Cartas a um Jovem Terapeuta: Calligaris faz uma ponte magistral entre a teoria e a prática

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Bruna Magalhães S Bozolli (Acadêmica de Psicologia)- brunamagalhaes@rede.ulbra.br

O livro traz em seu conteúdo dúvidas de dois jovens em início de carreira, enfatizando sobre o perfil de um psicoterapeuta, essa vocação profissional é útil que o terapeuta possua alguns traços de caráter ou de personalidade que não aprende na faculdade de psicologia, o que eu achei muito válido. Geralmente os pacientes não tem tanta gratidão e reconhecimento pelo terapeuta, então se faço meu trabalho esperando ser amado e admirado, talvez seja contraindicado essa profissão, assim como, esperar presentes de natal, páscoa, ou outras datas comemorativas, vou me frustrar.

A narrativa hábil de Calligaris constrói uma ponte entre teoria e prática, dando vida aos princípios psicanalíticos e psicoterapêuticos, o que foi de muito aprendizado. Seu olhar experiente destaca a importância da empatia, da escuta ativa e da constante auto-reflexão na arte da terapia. Ao abordar desde a dinâmica terapêutica até as nuances da busca por compreensão e transformação, o livro se torna um guia abrangente e inspirador. “Cartas a um Jovem Terapeuta” não se contenta em ser um manual de técnicas; ele transcende as expectativas ao oferecer uma síntese magistral de teoria e prática terapêuticas. Calligaris compartilha sabedoria acumulada, proporcionando ao leitor uma visão holística da profissão que ressoa não apenas com terapeutas em formação, mas também com qualquer indivíduo interessado na intricada interseção entre psicologia, humanidade e compreensão profunda. A escolha do profissional pode ser em grande maioria uma inferência do próprio paciente, importante quando ele fala sobre a sexualidade do terapeuta.

Nos primeiros capítulos, Calligaris responde a 4 bilhetes sobre o início do trabalho do terapeuta, para pacientes escolher um terapeuta o importante é a confiança que se tem por ele, e não é relevante a aparência ou até a orientação sexual. Ele fala sobre pacientes que se deve ou não tratar. O grande analista francês, Jacques Lacan, disse que durante uma supervisão, “que a gente não deveria oferecer tratamento aos parricidas”. Mas não explicou por quê. Ou seja, que cada terapeuta tem seus próprios limites para oferecer análise. Entendo que existe uma linha limiar de auto avaliação quanto ao assunto abordado pelo paciente, se isso me de maneira irreversível, é melhor que eu o encaminhe para outro profissional.

A narrativa hábil de Calligaris constrói uma ponte entre teoria e prática, dando vida aos princípios psicanalíticos e psicoterapêuticos. Seu olhar experiente destaca a importância da empatia, da escuta ativa e da constante auto-reflexão na arte da terapia. Relacionando o livro com a prática, pode-se perceber que agrega e traz um olhar voltado para o terapeuta, o que é importante, já que na faculdade nosso olhar é voltado, na maioria das vezes, para o próprio paciente. Ao abordar desde a dinâmica terapêutica até as nuances da busca por compreensão e transformação, o livro se torna um guia abrangente e inspirador.

Me deixou mais tranquila quanto aos primeiros atendimentos após a formatura quando ele conta que seu primeiro atendimento foi feito em um cômodo de sua própria casa, onde arrumou tudo de forma que sua primeira paciente não sentisse que era a primeira experiência dele com pacientes. Deixou cinzas no cinzeiro, e tempos depois descobriu pela amiga que a paciente procurou por alguém que justamente não tivesse experiências ainda. Então sugere ao longo que livro que pacientes tem suas preferencias diversas, e nem sempre é pelo tempo de experiência. Isso é para estudantes, acolhedor.

A psicoterapia é uma experiência que transforma. Pode-se sair dela sem o sofrimento do qual a gente se queixava inicialmente, mas ao custo de uma mudança. Na saída, não somos os mesmos sem dor, somos outros, diferentes. Para Calligaris, os argumentos apresentados até aqui nos encorajam a redefinir o que é a cura que pode ser esperada de uma psicoterapia e sugerem que, justamente para curar, o psicoterapeuta não deve se apressar.

O livro é uma reflexão ética e uma exploração envolvente das complexidades humanas. Revela-se uma leitura imprescindível para todos que buscam desbravar os caminhos da mente e do coração, oferecendo insights que transcendem os limites da prática clínica, permeando a essência da condição humana.

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Abraham Maslow: uma biografia do desenvolvimento pessoal como instrumento de saúde mental

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Maslow insistiu que uma boa teoria da personalidade deveria incluir não somente as profundezas, mas também os pontos altos que cada indivíduo é capaz de atingir.

Andréa Nobre – andreanobrepsi@gmail.com

Abraham Maslow nasceu no dia 01 de abril de 1908, no bairro do Brooklyn, nos Estados Unidos. Filho de pais judeus e russos, que imigraram para os Estados Unidos no século XIX, Maslow viveu uma infância humilde e sem muitos amigos, pois seu bairro possuía poucos judeus. Seu pai, frequentemente, chamava-o de feio e o diminuía. Sofrendo com isso, Maslow passou a evitar contato com as pessoas, chegando a esperar as ruas e os metrôs ficarem vazios para transitar. Sua mãe impedia-o de comer, trancando a geladeira e abrindo-a de acordo com o seu humor. Certa vez ela descobriu que Maslow cuidava de dois gatos no porão de casa e os matou a pauladas. Esse cotidiano de relações familiares conflituosas marcou a vida de Maslow (Hall, 1968; Hoffman, 2008). Para fugir da situação difícil ele se refugiava nas bibliotecas de sua cidade.

Durante sua adolescência, Maslow foi pressionado pelos pais a se tornar advogado. Cedendo à pressão, matriculou-se, aos 17 anos, na Faculdade de Direito da Universidade de Nova Iorque, em 1926. Não se identificando com o curso pediu transferência, no ano seguinte, para a Universidade de Cornell, em Ithaca, Nova Iorque, para cursar Psicologia (Hall, Lindzey & Campbell, 1957/2000). Já em Cornell, Maslow a princípio se desinteressou e desanimou da Psicologia. Frustrado, ele retornou para Nova Iorque e matriculou-se novamente no curso de Direito, cedendo, mais uma vez, aos interesses dos seus pais (Hall, 1968)

Maslow era apaixonado por sua prima, Bertha Goodman, o que gerou muitas intrigas familiares. Aos 20 anos casou-se com ela e teve duas filhas, Ann e Ellen (Hoffman, 2008). Com motivação para construir uma vida diferente, Maslow encontrou forças para sair de perto dos seus pais. Em 1930, decidiu retomar os estudos em Psicologia e mudou-se para Madison, para se formar na Universidade de Wisconsin, onde ele obteve êxito com os títulos de bacharel, em 1930, mestre, em 1931, e doutor, em 1934. O primeiro trabalho de graduação que o estudante de Psicologia escreveu em Wisconsin foi intitulado Psicanálise e Higiene Mental como Filosofia Social do Status Quo. Entretanto, ele não teve coragem de apresentá-lo (Maslow, 1971/1975).

No decorrer do seu doutorado conheceu quem se transformaria em seu primeiro mentor, Harry Harlow, com quem fez diversas pesquisas experimentais sobre o comportamento de primatas (Hall et al., 1957/2000; Hoffman, 2008). Devido ao seu esforço, o recém-doutor foi convidado a permanecer como docente da Universidade de Wisconsin, onde chegou a se matricular como estudante na Faculdade de Medicina, mas não deu continuidade por não ter tempo livre (Hoffman, 2008).

Depois de sair de Wisconsin, Maslow começou uma extensa investigação a respeito do comportamento sexual humano. O tema de sua pesquisa foi motivado pela noção psicanalítica de que o sexo é de importância central para o comportamento humano. Maslow estava certo de que qualquer avanço na compreensão do funcionamento sexual iria melhorar o ajustamento humano.

Sob a direção de Thorndike, ele realizou uma pesquisa sobre a sexualidade feminina, publicando diversos artigos sobre o tema. Em 1935, Maslow tornou-se residente da Universidade de Columbia, onde ele trabalhou sob a direção de Edward Thorndike que aplicou um teste de inteligência em Maslow e obteve um coeficiente alto (QI 195). Essa situação o fez acreditar mais em suas potencialidades (Hall, 1968).  E desenvolveu uma extensa pesquisa sobre a sexualidade feminina. Ao mesmo tempo em que teve contato com grandes influências, como Ruth Benedict, antropóloga cultural, Max Wertheimer, um dos fundadores da Psicologia da Gestalt, e Alfred Adler que logo se tornaria também o seu mentor.

Talvez por todas essas influências, Maslow se dedicou a conhecer e estudar diversas correntes da psicologia como a psicanálise, Gestalt e a Humanista. Após o término de sua residência em Columbia, em 1937, Maslow retornou para Nova Iorque para ocupar um cargo de docente no Departamento deA Psicologia do Brooklyn College, onde lecionou durante quatorze anos.

Durante esse período, em 1947, ele sofreu um ataque cardíaco, que o levou a tirar uma licença de um ano. Maslow e sua família aproveitaram para passar um tempo na Califórnia, onde a intenção era descansar. No entanto, ele criou uma cooperativa de psicólogos, assumindo nela um trabalho de liderança até retornar ao Brooklyn College nos anos seguintes (Hall, 1968; Hall et al., 1957/2000). Foi coordenador do curso de psicologia em Brandeis. Seus trabalhos produzidos a partir de 1937 mostram que os interesses de Maslow foram além do comportamento dos primatas e se estenderam para o comportamento social, traços de personalidade, autoestima, motivação e teorias em relação aos seres humanos. Seus estudos resultaram na publicação de seu livro Motivação e Personalidade.

Em 1951, Maslow foi convidado para presidir o Departamento de Psicologia da Universidade de Brandeis, em Waltham, Massachusetts. Ao se mudar, submeteu-se a uma psicoterapia analítica adleriana, para lidar com a mágoa que tinha dos pais. Maslow chegou a reconciliar-se com o seu pai, porém nunca conseguiu perdoar à mãe pelos maus tratos (Hall, 1968). Em Brandeis, ele desenvolveu estudos sobre motivação, personalidade e autorrealização. Publicado pela primeira vez em 1954, com o patrocínio da Fundação Ford, ele não parou de estudar e revisar sua teoria que foi mais uma vez publicada em 1970, obras estas que até hoje não foram publicadas em português. Na segunda fase da sua carreira Maslow teve importante atuação junto à Brandeis University. No fim da década de 60, foi condecorado “Humanista do ano”, pela Associação Americana de Psicologia, que o elegeu presidente.

Em meio a todo o trabalho intelectual que vinha desenvolvendo, a presidência da APA e com a saúde cardíaca debilitada, Maslow esteve envolvido ainda com negócios de família. Tudo isso o levou a se afastar da Universidade e do meio acadêmico em 1968. Incansável, em 1969 torna-se residente da Fundação Laughlin, Califórnia (Hall et al., 1957/2000), e montou um escritório que ficou conhecido como o berço estadunidense das ideias empresariais criativas. Nesse local, o psicólogo humanista popularizou suas perspectivas sobre empresas e gestão de pessoas que foram difundidas no Vale do Silício (Stephens, 1965/2003). Embora seja considerado um dos fundadores da Psicologia Humanista, desagradava-lhe limitações dos rótulos. Nós não deveríamos ter que dizer ‘Psicologia Humanista’. Eu sou contra qualquer coisa que corte possibilidades” Hall, 1968.

Fez parte de uma corrente de psicólogos que estudavam a personalidade humana, com base nas necessidades apresentadas pelos indivíduos. Maslow se destacou por ter decidido estudar todas as necessidades que os seres humanos possuem. Estudo esse que lhe permitiu descobrir que as necessidades operam hierarquicamente sob um indivíduo, estabelecendo assim sua teoria amplamente difundida: “Hierarquia das Necessidades Humanas”.

Nas primeiras décadas do século XX uma nova corrente da Psicologia surgia e se baseava nas necessidades e nas potencialidades dos indivíduos psicologicamente sadios. Essa teoria levou em consideração o que o indivíduo era e o que ele poderia vir a ser, ou seja, uma visão dinâmica do ser humano, em constante evolução. Maslow, cujo pensamento compatibilizava com essa premissa, dizia que as pessoas psicologicamente saudáveis são aquelas que conseguem satisfazer razoavelmente suas necessidades e assim podem atingir suas metas e objetivos. “O processo contínuo de desenvolvimento das próprias potencialidades significa usar suas habilidades e inteligência e trabalhar para fazer bem aquilo que queremos fazer” Maslow,1971, p. 48

Aos 62 anos, Maslow faleceu na Califórnia, em 8 de junho de 1970, vítima de um ataque cardíaco, quando se exercitava próximo à sua residência.

Fonte: Pixabay

Para simplificar a questão, é como se Freud nos tivesse fornecido a metade doente da Psicologia e nós devêssemos preencher agora a outra metade sadia. Maslow, 1968.

 

REFERÊNCIAS

 

AGUIAR, Ronaldo Aparecido. A EXPERIÊNCIA CRIATIVA INFANTIL EM ABRAHAM MASLOW,  Disponível em http://www.faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/7f2HDPxI4K4jnLY_2013-5-13-16-1-47.pdf  Acesso em 05 Março. 2023.

Coelho Castelo Branco, Paulo; de Brito Silva, Luísa Xavier Psicologia Humanista de Abraham Maslow: Recepção e Circulação no Brasil. Revista da Abordagem Gestáltica: Phenomenological Studies, 2017,vol. XXIII, núm. 2, mayoagosto, 2017, pp. 189-199. Disponível em https://www.redalyc.org/pdf/3577/357752154007.pdf Acesso em 06 de Março. 2023

Hoffman, E. (2008). Abraham Maslow: a biographer’s reflections. Journal of Humanistic Psychology, 48(4), 439-443.

https://pt.economy-pedia.com/11039900-abraham-maslow Acesso em 05 Março. 2023.

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Avaliação Psicológica no contexto organizacional: aspectos teóricos, práticos e éticos

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O 3º Simpósio de Avalição Psicológica Tocantinense que ocorrerá do dia 25/05/22 trará para debate temas atuais e relevantes para os estudos científicos. Destaca-se a Avaliação Psicológica no Contexto Organizacional: Aspectos Teóricos, Práticos e Éticos, que será ministrado pela Psicológica Fernanda Gomes de Oliveira.

A psicologia organizacional é um ramo dedicado em compreender os comportamentos humanos individuais e coletivos dentro do ambiente de trabalho de empresas ou grupos empresariais.

A função primordial do profissional que realiza as avaliações psicológicas nestes contextos é oportunizar o melhor e mais eficiente ambiente de trabalho, agindo desde a contratação até a melhor capacitação para execução de atividades específicas.

Fonte: https://images.app.goo.gl/GEMgVyyBdXNQUrwg9

A psicologia organizacional, apesar de complementar à psicologia do trabalho, possui algumas peculiaridades que diferem esta da outra, enquanto esta foca na gestão de conflitos e bons relacionamentos, a outra busca aperfeiçoar a equipe para um melhor desempenho das atividades. Ambas possuem uma relação simbiôntica, com visões complementares.

Com a intervenção do psicólogo(a) organizacional, o ambiente corporativo poderá se tornar mais dinâmico, incentivando um engajamento por parte da equipe em melhorar o desempenho da empresa, reduzindo estresses e imbróglios desnecessários e que prejudicam o bem-estar profissional.

REFERÊNCIAS

DIAS, Guilherme. O que é psicologia organizacional, para que serve e quais as áreas de atuação? acesso em 14 mai 2022. Disponível em < https://www.gupy.io/blog/psicologia-organizacional#:~:text=Psicologia%20organizacional%2C%20tamb%C3%A9m%20conhecida%20como,de%20indiv%C3%ADduos%2C%20grupos%20e%20institui%C3%A7%C3%B5es.>.

PIETRANI, Elina Eunice Montechiari; FEIJOO, Ana Maria Lopez Calvo de. A PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL EM UMA PERSPECTIVA FENOMENOLÓGICA-HERMENÊUTICA: A PRODUTIVIDADE EM QUESTÃO. Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Psicologia em Estudo [online]. 2020, v. 25 [Acessado 16 Maio 2022], e42516. Disponível em: <https://doi.org/10.4025/psicolestud.v25i0.42516>. Epub 19 Jun 2020. ISSN 1807-0329. https://doi.org/10.4025/psicolestud.v25i0.42516.

 

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Acabe com o sono durante o estudo

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Muitos alunos comentam que sentem sono enquanto estão estudando. Sempre escuto de meus estudantes: “Por que fico com sono quando estudo?” ou “Como faço para render mais se estou com sono?” Considero grave sentir sono durante os estudos, pois afeta a concentração e rendimento. No entanto, há algumas dicas preventivas e repressivas para ajudar. 

As preventivas são para evitar que algo aconteça. Os médicos orientam ter de sete a oito horas de sono por dia. Além disso, é essencial ter qualidade de sono. Para isso, deixe o ambiente escuro, diminua ruídos e durma no mesmo horário. Outra dica é a rotina. Tenha horário para dormir, acordar, almoçar e lazer. 

Estude em local iluminado. Caso tenha acesso à luz solar é melhor, pois te deixa em alerta. O local que vai estudar é importante. Caso estude na cama, o cérebro entende que vai dormir. Tenha um local tranquilo. Alterne teorias e exercícios. Tem quem estude duas horas lendo e duas horas fazendo exercícios. A sugestão é buscar intercalar para melhorar o desempenho.

Fonte: encurtador.com.br/cgqO4

Não esqueça de algo importante: tenha intervalos. O corpo humano não é uma máquina, não foi programado para fazer a mesma coisa por horas. Há técnicas em que se estuda 50 minutos e descansa 10 minutos. Indico 1h40 de estudos e de 10 a 15 minutos de descanso. Isso não é uma regra, você conhece seu corpo e limitações e vai saber a melhor técnica para ter o melhor rendimento.

Já as dicas repressivas ajudam a reprimir o sono. A cafeína estimula e bloqueia o componente químico associado ao sono, mas evite em excesso. O chiclete ativa o nervo trigêmeo que associa que se está mastigando, comendo, não está com sono. Mas cuidado, o chiclete estraga os dentes e causa problemas estomacais. 

Quando estudava, fazia polichinelo. Em 5 minutos de atividade, já ajuda a aumentar o batimento cardíaco e gera adrenalina no corpo. Outra opção é, se estiver com pouco sono, jogar água gelada no rosto. Mas se o for sono intenso é melhor tomar banho gelado. Utilize essas dicas e estude melhor.

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“Nell” e os aspectos da aprendizagem

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Segundo Vygotsky o desenvolvimento cognitivo se dá por meio da interação social, interação esta que possibilita novas experiências e conhecimento. O conhecimento permite o desenvolvimento mental que se dá através da relação com o outro, é uma troca dialética. A importância do contato social na infância e na constituição do sujeito dá-se ao interagir. A subjetividade construída socialmente se manifesta, modificando ativamente a situação estimuladora como uma parte do processo de resposta a ela. (Coelho, 2012 apud Vygotsky, 1984.)

Para Vygotsky, o desenvolvimento depende da aprendizagem e é promovido pela convivência social e a maturação, que é onde se dão os processos mentais superiores. Vai depender da internalização dos conceitos e das atividades que primeiramente serão mediadas por outros para depois se tornarem autônomas. Quanto mais instrumentos o sujeito internaliza maior a gama de atividades que ele pode aprender e maior será seu desenvolvimento.

No filme Nell, percebe-se que o protagonista teve um modelo de aprendizagem diferente do modelo comum da sociedade, e este modelo que sua mãe lhe passou regeu o seu desenvolvimento, a sua forma de executar as coisas, a sua forma de se relacionar com o ambiente, com as pessoas. Por exemplo, Nell não saia de casa durante o dia, pois a sua mãe a ensinou que isso era perigoso, logo ela desenvolveu toda uma rotina que girava em torno de dormir durante o dia e realizar suas atividades durante a noite.

Isso exemplifica bem a questão da convivência social para a aprendizagem, a única convivência social de Nell era com sua mãe e irmã, as duas adoravam este padrão de rotina, então esta era a rotina que conhecia e reproduzia.

Fonte: encurtador.com.br/lsIN5

Segundo Vigotsky, linguagem e pensamento têm raízes genéticas diferentes, porém se cruzam no momento do desenvolvimento. O pensamento se realiza por meio das palavras e a linguagem auxilia no processo de internalização de conceitos. A linguagem se desenvolve primeiro socialmente/externamente para depois se converter internamente e a soma desta com o pensamento produz a capacidade de planejar, prever, de controlar ações e impulsos.

O desenvolvimento da linguagem da Nell foi a partir de uma linguagem diferente, mas isso não impediu que ela o desenvolvesse, inclusive ela desenvolveu bem a sua linguagem e apresentou ter todo o domínio esperado que a relação pensamento x linguagem propõe.

Mesmo sendo uma linguagem mais restrita, com menos palavras, cheia de expressões corporais e facial, a sua linguagem é uma mescla da linguagem verbal e não verbal, tendo visto que sua mãe tinha uma deficiência que comprometia a fala, então precisava se comunicar também com gestos e essa linguagem é evidente em Nell.

Pela análise do filme, Nell provavelmente não tem deficiência mental nem transtornos psiquiátricos, pode sim, ter um atraso mental, pelo fato que não teve interação com outras pessoas além da sua mãe por quem foi criada em uma floresta, que pode ser a resposta para determinados comportamentos, como o repertorio linguístico de Nell, no qual a prendeu com sua mãe que era deficiente, não era uma linguagem totalmente errada e sim diferente.

Fonte: encurtador.com.br/ginQ5

Mudanças de Nell

Nell não saia a noite porque sua mãe a ensinou que era perigoso, assim Nell só saia durante a noite, para nadar no lago. Após alguns reforços dados pelo Dr. Lovell, Nell passou a sair durante o dia e desfrutar das coisas que ela ainda não conhecia por não sair durante aquele horário. Nell não conversava com outras pessoas, tinha medo e preferia se esconder ou agredi-las. Após um convívio com o Dr. Lovell e a Dra. Olsen, Nell foi se acostumando com outras pessoas, chegando ao ponto de falar em público em um julgamento.

Mudanças dos amigos

O Dr. Lovell no começo não queria cuidar de Nell, mas logo depois de conhecer a história dela, passou a ter compaixão e curiosidade por Nell. Também não conhecia a linguagem de Nell e tinha dificuldades de entendê-la, assim como de entender as expressões físicas de Nell, mas após um convívio maior com Nell e o desempenho em querer compreendê-la, passou a entender sua linguagem.

Dra. Oslen que antes considerava que o melhor para Nell era interná-la em um hospital psiquiátrico, passou a ter outra visão quando conheceu a história de Nell.Diante dessas mudanças e de acordo com a teoria de Vygotsky podemos dizer que todos passaram por um processo de aprendizagem e desenvolvimento. Principalmente Nell, com todo esse seu contexto atual desenvolveu as suas funções psicológicas, passou a se comunicar mais e a ser menos agressiva. Dessa forma aprendemos que o desenvolvimento é mutável e não universal, ou seja, pode ser mudado de acordo com suas interações sociais.

A linguagem também teve um papel importante nessa história, pois o desenvolvimento na fala de Nell e a aprendizagem dessa linguagem pelo Dr. Lovell facilitou a interação ente os dois. Pois segundo a teoria de Vygotsky “a linguagem é um sistema de signos que possibilita o intercambio social entre indivíduos que compartilhem desse sistema de representação da realidade”. (REGO,1995, p.54)

FICHA TÉCNICA DO FILME:

NELL

Título Original: Nell
Direção: 
Michael Apted
Elenco: Jodie Foster, Liam Neeson, Natasha Richardson
País:  EUA
Ano: 1994
Gênero: Drama

Referência

COELHO, Luana; PISON, Silene. Vygotsky: sua teoria e a influência na educação. 2012. Disponível em: <http://facos.edu.br/publicacoes/revistas/e-ped/agosto_2012/pdf/vygotsky_-_sua_teoria_e_a_influencia_na_educacao.pdf>. Acesso em: 30 mar. 2019.

REGO, Teresa Cristina, Vygotsky: uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis, RJ : Vozes, 1995.

MOREIRA, Marcos Antônio; Teorias da Aprendizagem, EPU, São Paulo, 1995.

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Evento gratuito ensina a alfabetizar de maneira eficaz

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O Instituto NeuroSaber promove dos dias 22 a 28 de outubro o workshop gratuito e online “Alfabetização: da Teoria à Prática”. Ministradas pela psicopedagoga Luciana Brites, as aulas vão ensinar de maneira descomplicada técnicas de alfabetização.

Ensinar técnicas de alfabetização cientificamente comprovadas e com resultados imediatos. Esse é o objetivo principal do workshop “Alfabetização: da Teoria à Prática”, que acontece dos dias 22 a 28 de outubro. Totalmente gratuito e online, as aulas são ministradas pela psicopedagoga Luciana Brites, do Instituto NeuroSaber. O programa é voltado para familiares, pais, professores e educadores.

Luciana Brites

Segundo a especialista, além de apresentar de maneira descomplicada o funcionamento Neurocognitivo dos Processos da Alfabetização, as aulas vão mostrar como estimular as áreas fundamentais para uma alfabetização eficaz: consciência fonológica, percepção visual, psicomotricidade, noção espaço-temporal entre outros.

– Durante o programa, o público terá acesso a um conteúdo com fundamentação neurocientífica, numa linguagem acessível e prática. Vamos ensinar também os pré-requisitos mais importantes, as formas de apresentar as letras, as junções, o que funciona e o que não funciona, o porquê das apresentações da sequência das letras – destaca.

Sobre Luciana Brites

Luciana Brites é cofundadora do Instituto NeuroSaber. É especialista em Educação Especial na área de Deficiência Mental e Psicopedagogia Clínica e Institucional pela UniFil Londrina e em Psicomotricidade pelo Instituto Superior de Educação Ispe – Cae São Paulo. Além disso, é coordenadora do Núcleo da Associação Brasileira de Neurologia e Psiquiatria Infantil e Profissões Afins (Abenepi) em Londrina (PR).

Sobre a NeuroSaber

A inciativa tem como objetivo compartilhar conhecimentos sobre aprendizagem, desenvolvimento e comportamento da infância e adolescência.

Serviço:

Workshop NeuroSaber: Alfabetização da Teoria à Prática

Online e gratuito

Data: De 22 a 28 de outubro

Aulas ministradas por: Psicopedagoga e psicomotricista Luciana Brites

Link para inscrição: https://neurosaber.com.br

Joyce Nogueira
Assessora de Imprensa
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Drumond Assessoria de Comunicação

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Voltaire – Toda teoria pode ser desafiada

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Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser,
mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las.

Voltaire

Conhecido por expressar o ceticismo de forma engenhosa durante certa fase do Iluminismo (embora esta “corrente” exista desde a filosofia grega clássica), Voltaire (1694-1778) engrossou o coro dos que desafiaram as autoridades constituídas de seu tempo, notadamente a Igreja e a Monarquia, e questionou o cânon vigente, colocando em xeque as explicações “prontas” oferecidas até então por estas instituições.

Voltaire, na verdade, era o pseudônimo do pensador parisiense François Marie Arouet, nascido de família classe média e amante da escrita. Com ele, pôde-se concluir que todo fato ou teoria “na história foi revisto em algum momento”, uma vez que seria inconcebível “nascer com ideias e conceitos prontos em nossas cabeças”. Estas observações, não por menos, são precedidas das ideias do filósofo britânico John Locke, para quem a experiência sensorial (e não a reminiscência platônica) “permite a crianças e adultos adquirir conhecimento confiável sobre o mundo externo”.

A partir desta concepção “libertadora” para a época, Voltaire diz que “toda ideia ou teoria pode ser desafiada”, e apesar de as “certezas” oferecidas pelas instituições serem acalentadoras, “por ser mais fácil aceitar as declarações oficiais”, se analisadas a fundo, [tais certezas] não passam de um completo absurdo. Ora, se não existem ideias inatas, tão pouco é concebível um escopo teórico/prático que esteja além da construção cultural, e que vem sendo preservado pela “tradição” e pela história. Daí sua “rebelião” contra as instituições tradicionais.

O leitor já deve ter percebido que em Voltaire é a “dúvida” que se configura como “único ponto de vista lógico”. Como esta postura pode levar a um relativismo e “desacordo sem fim […], Voltaire enfatizou a importância da ciência para estabelecer o acordo (mediação)”. E a educação é outro ingrediente indispensável para esta receita que, segundo o francês, “levam ao progresso material e moral”.

O que diferencia céticos como Voltaire dos sofistas? Para Comte-Sponville, há no ceticismo uma busca pela verdade, o que afasta o viés sofista e configura-se como trajeto tipicamente filosófico, no entanto nunca estão “certos de tê-la encontrado [esta verdade]”. Assim, [os céticos] também se distanciam dos dogmáticos. “Não é a certeza que eles amam, mas o pensamento e a verdade. Por isso gostam do pensamento em ato, e da verdade em potência”. Esta visão, para vários pensadores como Jules Lagneau (1851-1894), é a que deveria nortear todos os filósofos.

Desta forma, é descarta – em linhas gerais – uma eventual inclinação do ceticismo ao pessimismo e/ou negativismo epistemológico. “Cético não é aquele que afirma que a verdade não existe, mas sim aquele que confessa não conhecê-la, sem com isso desistir de procurá-la”, define o pós-doutor Paulo Jonas de Lima Piva, da Universidade São Judas Tadeu.

A Queda da Bastilha, durante a Revolução Francesa, foi um evento fortemente influenciado pelo pensamento de Voltaire

O pensamento de Voltaire influenciou de forma direta a Revolução Francesa, que viria a ocorrer 11 anos após a morte do filósofo – também exerceria a mesma influência sob a Independência dos Estados Unidos. No bojo das demandas apresentadas pelos revoltosos, havia outra concepção voltairiana poderosa: uma preocupação com a liberdade, notadamente a liberdade de pensar. Desta forma, era necessário garantir que as pessoas pudessem expressar seus pontos de vista, mesmo que estes fossem conflitantes com o “establishment”. Daí surge a popular frase atribuída a Voltaire: “Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las”¹.

Vida pessoal

A mãe de Voltaire morreu durante o parto, e o filósofo foi criado com certa “liberdade” pelo pai. De saúde frágil, o francês foi pajem do marquês de Châteauneut, o que lhe possibilitou viajar para a Holanda (Haia), local aonde viria a ocorrer a primeira “peripécia” de Voltaire, o envolvimento com a jovem Olympe Runoyer. Mandado de volta à França, logo se envolve em novo “romance”, desta vez com Susanne de Livry, e inicia uma frutífera produção de escritos, que variaram de poemas a peças teatrais. Numa das obras, com teor sátiro, acaba por ofender ao rei Henrique 4º, o que lhe rendeu um ano preso na Bastilha, local onde recebeu o nome pelo qual ficaria mundialmente conhecido.

Já em liberdade, se envolve numa briga com um cavaleiro da corte e tem que se exilar por três anos na Inglaterra. Lá, conhece pensadores como Young Pope e Berkeley, e lhe chama a atenção como a “liberdade de expressão, a tolerância religiosa e a filosofia” eram nutridas naquele país. Vários anos depois, numa gradativa reaproximação com a França, Voltaire torna-se historiógrafo real e, em 1749, já em Paris, é eleito para a Academia Francesa. Neste ínterim, é convidado para dar aulas de francês ao rei Frederico 2º, da Prússia. “Tudo ia bem até que Voltaire publicou um panfleto atacando Malpertuis, protegido do rei e presidente da academia de Berlim”.

Fugitivo mais uma vez, Voltaire passa a morar em Genebra, e é de lá que ele termina suas maiores obras: “Um Ensaio sobre o Costume e o Espírito das Nações e sobre os Principais Fatos da História, de Carlos Magno a Luís 13”; e “A Era de Luís 14”. Em 1764, em Ferney, publica o “Dicionário Filosófico”.

Diferenças

É interessante observar que não se pode confundir o ceticismo filosófico de que trata Voltaire com o ceticismo científico, para se evitar que se tome “como cético todo o homem que adota para si e sobre as coisas uma postura crítica”. O cientista, ao abraçar uma atitude cética, “faz uso de metodologia específica para criticar conceitos estabelecidos ou fatos tais como se apresentam à investigação científica”.

A separação entre Ciência e Filosofia, no entanto, não é uma questão simples. O método científico, cujo fundamento bebeu de fontes primárias do pensamento universal, consideradas na Filosofia da Ciência, dizem, parece ter perdido muito com esse distanciamento. Questiona-se a divisão entre Ontologia (estudo da natureza do ser) e Epistemologia – afastando questões metafísicas das investigações – e o estabelecimento de certo cientificismo no desenvolvimento da própria Filosofia, influenciado pelo positivismo. Pensadores como Rousseau, Marx e o próprio Gramsci chegaram a mostrar que o avanço científico linear é insuficiente no auxílio à humanidade e seus problemas de toda ordem.²

Voltaire é um dos filósofos mais conhecidos durante o “resgate”, a seu modo, do ceticismo no Renascimento. E os ideais cristalizados pelo francês se tornam, desta maneira, barreiras a serem superadas. Do lado cristão, quem tomou para si esta empreitada foi o filósofo Blaise Pascal (1623-1710), para quem “o ceticismo teria consequências desesperadoras no plano existencial, como o ateísmo”.

Quando morreu, em 1778, Voltaire provavelmente jamais imaginaria que suas posturas sobre as instituições fossem influenciar gerações de estudiosos. Foi através de seus posicionamentos que várias mudanças ocorreram na França, notadamente em relação à liberdade de imprensa, a diminuição dos privilégios do clero e à tolerância religiosa (num país marcado pela luta entre católicos e protestantes). O pensamento de Voltaire também causou grande impacto sobre o que viria a ser a aplicação da proporcionalidade tributária. Curiosamente, a mesma Revolução Francesa que Voltarei ajudaria a eclodir (post mortem), acabou por instaurar o aumento de impostos “para financiar guerras, tanto coloniais quanto napoleônicas”. Enfim, tudo o que se desfruta hoje em termos de liberdades (em todos os sentidos) se deve, e muito, ao filósofo parisiense, que se imortalizou, dentre outras coisas, por acreditar que se deve julgar um homem “mais pelas suas perguntas que pelas suas respostas”.

Primeiro encontro de Voltaire com Frederico, o Grande (Harper’s New Monthly Magazine)

Notas:

¹ – Disponível em http://pensador.uol.com.br/posso_nao_concordar/ – Acesso em 20/01/2014.

² – Trecho da matéria “A evolução do pensamento Cético”, publicada na Revista Filosofia Ciência & Vida – Disponível em http://portalcienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/22/imprime87204.asp – Acesso em 21/01/2014.

Referências:

COMTE-SPONVILLE, André. Dicionário Filosófico. São Paulo: WMF, 2011.

O Livro da Filosofia (Vários autores) / [tradução Douglas Kim]. – São Paulo: Globo, 2011.

Voltaire – Disponível em http://en.wikipedia.org/wiki/Voltaire  – Acesso em 20/01/2014.

Filósofo e escritor francês Voltaire – Disponível emhttp://educacao.uol.com.br/biografias/voltaire.jhtm – Acesso em 19/01/2014.

Ensaios Sobre o Ceticismo / [organizados por SMITH, PLINIO JUNQUEIRA; SILVA FILHO, WALDOMIRO J.]. – São Paulo: Alameda, 2007.

PIVA, Paulo Jonas de Lima. A evolução do pensamento Cético – artigo publicado na Revista Filosofia Ciência & Vida – Disponível emhttp://portalcienciaevida.uol.com.br/ESFI/Edicoes/22/imprime87204.asp – Acesso em 21/01/2014.

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