Os perigos escondidos atrás da série Round 6

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Sucesso de audiência entre os assinantes, da Netflix, a série sul coreana, Round 6, conquistou o público ao propor uma gincana assombrosa com centenas de participantes, que aceitaram participar do jogo pelo prêmio milionário, o qual poderia mudar a vida de quem vencesse.  No entanto, os candidatos não sabiam que quem perdesse a partida, que simulavam brincadeiras de crianças, morreria, no final de cada jogada. Uma série interessante, voltada para o público adulto, mas que chamou à atenção e virou febre entre a garotada. Fato que preocupou pedagogos e médicos

Foi sobre essa série, dividida em 9 capítulos, que diversas escolas brasileiras enviaram alerta para os pais sobre os riscos que o seriado poderia ocasionar as crianças, que estão em fase da construção da identidade, bem como processo de ensino aprendizagem. Conforme, matéria publicada pelo jornalista, Gustavo Cunha, no Jornal O Globo (2021), uma escola do Rio de Janeiro, fez uma carta aberta dirigida aos pais sobre os perigos, em que os filhos poderiam ser expostos com ao assistirem a série.

A preocupação do estabelecimento educacional foi informar aos responsáveis que a narrativa, que tornou assunto entre os alunos do ensino fundamental, contém conteúdo com cenas explícitas de violência, tráfico de órgãos, tortura psicológica suicídio, além de palavras de baixo calão. Ainda de acordo com a reportagem do jornal, O Globo, as crianças estavam simulando, no horário do recreio, as supostas brincadeiras infantis, que fazem menção ao assassinato dos perdedores do game.

Fonte: Divulgação/ Netflix

 Moran (1991) adverte que, a maioria das crianças passa longos períodos do dia confinadas em apartamentos, “sem espaço de interação com outras crianças, enquanto os pais trabalham fora”. A televisão passa a ser uma opção, principalmente para os que não tem outras opções (Moran, 1991). “A televisão é agradável, não requer esforço e seu ritmo é alucinante”.  Situação que foi agravada com a pandemia da Covid-19, já que as crianças tiveram que ficar em casa, a maior parte do dia, bem como passaram a ter aulas online.

Nessa mesma percepção, Bee (1996) enfatiza que o principal método de aprendizado das crianças menores é a observação e imitação.  O consumo televisivo, geralmente acrítico e passivo, exerce interferência decisiva na representação que a criança faz da realidade. “Tanto os comportamentos positivos como os agressivos são imitados por crianças que veem televisão já aos 14 meses de idade”.  (Bee, 1996)

O formato convencional televiso sofreu modificações, nos últimos anos, com a revolução digital, hoje é possível assistir TV, por meio dos celulares, notebooks entre outros aparatos tecnológicos. Além disso, as pessoas têm optado por assinaturas de streaming, serviços de transmissão de séries e filmes, por meio da internet. Foi-se o tempo, em que as famílias se dirigiam as locadoras, para alugarem o filme desejado. Toda essa mudança, impactou diretamente o modo de vida do público infantil, pela facilidade ao acesso, de todo tipo de conteúdo.

Fonte: Imagem de Freepik

 Nesse sentido Mattos (2013) aponta que, “a era digital é um momento de novos desafios para as mídias tradicionais e também para a análise de dados devido ao volume, variedade e velocidade com que são produzidos e distribuídos.” Ou seja, o universo digital é um desafio para todos, devido ao grande volume de informação produzido diariamente. Um desafio para os pais e professores no processo de formação de um cidadão saudável e produtivo, devido a exposição excessivamente das crianças e do adolescente.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 4º, diz que é dever da família, da comunidade e sociedade assegurarem a dignidade, a educação, o respeito, da criança e do adolescente. Nesse aspecto, é dever dos pais observarem o que os filhos têm consumido, e não deixar a cargo dos educadores, a formação dos filhos. Por isso, fica o alerta sobre a exposição dos filhos em frente, não só a televisão, mas também, em relação a internet, que para muitos é terra sem lei.

 

REFERÊNCIAS

Brasília, Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Lei de Nº 8.069. Promulgada, em 13 de julho, de 1990.

BEE, Helen. A Criança em Desenvolvimento. 7. ed. Porto Alegre. Artes Médicas, 1996.

Jornal, o Globo: Carta de escola carioca, alertando os pais sobre o Round 6 Disponível em <https://oglobo.globo.com/cultura/carta-de-escola-carioca-alertando-pais-sobre-round-6-viraliza-ganha-apoio-de-pediatras-do-rio-25226571> Acesso: 29. De out, de 2021

Mattos, Sérgio (2013). A Revolução Digital e os Desafios da Comunicação. Disponível em <http://www.repositorio.ufrb.edu.br/bitstream/123456789/766/1/a%20revolucao%20digital%20e%20os%20desafios%20da%20comunicacao(1).pdf> Acesso: 29, de out de 2021.

MORAN, José Manuel. Como ver Televisão: Leitura Crítica dos Meios de Comunicação. São Paulo. Editora Paulinas, 1991.

Revista Eletrônica, Uol. ‘Round 6’: no Brasil não faltariam candidatos ao jogo macabro da Netflix. Publicado 10 de out, de 21. Disponível em https://economia.uol.com.br/colunas/carlos-juliano-barros/2021/10/19/round-6-no-brasil-nao-faltariam-candidatos-ao-jogo-macabro-da-netflix.htm >. Acesso: 29, de out, de 2021.

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Especialistas discutem sobre os apelos excessivos da publicidade infantil

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As crianças, de um modo geral, têm um alto poder de absorção de qualquer tipo de conteúdo. Por exemplo, toda Páscoa, chovem propagandas sobre chocolates entre outros itens. O resultado é o consumo exagerado de doces que só pioram a saúde dos pequenos.

Por meio de diversas técnicas, as marcas conseguem exercer um poder de influência muito grande em cima das crianças para que possam incentivar os pais a comprarem brinquedos e guloseimas. Mas quais são efeitos negativos e como lidar com os desejos causados pela publicidade?

Para a psicóloga Livia Marques, as propagandas abusivas acarretam grandes influências negativas nas crianças. Ela diz que o efeito disso surge de uma forma muito ruim na mente delas, fazendo com que fiquem inflexíveis ao não e a qualquer argumento. “Tanto na TV como na internet, o conteúdo massivo pode causar uma fixação muito grande na mente delas”.

Livia fala que os sinais de que algo está errado com o desejo de ter um brinquedo ou de lanchar é refletido geralmente no comportamento agressivo e inflexível ao pedir aos pais. “Há casos que a criança não aceita de forma alguma o limite que é imposto”.

Fonte: Pixabay

Para Dario Perez, professor acadêmico e especialista em publicidade e marketing, o problema está no fato de que muitas empresas acabam “perdendo a mão” em suas ações publicitárias e comentem alguns excessos. Ele comenta que o público infantil é extremamente sensível a qualquer tipo de técnica de marketing que possa ser utilizado dentro dos parâmetros de um comercial de TV ou na internet, por exemplo.

– As crianças absorvem com muita facilidade todos os tipos de influências direcionadas. Mesmo as campanhas, que não possuem um bom comercial ou técnica apurada de publicidade, conseguem converter a venda, utilizando-se de uma comunicação lúdica e aspiracional, aproveitando personagens para gerar empatia e elevar sua credibilidade – explica.

Dario diz ainda que um dos objetivos da publicidade é gerar, por meio da influência, a sensação de felicidade através do consumo. Dessa forma, as crianças falam para os pais sobre a necessidade de ter tal produto. Eles, por sua vez, acabam satisfazendo o desejo para a alegria dos filhos.

Fonte: encurtador.com.br/adgkQ

Como lidar

A psicóloga Livia diz que a melhor forma de proteger a família é por meio do diálogo. Ela comenta que é importante os pais saberem dizer não, mesmo quando é muito difícil. Por outro lado, é preciso mostrar o porquê do não, talvez pela falta de condições financeiras, se a criança já tem muitos brinquedos e ganhou algum recentemente ou até explicando que determinado lanche ou doce pode fazer mal se comer muito dele.

– A conversa é fundamental. A criança também precisa saber para compreender e respeitar. Os responsáveis precisam entender também que a permissividade não pode ter espaço nessas lacunas – reforça.

Regulamentação

Para o especialista em marketing e publicidade, a regulamentação da publicidade infantil ainda é muito delicada no Brasil. Segundo o profissional, existe um projeto de lei mais rigoroso e voltado para a proteção da criança durante a exposição de alguma marca. Porém, ainda não foi aprovado. “Enquanto isso, observamos alguns efeitos colaterais, como, por exemplo, o alto índice de consumo de alimentos ditos como não saudáveis”.

– Segundo o Ministério da Saúde, uma em cada três crianças no Brasil estão com sobrepeso. Além disso, o segmento de brinquedos para crianças só cresce, segundo os dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq). Claramente isso são reflexos do poder persuasão – destaca.

Dario diz que para que as marcas respeitem a ética, é preciso, primeiro, assumir sua responsabilidade no processo de influência das crianças.  Segundo, é fundamental que as empresas sejam claras. Ou seja, elas devem encarar do ponto de vista educacional, mostrando os benefícios e os malefícios desses produtos. “Não quer dizer que é preciso fazer uma campanha socioeducativa. E, sim, ser mais transparente”.

– Por exemplo, pode avisar que a criança não deve beber determinada bebida todo dia, pois pode fazer mal para a saúde. Isso vai mostrar que aquele produto em alto consumo pode gerar efeitos negativos – comenta.

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Jocyelma Santana: os desafios de uma mulher no jornalismo

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Paixão pelo que faz define bem a vida da jornalista e professora Jocyelma Santana. Nessa entrevista ela fala sobre os meios de comunicação tradicionais frente às novas mídias, as situações de risco aparente que se impõem ao repórter, o desafio de se separar os papeis dentro e fora do trabalho, e sobre como sua personalidade, apoiada pelos pais, a levou a escolher a profissão na qual alcançou sucesso.

(En)Cena – Você como uma mulher de sucesso, com uma longa trajetória na profissão de jornalista, pode nos falar um pouco sobre os desafios da profissão?

Bom, escolher uma profissão já é um desafio desde o primeiro momento. A gente tem o hábito de cobrar muito cedo dos nossos filhos que façam esta escolha. E é uma decisão quase sempre angustiante. Mas eu nunca tive dúvida. Sempre quis ser jornalista. Gostava muito de escrever, de conversar, de saber de gente, ouvir. E penso que estes ‘gostos’ foram fundamentais para que eu me satisfizesse com a profissão que escolhi. Posso dizer que fui e sou muito ‘abençoada’ ao longo destes 22 anos de jornalismo, maior parte deles fazendo jornalismo de televisão. Também fui professora, exercício do qual tenho grande orgulho – não do que fiz, mas dos alunos com os quais pude conviver, acompanhar o crescimento, perceber os frutos.

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(En)Cena – Quando você se interessou pelo jornalismo, como aconteceu essa descoberta profissional e como foi sua primeira experiência de trabalho?

Como disse antes, em casa sempre fui a mais ‘conversadora’. Recebi muitos olhares desconcertantes, daqueles que valiam como reprimenda, na minha infância, porque conversava demais quando as visitas chegavam. Era o tempo de menino ficar calado, quando os adultos conversavam.  Na escola, tinha o hábito de passar nas carteiras, onde estavam os colegas, para ‘fiscalizar’ as tarefas deles e dar palpite, se estavam errando ou acertando. Mas meu jeito peralta e conversador também foi valorizado pelos meus pais. Eles me estimularam a ler muito, escrever o que desejasse. Tanto isso é verdade, que tenho os diários de adolescente, que achava ter jogado fora. Para minha surpresa, quando me casei, minha mãe me entregou os quatro diários (cadernos) cuidadosamente embalados. Ela havia guardado todos com muito carinho. Então, isso tudo me ajudou a ser jornalista. As lembranças, a vontade de conhecer histórias e escrever.

Minha primeira experiência profissional – já formada – foi numa emissora de televisão em Araguaína. Estava recém-formada, retornando para o Tocantins, em 1995, quando fui convidada para ser repórter do Telejornal 7, um noticiário que iria ser criado no SBT, só para a cidade. Lá fiquei por sete meses. Até que fui convidada para cobrir férias da repórter Vanusa Bastos, na TV Anhanguera de Araguaína. Fiz o período de férias dela, depois fui contratada em definitivo pela emissora do Grupo Jaime Câmara, onde permaneci por 20 anos e 11 meses.

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(En)Cena – Em sua trajetória, houve algum momento que fosse complicado pela sua condição de ser mulher? Como você driblou essa situação?

Complicado, não diria. Passei algumas situações de medo, em algumas coberturas. E desafios em viagens. Certa vez, ainda em Araguaína, fomos a uma propriedade que havia sido ocupada por trabalhadores que desejavam terra para reforma agrária. Fiquei receosa. De outra vez, já no Vale do Araguaia, fui com equipe de reportagem, cobrir um protesto de indígenas. Eles haviam apreendido um carro da Funai e estavam mantendo funcionários da Fundação como reféns, até que reivindicações da comunidade fossem atendidas. Também senti medo. Nos dois casos, o ‘drible’ foi manter a postura, não demonstrar o receio e seguir em frente.

(En)Cena – Você pensa que mulheres jornalistas encontram mais dificuldades em ascender na carreira que os homens?

Muito menos agora. Temos vários exemplos de mulheres no topo da carreira no Jornalismo, aqui no Tocantins. No meu caso, fui editora-chefe dos principais telejornais da emissora – JA1 e JA2, depois de ficar 12 anos na reportagem externa.  Com trabalho, conhecimento, disposição, a mulher jornalista, claro, como as demais profissionais, tem a chance de alcançar postos mais altos. A gente sabe que para isso, esta mulher acaba se sobrecarregando porque não deixa de desempenhar as demais funções, que quase sempre ainda lhe são atribuídas: mãe, esposa, um outro emprego para complementar a renda.

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(En)Cena – Você é uma apaixonada pela profissão. Mesmo fora do ambiente de trabalho, o quanto você carrega da jornalista para a casa, a igreja, o lazer, ou esses papeis são bem definidos e separados?

Outro dia participei de uma palestra sobre a mulher da carreira jurídica. E claro, percebi que os desafios e cobranças são iguais. Você pode levar trabalho pra casa, e leva. Mas não pode levar o filho doente para o trabalho. É fato. Por que não? Porque isso demonstraria fragilidade, atrapalharia os colegas? E não atrapalha trazer trabalho para casa? Claro que atrapalha. Você não se concentra totalmente nos filhos, quando faz isso. Mas com o tempo, a gente acaba percebendo que não vale a pena abrir mão do tempo de casa, do lazer, da igreja, por causa do trabalho. É outro desafio saber separar bem estas atividades, mantendo-as ‘intactas’, sem que uma prejudique a outra. Isso é básico para manter a sanidade.

(En)Cena – Para você, foi muito difícil sair da TV Anhanguera após 20 anos de trabalho?

Eu já vinha me preparando para este momento há algum tempo. A gente percebe que as mudanças vão nos atingir e é preciso estar pronta para quando isso ocorrer. Foi o que fiz. Ao longo destas duas décadas, não fiquei só na emissora. Dei aula em Universidades, fiz concurso público, organizei o ‘plano B’, para a hora da separação deste trabalho. Então, foi mais um passo. Como todos os outros que a vida nos leva a dar ou suportar.

(En)Cena – Como você avalia esse posicionamento da emissora de “renovação”?

Não cabe a mim avaliar. É uma decisão da emissora.

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(En)Cena – Sabemos que as novas mídias vêm provocando profundas mudanças e crise nas emissoras de TV e outros meios de comunicação por diversas possibilidades que oferecem a mais. Como você avalia esse momento? Quais as perspectivas para os tradicionais meios de comunicação de massa?

Esta renovação sim, é obrigatória. Penso que as redações regionais não estão devidamente preparadas para este momento, ainda. Mas isso é questão de tempo. O caminho é feito na caminhada. Hoje, é cada vez mais urgente a inclusão do telespectador/internauta/ouvinte na produção do conteúdo jornalístico. Ele quer ser ver sendo atendido em conteúdos específicos. Tem muita informação circulando, mas isso não tira a importância do cuidado com a apuração, com o tratamento da notícia. Temos muitos instrumentos à disposição para atender esta necessidade do consumidor de informações. Mas é preciso saber, com critério, o que ele quer e dar credibilidade e garantia de veracidade na transmissão deste conteúdo.

(En)Cena – Parafraseando Caetano, “cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Para você, qual seria a dor e a delícia de ser mulher?

A dor? É parte, é do processo. É da construção. Passa.
A delícia? É o resultado diário, é a caminhada, é o encontro. Fica.

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(En)Cena, TV Record Tocantins e Real Imagem.com estabelecem parceria

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Campanha EducAção veiculará vídeos com temas centrais para o bem-estar físico e mental dos cidadãos


A partir dos próximos dias a TV Record Tocantins exibirá nos intervalos de sua programação o primeiro de uma série de 11 vídeos de caráter educativo, numa parceria inédita com o “(En)Cena – A Saúde Metal em Movimento” e a produtora Real Imagem.com. Os vídeos irão abordar temas como queimadas, doação de sangue, doação de medula, trânsito e mobilidade urbana, atividade física e, por fim, uso consciente da água. A parceria segue até dezembro próximo.

Idealizador do projeto, que recebeu o nome de “Campanha EducAção”, o produtor editorial e acadêmico de Psicologia do Ceulp/Ulbra, Luiz Izidoro, disse que a proposta une elementos centrais defendidos por todos os parceiros do projeto. “O cuidado com o meio ambiente, com a cidade onde moramos e com o nossa própria saúde, através de atividades físicas, são fatores preponderantes para a manutenção de uma boa qualidade de vida. E estes elementos estão no cerne da visão de mundo dos três envolvidos na campanha”, destaca Luiz.

Para a coordenadora do curso de Psicologia do Ceulp/Ulbra e coordenadora do (En)Cena, a prof. Dra. Irenides Teixeira, a parceria amplia a proposta do curso, que é formar profissionais atentos aos caráter biopsicossocial do ser humano. “É inadequado termos uma visão meramente psicológica [da condição humana] ou biológica e esquecermos o meio ambiente onde acontecem as trocas, interações e processos criativos. Há uma constante interdependência entre os aspectos biológicos (e a natureza entra neste arcabouço), psicológicos e sócio-culturais. Esses vídeos vêm como uma forma de provocar insights nos expectadores, alertando-os para a ampla dimensão que suas vidas assumem. Esta é uma das propostas básicas do curso de Psicologia do Ceulp”, destaca Irenides.

Luiz Izidoro disse que a parceria conseguiu materializar um conjunto de mensagens importantes, com forte viés para a conscientização e para a cidadania. No fundo, trata-se de um convite para que todos lutem por melhor qualidade de vida. “É uma campanha que quer estabelecer ou mediar ações que despertem o que há de melhor nas pessoas, fazendo-as perceberem-se como co-partífices de um processo em constante construção”, arrematou.

MAIS

A TV Record Tocantins pode ser sintonizada através do canal 7 UHF. Desde 2007 transmite a programação nacional da Record Brasil, além de manter um sólido núcleo de jornalismo para coberturas locais, em várias áreas.

O portal (En)Cena foi idealizado pelos cursos de  Comunicação Social, Psicologia e Sistemas de Informação do CEULP/ULBRA. Trata-se de um espaço para o qual convergem produções textuais, imagéticas e sonoras referentes aos temas da psique humana e suas várias interações, além de temas humanistas, sociológicos, filosóficos e de caráter psicológicos, em geral. Com viés colaborativo, recebe milhares de acessos diários, de todas as partes do Brasil e do exterior.

Uma das missões da produtora Real Imagem.com , é promover a saúde mental e o bem estar social, abordando as relações humanas e suas vastas especificidades como, a preservação do meio em que vivemos, o bem estar social e a saúde física. Utilizando as produções de audiovisual, como suporte para as realizações destas propostas.

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O fascínio pela tela e o desenvolvimento dos sentidos na infância

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Os desenhos animados chamam a atenção pelo colorido e pelos efeitos sonoros, ao mesmo tempo em que podem proporcionar, ao corpo, alterações funcionais. A alteração dos batimentos cardíacos quando vemos um desenho de aventura, por exemplo, relaciona-se ao conteúdo bem como a interpretação do conteúdo das imagens e, portanto, tal efeito relaciona-se às emoções humanas. Aquilo que se relaciona à emoção das pessoas pressupõe uma integração entre os sistemas de captação e de compreensão do mundo e de expressão nele.

Desse modo, pode-se dizer, que o fascínio pela tela não éapenas fruto do processo pelo qual o homem se aliena. O fato de as telas dispararem processos que vão além do foco da atenção é condição suficiente para se encarar a televisão como um ativo meio de formação, inclusive afetiva, do ser humano. Isso não é o mesmo que dizer que precisamos das televisões (e congêneres) para nos formarmos. Pelo contrário, ela é apenas um instrumento moderno, potencializado pela tecnologia digital.

http://www.gemind.com.br/3952/televisao-faz-mal-bebes/

A criança, quando nasce, pouco integra e não sabe que integra os seus aparelhos de captação do mundo externo. Apesar disso, avança intuitivamente reagindo ao meio em que se encontra, mesmo que dependa vitalmente de quem lhes faz crescer. Fazer crescer depende de muitas outras coisas além da televisão. A mudança da voz dos pais, músicas, ritmos, luminosidades, vento, objetos com temperaturas diferentes, gostos e tato promovem o desenvolvimento infantil uma vez que faz o bebê integrar seus sistemas de captação de estímulos e informações.

A compreensão que a criança faz do meio em que vive, nos primeiros anos da vida, é pautada em sensações ligadas àsatisfação e à segurança, reconhecendo-as pela diferenciação de sensações opostas que nela gera insatisfação e insegurança. Trata-se de um sistema comunicacional entre tecidos e órgãos que captam estímulos, integrando-os, promovendo uma mistura de incômodos, satisfações, movimentação e cansaço. A criança reage a essas mudanças com movimentos e com sons que são reconhecidos por adultos que, por sua vez, com aquela interagem e promovem, em nível verbal e não verbal, comunicação e, portanto, constroem linguagens.

Tal integração, que se dá nas relações humanas, depende de como integramos, enquanto seres individualiazados e sociais, nossos sistemas de captação, codificação, decodificação e emissão da linguagem. A fala usa e, ao mesmo tempo, cria a linguagem. É a capacidade de nos referirmos ao mundo e, portanto, de dizermos sobre as transformações oriundas do “ir sentindo”, incluindo, nesse fenômeno, os resultados da captação dos cinco sentidos (tato, paladar, olfato, visão e audição) chamados de percepções. Uma vez que o “ir sentindo” depende da comunicação, a fala depende das várias linguagens desenvolvidas por cada agrupamento humano e, portanto, não sópossui o papel de referir sobre o mundo, mas também o de construir as relações e os fenômenos.

O tema da linguagem e da estimulação infantil, nos leva ao tema inicial desse texto, sobre o qual passo a explorar a partir da seguinte questão: qual o papel da televisão e do videogame no desenvolvimento cognitivo infantil?

A televisão e o videogame são eficientes na promoção da linguagem oral e na integração de sistemas de comunicação uma vez que trabalham com as cores, os sons, os símbolos e as emoções. As cores, os sons, os símbolos e as emoções da criança, quando assiste à TV, acomodam-se nas diversas maneiras que a criança as possa acomodar, a depender do espaço que possui, deitadas, em pé, sentadas, de cabeça para baixo e etc. O tempo é também um fator determinante: seguir programas que contam histórias que se conectam ao longo do tempo permite à criança aprender histórias, acumular aprendizados, além de ver como um mesmo contexto (os lugares nos quais se passam os desenhos) pode variar em seus elementos.

Pelo fato de a televisão alavancar o aprendizado por meio da narrativa, descrição e contação de histórias, o tato tende a não ser ativado no momento desse aprendizagem, uma vez que a atenção está voltada para a captação visual e auditiva. O olfato e o paladar também raramente integram-se no aprendizado mediado pela TV. Por outro lado, o contato com brinquedos, com a comida, com animais, com outras crianças, com adultos, com objetos e coisas em geral tende a integrar, na aprendizagem infantil, um número maior de sentidos, desde que dispostos em relações sociais facilitadoras de criatividade, em espaço suficiente para a movimentação e para o brincar além de tempo apropriado para a construção de conteúdos simbólicos. Não adianta ter muitas coisas acessíveis; os objetos são apenas meios de interação e, portanto, de construção simbólica, mas, para tanto, a mediação de outras pessoas (crianças e adultas) é necessária. E ésobre isso que a Pedagogia se debruça.

A televisão e o videogame também possuem a capacidade de mediação entre a criança e o par imagem-som, limitada, contudo, pois eletrônica. Por mais que alguns softwares sejam mais eficientes na comunicação de informações e no estímulo àmemória, pelo fato de integrarem apenas dois sentidos humanos (visão e audição), não possuem capacidade equivalente à mediação humana. Nessa discussão, não estáem questão qual mediação é melhor, mas, antes, visa-se apontar a imprescindibilidade da mediação humana, direta, pele com pele, no desenvolvimento infantil.

Voltando à questão da integração de sistemas de captação, na infância ela pode ser comparada à fome. A criança busca aprender. Isso não é o mesmo que dizer que se trata de um ato voluntário. O meio a estimula, ela reage, buscando-o, descobrindo-o. As metáforas conseguem dizer mais completamente sobre isso: o girassol busca o sol, os mamíferos recém-nascidos buscam a mama, o broto busca o ar, as crianças buscam interagir. O fator simbólico é um elemento que se constitui no início do desenvolvimento da criança. Traspondo o significado das metáforas ao desenvolvimento infantil, diria que as crianças, já em seu primeiro ano de vida, buscam aprender.

Dando prosseguimento às metáforas, pode-se dizer que a criança tende a dedicar mais tempo ao “prato” de sentidos que mais lhe sacia a fome de todos os seus sentidos. Em muitos casos, esse prato é a TV que, por sua vez, tende a excluir três sentidos: o tato, o paladar e o olfato. Nos casos em que o interesse pela televisão é maior, pode-se pensar que o que mais está saciando o interesse da criança pela estimulação é um meio de comunicação que a estimula, mas não por completo. Tal fato leva-nos a afirmar, pelo menos como hipótese, que as relações que a criança, nesse caso, faz em seus diversos aprendizados estão, do mesmo modo que a TV, excluindo a estimulação e a integração dos sentidos, uma vez que a TV, que em geral integra e estimula apenas dois, éo que a mais sacia. A criança, quando acompanha histórias contadas pela televisão, avança, sem fronteiras, nos territórios da atenção, da memória e do pensamento, sem, contudo, integrar nesse processo os sentidos do tato, do paladar e do olfato. Pode-se concluir, também hipoteticamente, que, em muitos casos, o pensar, o atentar-se e o uso da memória desenvolvem-se com um desenvolvimento hipertrofiado da visão, regular da audição e hipotrofiado dos demais sentidos.

As hipóteses levantadas são, logicamente, precipitadas, mas não absurdas. Demandam avaliações também sobre qual posição o desenvolvimento dos sentidos humanos têm ocupado nas relações humanas e no aprendizado escolar. Talvez tais sentidos são, da mesma forma, renegados a uma posição subalterna à visão e à audição.

Primeiramente, quando aqui uso o termo “escola”, não me refiro a todas ou a algumas em específico. Trata-se de um termo para se falar àquilo que julgo ver e haver em comum em muitas escolas brasileiras, baseando-me na observação que já pude fazer, nos artigos relacionados à escola e em minha vivência profissional. Trata-se de um ensaio despretensioso no que tange à comprovação das hipóteses, mas que pretende gerar debate.

As escolas são, em muitos casos, lugares que possuem menos cores que a televisão; tendem à assepsia monocromática desviada com letras e números cuja animação passa desapercebida diante da animação disponível na televisão.

http://www.zun.com.br/cuidados-com-a-voz-do-professor/

O som trabalhado é em geral a fala pausada e, por vezes, cansada, de um professor que é pouco escutado e que não recebe alguma orientação para o cuidado com o seu principal instrumento de trabalho, a voz (sem contar as mazelas que todos, empiricamente, sabemos haver nas condições de trabalho nas escolas); além disso, a tendência é o uso da voz sem explorar sua extensão de tons, de timbre e de ritmos.

Na escola, pouco se estimula o tato, uma vez que o contato com o lápis prepondera sobre o contato com a diversidade da matéria, sua temperatura, sua viscosidade e plasticidade; além disso, o ensino de ofícios (como marcenaria, pintura, carpintaria e etc) é, infelizmente, considerado secundário e reservado ao púbere que se encontra à margem do sistema escolar. A exploração do corpo pela atividade física éfeita da maneira mais disciplinar possível com o declarado objetivo de fazer as crianças gastarem a energia para poderem se aquietarem nas cadeiras. Educação sexual não há, além de uma série de informações que visa o controle de natalidade e a hiperadequação à norma hetero-cristã-sexual.

Quanto ao paladar e ao olfato, a plastificação e uniformização das refeições tem contribuído ao enfraquecimento da capacidade que o ser humano possui no uso desses sentidos. Na escola, o paladar é estimulado apenas recreacional e ligeiramente e o olfato é o mesmo da cidade: de cimento, talvez cinza.

A escola é, portanto, um lugar de estímulos iguais para crianças que querem ver coisas diferentes e que vêem coisas diferentes na televisão, todos os dias. A fala é, na maior parte do tempo controlada, tanto na altura, quanto no tempo e no local, sem contar o controle do conteúdo. A criança que não se interessa pela escola ou se interessa menos por ela do que pela televisão, além de carregar estigmas ligados ao não aprendizado fica dois turnos na escola, o mesmo lugar que, provavelmente, tem grande responsabilidade por sua falta de interesse.

Que efeitos a precariedade de estimulação do tato, do olfato e do paladar produz no aprendizado e, portanto, na constituição do ser humano? Que relação fazemos com nossos próprios corpos e que insistimos em passar culturalmente? Pelo fato de os sentidos estarem ligados ao reconhecimento e à percepção do próprio corpo, tal falta de integração deve levar a alterações em tal reconhecimento e na percepção como um todo. Tal precariedade produz certamente efeitos  na criação do ritmo, na integração dos sistemas de recepção e transfusão de mensagens, na dança, no sexo, nas relações, na vida. Afinal, a dança é apenas, geralmente, uma recreação nas escolas e não um meio de formação social e de percepção corporal!

Os ritmos no viver humano demandam espaço, passagem de tempo diferente do tempo do mercado e que acompanhe as mudanças corporais com uma linguagem corporal criativa e expressiva. O que as crianças escutam e vêem na escola supera, na saciação da fome por aprendizagem, o que escutam e vêem na televisão e nos games?

Talvez o papel da TV seja importante, o que não quer dizer que devemos cultuar a TV. O que quero dizer é que os efeitos da TV são mais potentes do que imaginamos. Mas a pergunta que fica e que talvez me leve a outra escrita é: o que nossas crianças andam a tocar, a ouvir, a cheirar e a degustar no sistema educacional? Que concepção de corpo temos construído socialmente? Que corpos a sociedade tem moldado?

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Para os noveleiros de plantão e os noveleiros por acaso

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Sempre que pergunto, em sala de aula, se os alunos acompanham telenovelas, a resposta é sempre negativa. A maioria afirma que não perde tempo com isso e que o que veem na TV são filmes, documentários ou telejornais. Quando admitem que sabem o nome de alguma personagem, justificam dizendo que ouviu o comentário de algum parente ou que estava passando pela sala e viu uma cena de relance, ou que zapeava e acompanhou, por alguns instantes, um trecho desta ou daquela telenovela, ou ainda que ouviu comentários no cabeleireiro!

Por muito tempo também assim me comportava. Não era admissível, especialmente para uma estudante do curso de Letras, perder tempo com telenovelas, enquanto há tantos livros para ler. Durante muito tempo tive que esconder que acompanhava a todas as telenovelas da Globo.

Por que estou colocando o dedo na ferida? Só porque eu admito ser noveleira? Também por isso.

O debate em torno da televisão, em especial das telenovelas, por muitos anos, girava em torno do fato de as telenovelas apresentarem perigo porque seus enredos melodramáticos tinham objetivo de causar manipulação, evasão e alienação. Primeiro nas mulheres, depois em toda a família, que se tornando os humanos embebidos de sonhos e de lágrimas, vazios de vontades, plenos de ilusão. Além disso, as telenovelas eram (e ainda são) consideradas o reduto de maus comportamentos, trazendo más influências aos jovens.

Mesmo com todos esses argumentos de pais e professores quanto à influência no comportamento das crianças e dos jovens, quero chamar à reflexão para alguns pontos. Pensemos em Avenida Brasil, novela de João Emanuel Carneiro e que (posso imaginar!) vocês não estejam acompanhando. Com uma narrativa rápida, personagens surpreendentes e uma direção cuidadosa de Ricardo Waddington, a novela nos faz pensar em tipos que nos cercam. Carminha, por exemplo, usando a máscara da boazinha, comete atrocidades que deixam telespectadores estarrecidos. No primeiro capítulo, rouba o “marido” e abandona a enteada em um lixão. E ainda descola um casamento com um jogador de futebol. Sim, com ares de boa moça, inofensiva e devota cristã. Isso nos mostra como nós somos ludibriados, como o Tufão é: sem perceber. O que o autor nos traz é o retrato de nosso malogro.

Como já comentou Alexandre Garcia, o malogro nosso está em cada dia, na carga tributária que pagamos, na aceitação da corrupção nas várias esferas dos poderes públicos, no comportamento no trânsito, enfim, não vou enumerar mais para não ficarmos angustiados…

Por outro lado, a telenovela traz o que a narrativa traz: momentos de imersão em outro mundo, o mundo da ficção, o mundo do possível. E é no mundo do possível e com a popularidade que a narrativa televisiva possui é que a telenovela cumpre uma função social, a função de desenvolver o senso de tolerância no espectador brasileiro.

A telenovela também dialoga com grandes narrativas da literatura universal: neste momento, Carminha e Nina estão dialogando com Luísa e Juliana, de O Primo Basílio. Basta que fiquemos atentos para percebermos as intertextualidades que se estabelecem nas diversas narrativas televisivas.

Carlos Lombardi, autor de telenovelas como Pé na Jaca e Kubanacan, comentou, no encontro do Obitel (Observatório Iberoamericano de Ficção Televisiva) de 2010, que as telenovelas giram em torno de Hamlet, Romeu e Julieta e O Conde de Monte Cristo. Hamlet (tragédia de William Shakespeare, escrita entre 1599 e 1601) conta a história do filho, que busca vingar a morte de seu pai, explorando temas como a vingança, a traição, a moralidade, a corrupção. Romeu e Julieta (tragédia de William Shakespeare escrita entre 1591 e 1595) em que o amor dos jovens é considerado arquétipo do amor juvenil. O Conde de Monte Cristo (escrito por Alexandre Dumas concluída em 1844) conta a história de um homem que, ao ser preso injustamente, conhece um sacerdote de quem fica amigo. Quando este morre, o amigo escapa da prisão e toma posse de uma misteriosa fortuna. Agora rico, busca vingar-se daqueles que o levaram à vida de prisioneiro.

Enfim, as telenovelas estão cheias desses arquétipos. Basta observarmos. Basta conhecermos a literatura para percebê-la na telinha. E ter coragem para admitir que gostamos de televisão!

Saiba mais:

BORELLI, Sílvia Helena Simões. Telenovelas Brasileiras: balanços e perspectivas. São Paulo em Perspectiva, 2001. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/spp/v15n3/a05v15n3.pdf>

HUPPES, Ivete. Melodrama: o gênero e sua permanência. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2000.

OROZ, Silvia. Melodrama: o cinema de lágrimas da América Latina. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1992.

SOUZA, M.C.J. (Org.) Analisando Telenovelas. Rio de Janeiro: E-papers, 2004a.

_____________. Telenovela e Representação social. Rio de Janeiro: E-papers, 2004b.

THOMASSEAU, Jean-Marie. O Melodrama. São Paulo: Perspectiva, 2005.

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