Aspectos éticos na interseção entre Inteligência Artificial e Psicologia

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À medida que novas pesquisas surgem, os paradigmas existentes revelam falhas e contradições. Novos paradigmas, por sua vez, surgem com lacunas, pois não estão completos, e vão sendo moldados gradualmente à medida que novos fatos são demonstrados e aceitos (Kuhn, 1972).

Refletir sobre o futuro da Psicologia ou quaisquer áreas é um assunto difícil e pode gerar polêmicas. Pouco mais da metade (52%) dos universitários brasileiros usa inteligência artificial (IA) nos estudos, de acordo com uma pesquisa global realizada pela Chegg.org, o braço sem fins lucrativos da empresa de tecnologia educacional Chegg.

A rápida evolução da inteligência artificial está mudando a forma como interagimos com a tecnologia e entre nós mesmos. À medida que as máquinas se tornam mais sofisticadas e capazes de simular aspectos da inteligência humana, como a compreensão da linguagem natural, o reconhecimento de padrões e a tomada de decisões complexas, é crucial que os humanos desenvolvam habilidades para interagir de forma eficaz tanto com outras pessoas quanto com sistemas de IA. A interface entre inteligência artificial (IA) e psicologia é fascinante e cheia de considerações éticas importantes. Aqui estão alguns pontos-chave:

  • Privacidade e Confidencialidade: As IA podem lidar com dados altamente sensíveis sobre os usuários, especialmente quando aplicadas em psicologia e saúde mental. É essencial garantir que esses dados sejam protegidos e que a privacidade dos usuários seja respeitada.
  • Viés Algorítmico: As IA podem replicar e até amplificar os preconceitos humanos presentes nos conjuntos de dados usados para treiná-las. Isso pode resultar em decisões discriminatórias ou prejudiciais, especialmente em contextos psicológicos sensíveis. É crucial mitigar e monitorar esses vieses.
  • Transparência e Explicabilidade:  Os algoritmos de IA em psicologia devem ser transparentes e explicáveis. Os usuários precisam entender como as decisões são tomadas para confiar nos resultados, e os profissionais de saúde mental devem ser capazes de interpretá-los corretamente.
  • Consentimento Informado: É necessário garantir que os usuários estejam plenamente informados sobre como seus dados serão usados e como a IA afetará seu tratamento ou intervenção psicológica. O consentimento informado é fundamental para a ética em qualquer aplicação de IA na psicologia.
  • Responsabilidade e Prestação de Contas: Os desenvolvedores de IA e os profissionais de psicologia têm a responsabilidade ética de garantir que a IA seja usada de maneira ética e benéfica para os usuários. Mecanismos de prestação de contas são necessários para lidar com qualquer uso indevido ou consequências não intencionais.
  • Equidade e Acessibilidade: É essencial garantir que as IA em psicologia sejam acessíveis e equitativas, atendendo às necessidades de grupos diversos e minoritários. Isso inclui considerações sobre acesso à tecnologia, representação adequada nos dados e adaptação cultural.
  • Segurança e Bem-Estar do Usuário: A segurança e o bem-estar dos usuários devem ser prioridades em qualquer aplicação de IA na psicologia. Isso envolve garantir que a IA não cause danos psicológicos ou emocionais e que os usuários tenham recursos de apoio disponíveis, caso necessário.
                                                                    Fonte: https://s2-techtudo.glbimg.com/

Esses são apenas alguns dos pontos éticos fundamentais na interface entre IA e psicologia. O desenvolvimento ético e responsável nessa área é crucial para garantir que a tecnologia beneficie a saúde mental e o bem-estar das pessoas.

A interface entre Psicologia e Inteligência Artificial (IA) representa um campo emergente repleto de desafios intrigantes e complexos. Um dos principais desafios é a compreensão e modelagem das emoções humanas. A psicologia há muito tempo estuda as emoções e suas implicações no comportamento humano, enquanto a IA, através de técnicas como aprendizado de máquina e redes neurais, busca replicar ou reconhecer essas emoções em sistemas artificiais. Entretanto, a subjetividade e a complexidade das emoções humanas tornam essa tarefa extremamente desafiadora, exigindo modelos sofisticados e uma compreensão profunda da psicologia emocional.

                                                                                      Fonte:https://s2-techtudo.glbimg.com/

Outro desafio significativo é a ética no desenvolvimento e utilização da IA.O uso de IA na psicologia levanta questões éticas e de privacidade, especialmente em relação à segurança e proteção dos dados dos pacientes. É importante garantir que os sistemas de IA sejam desenvolvidos e utilizados de maneira ética e responsável, respeitando os direitos e a dignidade dos indivíduos. À medida que sistemas de IA se tornam mais integrados em nossas vidas, questões éticas sobre privacidade, consentimento e o potencial de viés nos algoritmos se tornam cada vez mais prementes. A psicologia pode contribuir para a criação de sistemas mais éticos, ajudando a identificar e mitigar preconceitos implícitos nos dados e algoritmos, além de promover o desenvolvimento de IA que respeite os direitos e a dignidade dos seres humanos.

Por fim, a interação humano-IA é um campo que demanda atenção especial. A psicologia tem muito a oferecer na compreensão de como as pessoas percebem e interagem com sistemas de IA. Questões como a confiança em sistemas de IA, a aceitação de decisões automatizadas e o impacto psicológico do uso prolongado de IA são áreas de pesquisa emergentes. A colaboração entre psicólogos e engenheiros de IA pode levar ao desenvolvimento de interfaces mais intuitivas e humanas, promovendo uma integração mais harmoniosa entre humanos e máquinas. Em resumo, a interface entre Psicologia e IA é rica em desafios, mas também oferece oportunidades significativas para avanços científicos e tecnológicos que beneficiem a sociedade.

A integração da Inteligência Artificial (IA) na área da Psicologia tem se mostrado significativa. O uso da IA na Psicologia pode promover avanços inovadores e desafiar paradigmas. O relacionamento entre Psicologia e tecnologia resulta em abordagens eficientes, acessíveis e consequentemente personalizadas no tratamento de questões psicológicas. Em resumo, enquanto navegamos por este futuro já presente, cheio de desafios e incertezas, a Psicologia se destaca como um farol de esperança.

Referências

Pasquali, L. (2008). A ciência da mente: a psicologia à procura do objeto. Brasília, DF: Autor.

KUHN, T. (1972). The structure of scientific revolutions. Chicago: Chicago University Press. 

A Psicologia na Era da Inteligência Artificial: O Inabalável Valor do Humano. Disponível em <: https://blog.cicloceap.com.br/tecnologia-e-psicologia-navegando-no-futuro-da-humanidade/  >. Acessado em 23 maio 2023.

Transformação digital na Psicologia: entenda tudo sobre o assunto. Disponível em <: https://blog.cognitivo.com/transformacao-digital-na-psicologia/ >. Acessado em 23 maio 2023.

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Nunca esqueça: Mãe, você nasceu perfeita!

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A seguir, apresento um poema que reflete minha vivência como mãe solo, estudante e profissional de recursos humanos, inspirada pelas inúmeras mães que conheci ao longo da minha carreira. O poema aborda os desafios da maternidade conciliar, trabalho e estudos.

O despertador toca às 06:00h 

E o dia inicia 

Acordar, amamentar, trocar e para o berçário levar

Afinal, você precisa trabalhar

Ao longo do dia irá chorar

Sabe que seu filho bem cuidado estará 

Mas a meta é se culpar! 

Como ousa maternar, trabalhar e estudar? 

Quanta coragem! 

haja ânimo!

E no mercado de trabalho, intimidada será 

logo dizem: sua produtividade reduzirá 

por fim: estudar

Você precisa se qualificar!

Ahhh

que saudade!

saudade da facilidade 

espontaneidade 

é… junto vem as responsabilidades! 

você precisa ser assídua 

A assiduidade é pré-requisito!

assídua no trabalho 

assídua na criação 

assídua nos estudos 

assídua nos seus cuidados pessoais

e sem reclamar, nem pestanejar!

você precisa saber!

compreender 

Que julgada será

Pela pressa em ir para casa

Pelo cansaço que te arrasa

Pela empresa por chegar atrasada 

e muitos vão dizer: antes de ser mãe sonhava com tantas realizações 

Mas você tem outras preocupações:

O menino? Precisa ser bem criado! 

Os estudos? Precisam estar afiados!

O trabalho? Precisa ser acabado! 

o que ninguém espera é a ação

ou melhor: reação

E então acontece!

Maternar, trabalhar e estudar vai te ensinar

seja paciente, não subserviente 

resiliente!

O mundo precisa entender: mãe você é uma potência! 

tem a impertinência 

de mesmo que com experiência 

não se curvar

a garra

a força

a vontade 

mesmo sabendo da missa muito mais que a metade

para você: reverência 

Se aflige, mas não desiste

mulher tinhosa!

majestosa!

Parafraseando música:

Aproveita! E nunca esqueça que você nasceu perfeita.

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(En)Cena entrevista a psicóloga Leni Barbosa

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(En)Cena entrevista Leni Barbosa,  psicóloga, gestora da gerência de valorização do policial civil, departamento de atendimento psicossocial aos profissionais da secretaria de segurança pública. 

(En)Cena – Lenir, é um prazer entrevistá-la, obrigada por fornecer o seu tempo. Para começarmos, gostaria que você explicasse de onde surgiu seu interesse pela psicologia psicossocial. Ser psicóloga com atuação nessa área sempre te atraiu? Qual a linha do tempo para ter chegado até o momento profissional atual? Como tem sido pra você ser gestora nesse contexto?
Leni Barbosa – Bom, a psicologia como um todo me interessa e muito. Aqui o atendimento é psicológico e social, talvez eu ter falado atendimento psicossocial te deu a impressão de psicologia psicossocial. O departamento, no atendimento ao servidor, perpassa pela psicologia psicossocial, clínica e organizacional. Haja vista trabalharmos com questões que envolvem o individual, o social e o organizacional.

(En)Cena – Ser psicóloga com atuação nessa área sempre te atraiu? Qual a linha do tempo para ter chegado até o momento profissional atual? Como tem sido pra você ser gestora nesse contexto?
Leni Barbosa – Como eu disse anteriormente, a psicologia como um todo me atrai, vivo do trabalho que desenvolvo como psicóloga e nunca tive dúvidas da minha escolha profissional.

(En)Cena – O principal objetivo dessa entrevista é a compreensão do contexto que você está inserida, que é a área de valorização do policial civil. Portanto, gostaria de discutir quais são os desafios encontrados na sua atuação e como você, como gestora, enxerga esses desafios?
Leni Barbosa – Os desafios são muitos, lidar com o adoecimento psicológico é um desafio. Em se tratando do nosso público alvo em específico, os quais lidam constantemente com riscos e perigos nos quais os fatores estressores estão sempre presentes e com isso estão mais propensos ao adoecimento. Neste sentido, o maior desafio é a oferta de acolhimento em saúde mental tornar-se um atrativo para estes profissionais, desmistificando a crença de que quem procura atendimento psicológico não é “normal” 

(En)Cena – A partir dos desafios enfrentados pelos policiais civis, existe uma equipe multiprofissional que atua em conjunto com você? Se sim, por quais profissionais é formada essa equipe? E qual a abordagem utilizada para abordar esses desafios?
Leni Barbosa – Atualmente temos o assistente social e o psicólogo que são responsáveis pelos atendimentos. A abordagem é acolher o servidor na sua singularidade, independente da construção subjetiva do profissional que está sendo atendido.

(En)Cena – De que maneira a diversidade de conhecimentos e experiências dessa equipe pôde contribuir para resultados mais favoráveis no tratamento dos policiais civis?
Leni Barbosa – Um conhecimento diversificado sempre agrega valor a uma equipe, então buscamos aproveitar o conhecimento que cada profissional dispõe para que haja eficiência e eficácia nos resultados. 

(En)Cena – De acordo com o que você vivencia, qual o impacto desse setor para o bem estar psicossocial dos policiais civis? Como você define a contribuição do psicólogo para os policiais e sociedade?
Leni Barbosa – Os policiais são os guardiões da lei e da segurança da sociedade, um policial saudável traz melhores resultados no desempenho de suas atribuições.

 (En)Cena – Quais medidas estão sendo implementadas para garantir o bem-estar psicológico desses profissionais?
Leni Barbosa – Ao sermos demandados pelo serviço, são realizados acompanhamentos psicológicos, acompanhamento social, visitas domiciliares, visitas institucionais e demais necessidades conforme a capacidade do setor.

(En)Cena – Como lida com diferenças individuais ao oferecer acolhimento aos policiais?
Leni Barbosa – Acolhendo a subjetividade do servidor.

(En)Cena – Quais conselhos você daria para recém formados com interesse nessa área de atuação?
Leni Barbosa – Aqui eu respondo com uma frase de Confúcio: “Escolhe um trabalho de que gostes e não terás que trabalhar nem um dia na tua vida” Tudo que fazemos por amor, torna-se algo prazeroso, então meu conselho é que o futuro profissional da área, escolha bem onde quer estar. Na clínica, na organizacional, na psicologia social, na psicologia escolar, na psicologia jurídica e assim, escolhendo bem não sentirá o fardo pesado.

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“As cinco linguagens da valorização pessoal no ambiente de trabalho”: práticas profissionais de Psicologia

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Elogios, gestos de gentileza, presentes materiais, momentos de qualidade e contato físico são modos de comunicação que expressam valorização pessoal no trabalho

O livro “As cinco linguagens da valorização pessoal no ambiente de trabalho” de Gary Chapman e Paul White (2011) aborda o tema das Práticas Profissionais de Psicologia, com foco na Psicologia Organizacional e no Trabalho. A obra é fundamentada na teoria das “cinco linguagens do amor” de Gary Chapman, presente em seu livro “As Cinco Linguagens do Amor” (2006), adaptando-a para o ambiente corporativo. A premissa principal é que há cinco maneiras distintas de demonstrar apreço e reconhecimento aos funcionários no ambiente de trabalho: elogios, gestos de gentileza, presentes materiais, momentos de qualidade e contato físico.

Essa obra oferece insights valiosos sobre como expressar apreciação e reconhecimento de maneiras significativas para os colegas de trabalho, colaboradores e líderes.

A proposta apresentada no manual é de extrema importância para a atuação profissional em Psicologia, visto que visa incentivar um ambiente laboral saudável e eficiente por meio de uma comunicação eficaz e do reconhecimento e valorização dos funcionários. Adicionalmente, o livro discute a relevância de compreender as preferências individuais de cada colaborador em relação às maneiras de demonstrar reconhecimento, o que é uma prática recorrente na aplicação de métodos de avaliação e análise na área da psicologia.

A primeira forma de demonstrar apreço no ambiente profissional é utilizando palavras que afirmam essa valorização. Isso significa expressar reconhecimento e gratidão por meio de frases e palavras positivas, como “parabéns”, “muito obrigado” e “sua contribuição é essencial para nossa equipe” (CHAPMAN e WHITE, 2011). Essas palavras podem ser comunicadas em pessoa, por telefone ou por meio de mensagens eletrônicas, demonstrando apreço de forma autêntica e específica, evitando elogios genéricos e vazios.

A segunda forma de valorização no local de trabalho é feita por meio de gestos de serviço. Neste tipo de linguagem, a valorização é demonstrada por meio de ações que auxiliam os colaboradores em suas atividades e obrigações. Essas ações podem variar desde tarefas simples, como entregar café ou fazer cópias, até tarefas mais complexas, como ajudar a resolver um problema ou concluir um projeto. Este livro enfatiza a importância de reconhecer e valorizar esses atos de serviço porque demonstram que a organização valoriza o trabalho e os esforços de seus funcionários.

Um dos mais comuns é a conversa de qualidade, ou seja, o diálogo com empatia, no qual duas pessoas compartilham seus pensamentos, sentimentos e desejos em um contexto amigável e sem interrupções (CHAPMAN e WHITE, 2011).

A terceira linguagem de apreciação no ambiente de trabalho é a dos presentes, dando a entender que os aprecia e valoriza através de presentes materiais, como certificados de reconhecimento, prêmios e presentes. O livro destaca a importância de escolher presentes que sejam significativos e relevantes para os colaboradores. Além disso, o livro recomenda que os presentes sejam entregues em momentos especiais, como aniversários, datas comemorativas e realizações importantes.

A quarta linguagem de apreciação no ambiente de trabalho é o tempo de qualidade, cujo a valorização se dá através de atenção e atuação focada em relação aos funcionários, como atividades como almoços, reuniões individuais e atividades de equipe. É importante dedicar tempo e atenção aos colaboradores, pois isso demonstra que a organização valoriza suas contribuições e interesses.

A quinta e última linguagem é o toque físico, que envolve apreciação e valorização através de contato físico, como abraços, tapas nos ombros e apertos de mão, ressaltando sempre o respeito às preferências individuais em relação a esse tipo de contato, pois alguns podem se sentir desconfortáveis com esse tipo de expressão de apreciação (CHAPMAN e WHITE, 2011). Uma dica dada é que o contato físico seja acompanhado por palavras e ações que expressam apreciação e valorização.

O livro “As cinco linguagens da valorização pessoal no ambiente de trabalho” também aborda a importância de criar uma cultura de apreciação e valorização no ambiente de trabalho. Essa cultura pode ser criada através de ações como a criação de programas de reconhecimento e recompensa, a promoção de comunicação aberta e honesta e a criação de um ambiente de trabalho positivo e inclusivo. Outro fator destacado é a ação de treinar os líderes e gestores em técnicas de expressão de apreciação e valorização, pois eles desempenham um papel fundamental na criação de uma cultura de apreciação e valorização no ambiente de trabalho.

O livro também aborda a importância de entender as diferenças individuais em relação às formas de expressão de apreciação. Alguns membros podem preferir uma linguagem de apreciação em particular, enquanto outros podem preferir outras linguagens. O livro recomenda que os líderes e gestores se esforcem para entender as preferências individuais de cada um para expressar apreciação e valorização de acordo com essas preferências. Isso pode ser feito através de conversas individuais, questionários de avaliação e observação que apontam essas preferências.

Nota-se a relevância de expressar apreciação e valorização de forma consistente e regular. A expressão de apreciação e valorização não deve ser uma atividade esporádica ou ocasional, mas sim uma prática regular e consistente, através de programas de reconhecimento e recompensa, reuniões individuais e atividades de equipe, e por meio de comunicação diária e frequente.

A análise das cinco linguagens da valorização pessoal no ambiente de trabalho sob a perspectiva das práticas profissionais de psicologia destaca a importância de reconhecer a individualidade dos funcionários, promover uma comunicação efetiva, cultivar uma cultura organizacional de valorização e apreciação, e promover o bem-estar e o engajamento dos colaboradores. Isso pode contribuir significativamente para o sucesso e o crescimento sustentável das organizações.

Ao integrar esses princípios e práticas no ambiente de trabalho, as organizações podem criar um ambiente que favoreça o crescimento e o desenvolvimento tanto dos colaboradores quanto da própria empresa. Isso não apenas promove o sucesso a curto prazo, mas também contribui para um crescimento sustentável e duradouro ao longo do tempo.

Essas linguagens são fundamentais para promover um ambiente de trabalho saudável, motivador e produtivo, onde os funcionários se sintam valorizados e reconhecidos pelo seu trabalho. O livro oferece insights e orientações práticas sobre como aplicar essas linguagens no contexto empresarial para promover um clima organizacional positivo e fortalecer as relações interpessoais no trabalho.

 

REFERÊNCIAS

CHAPMAN, Gary. As cinco linguagens do amor. São Paulo, Mundo Cristão, 1° edição, 2006. 

CHAPMAN e WHITE, Gary e Paul. As cinco linguagens da valorização pessoal no ambiente de trabalho. São Paulo, Mundo Cristão, 2011.

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Onde atua um psicólogo? Um panorama geral das áreas de atuação da Psicologia

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A psicologia oferece um vasto leque de possibilidades de intervenção a partir de diversos objetivos e campos de atuação.

O que um psicólogo pode fazer?

As práticas profissionais desenvolvidas pelos psicólogos abrangem diversas ações com o objetivo de compreender, avaliar, diagnosticar e intervir nos processos mentais e comportamentais das pessoas. Essas atividades são embasadas em teorias psicológicas, princípios éticos e estratégias específicas com a intenção de promover a saúde mental e emocional.

Os profissionais de psicologia empregam distintas perspectivas teóricas, tais como a abordagem psicanalítica, behaviorista, cognitivista, humanista e outras, a fim de desvendar e interpretar a conduta humana. Uma parte fundamental da atuação psicológica inclui a realização de avaliações psicológicas para entender as dificuldades e características individuais dos pacientes, sempre levando em conta a pluralidade cultural, étnica, de gênero e outros aspectos ao exercer tais práticas psicológicas, com o propósito de assegurar uma intervenção apropriada e atenta às particularidades de cada um.

Essa diversidade teórico-metodológica é uma força da psicologia, pois permite que os psicólogos abordam questões complexas e variadas sob diferentes perspectivas, contribuindo para uma compreensão mais completa e holística do comportamento humano e dos processos mentais

Além das atividades clínicas, os profissionais da psicologia também têm uma relevante atuação na área educacional, de prevenção e orientação, disponibilizando suporte e materiais para estimular o bem-estar mental, o crescimento individual e social (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 1992, pg. 1). Muitos psicólogos também se dedicam a pesquisas científicas para contribuir com o avanço do conhecimento na área e criar novas abordagens e técnicas terapêuticas.

“Participa da elaboração, adaptação e construção de instrumentos e técnicas psicológicas através da pesquisa, nas instituições acadêmicas, associações profissionais e outras entidades cientificamente reconhecidas.” (CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, 1992, pg. 1).

Psicologia: Um mundo de possibilidades

Frequentemente, os psicólogos atuam em grupos multidisciplinares, trabalhando em conjunto com outros especialistas para proporcionar um tratamento completo e abrangente aos indivíduos analisados. É imprescindível ressaltar a importância dos princípios éticos que regem essa prática, garantindo a preservação da privacidade do paciente e lidando de forma ética com possíveis conflitos de interesse.

Uma perspectiva positiva é notar que os psicólogos estão incorporando cada vez mais recursos digitais, como redes sociais e aplicativos de saúde mental, em seus serviços, tornando-os mais acessíveis para a população à medida que a tecnologia avança.

A diversidade teórico-metodológica é uma característica central da psicologia como disciplina científica e profissional. Ela se refere à variedade de abordagens teóricas e metodológicas utilizadas pelos psicólogos para estudar e compreender o comportamento humano, os processos mentais e emocionais, assim como para intervir e promover o bem-estar psicológico.

As práticas profissionais de psicologia abrangem uma ampla gama de áreas e contextos nos quais os psicólogos aplicam seus conhecimentos para entender, avaliar, tratar e promover o bem-estar mental e emocional dos indivíduos. Aqui estão alguns insights sobre práticas profissionais de psicologia:

  • Avaliação e Diagnóstico: Os psicólogos utilizam uma variedade de técnicas e instrumentos para avaliar e diagnosticar condições mentais, emocionais e comportamentais. Isso pode incluir entrevistas clínicas, testes psicológicos, observações e avaliações neuropsicológicas.
  • Terapia e Intervenção: Uma das áreas mais conhecidas da psicologia clínica envolve o tratamento de distúrbios mentais e emocionais por meio de diferentes abordagens terapêuticas, como terapia cognitivo-comportamental, terapia psicodinâmica, terapia familiar e terapia de grupo.
  • Aconselhamento e Orientação: Psicólogos oferecem aconselhamento e orientação para ajudar as pessoas a lidar com problemas pessoais, questões de relacionamento, estresse, ansiedade, luto, entre outros. Isso pode ser feito em uma variedade de contextos, incluindo clínicas de saúde mental, escolas, empresas e organizações comunitárias.
  • Psicologia Organizacional e do Trabalho: Neste campo, os psicólogos aplicam seus conhecimentos para ajudar organizações a melhorar o desempenho, a produtividade, a satisfação no trabalho e o bem-estar dos funcionários. Isso pode incluir recrutamento e seleção, treinamento e desenvolvimento, avaliação de desempenho e gestão de mudanças organizacionais.
  • Psicologia da Saúde: Psicólogos da saúde trabalham em colaboração com outros profissionais de saúde para ajudar indivíduos a lidar com problemas de saúde física e mental, aderência ao tratamento médico, mudanças de estilo de vida, gerenciamento de dor crônica, e prevenção de doenças.
  • Pesquisa e Academia: Muitos psicólogos estão envolvidos em pesquisas acadêmicas para expandir o conhecimento em áreas como psicologia cognitiva, social, clínica, neuropsicologia, entre outras. Eles conduzem estudos, publicam artigos em revistas especializadas e ensinam em instituições de ensino superior.

Esses são apenas alguns dos muitos campos e práticas dentro da psicologia. Como disciplina, a psicologia é extremamente diversificada e continua a evoluir à medida que novas descobertas e abordagens surgem. O papel do psicólogo é ajudar as pessoas a compreenderem-se melhor, a lidarem com os desafios da vida e a alcançarem seu potencial máximo de bem-estar e desenvolvimento pessoal.

A ética é um aspecto fundamental das práticas profissionais do psicólogo. Ela orienta o comportamento dos profissionais e garante que o trabalho seja realizado de maneira responsável, respeitosa e de acordo com os padrões éticos estabelecidos pela profissão e o cumprimento desses princípios é essencial para garantir a integridade, eficácia e responsabilidade do trabalho dos psicólogos e para proteger o bem-estar e os direitos dos clientes.

REFERÊNCIAS

CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA, Atribuições Profissionais do Psicólogo no Brasil, Contribuição do Conselho Federal de Psicologia ao Ministério do Trabalho para integrar o catálogo brasileiro de ocupações – enviada em 17 de outubro de 1992. Disponível em https://site.cfp.org.br/wp-content/uploads/2008/08/atr_prof_psicologo.pdf   

Bastos, A. V. B. & Gondim, S. M. G (2010). O trabalho do Psicólogo no Brasil. Porto Alegre: Artmed.

Castelo Branco, M. T. (1998). Que profissional queremos formar? Psicologia: Ciência e Profissão, 18(3), 28-35.

Martín-Baró, I. (2009). Desafios e perspectivas da psicologia latino-americana. Em R. S. L. Guzzo & F. Lacerda Jr. (Orgs.). Psicologia social para a América Latina: o resgaste da Psicologia da Libertação (pp. 199-219). Campinas: Alínea.

 

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“Carandiru” sob a perspectiva dos Direitos Humanos

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 O filme “Carandiru”, dirigido por Hector Babenco no ano de 2003 e baseado no livro “Estação Carandiru” de Dráuzio Varella. O filme é baseado no livro “Estação Carandiru” do médico Drauzio Varella, que descreve suas experiências na Casa de Detenção de São Paulo, conhecida como Carandiru, uma das maiores prisões da América Latina até sua demolição em 2002, aborda questões profundas relacionadas aos direitos humanos dentro do sistema prisional brasileiro. Carandiru estreou comercialmente nas salas brasileiras em 11 de abril de 2003. Cercado por muitas polêmicas, o filme de Hector Babenco teve uma das maiores bilheterias do cinema nacional: 4,6 milhões de espectadores

(…) ‘Carandiru’ se tornou, aos olhos de muita gente e aos meus também, um filme insatisfatório. É como se faltasse alguma coisa nessa adaptação muito fiel do livro de Dráuzio Varella (Coelho, 2003) 

O filme retrata a vida dentro do presídio, destacando as histórias pessoais dos detentos e as condições precárias enfrentadas por eles, mergulhando nas diferentes realidades dos presos e mostra suas lutas individuais e coletivas dentro do ambiente extremamente violento e opressivo da prisão. A trama segue a rotina dos detentos e aborda suas histórias pessoais, destacando questões como violência, drogas, solidariedade e sobrevivência dentro do presídio. O filme é conhecido por sua abordagem humanista e pela maneira como humaniza os personagens, mostrando suas complexidades e aspirações, apesar das condições extremamente difíceis em que vivem.

Carandiru foi aclamado pela crítica e teve uma recepção positiva do público, sendo um sucesso de bilheteria no Brasil. Ficou conhecido por sua abordagem humanista e pela maneira como retrata as complexidades da vida na prisão, bem como as questões sociais e políticas que a cercam. O filme também foi premiado em várias categorias e festivais de cinema.

Um olhar psicológico desta obra revela detalhes significativos acerca da natureza humana, das dinâmicas de poder e dos impactos da superlotação carcerária. O longa retrata o excesso de presos, as condições precárias de habitação, a brutalidade e a carência de cuidados de saúde apropriados na penitenciária de Carandiru evidenciam a transgressão dos direitos fundamentais dos detentos. A abordagem psicológica revela de que forma tais circunstâncias afetam consideravelmente a saúde mental dos encarcerados, desencadeando tensão, angústia, melancolia e até mesmo episódios psicóticos. 

A hierarquia presente no ambiente carcerário gera uma atmosfera conflituosa e carregada de tensão, levando frequentemente a situações de tratamento desumano aos detentos, o que acaba por intensificar os sentimentos de desespero e abandono.

No filme também é discutida a carência de educação, emprego e lazer para os detentos. Esses elementos são fundamentais para a saúde mental e a reintegração dos presidiários à sociedade, porém, a película Carandiru expõe como esses direitos são muitas vezes ignorados por esse sistema.

A abordagem psicológica também lança luz sobre as histórias únicas dos presos, revelando seus caminhos pessoais, traumas antigos e os efeitos da prisão em sua identidade e autoestima. A ausência de chances de reintegração e de suporte psicológico apropriado dentro do sistema penitenciário intensifica essas questões. 

A interação entre os detentos também é examinada através de uma perspectiva psicológica, pois alianças, rivalidades, conflitos e redes de apoio formadas no cárcere revelam as complicações das relações interpessoais em um ambiente de restrição de liberdade. A violência e os distúrbios apresentados no filme são consequências das tensões acumuladas dentro da prisão, evidenciando como a falta de meios eficazes para resolver conflitos e garantir direitos fundamentais pode resultar em explosões de violência e desespero.

A superlotação das prisões pode levar a condições desumanas de vida para os detentos, incluindo falta de espaço adequado, acesso insuficiente a cuidados de saúde, higiene precária, aumento da violência e dificuldade na implementação eficaz de programas de reabilitação.

Além disso, a superpopulação carcerária pode sobrecarregar o sistema judicial e dificultar a aplicação eficaz da justiça, contribuindo para a perpetuação do ciclo de criminalidade.

Para lidar com esse problema, é necessário adotar abordagens que visem reduzir a superlotação, como investir em alternativas ao encarceramento para certos tipos de crimes, melhorar as condições dentro das prisões existentes, aumentar a eficiência do sistema judicial e promover políticas que abordem as causas subjacentes do crime, como pobreza, desigualdade e falta de acesso a oportunidades.

Essa é uma questão complexa que requer uma abordagem multifacetada e colaborativa envolvendo diferentes setores da sociedade, incluindo governo, instituições penais, organizações da sociedade civil e comunidades locais.

A crítica de que o filme é pretensioso, omisso e pedagógico pode derivar da percepção de que ele não conseguiu capturar totalmente a complexidade e a gravidade das questões enfrentadas no sistema prisional brasileiro. Alguns críticos podem sentir que o filme simplificou demais ou romantizou certos aspectos da vida na prisão, em vez de apresentar uma imagem mais crua e autêntica.

Além disso, a crítica sobre a busca por uma visão mais definidora da sociedade brasileira como potência de expressividade artística sugere que o filme pode ter falhado em explorar plenamente o potencial criativo e artístico para abordar questões sociais complexas de maneira mais profunda e impactante.

“Se sua ideia em relação à “Carandiru” é topar com uma obra-prima, daquelas que ficam na alma, esqueça. Trata-se de um filmaço, sim. Mas sem a grandiosidade essencial que tanto se esperava do cineasta (Fonseca, 2003).”

No entanto, é importante ressaltar que as críticas são parte integrante do debate cultural e artístico, e diferentes pessoas podem interpretar e avaliar uma obra de maneiras distintas. Apesar das críticas, “Carandiru” ainda é amplamente reconhecido como um filme significativo que trouxe à tona importantes questões sociais e ajudou a aumentar a conscientização sobre a realidade do sistema carcerário no Brasil.

É importante ressaltar que essa visão que o filme nos proporciona não é uma tentativa de justificar ou romantizar as ações dos personagens, mas sim de compreender as condições sociais, econômicas e psicológicas que levam às violações dos direitos humanos no sistema prisional.

 Em suma, o Carandiru oferece uma perspectiva complexa sobre os direitos humanos no contexto prisional, mostrando como os problemas psicológicos estão intrinsecamente ligados à violação desses direitos e destacando a necessidade urgente de reforma do sistema prisional. 

 

REFERÊNCIAS

CARVALHO, Walter, Cinema em Cena, Brasil 2003 – disponível em: https://cinemaemcena.com.br/critica/filme/6706/carandiru

COELHO, Marcelo. O que ficou faltando em “Carandiru”?. Folha de São Paulo. São Paulo, 16 abr. 2003, Ilustrada.

FONSECA, Rodrigo. Um retrato desbotado de vidas em confinamento. São Paulo: Revista de cinema, 2003. Disponível em: www.revista de cinema.com.br. Acesso em: mar. 2024. 

BABENCO, Hector. O cineasta dos sobreviventes. Bravo!. São Paulo: ed. 067, p. 20-33, abr. 2003a. Entrevista concedida a Almir de Freitas e Michel Laub. 

BABENCO, Hector. “Carandiru”. Folha de São Paulo. São Paulo, 11 abr. 2003b, Ilustrada. Entrevista concedida a Silvana Arantes.

BRAGANÇA, Felipe. Carandiru, de Hector Babenco. Revista Contracampo, abr. 2003. Disponível em: http://contracampo.com.br/criticas/carandiru.htm. Acesso em: abr. 2024. 

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Saúde Mental e Atenção Psicossocial: contexto de direitos e acesso

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Que saúde pública é o conjunto de medidas tomadas pelo estado para garantir o bem-estar físico e social da população, já se é sabido. Desde a instituição da Lei 10.216 de 2001, que determina a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental, considerando o movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira, assim como as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), os municípios iniciam um movimento para a mudança do modelo assistencial previsto, que não estava funcional, procurando implantar serviços e organizar ações afirmando que novas normativas irão dar acesso e promoção aos direitos básicos da população.

A atenção à saúde em rede com diferentes pontos de atenção evidencia um conjunto de desafios constantes, dentre eles: a necessidade de efetiva articulação com todos os serviços de saúde em diferentes níveis de complexidade para o cuidado integral, qualificado e resolutivo, possibilitando o acesso e a promoção de direitos das pessoas.  (SARACENO, 1997)

Os transtornos mentais são agravos de saúde altamente prevalentes na sociedade atual. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), transtornos mentais como depressão, abuso de álcool, transtorno bipolar e esquizofrenia se encontram entre as 20 principais causas de incapacidade. A OMS estima que atualmente a depressão afeta cerca de 350 milhões de pessoas, sendo que a taxa de prevalência na maioria dos países varia entre 8% e 12%. É a principal causa de incapacitação dos indivíduos no mundo quando se considera o total de anos perdidos (8,3% dos anos para homens e 13,4% para mulheres) e a terceira principal causa da carga global de doenças em 2004. A previsão é de que subirá ao primeiro lugar até 2030. Existe análise de prevalência dos transtornos mentais em adultos na população brasileira que as taxas variam de 20 a 56%. (OMS, 2019)

Esses dados, em geral, têm como principal consequência as reivindicações por ampliação da disponibilidade de serviços de assistência aos sujeitos em sofrimento. Contudo, a gravidade do quadro tem repercutido relativamente pouco em estudos sobre as causas do aumento do adoecimento psíquico nos dias atuais, fazendo com que a relação entre sofrimento/adoecimento psíquico e condições de vida e trabalho seja ainda um tema de pouca visibilidade.

O SUS realizou quase 60 milhões de atendimentos psicossociais nos CAPS entre 2019 e 2021. O Sistema Único de Saúde (SUS) realizou, entre os anos de 2019 e 2021, quase 60 milhões de atendimentos em saúde mental nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) de todo o Brasil.

A maioria dos brasileiros procura pelas unidades públicas quando apresenta algum problema de saúde. Pesquisa do Ministério da Saúde, realizada em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 71,1% da população foram a estabelecimentos públicos de saúde para serem atendidos. Deste total, 47,9% apontaram as Unidades Básicas de Saúde como sua principal porta de entrada aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS). Os dados também apontam que as políticas públicas cumprem papel fundamental no acesso a medicamentos. Do total de entrevistados, 33,2% conseguiram pelo menos um dos medicamentos no SUS e 21,9%, por meio do Programa Farmácia Popular.

A saúde no Brasil se divide hoje em pública e suplementar. A saúde pública está estruturada dentro do Sistema Único de Saúde, mais conhecido como SUS, já a saúde suplementar é a saúde privada, que compreende os planos de saúde. Atualmente, 75% dos brasileiros dependem exclusivamente do SUS, o restante da população utiliza a saúde privada. (ARANHA E SILVA, 1997)

Em suma, cerca de 19 milhões de pessoas sofrem com ansiedade e depressão. Pesquisa de empresa especializada em soluções de saúde digital aponta crescimento de 1.290% em consultas psiquiátricas e de psicologia em 2022, no Brasil. Caso haja investimentos voltados para promoção e prevenção de saúde mental, bem como políticas públicas que estejam voltadas à prevenção e promoção desta, haverá maior condições de tratamento que gerará benefícios para a sociedade.

Mesmo que algum cidadão opte por utilizar a saúde privada e adquira um plano de saúde, seja individualmente ou por convênio da empresa em que trabalha, ele não perde o direito de utilizar o SUS. Afinal, um de seus princípios é a universalidade, que significa que todos os brasileiros têm direito aos serviços de saúde.

A nova orientação do modelo impõe a implantação de uma rede de cuidados que necessita de estrutura e serviços comunitários, desta forma no campo psicossocial, que pressupõe ação integrada da equipe, o agente de saúde mental de formação superior ou média não compete, compõe; não rivaliza, solidariza; não controla, acolhe; não promove submissão, mas a cooperação; não se submete ou estabelece hierarquia, mas reflexão e colaboração na geração de saúde, porque crê que o usuário de serviço de saúde mental e psicossocial, tem necessidade produzida e imposta pelo próprio desenvolvimento das forças produtivas como: necessidade de ganhar dinheiro, viver dignamente, ter acesso a bens de consumo, ter uma vida afetiva e amorosa estável. Então, existe a possibilidade de desprendimento das contradições vividas na reforma Reforma Psiquiátrica: a) a ação de saúde produzida nas instituições asilares remanescentes; b) a ação de saúde produzida no processo de desospitalização que pode estar encampando uma iniciativa higiênica e c) a ação de saúde produzida nos serviços substitutivos que podem estar reproduzindo a lógica de dominação, sob a forma de relações mais democráticas sob o mesmo princípio das relações de dependência. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004)

SITES CONSULTADOS

https://bvsms.saude.gov.br/ 71-dos-brasileiros-tem-os-servicos-publicos-de-saude-como-referencia/

Ministério da Saúde (BR). Legislação em Saúde Mental 1990-2004. 4ª ed. Brasília (DF): MS; 2004.

Organização Mundial de Saúde. Relatório Mundial de Violência e Saúde. Genebra: OMS, 2002.

Saraceno B. Manual de saúde mental: guia básico para atenção primária. 2ª ed. São Paulo (SP): Hucitec; 1997.

Aranha e Silva AL. O Projeto Copiadora do CAPS: do trabalho de reproduzir coisas à produção de vida. [Dissertação] São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 1997.

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A história é contínua: prevenção e promoção de saúde mental do idoso

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Envelhecer com qualidade de vida recebeu a nomenclatura de envelhecimento ativo, o que implica em oportunidades de saúde, sociabilidade e segurança aos idosos. O termo envelhecimento ativo foi adotado pela Organização Mundial da Saúde para representar um desejo comum de que a velhice seja uma experiência positiva. Mas para isso é necessário o comprometimento de pessoas e de instituições públicas e privadas. Estar ativo é ter a possibilidade de participação contínua nas questões sociais, econômicas, culturais, espirituais e civis.

Isso traz a solidariedade entre as gerações como essencial para o envelhecimento ativo, já que o adulto é o idoso de amanhã.

O envelhecimento é o principal fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas, incluindo o câncer. As neoplasias representam mais de 45% dos óbitos em indivíduos acima de 80 anos, com tendência a um aumento gradativo de suas taxas de mortalidade. São Paulo: Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP, 2012)

De acordo com dados do Ministério da Saúde de 2018, há alta taxa de suicídio entre idosos com mais de 70 anos. Nessa faixa etária, foi registrada a taxa média de 8,9 mortes a cada 100 mil idosos. Para fins comparativos, a taxa média nacional é de 5,5 por 100 mil. BRASIL. Ministério da Saúde.. Portaria Nº 529, de 01º de abril de 2013.

                                                                                                             Fonte:Freepick.com 

Segundo a última Pesquisa Nacional de Saúde, realizada em 2019 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística a doença atinge cerca de 13% da população entre os 60 e 64 anos de idade. Ao redor do mundo, o transtorno afeta, em média, 264 milhões de pessoas de todas as idades. O abandono familiar e o sentimento de inutilidade são duas das principais causas de depressão no idoso. (IBGE, 2019)

A Organização Mundial de Saúde (OMS) define os cuidados paliativos como uma abordagem que busca proporcionar a melhor qualidade de vida possível para pacientes e familiares que enfrentam doenças que ameaçam a vida por meio do alívio do sofrimento, tratamento da dor e de outros problemas físicos, psicológicos e espirituais

Para que haja um envelhecimento saudável, os bons hábitos precisam ser cultivados, como alimentação, atividades e sono de qualidade. Outra prática crucial é a interação social para que o idoso se sinta amado, respeitado e como pertencimento de onde está.

                                               Fonte: google/imagens.com

Outra dica é evitar estereótipos e não se referir aos idosos com termos pejorativos como “ranzinza”, “teimoso” e “gagá”. Há uma diversidade muito grande no envelhecimento, com idosos conectados às redes sociais, que namoram, saem com amigos, enquanto outros seguem uma rotina mais tranquila. O importante é que os vínculos familiares se fortaleçam, que cada um respeite suas individualidades e estejam abertos às adaptações do processo de envelhecer.

Na terceira idade acontecem diversas mudanças psicossociais, vida pessoal e profissional das pessoas, além disso, alguns sintomas físicos e psíquicos começam a surgir como a diminuição da visão, a perda ou aumento de peso, maior dificuldade para se locomover, perdas cognitivas e outros. De acordo com Cataldo, por mais que esse processo seja natural, vivenciar essas mudanças no corpo e no âmbito social podem afetar a saúde mental das pessoas idosas

As percepções sobre o processo do envelhecer e adoecer denotam que, para eles, envelhecer constituiu um privilégio e, apesar das dificuldades, são gratos pela vida, por isso experimentaram integridade em vez de desesperança. Não obstante, o adoecimento e o acesso ao tratamento são percebidos como eventos geradores de estresse, constituindo fonte de angústia e sofrimento. Para fazer frente às perdas e adversidades do envelhecer e adoecer utilizam, sobretudo, as estratégias de enfrentamento características de um processo resiliente, destacando-se: o suporte espiritual, a reestruturação cognitiva e a aceitação.

Entende-se que a compreensão, pela equipe de saúde, das estratégias de enfrentamento dos doentes pode agregar qualidade no cuidado prestado a eles. Logo, sugere-se que essa temática seja difundida principalmente entre os profissionais que prestam cuidados aos idosos em cuidados paliativos por meio de discussões em grupo e atividades de educação continuada nas instituições de saúde.

Referência:

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Institui o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP). Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: https://bvsms.saude.gov. br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html. Acesso em: 04 dez. 2023.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida.

Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de cuidados paliativos. 2ª ed. São Paulo: ANCP; 2012.

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Pamela Mendes: nutricionista da Casa de Prisão Provisória de Palmas fala sobre impactos provocados durante a pandemia de Covid-19

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Pamela Mendes é nutricionista formada há 6 anos, especialista em nutrição clínica, atualmente atua como nutricionista de produção na Casa de Prisão  Provisória de Palmas (CPP). Tem como objetivos de atuação a elaboração de listas de compras, planejamento de cardápio, supervisão da produção de refeições, instalações físicas, aplicação de treinamentos com os funcionários, definição de POP (procedimentos operacionais padronizados), manual de boas práticas e métodos de controle de qualidade de alimentos. Também usa suas redes para chamar atenção a saúde corporal equilibrada e pautada em responsabilidade.

(En)Cena: Como você define a sua experiência no CPP?

Pamela: Minha experiência como nutricionista de produção no é enriquecedora, por se tratar de um ambiente de alta periculosidade sempre há uma preocupação com cuidados de proteção, principalmente após covid, com situações perigosas, brigas etc.

                                                                                                       Fonte: pinterest.com

 

(En)Cena: Muito se fala sobre os hábitos alimentares para ter uma vida saudável e duradoura, como falar disso para pessoas privadas de liberdade?

Pamela: Eu fui responsável por supervisionar mais de 4000 refeições servidas diariamente, como café, almoço, lanche, jantar e ceia, para internos e servidores. Grande responsabilidade. Falar sobre saúde mental num local que isso não é pauta e quase que um tabu, mas sempre buscando treinamentos para capacitação, meios de integrar a equipe, facilitar o trabalho que por si só é doloso e considerado perigoso. Existe um tabu sobre trabalhar em presídio, sobre o perigo internamente e externamente, na saída.

 

(En)Cena: Como a sociedade pode contribuir na diminuição desse tabu?

Pamela: Um bom começo é falar sobre isso, isso que estamos fazendo é revolucionário, nunca fui procurada para falar sobre isso, falar e sentir a liberdade de expressar é essencial.

 

(En)Cena: Você, com certeza, sabe o impacto que a alimentação causa na saúde e bem estar do ser humano. Qual o impacto da alimentação você percebeu nos detentos durante a pandemia Covid-19?

Pamela:  A alimentação durante a pandemia da COVID-19 foi crucial para a saúde física e mental de toda população, em detentos isso não é diferente. Uma nutrição adequada é essencial para fortalecer o sistema imunológico, o que é especialmente importante em um ambiente prisional onde as condições podem aumentar o risco de infecções. Além disso, uma dieta equilibrada pode contribuir para o bem-estar emocional, ajudando a lidar com o estresse e a ansiedade associados à situação pandêmica.

 

                                                                                                                                    Fonte: pinterest.com

 

(En)Cena:  Existem taxas elevadas de adoecimento mental durante a pandemia. Você percebe diferença entre antes, durante e depois no presídio?

Pamela:  Sim, o isolamento social, preocupações com a saúde, incertezas econômicas e mudanças no estilo de vida têm contribuído para o aumento do estresse, ansiedade e depressão em muitas pessoas. Trazendo isso para o contexto do presídio, há preocupação sobre as mudanças que ocorrem com uma pandemia dessa magnitude e, também, com os entes que estão do lado de fora.

 

(En)Cena: Qual a maior satisfação dentro desse nicho de atuação como nutricionista?

Pamela:  Ver que todo o desenvolvimento do processo e esforço para que esse POP saia do papel, de um documento feito para resolver, porque os procedimentos são para isso e, que seja como esperado, seja útil, faça a diferença atendendo as necessidades que chegam até mim como nutricionista supervisora, seja da organização, de detentos ou dos próprios colaboradores, não tem preço. Por mais que seja corrido, cansativo no final do dia a sensação de dever cumprido é excelent

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