A ligação: um jogo de passado, presente e futuro

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A ligação (2020), estreia da Netflix deste ano, figura no Top 10 dos assistidos e por uma boa razão. Seo-yeon, uma das personagens principais, retorna para a casa que morou quando criança e recebe ligações estranhas de uma desconhecida pedindo por ajuda. Após descobrir o diário da mulher que lhe ligou numa espécie de porão da residência, acaba por descobrir que as duas estão na mesma casa, só que em tempos diferentes.

O jogo de passado e futuro influenciando um ao outro é uma das marcas do filme, que lançam as duas personagens, Seo-yeon e Oh Young-sook, em uma narrativa muito interessante sobre doença mental, luto e até onde as pessoas vão em nome dos próprios interesses. Seo-yeon e Oh Young-sook se tornam muito próximas através das ligações cotidianas, contando sobre suas famílias, como vivem e as diferenças existentes em cada época.

Foto: filme A ligação (2020)

Assim, ficamos cientes de que Seo-yeon mora sozinha, sua mãe está internada em um hospital em quadro aparentemente crítico e que seu pai morreu em um acidente doméstico quando ela era criança. Sobre Oh Young-sook, de que vive com sua madrasta que a tortura constantemente pois acredita que ela esteja possuída por demônios, além de enclausurá-la dentro de casa e manter sua rotina rigidamente.

Em dado momento, após Oh Young-sook encontrar no passado Seo-yeon ainda criança, procuram realizar a tentativa de evitar o acidente ocorrido com o pai de Seo-yeon e assim, consequentemente, evitar sua morte. A experiência tem sucesso e numa cena que lembra Matrix (1999) ou A Origem (2010), o presente de Seo-yeon é completamente alterado, mediante a mudança no passado.

Foto: filme A ligação (2020)

Nesse presente, seu pai está vivo e sua mãe não está doente, alterando também outras questões de ambiente, como a casa que vivem, como se comportam e outros. A relação das duas é equilibrada até o momento que Oh Young-sook percebe que a amiga está ignorando-a em nome de ter momentos com a família e sua madrasta descobrir que ela está falando com alguém ao telefone. Após mais uma sessão de tortura, Oh Young-sook retorna para a amiga, que lhe informa que ela será assassinada pela madrasta num ritual de exorcismo para “cura da doença mental”. Depois disso, fica claro que o futuro tem o benefício do conhecimento, pois tudo o que já passou foi documentado de alguma forma e pode ser utilizado pelas duas.

Foto: filme A ligação (2020)

Depois do assassinato e de finalmente se ver livre, Oh Young-sook sai às ruas, faz compras e experienta o que já desejava: um pouco de vida “normal”. A personagem não aparenta remorso em nenhum momento pelo o que fez, nem sequer no assassinato seguinte, quando mata um fazendeiro que a visita, por ter encontrado o corpo de sua madrasta na geladeira.

Quando observada a ausência repentina do fazendeiro que era amigo de sua família, Seo-yeon descobre através de relatórios policiais que Oh Young-sook foi acusada pelo homicídio das duas pessoas e condenada à prisão perpétua. A partir de então, a trama muda de direção e o que era amizade se torna hostilidade e ameaças, pois Oh Young-sook deseja saber qual prova a incriminou e assim evitar de ser presa, informação da qual apenas Seo-yeon pode lhe dar.

Na sequência, a história se dedica ao jogo de passado-futuro entre as duas personagens, com muitas reviravoltas, mortes e violência envolvida no processo. Até onde ir para evitar a morte de um familiar? Como processar o luto, quando ele ocorre mais de uma vez pela mesma pessoa? Quais os limites de comportamento em pessoas diagnosticadas com transtornos mentais? O filme é muito bem produzido e apesar da impossibilidade da trama, é interessante pensar o que faríamos se pudéssemos alterar nosso passado, presente e futuro. Ao final, resta a impressão de confusão, ao percebermos que as influências entre os tempos eram maiores do que inicialmente inferido.

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Título Original: Call
Ano de produção: 2020
Dirigido por: Lee Chung-hyun
Gênero: Suspense, Terror
Países de Origem: Coreia do Sul
Duração: 112 minutos

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O desafio de incluir portadores de TDAH na escola

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O Transtorno do de Déficit de Atenção e Hiperatividade, o TDAH, é geralmente identificado na infância e a maioria dos casos persiste até a fase adulta, segundo o CID 10 (Código Internacional de Doenças) é nominado como F.90 Transtorno Hipercinético. Este transtorno é caracterizado por três aspectos, impulsividade, hiperatividade e desatenção, afetando então de alguma maneira, os aspectos cognitivos, sociais e psíquicos do sujeito. De acordo com o DSM-IV(Manual Diagnóstico de Transtornos Mentais), o sujeito deve apresentar estes sintomas em um período mínimo de seis meses.

Estudos científicos mostram que portadores de TDAH tem alterações na região frontal e as suas conexões com o resto do cérebro, isto é, a parte responsável pela inibição do comportamento, como a memória, o auto controle, organização e planejamento . Acredita-se também que possa ter influências genéticas, pois perceberam que nas famílias que já tinham algum caso de TDAH. Atualmente não há cura para mas este tipo de transtorno é  tratável, quanto mais cedo  administrar os sintomas , melhor é o desenvolvimento social, acadêmico e emocional da pessoa.

O problema  é geralmente notado pelos professores quando as crianças iniciam atividades na escola a partir dos seis anos de idade, pois antes disso o  comportamento infantil é muito variável, o que não assegura, por si só, a identificação do TDAH. Para ser considerado como TDAH é necessário que estes comportamentos possam ser percebidos em vários ambientes, tais como: escola, casa e trabalho.

“Este transtorno geralmente é reconhecido em crianças do sexo masculino e há críticas em relação a este tipo de diagnóstico diante desta população, compreendendo que as crianças estão em uma fase de descoberta do mundo através de muitas visualizações na internet, televisão, jogos etc, ” diz  Mariana Miranda Borges , psicóloga na clínica Aprimore  e coordenadora do Serviço de Psicologia da Ulbra .

“É importante que após o diagnóstico, os pais continuem colocando os limites e os acompanhando” diz Mariana, psicóloga e coordenadora do Serviço de Psicologia da Ulbra.

O professor, assim como a escola conhece o dia-a-dia de seus alunos, e sabe qual deles têm dificuldades de aprendizagem ou comportamento prejudicial, podendo alertar aos pais para que busquem ajuda de um especialista.

Mas, o preconceito acerca desse assunto ainda é muito grande. A maioria dos  pais, quando surpreendidos pela sugestão de procurar ajuda, ficam amedrontados, e reagem muito mal, criando uma situação de estresse familiar e matrimonial. E neste caso o  apoio familiar é a base mais sólida para a otimização do tratamento, pois envolve afeto e dedicação.

“Muitos  pais interpretam erroneamente, não aceitam que devem procurar um especialista para ter uma melhor orientação” afirma Kallianna Novais Kós, professora na Escola Municipal Monteiro Lobato, em Palmas. Na unidade, ela dá aulas aos portadores de TDAH desde 2011, e é pós graduada em Atendimento Educacional Especializado (AEE), pela Universidade Federal do Ceará – UFC.

Professora Kallianna com os alunos Maria Tereza, 10 anos, e Guilherme M de Oliveira, 7 anos.

O diagnóstico do transtorno é realizado por um especialista geralmente (médicos neurologistas, psicólogos  com especialização em neuropsicologia e psicopedagogos)  em uma entrevista clínica, colhendo a historia da vida da criança juntamente com os pais, através  de uma avaliação baseado em uma lista de nove sintomas de hiperatividade e impulsividade.

Mariana acrescenta que é fundamental oferecer exames que observam atividade neuronal com  alguns testes psicológicos que verificam o desempenho cognitivo e a neurologia “ É importante também observar as capacidades visuais e auditivas, pois o comprometimento nestas áreas podem dificultar o foco e a manutenção da atenção durante a realização das atividades educacionais e laborais, podendo elaborar um diagnóstico errôneo.”

Uma vez diagnosticados, o professor tem condições de ajudar o aluno com o TDAH, sem prejudicar o andamento da turma, e através de algumas estratégias para facilitar o cotidiano desta criança na escola, com atividades lúdicas e concretas.

Kallianna diz que o  tratamento envolve uma equipe multidisciplinar, pois requer também aplicação de medidas pedagógicas e comportamentais  “O que criamos são rotinas, regras, procuramos pausas regulares entre as atividades, tempo extra para responder perguntas, estimulação e elogio verbal nas atividades realizadas”, explica  “Usamos  técnicas de organização, estratégias para atrair atenção do aluno na sala de aula.”

Existem alguns autores que acreditam que o uso de farmacológicos é essencial para o tratamento do mesmo, colocando as psicoterapias como algo complementar. Enquanto, outros profissionais acreditam que o uso medicamentoso pode ser substituído por psicoterapia e atividade física.

Mariana  acredita que o medicamento, atividade física e psicoterapia são possibilidades de tratamento “Entendendo que o medicamento irá atuar no nível neuronal, diminuindo as disfunções e tratando a impulsividade e a dificuldade de atenção; atividade física poderá ser uma forma de descarregar a energia, diminuindo a hiperatividade; já a psicoterapia terá o papel de tornar consciente as escolhas que o sujeito está fazendo, bem como orientar os pais e professores a lidarem com estas situações.”

O papel dos pais é dar suporte emocional porque normalmente elas são muito carentes. Sentar, conversar e dar carinho, a criança precisa de troca, de afeto. Isso ajuda muito no tratamento das crianças com TDAH. “É importante que após o diagnóstico deste transtorno em seus filhos, os pais continuem colocando os limites e os acompanhando” finaliza Mariana.

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Homem vive amarrado há mais de 10 anos em Assunção no Piauí

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Problemas com a saúde mental e seus transtornos não escolhem idade, sexo, meio social ou cultural, lugar ou tempo para se manifestar. Esses transtornos atingem principalmente as famílias, porque sofrem com a falta de informação e de tratamento adequado.

Foto: Acervo jornal O Dia

O jornal O Dia, do Piauí, contou a história de Valdecir Batista, hoje com 36 anos.  O homem vive há mais de 18 anos com problema mental no município de Assunção do Piauí, a 300 km de Teresina.  Devido à agressividade, ele permanece amarrado em um quarto construído nos fundos do lote. Os pais não conseguirem mais segurá-lo.

Segundo o portal de notícias piauiense, os pais de Valdecir, dona Otacilia e seu Batista, ambos com mais de 65 anos não tinham mais condições físicas e forças para lutar contra o filho, que sempre quando apresenta transtornos ameaça agredí-los.

Foto: Acervo jornal  O Dia

O Portal (En)Cena, convidou a psicóloga clínica e professora da Universidade Federal do Tocantins(UFT), Kathia Nemetz, para comentar o caso de cárcere privado no interior do Piauí. Segundo Nemetz, a família apresentada pela reportagem, enfrenta a problemática do transtorno mental do filho Valdecir, e ao seu modo buscou uma saída para a situação.  “Com uma solução paliativa, construíram um cômodo com celas de contenção e isolamento como forma de ‘proteção’, ver essa situação nos provoca horror, mas não podemos ficar imunes, a indignação é total com o descaso do poder público diante das necessidades básicas e condições de vida de milhares de brasileiros”, disse.

De acordo com Kathia Nemetz, casos como o da família de Valdecir, também acontecem no Tocantins. A psicóloga afirma já ter acompanhado um quadro psicológico de uma família na capital, e alerta para a internação manicomial que, nem sempre é uma forma menos opressora. “Pelo fim dos apelos ingênuos para internações como se fosse um cuidado, pois, o maior cárcere é o manicômio mental que insiste em evitar a loucura e as necessidades de tratamento e cuidado familiar, enfrentar a problemática do transtorno mental é um desafio para as famílias que, passam a sofrer junto com o paciente”, orienta.

 A psicóloga aponta dentre tantos problemas, a fragilidade dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), e a forma como essa instituição vêm tratando os familiares e usuários dos serviços. “Falta de investimentos e de equipamentos diversificados, de pessoal capacitado e bem remunerado, muitos usuários nem chegam a esses dispositivos institucionais, especialmente os moradores de áreas isoladas”, citando ainda as deficiências nos cuidados na atenção à saúde, assistência social ou educação, que são as obrigações do Estado, mas que são marcadas pela desigualdade e violação dos direitos humanos. “É preconizado pelas estratégias de saúde da família, em seus NASF, nos CAPS, nas enfermarias psiquiátricas dos hospitais gerais, variadas formas de intervir e de cuidar sem internações compulsórias em instituições manicomiais, mas, nem sempre as coisas são como preconiza”, desabafa.

Vítimas do descaso de autoridades locais e regionais, casos como o da reportagem piauiense, mostram a negligência e a violação na atenção aos direitos humanos, de manter e capacitar com informações, sensibilidade e humanismo, as equipes de cuidados e atenção à saúde da população.

De acordo com o Centro de Direitos Humanos de Palmas, nenhum caso chegou a ser registrado na capital. Segundo Silvia Patricia Costa, articuladora no CDHP, a sociedade aplica a solução mais fácil para casos de eminente perigo, manter a pessoa “perigosa”, encarcerada. “O certo seria tratar o problema com alternativas que humanize o ser humano, as instituições de cárcere no país são um exemplo bem claro de deficiência governamental, pois estão abarrotadas em todo o Brasil”, explica.

A articuladora do CDHP critica também o  fato da família ainda não ter recebido nenhum auxilio das instituições competentes, inclusive da previdência social. “As necessidades dessa família, precisam ser atendidas com urgência, bem como da própria vitima do cárcere privado, que sofre com distúrbios depressivos e que é agravado com o cerceamento da liberdade, pois, o tratamento só ficou em promessas”, defende.

Fatos como esses apontam os direitos violados, reconhecendo as condições socioeconômicas da família para tratar um problema psicológico de tamanha gravidade, tendo como saída o cárcere. O judiciário deve ser acionado para que o poder público cumpra com os direitos e garantias fundamentais, elencados na Constituição Federal no seu artigo cinco, que concede o direito não só a vida, mas a liberdade e viver com dignidade.

Segundo o portal de notícias, o pai de Valdecir, Batista Leira, tinha a esperança de internação e tratamento em um local apropriado, chegou até a procurar o INSS para aposentar o filho, mas, lamenta ter ficado somente nas promessas por parte das autoridades que nada fizeram.

Foto: Acervo jornal O Dia

Seu Batista, finaliza a reportagem do Portal O Dia, com um apelo aos governantes. “Eu vivo cansado e doente, não tenho mais condições de lutar com meu filho. Nos últimos dias ele está com uma forte depressão e só fala que vai morrer”.

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