

ROJAS, Enrique. SOBRE LA AUTOESTIMA. Disponível em: < https://ieip.es/wp-content/uploads/2016/09/erautoestima.pdf >. Acesso em 06 de agosto de 2020.

#StatusofMind. RSPH. Disponível em: <https://www.rsph.org.uk/our-work/campaigns/status-of-mind.html>. Acesso em 05 de agosto de 2020.

TRIFIRO, Briana. Instagram Use and It’s Effect on Well-Being and Self-Esteem. Disponível em: < https://digitalcommons.bryant.edu/cgi/viewcontent.cgi?article=1003&context=macomm>. Acesso em 04 de agosto de 2020.

Compartilhe este conteúdo: