acupuntura

A psicologia, a medicina e a acupuntura

A psicologia e a medicina, em especial sua especialidade “psiquiatria”, luta, há alguns séculos, nas cordas tensas que ligam (ou separam) a metafísica e o biológico; essa própria dicotomia está, na verdade, ultrapassada (porém presente) por outras lógicas, dentro mesmo da psicologia e da medicina, que usa diversos fatores para discursar a cerca de suas preocupações, fatores que vão além do modelo cartesiano ou das explicações centradas no biológico. Essas duas disciplinas usam de muitas palavras para se falar das doenças. Isso ocorre em especial na psicologia e na medicina ocidental, com o detalhe de que essa vida não se resume ao lado ocidental do globo terrestre, mas, contraditoriamente, engloba culturas orientais que, na globalização, diluem ou já perderam suas características como o holismo, a coletividade, a meditação em contraponto a características do capitalismo ocidental como a fragmentação, o individualismo e o imediatismo.

Em meio a esse contexto, encontra-se, na medicina chinesa (sobre a qual desconheço a característica dominante de orientalidade ou ocidentalidade, se, de fato, seja possível essa caracterização), enfim, encontra-se, na medicina chinesa, a acupuntura. É também com pouca propriedade que dela aqui falo, mas é pra isso que, também, servem as notas, não para dizer verdades, mas para expor pensamentos, inquietações e literaturas. A acupuntura, em seu discurso, pode se caracterizar (caracterizo-a eu) como uma volta à metafísica, pois se alicerça no meridiano para fundamentar sua prática. O meridiano é um veio por onde a energia pode andar normalmente, correr ou estagnar. Mesmo que energia seja, hoje, um conceito empírico, essa da acupuntura não o é; nada mede o meridiano e sua energia, nada os fotografa, ninguém os tateia, enfim, o meridiano e sua energia são abstrações. Escrevo isso, não para desqualificar essa parte da medicina, que ainda não se distanciou da filosofia; faço curso de acupuntura, acredito em seus efeitos e acho que essa característica de não se distanciar de uma determinada filosofia é, no mínimo, interessante, analisadora.

Escrevo essa nota, apenas para apontar essa simples contradição: a acupuntura é, em seu discurso, metafísica, mas é, em sua prática, resolutiva àquilo que se propõe (logicamente que não é a tudo, seria contraditório à sua filosofia); é empiricamente resolutiva. Aqui no ocidente essa afirmação é, apenas, potencialmente verdadeira. Aqui, dominantemente, as afirmações só viram verdades se comprovadas pelo método positivista, com os grupos teste e controle que nos dão números comprobatórios. Creio que, na China, os acupunturistas não estão preocupados em comprovar cientificamente os efeitos dessa terapêutica. Parece bastar o agradecimento das pessoas quando lhes são aliviadas alguma dor pela aplicação das finíssimas agulhas. Povinho estranho…………………………………………………………………..esse do ocidente.