Ministra Sonia Guajajara e lideranças Avá-Guarani debatem reparações e direitos indígenas na UNILA

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Na abertura do Seminário Internacional Mundo Guarani, ministra anunciou acordo para a restauração de direitos das comunidades indígenas afetadas com a construção da usina de Itaipu


Lideranças e integrantes de comunidades indígenas lotaram o auditório do Jardim Universitário na quarta-feira (22) durante a abertura do Seminário Internacional Mundo Guarani. O evento, promovido pelo Observatório da Temática Indígena na América Latina da UNILA, contou com a presença da ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, que realizou um diálogo sobre as reivindicações dos Avá-Guarani na região, principalmente no que se refere às reparações às violações de direitos. A participação da ministra e da comitiva do Ministério dos Povos Indígenas (MPI) no Seminário faz parte da caravana “Participa, Parente”, que está percorrendo diversas regiões do país para ouvir as demandas das comunidades indígenas e apresentar as políticas que estão sendo construídas pelo MPI.
                                                                                                                           Fonte: imprensa.unila

 Ministra Sonia Guajajara: Demarcação de terras indígenas é prioridade

Na UNILA, Sonia Guajajara recebeu documentos com reivindicações da aldeia Tekoha Añetete, de Diamantes do Oeste; da Comissão Guarani da Verdade, que é formada por lideranças guaranis da região Oeste do Paraná; e do Comitê Gestão Étnica, grupo formado por indígenas brasileiros e paraguaios da área da usina Itaipu Binacional. Representantes do povo Xetá também tiveram a oportunidade de entregar uma carta para a ministra. “Os Xetá são um povo que habitava a região da Serra dos Dourados que teve praticamente toda sua população dizimada na década de 50. Hoje, restam apenas cinco indígenas Xetá, que foram afastados de suas comunidades ainda na infância pelo antigo Serviço de Proteção ao Índio. Hoje, eles vivem em diferentes pontos da região Sul do país e requerem um pequeno espaço de terra para que possam viver junto com seus descentes”, explicou o professor Clóvis Brighenti, enquanto o grupo entregava o documento com suas reivindicações para a ministra.

Reparação e visibilidade
Em sua fala, Sonia Guajajara disse que a retomada dos processos demarcatórios das terras indígenas é uma das prioridades do Ministério. “Sei que aqui na região tem uma situação bem delicada e bem complexa com os Avá-Guarani, mas hoje nós temos uma presidência da Itaipu que está se dispondo a conversar com as lideranças indígenas, com o ministério e com a Funai. Hoje a Itaipu reconhece que há uma dívida histórica com o povo Avá-Guarani, que foi duramente impactado com a construção da usina. E nós estamos acompanhando essa discussão para garantir que essa política de reparação aconteça”, declarou a ministra. Em junho de 2023 a Itaipu Binacional reconheceu, pela primeira vez, a violação de direitos do povo Avá Guarani impactado pela construção e funcionamento da usina a partir dos anos 1970.

Durante o seminário, a ministra anunciou que o Ministério dos Povos Indígenas irá tratar de um termo de cooperação com a presidência de Itaipu para o planejamento desta reparação. “Eu sei que nada que se fizer vai reparar a perda de um território e recompor para vocês toda essa relação que existia com o território. Mas nós precisamos, pelo menos, amenizar essa situação e garantir que o povo Avá-Guarani tenha suas terras e tenha também liberdade e segurança”, salientou Sonia Guajajara.

A secretária de Direitos Ambientais e Territoriais Indígenas do MPI, Eunice Kerexu, disse que o momento histórico que o Brasil vive hoje é propicio para dar visibilidade às lutas dos povos indígenas. “Por muito tempo os povos indígenas foram invisibilizados, principalmente os que moram em região de fronteira ou no interior, que historicamente são mais afetados pela negação de direitos. Então, estar aqui em Foz do Iguaçu e falar com o povo Guarani dessa região é dar também visibilidade para a realidade dessas comunidades”, destacou.

                                                                                                                                        Fonte: impresa.unila 

Considerado histórico, evento reuniu indígenas do Paraná e do Paraguai 

Seminário Mundo Guarani
Promovido pelo Observatório da Temática Indígena na América Latina da UNILA, o 1º Seminário Internacional Mundo Guarani reuniu acadêmicos e indígenas paranaenses e do Paraguai em torno de temas como ecologia e bem viver, cosmologia Guarani, territorialidade transfronteiriça, além das reparações às violações de direitos dos indígenas Avá Guarani por agentes corporativos e estatais.

Além da ministra Sonia Guajajara e a secretária Eunice Kerexu, estiveram presentes no evento a secretária de Articulação e Promoção de Direitos dos Povos Indígenas, Joziléia Kaingang; o gestor dos Programas de Sustentabilidade Indígena da Itaipu, Paulo Porto; a chefe de gabinete da Reitoria da UNILA, Senilde Guanaes; além de representantes da Anistia Internacional do Brasil e do Paraguai.

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Saúde organiza Seminário Estadual de Aleitamento Materno

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Tema do encontro on-line será “Amamentação como Responsabilidade Coletiva”

A fim de promover o debate sobre a relevância do aleitamento materno, a Secretaria de Estado da Saúde (SES), por meio da Superintendência de Políticas de Atenção à Saúde/ Diretoria de Atenção Primária, irá realizar o Seminário Estadual de Aleitamento Materno. O evento “on-line” será transmitido na manhã desta terça-feira, 31, às 08h30.

O seminário tem como público-alvo os profissionais de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS), mas também estará aberto à população em geral. Para ter acesso a capacitação basta acessar o link e inserir o ID: 898 5677 1665 e a senha: 634385.

A gerente de Áreas Estratégias para os Cuidados Primários da SES, Thaís Sales Carvalho Oliveira, explica que “o evento é realizado anualmente em comemoração ao mês “Agosto Dourado”, simbolizando a luta pelo incentivo à amamentação e a cor dourada está associada ao padrão ouro de qualidade do leite materno”. A servidora complementa que “este ano o Seminário traz como tema central “Proteger a amamentação: uma responsabilidade de todos”, o que confere um momento oportuno para expandir essa discussão aos demais parceiros, entidades civis e a população em geral, e, consequentemente, proporcionar o apoio e fortalecimento desta causa”, conclui.

Imagem 1: Tema do encontro on-line será Amamentação como Responsabilidade Coletiva. Divulgação saúde

Programação

O Seminário on-line contará com três palestras, todas mediadas pela gerente, Thaís Sales Carvalho Oliveira. A primeira palestra será ministrada pela Enfermeira Obstetra e Professora do curso de enfermagem da Universidade Federal do Tocantins (UFT) Christine Rainer Gusman, com o tema “Amamentação: forças contrárias e estratégias no compartilhamento das responsabilidades”. A segunda será feita pela Engenheira de Alimentos e Gerente de Apoio ao Sistema de Vigilância Sanitária, Crislane Maria da Silva Bastos, e o tema será “Importância da NBCAL como ferramenta de proteção à amamentação”.

A última palestra será ministrada pelo Coordenador da Rede Global de Bancos de Leite Humano (rBLH) e Secretário do Programa Ibero americano de BLH, Dr. João Aprígio Guerra de Almeida, e terá como tema “rBLH: 36 anos de proteção ao aleitamento materno no Brasil”.

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Saúde indígena no Tocantins é tema de seminário no Ceulp/Ulbra

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Disciplina de SBS I, ministrada pela Dra. Renata Bandeira, e curso de Psicologia do Ceulp são anfitriões do evento

Nesta segunda-feira, dia 16/11, a partir das 19h, ocorre um seminário em parceria entre a UFT e o Ceulp/Ulbra, como composição da disciplina de Saúde, Bioética e Sociedade I (SBS I), ministrada pela psicóloga e profa. Dra. Renata Bandeira. Durante o evento, serão abordados temas de saúde da população indígena que se fazem muito importantes para os acadêmicos em geral, e estudantes de Psicologia e particular. Vale lembrar que o Governo do Tocantins incluiu os indígenas no plano de contingência do Coronavírus, e sabe-se, toda essa questão envolve também aspectos psicossociais relacionados diretamente com a saúde mental desta população.

Foto: DSEI, dia de vacinação da Comunidade indígena no Tocantins

O seminário irá contar com a presença da enfermeira Aurimar Gonçalves, ela que é apoiadora técnica em atenção à saúde/DSEI-TO e mestranda do curso de pós graduação em Ciências da Saúde pela UFT, bem como da psicóloga Larissa Tebas, responsável técnica do programa de saúde mental do DSEI e pós-graduanda do curso saúde indígena (Prominas); haverá ainda a presença da enfermeira Dra. Gessi Carvalho, que é grande referência em Ciências da saúde, sendo Doutora nesta área e professora do curso de Medicina na UFT (Universidade Federal do Tocantins) e do Médico Neilton A. de Oliveira, também Doutor em Ciências (Biociências e Saúde) e professor do curso de pós graduação em Ciências da Saúde como mediador deste importante seminário.

O público alvo envolve acadêmicos de psicologia da Universidade Luterana de Palmas (ULBRA), alunos do curso de saúde, mestrandos dos cursos da saúde da UFT e sociedade em geral. O seminário será online e gratuito, haverá certificado emitido pela ULBRA com carga horária de 03 horas. Não é preciso realizar inscrições prévias. Basta entrar na aula através da plataforma Google Meet a partir das 19h através do LINK.

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Violência Psicológica sob a luz da Sistêmica

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Miracema do Tocantins sediará Seminário de Políticas Públicas sobre Drogas

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Ocorrerá nos dias 28 e 29 de novembro em Miracema do Tocantins, o Seminário de Políticas Públicas Sobre Drogas com o tema Ampliando a Diversidade, no auditório do Campus da UFT – Miracema.

PROGRAMAÇÃO:

ABERTURA – 28 de novembro às 19h30min.

Mesa inaugural do evento: Cristiane Roque – Cientista Social, mestre em Sociologia. Professora do Colegiado do Curso de Direito da UFT e Coordenadora do CRR/UFT/Centro-sul. Vice-líder do Grupo de Estudos dobre Drogas – GED/UFT/CNpq.

Tema: “A atuação do CRR no Tocantins”.

Palestrante: Hermógenes Moura – Antropólogo, Licenciado e Mestre em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia, Doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Pernambuco. Colegiado de Ciências Sociais Coordenador da Licenciatura em Ciências Sociais PRONERA/UNIVASF. Coordenador do Subprojeto PIBID Interdisciplinar “Drogas na Escola e a Prevenção de Danos”. Pesquisador do Laboratório de Pesquisas Interdisciplinares sobre o uso de Substâncias Psicoativas Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF.

Tema: “Drogas na Escola e a Prevenção de Danos: (des)construção de estigmas”.

Mediador: César Gustavo Moraes Ramos – Psicólogo, Mestre em Ciências Criminais pela Pontíficia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Interlocutor do Projeto Redes, Programa Institucional Álcool, Crack e outras drogas FIOCRUZ. Formador no CRR/UFT/Centro-sul.

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29 de novembro de 2016 

 MATUTINO- às 8h30min.

Rafael Leal Matos – Cientista Social e Antropólogo. Mestre em Antropologia Social pela UFRN. Graduado em Ciências Sociais pela UFGC. Professor Substituto na UFT, Campus de Miracema do Tocantins.

Oficina: “O Consumo de Bebidas Alcoólicas na Perspectiva Antropológica”.

.VESPERTINO – às 14h30min.

Bruno Logan Azevedo – Graduado em Psicologia e pós-graduado em Psicopatologia e Dependência Química. Atuou como redutor de danos – Centro de Convivência É de Lei. Atualmente é Redutor de Danos no Projeto Respire, Gerente do Consultório de Rua de Mauá e apresentador do canal do YouTube “RD com Logan”.

Oficina: “Redução de danos: contextos e desfios”. 

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ENCERRAMENTO – 29 de novembro às 19h30min.

Mauricio Fiore – Mestre em Antropologia pela USP e Doutor em Ciências Sociais pela Unicamp. Pesquisador e Diretor do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e Coordenador científico de Plataforma Brasileira de Política de Drogas. Autor e Organizador de trabalhos sobre diversos aspectos da questão do uso de drogas, entre os quais os livros “Uso de ‘drogas’: controvérsias médicas e o  debate público” e “Drogas e Cultura: novas perspectivas”.

Tema: “Política de drogas: qual o lugar do Estado?”.

Mediadora: Janaina Alexandra Capistrano da Costa – Doutora em Ciências Sociais pela UFRN, Mestre em Sociologia pela UNESP, Especialista em Ciência Política pela UChile, Bacharel e Licenciada em Ciências Sociais pela UNESP. Professora do curso de Ciências Sociais na UFT, onde pesquisa cultura política na América Latina, história e memória, interfaces entre religião e política de drogas. Líder do Grupo de Estudo sobre Drogas – GED/UFT/CNpq.

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Inscrições podem ser realizadas pelo link. Para mais informações: crr@uft.edu.br ou PROEX- (63) 3232 8064.

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III Seminário Internacional Sociedade e Fronteiras e V Encontro Norte-Nordeste de Psicologia Social ocorre em Roraima

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Acontecerá dos dias 22 a 25 de novembro de 2016, o III Seminário Internacional Sociedade e Fronteiras e o V Encontro Norte-Nordeste de Psicologia Social com o tema Produção de Conhecimento e Formação Interdisciplinar, na Universidade Federal de Roraima (UFRR) em Boa Vista, Roraima.

O evento propõe uma análise conjuntural dos impactos e conflitos resultantes das políticas sociais, do processo de urbanização, das questões agrárias, das organizações sociais, modos de subjetivação e os processos identitários, sobretudo no âmbito de sociabilidades das populações amazônicas. Nesse contexto, apresenta-se a proposta de integrar o Seminário Internacional Sociedade e Fronteira e o Encontro Regional da Associação Brasileira de Psicologia Social.

A programação conta com grupos de trabalhos, minicursos, mesas temáticas, reuniões, mesas redondas e atividades culturais. Mais informações podem ser obtidas no site do evento.

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Seminários clínicos: caso Helena

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Durante a primeira Semana Acadêmica de Psicologia do Ceulp/Ulbra foram abordados vários temas e contextos de casos da Psicologia; O caso que mais me chamou atenção foi o de Helena (nome fictício). Helena tinha nojo do próprio pai, quando o mesmo a tocava sentia coceiras pelo corpo inteiro, depois passou a desenvolver nojo de vários objetos, não sentava em qualquer lugar, não tocava em qualquer coisa, sentava-se apenas em sua própria cama. Um dos possíveis fatores para esse nojo do pai seria o fato dele ser alcoólatra e agredir a mãe eventualmente em sua frente, desde muito pequena.

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Fonte:http://letsangiworld.tumblr.com/post/64117248802/ich-bin-mir-nicht-sicher-ob-ich-weiterhin

Helena, que se encontra no inicio da adolescência, pretende trabalhar sua timidez com os atendimentos e se livrar desse nojo que acaba atrapalhando sua vida de modo geral. Durante as sessões com Helena ou com sua mãe, o pai nunca é citado por elas nas conversas, como se o mesmo não existisse para elas. Talvez pelo fato de ser alcoólatra e ter sempre o hábito de ser violento com toda a família.

O estudante de psicologia e supervisor usaram várias técnicas para que Helena tentasse vencer a timidez, como por exemplo: desenhos, jogos, dinâmicas, histórias lúdicas, linha do tempo de sua vida, baralho dos sentimentos e sensações, e pintura a dedo.

Helena possuía muita dificuldade para nomear seus sentimentos, é sempre muito ansiosa e insegura, muito tímida e reservada, diz não ter amigos e sim colegas. A paciente ainda se encontra em tratamento, está respondendo bem a ele e o objetivo é que Helena passe a conviver melhor com o pai e possa construir novas amizades.

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Fonte: http://www.depoisdosquinze.com/2011/10/31/como-vencer-a-inseguranca-e-a-timidez/

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Os seminários clínicos e a formação acadêmica

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No dia 22/08, na Semana Acadêmica de Psicologia do CEULP/ULBRA, ocorreram pela manhã os Seminários Clínicos. O principal tema desses seminários foi a psicoterapia, cujo intuito foi mostrar os avanços em cada ênfase, além de demonstrar a importância desta área na Psicologia.

A psicóloga Ana Carolina Peixoto apresentou um caso atendido na Clínica-Escola sob a perspectiva Sistêmica. O caso é de uma menina chamada Helena (nome fictício) que tinha nojo do pai, dos objetos, da sua casa e da vida em geral. Ela arrumava o seu quarto sozinha, pois não queria que alguém além dela mesma tocasse nas suas coisas. Ela só se sentava na sua cama devido ao nojo; tinha crises frequentemente e não se reconhecia como adolescente. Ao ter contato com alguém se irritava facilmente e tinha ataques de coceira. A relação familiar era muito conturbada, pois os pais tinham pouca expressão afetiva.

O pai alcoólatra agredia a mãe. A família era marcada pela Triangulação, onde só a mãe e as irmãs tinham contato e o pai era excluído. Ao mesmo tempo ela era o bode expiatório da família, tudo que ocorria descontavam nela.  Helena e a família começaram a fazer psicoterapia com objetivo de superar e compreender o motivo do nojo de Helena e para o equilíbrio familiar. Várias dinâmicas eram feitas, principalmente de comunicação, para poder superar a timidez de Helena. Logo após ocorreram os dois outros Seminários Clínicos, com a psicóloga egressa do CEULP/ULBRA Damaris Fernandes e a acadêmica Flor de Lyss Feitosa, com os ênfases na Sócio-Histórica e Psicanálise, respectivamente.

A importância deste evento é a possibilidade de perceber como a psicoterapia é algo grandioso. Uma situação tão simples, como nojo, que muitos podem dizer que não é nada demais pode se ver através desse estudo que houve muitos motivos que influenciaram esse problema da Helena. Por isso que o psicólogo não tem que ter a visão fechada e sim enxergar além daquela situação que o cliente/paciente está passando, pois algo tão nobre como lidar com o ser humano é procurar entender o que ele está passando. Ajudá–lo é recompensador. Embora nos dias atuais ainda haja preconceito e receio de procurar o psicólogo, fica claro que paciente e terapeuta podem identificar o motivo de uma dor emocional, trabalhando para que isso não se torne algo mais sério.

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Fonte: http://www.psiconlinews.com/2015/10/por-que-fazer-psicoterapia.html

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Transtorno Bipolar: é possível vencer?

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O Transtorno Bipolar é uma doença caracterizada por episódios de mudança repentina de humor, que vão desde estados de alegria e tristeza, até episódios de euforia e depressão, podendo ocorrer simultaneamente ou não. Em casos mais graves o paciente pode apresentar sintomas psicóticos, como alucinações e delírios.

A causa para o Transtorno Bipolar não é inteiramente conhecida, no entanto sabe-se que questões biológicas, genéticas, sociais e psicológicas formam um conjunto de fatores que podem desencadear a doença.

O Transtorno Bipolar tem grande impacto na vida do paciente, de sua família e da sociedade. Além do sofrimento psíquico, o paciente tem dificuldade em suas relações sociais e pode ter prejuízos em sua vida financeira, em sua saúde e até mesmo em sua reputação.

Para mostrar que com o tratamento correto é possível que o paciente bipolar viva bem, o (En)Cena conversou com Raphael Henrique Travia, Tecnólogo em Gestão Hospitalar e Conselheiro Municipal de Cultura em Joinville-SC. Desde a infância Raphael já apresentava sintomas de transtorno mental. Foi tratado por muitos anos de forma errada e encontrou no CAPS de Joinville o diagnóstico e o tratamento correto, o que mudou sua vida radicalmente.

Foto: Jaksson Zanco

(En)Cena – Como foi sua infância?

Raphael Henrique Travia – Sou uma pessoa com deficiência física devido à paralisia cerebral por falta de oxigênio no meu cérebro no momento do parto. Meus pais se separaram quando eu tinha 5 anos de idade. Aos 7 anos fiz uma cirurgia para corrigir um problema no pé direito (pisava apenas com a ponta do pé). Numa noite, aos 7 anos, acordei de um pesadelo e comecei a enxergar aranhas e cobras coloridas pelo meu quarto. Essas visões desapareciam quando eu acendia a luz. Na escola sempre gostei de estudar, de escrever e odiava educação física. Posso dizer que passei grande parte da infância assistindo televisão, adorava os desenhos japoneses como “Os Cavaleiros do Zodíaco”.

(En)Cena – Em que a paralisia cerebral afetou em sua vida? As aranhas e cobras coloridas que você começou a enxergar depois daquele pesadelo aos 7 anos, foi por causa da paralisia cerebral ou foi o começo dos surtos psicóticos?

Raphael Henrique Travia – As aranhas e cobras que comecei a enxergar aos 7 anos foram o princípio do transtorno mental. Quanto à paralisia cerebral, ela me trouxe a deficiência física e não posso dizer que isso é legal, pois o mundo é cruel com todos aqueles que não se enquadram no padrão da perfeição. Mas posso dizer que tive até sorte, pois as únicas sequelas que tive foram ter ficado manco e com leves problemas de coordenação motora, tenho pouca visão no olho direito e estrabismo, mas para isso existe óculos.

(En)Cena – Quando você foi diagnosticado pelos médicos que possuía um transtorno mental? E psiquiatricamente falando, que transtorno você possui?

Raphael Henrique Travia – Aos 15 anos tive um surto bem forte, enxergava o meu corpo deformado e estava numa forte depressão, pois minha mãe tinha acabado de perder sua fortuna. Passamos de uma situação financeira excelente para a miséria do dia para a noite. Passei 10 anos sendo tratado como se tivesse esquizofrenia, várias internações onde eu só voltava pior. Aos 25 anos quando entrei na faculdade tive um surto de felicidade e daí fui corretamente diagnosticado como Bipolar.

(En)Cena – Você passou 25 anos da sua vida sem saber exatamente o que tinha, sendo tratado de forma errada. Em que isso te prejudicou?

Raphael Henrique Travia – Entrava em cursos que não conseguia terminar porque o surto chegava. Algumas pessoas achavam que eu era perverso, estranho e idiota. Que eu era mau caráter. Um dos psiquiatras que me atendeu dizia que eu não tinha transtorno mental nenhum, que eu era o eterno Peter Pan. Fiz alguns inimigos, e inclusive fui mandado para o manicômio pelo CAPS que frequentei antes de chegar em Joinville.

(En)Cena – Qual o seu grau de bipolaridade e quais os sintomas?

Raphael Henrique Travia – Quando estou em surto, a televisão, rádio e todos os meios de comunicação começam a falar comigo, é como se eu fosse perseguido por eles. Fatos e falas da minha vida aparecem repentinamente em novelas, jornais etc. Quando estou em alta não consigo parar de rir, tenho ideias brilhantes e sou um persuasivo, enfático demais. Na fase baixa não tenho vontade de fazer nada, não consigo dormir e fico perdido como uma criança pequena. Não sei dizer o grau da bipolaridade, sei que agora ela não me incomoda mais e nem incomoda os outros. Faz uns três anos que estou bem.

(En)Cena – Há três anos você está bem. É o tempo que você está em Joinville? Sabemos que você frequentou o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em Joinville. Foi isso que te ajudou?

Raphael Henrique Travia – Morei um tempo sozinho no meio Oeste Catarinense. Em 2008 minha família (mãe, irmão, cunhada e sobrinhos) saiu do Meio Oeste e veio para Joinville tentar uma vida melhor. Naquele tempo eu estava fazendo curso de aprendizagem em desenho mecânico no SENAI e queria terminar o curso, mas surtei. Fui internado numa ala psiquiátrica do Hospital Geral e não funcionou. Então o CAPS daquela cidade tentou me interditar e me mandou para o manicômio. Quando saí do manicômio vim para Joinville ficar com a família. No primeiro momento o pessoal do CAPS de Joinville não aceitou me atender. Eu estava tão dopado de remédios que eles acharam que eu tinha deficiência mental e eles achavam que eu era uma pessoa ruim devido às informações duvidosas que receberam do CAPS da cidade do interior onde eu morava.

(En)Cena – Mas e depois eles aceitaram te atender?

Raphael Henrique Travia – Me reaproximei do CAPS de Joinville em 2009. Cursava o 1° semestre do Curso Superior de Tecnologia em Mecatrônica Industrial e resolvi escrever um artigo científico para um concurso do CNPq sobre o gênero feminino e a saúde mental. Daí eles puderam perceber que eu não era tão ruim assim. Em 2010 fiz novo vestibular e ingressei no curso de Gestão Hospitalar e quando precisei de ajuda fui aceito.

Raphael presente no 2º Seminário Internacional de Inovação sobre participação e controle social. Foto: Arquivo Pessoal

(En)Cena – E qual foi o papel do CAPS em sua vida? Como você foi ajudado?

Raphael Henrique Travia – Primeiramente em Joinville existe o CAPS III 24 Horas, então eu pude ficar em hospitalidade. Internação nunca mais. E pude entender que algumas características minhas também são frutos da bipolaridade. Pude aprender a exercer liderança sem machucar ninguém e a minha família ao perceber minha melhora começou a aceitar a loucura e a saúde mental. E inclusive fui Conselheiro Municipal de Saúde, me formei na faculdade, pude começar e terminar com dignidade as empreitadas da vida. O CAPS estabeleceu uma grande parceria com a minha faculdade para que eu pudesse me formar, e um dos frutos dessa parceria também é o site www.folhadelirio.com.br. O CAPS é parte da minha vida e eu sou mais um dos muitos personagens que dá vida ao CAPS.

(En)Cena – Você ainda frequenta o CAPS?

Raphael Henrique Travia – Não. Recebi alta em setembro de 2011, mas tenho uma grande ligação com eles. Sempre que posso participo dos eventos abertos à comunidade e estabeleci uma amizade tão forte que sempre que preciso desabafar para não enlouquecer, posso contar com eles. E para viabilizar e atualizar o site www.folhadelirio.com.br nossos encontros e conversas são frequentes, mas não estou lá no papel de usuário.

(En)Cena – Tem algo que você gostaria de falar e que eu não perguntei?

Raphael Henrique Travia – Eu gostaria de dizer que é possível vencer sim! Que a saúde mental machuca, mas que precisamos encontrar forças para resistir. Convido a todos a ler o novo artigo que escrevi sobre a folha de lírio http://www.incubadora.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/2384. Gostaria de informar que o site www.folhadelirio.com.br precisa de novo patrocínio para continuar a existir, pois a nova gestão de Joinville não valorizou este trabalho feito por usuários de saúde mental. E-mail: contato@folhadelirio.com.br

 

Confira os artigos já publicados por Raphael:

Entre lírios e delírios: igualdade de gênero em saúde mental

https://periodicos.ifsc.edu.br/index.php/publicacoes/article/view/1009

 

Folha de Lírio: o jornal virtual da saúde mental

http://www.incubadora.ufsc.br/index.php/cbsm/article/view/2384

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