Filmes policiais sempre são aclamados pelo público em geral da cultura cinematográfica. Abordar a trama violenta, investigativa, psicológica e até cômica deste universo é sempre possível e aproveitável.
É inegável a fonte quase inesgotável de conteúdos que podem ser aproveitados por este gênero, principalmente dada a capacidade humana de sempre inovar e acentuar os piores traços de um indivíduo de mente perturbada.
Filmes desse gênero que abordam temas específicos como canibalismo (já sabem de qual estou falando, né?) ou psicopatia, são sempre aguardados com grande euforia pelo público e não poderia ter sido diferente com o clássico dos anos 1995, Sete Crimes Capitais (Seven), dirigido por David Fincher e roteirizado pelo incrível Andrew Kevin Walker.
O filme, que na tradução do título entregou boa parte da trama, discorre sobre um assassino em série, com fortes traços de psicopatia que possui um modus operandi peculiar, por assim dizer. Seus crimes e suas vítimas são escolhidas especificamente para identificar e classificar cada um dos conhecidos sete pecados capitais.
O filme tem como personagens principais o policial novato David Mills (Brad Pitt) e o veterano William Somerset (Morgan Freeman). William, um policial próximo de sua aposentadoria se torna parceiro do jovem e impetuoso David na investigação de uma série de crimes que tem ocorrido na cidade, cometidos pelo impetuoso John Doe (Kevin Spacey).
Como descrito no texto Seven, “os sete crimes capitais” de David Fincher, a mente do psicopata, de Mercês Muribeca, publicado em 2008, John é uma pessoa que não apresenta indícios de sociabilidade, sendo considerado como portador de um Transtorno de Personalidade Antissocial que, pela Classificação Internacional de Doenças (CID) é identificado com o CID 10 F60.
Uma pessoa portadora deste Transtorno não necessariamente será um assassino frio e calculista, porém, a junção com outros transtornos, traumas e distúrbios criam a “formula perfeita” de um Assassino em Série sagaz como John.
A intelectualidade de John não é ignorada, assim como seu modo de operação é definido pelos pecados capitais, a escolha das vítimas e a execução dos crimes, tudo possui um significado intrínseco.
Os crimes são cometidos na seguinte ordem: Gula; Cobiça; Preguiça; Luxúria; Vaidade; Inveja e, por fim; Ira. A cadeia de eventos que se arrasta do primeiro ao último assassinato investigado apresenta a mente doentia de John para os policiais e para o público.
A trama principal do filme é desenvolvida após a quinta morte cometida por John. Ao se entregar para a polícia e informar que já possuía os corpos das vítimas que seriam utilizadas para cometer os últimos dois crimes (Inveja e Ira).
Tudo ocorre repentinamente e cria uma atmosfera sombria e intensa onde todos os poros dos personagens transpiram o furor das emoções presenciadas. Em um ato cruel, John ceifou a vida da esposa do policial Mills, decapitando-a e, cruelmente, entregando a cabeça de sua falecida esposa para o agora viúvo policial.
John explica que cometeu o Pecado da Inveja, por invejar a vida do Policial Mills, principalmente por saber que este seria pai. Apesar de insano, o psicopata já havia se premeditado para aquele momento, pois, ao final, escolhera Mills para ser o executor do Pecado da Ira ao criar neste um turbilhão de emoções relacionadas ao Luto, perda, dor, ódio, rancor, insignificância. Tudo isso para preparar o campo ideal e Mills executar o último dos crimes.
Mills se vê diante de uma dúvida mortal, impedir a “conclusão da obra” do assassino ou vingar a perda de sua esposa e filho. O parceiro de Mills tenta dissuadi-lo de sua Ira, porém, John havia sido mais astuto e criado o cenário ideal para o desfecho perfeito de suas atrocidades e acaba sendo morto pelo policial Mills que não consegue controlar a Ira que residia em seu corpo.
O filme traz diversas mensagens que podem ser aproveitadas e estudadas até os tempos atuais. O clássico nunca será esquecido e criou um marco na história dos filmes do gênero policial dada a complexidade e riqueza do roteiro que é apresentado. A atuação dos atores é impecável, mostrando uma fidedignidade e realismo na incorporação dos personagens.
Título: Se7en (Original)
Ano produção: 1995
Dirigido por: David Fincher
Duração: 130 minutos
Classificação: 14 anos
Gênero: Policial/Suspense
País de Origem: Estados Unidos da América
REFERÊNCIAS
PENALVA, Nanna. Análise | Seven – os sete crimes capitais. Disponível em https://sessaodastres.wordpress.com/2018/10/29/analise-seven-os-sete-crimes-capitais/. acessado em 01 jun 2022.
MURIBECA, Mercês. Seven, “os sete crimes capitais” de David Fincher: a mente do psicopata. Cogito, Salvador, v. 9, p. 77-81, 2008. Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-94792008000100017&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 08 jun. 2022.