Aos Treze (2003) dirigido por Catherine Hardwicke conta a história de uma típica adolescente de treze anos de idade, Tracy (Evan Rachel Wood) é como qualquer outra garota tem suas atividades escolares, boa aluna de notas altas, monstra uma facilidade em escrever poemas e tem seu círculo de amizades condizentes com seus gostos e sua personalidade.
Ao entrar no colegial se encontra em posição de fraqueza ao ver que não se identifica com o grupo mais popular da escola liderado pela menina Evie (Nikki Reed) que é desejada por todos os meninos e centro das atenções de todos. Tracy então acaba passando por uma ‘’crise de identidade’’ em que não se vê mais uma garota e já se vê como mulher querendo ter atitudes como tal, o que não condiz com sua idade querendo levar a vida da garota mais popular da escola.
O processo da adolescência não depende de forma isolada ao próprio adolescente, ou seja, a constelação familiar é a primeira expressão da sociedade que influiu e determina parte da conduta dos adolescentes (ABERASTURY e KNOBEL, 1970).
Tracy leva uma vida de classe média, sustentada apenas pela mãe que tem um salão de beleza em casa para que consiga sustentar a adolescente e seu irmão mais velho Mason (Brady Corbet), o pai da menina é ausente o que ocasiona a liberdade excessiva na vida de Tracy. Sua mãe leva um relacionamento com um ex-dependente químico o que acaba piorando a relação das duas fazendo com que Tracy pense que sua atenção será reduzida e a menina ‘’perderia’’ sua mãe assim como perdeu seu pai.
Observa-se claramente em que o grupo das garotas populares influencia Tracy a experimentar o que chamamos de comportamentos de risco como: drogas, álcool e as relações sexuais desprotegidas, como justificam Lacerda e Lacerda, “O grupo exerce pressão muito forte, porque o adolescente se identifica com ele e com a maioria dos seus membros” (1998, p. 49).
Vários são os fatores que poderão levar o adolescente a usar drogas: genericamente podemos considerar os aspectos (1) sociais, incluindo neste grupo a sociedade e a cultura, a família e o grupo de amigos e colegas e (2) individuais (aspectos inatos e adquiridos, particularmente as vivências infantis) (2003, p. 41). No filme vemos que Tracy já é influenciada dentro de sua própria casa tendo em vista que a mãe e o irmão fumam e o parceiro de sua mãe era viciado em drogas que tinha acabado de voltar da reabilitação.
Tracy é uma garota exageradamente ansiosa o que a leva a automutilação, mais um comportamento de risco que infelizmente em nossa sociedade vem aumentando. Porém quando sua mãe entendeu o que realmente sua filha passava, ofereceu o suporte que realmente precisava e a amparou incondicionalmente.
O filme nos mostra as condutas normalmente realizadas pelos adolescentes, tornando a fase de reconhecer quem se é, ou seja, a busca pela identidade muito mais difícil. As palavras de Aberastury e Knobel se fazem necessárias, pois “A criança entra na adolescência com dificuldades, conflitos e incertezas que se magnificam neste momento vital, para sair em seguida à maturidade estabilizada com determinado caráter e personalidade adultos” (1970, p.30).
A obra cinematográfica leva-nos a uma profunda reflexão sobre esta fase da vida onde se evidenciam muitos enfretamentos sobre a existência pessoal, e ser aceito a qualquer custo por determinados em que estamos inseridos socialmente que nem sempre representam segurança, bem como um desejo de “saber os porquês” de nossas vidas e que no final das contas, o afeto estabelecido com a família é fundamental para que as novas experiências sejam vividas com superação, mesmo depois das dificuldades.
Referências Bibliográficas:
ABERASTURY e KNOBEL; Arminda e Maurício. Adolescência normal: um enfoque psicanalítico. Porto Alegre: Artmed, 1970.
LACERDA e LACERDA; Catarina Augusta de Oliveira Passin de e Milton Paulo de. Adolescência: problema, mito ou desafio?. 2 ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
FICHA TÉCNICA DO FILME:
THIRTEEN
Diretor: Catherine Hardwicke e escrito por Hardwicke e Nikki Reed
País: EUA
Ano: 2003
Classificação: 16